Dead Life escrita por melisica


Capítulo 10
I'm Climbing Out Right Now


Notas iniciais do capítulo

Curtíssimo, mas é só para não perder o ritmo (e o hábito) de atualizar pelo menos uma vez por semana.
Talvez eu poste domingo, senão, só pela terça/quarta.
Boa leitura e beijinhos :)



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Gerard foi embora logo em seguida. Não poderia se demorar muito, afinal, Caleb logo chegaria. Com tremendo pesar, me despedi dele. Esperando e torcendo por nosso próximo encontro. Estava louco. Havia tantas coisas a serem resolvidas, tantas coisas a serem esclarecidas e discutidas, mas com ele era tão diferente, não pensava em mais nada. Apenas deixava os sentimentos fluírem. Sem pensar no que fizera ou no que acontecera, fui tomar um banho demorado, eu merecia aquilo. Fazia tanto tempo que não me sentia bem comigo mesmo, feliz, satisfeito com a minha vida, ainda mais numa segunda-feira. Sabia quando seria nosso próximo encontro, e esperava que sexta chegasse o mais rápido possível.

No dia seguinte, quando cheguei na editora, recebi uma mensagem de Ray, de que Amy havia me ligado três vezes querendo falar comigo urgentemente. Ray disse que ela parecia estar muito mal. Fui para a minha sala e de lá liguei para ela. Talvez não a encontrasse em casa, provavelmente, estaria trabalhando, mas, mesmo assim, liguei para deixar uma mensagem na sua caixa postal. Disquei o meu antigo número de casa e esperei o telefone tocar. Até que, estranhamente, ele foi atendido.

– Alô?

– Amy? É o Frank.

– Frank! Que bom ouvir tua voz! - disse Amy, parecendo agradecida.

– Você me ligou hoje?

– Liguei.

– Você não deveria estar no serviço à uma hora dessas?

– Sim, mas eu... - ela suspirou derrotada. - Eu perdi o emprego Frank.

– O que está acontecendo com você, Amy?

– Eu to precisando falar com você.

– Não sei quando isso vai ser possível, Amy...

– Por favor, Frank! - ela implorou. - Eu preciso muito falar com você, é importante.

– Bom, se é assim...

– Podemos almoçar hoje?

– Hoje? - disse enquanto conferia em minha agenda e percebia o quão desesperada ela estava. - Pode sim. Hoje, então.

– No lugar de sempre? - perguntou Amy, parecendo animada.

– No lugar de sempre... - concordei.

– Ótimo! Te vejo à uma da tarde, tudo bem?

– Perfeito.

– Até mais tarde.

– Até.

O que seria que Amy queria falar de tão importante e urgente comigo? Ela parecia muito agitada, fora que ela disse sobre não estar mais trabalhando.

A manhã se passou rápida, sem complicações e, quando menos esperei, já era horário do almoço.
Saí do prédio e peguei um táxi. O 'lugar de sempre', como Amy dissera, era um pequeno restaurante italiano chamado Divine Comedy. Amy e eu sempre íamos lá. Cheguei lá um pouco mais da uma, uns dez minutos depois. Amy já estava sentada e olhava ansiosamente para mim. E ao contrário do que eu imaginava, não senti nenhuma dor ou angústia ao vê-la. Será que Gerard havia me mudado tanto assim a ponto de ter-me feito esquecer dela?

Amy estava diferente, pelo seu rosto, ela parecia estar cansada. Os olhos azuis fundos e tristes, a boca, que antes sempre dava sorrisos lindos e cativantes, agora estavam mostrando-me um sorriso triste, sem vida. Os cabelos longos e negros, antes lindos e brilhosos, agora pareciam quebradiços e opacos, presos num rabo de cavalo simples. Por Deus, o que havia acontecido com a Amy que eu conhecia?

– Que bom que você veio... - disse ela, sorrindo para mim.

– É, bom mesmo... - concordei.

– Sente-se - disse ela, apontando para uma cadeira em sua frente.

Pedimos o almoço, ela uma pasta bambine, para crianças, e eu, uma lasanha. Quando o garçom se retirava, perguntei a Amy:

– O que há com você? - estava seriamente preocupada com ela. - Nunca te vi comendo pratos pequenos, você sempre gostou tanto da comida daqui...

– Estou tão mal assim? - disse ela, dando um sorriso debochado.

– Está - disse sério, fazendo com que Amy parasse de rir.

Ela ficou quieta por alguns instantes, olhando para o teto, depois para os outros clientes, a toalha da mesa, e por ultimo, meus olhos.

– Sinto muito, Frank.. - disse repentinamente.

– Pelo o quê?

– Por tudo, por nós - pegou minhas mãos em cima da mesa. - Pelo que eu te fiz passar Frank, tudo foi um erro.

– Um erro, Amy?

– É - disse ela dizendo tão baixo que mal conseguia ouvi-la. - Você sabe do que eu estou falando. Estou falando "dele".

– Gerard?

– Sim... - disse ela, com os olhos marejados de lágrimas.

– Você fez sua escolha, Amy - disse segurando-me para não chorar também.

– Eu sei, mas fiz a errada...

– Do que você se arrepende?

– De tudo! - disse ela, repentinamente, se exaltando. - De ter te deixado e ter ficado com ele. De ter me apaixonado por ele...

– Não foi sua culpa - falei. Era eu, realmente, quem estava dizendo aquilo?! - Não controlamos as pessoas ou seus corações. - e lá estava eu, repetindo a fala de Gerard.

– Não, não controlamos. Mas acontece que estou pagando um preço alto demais.

– Por que?

– Ele me deixou... - disse, abaixando a cabeça. - Há uma semana, não sei por quê.

Nessa hora, meu coração acelerou e doeu. O que eu fiz com ela?

– Me deixou, sem nada pra dizer, apenas disse que nossos caminhos não eram para serem juntos... - disse ela, continuando. Eu não conseguia dizer nada. - Será que ele não entende que eu gostava dele?

– Desculpa, mas por que você tá me dizendo isso?

Amy olhou assustada para mim, como se estivesse surpresa com a forma na qual eu me dirigi a ela.

– Por que você é tudo o que eu tenho...

– Você não me tem mais Amy - respirei fundo. - Você que não me quis mais.

– Você sabe que não é bem assim...

– É, sim - falei firme. - Você fez sua escolha e agora está pagando por ela.

– Por que você está sendo desse jeito comigo, Frank?

– Porque você me trata como se eu fosse uma idiota, Amy! - disse, me exaltando. - Você acha que eu vou estar sempre aqui te esperando? Não! Eu não vou estar! E sabe por quê? Porque eu descobri que, quem não me quer, não me merece... - olhei para baixo e percebi que estava botando todo aquele sentimento de dor que guardei durante todo aquele tempo para fora. - Você não sabe o que me fez passar... Você me traiu! Você era tudo o que eu tinha! E sabe o que você fez? Simplesmente se foi. E agora quer vir aqui, se consolar comigo?

Amy começou a chorar silenciosamente ao ouvir tudo que eu dissera. Sei que fui rude, mas teve de ser assim.

– Eu te amo... - continuei. - Você era tudo o que eu tinha e te perdi. Doeu, mas eu aceitei. E, agora, estou erguendo minha própria vida, sem depender de ninguém, estou fazendo minha própria vida - expliquei. - Mas, sabe o que mais me surpreende?

– O quê?

– Você ter se arrependido.

Ela me olhou, sem entender o que eu queria dizer com aquilo.

– Isso mesmo, ter se arrependido - reafirmei. - Você acha que, se Gerard não tivesse te deixado, você não estaria feliz com ele? - perguntei com raiva. - Talvez, se não fosse ele, não perceberíamos que não somos feitos uns para o outro. Eu pensava que fôssemos, mas, agora, eu vejo que não. E vejo que Gerard foi uma peça fundamental, que me magoou muito, mas que foi a chave para descobrirmos que nossas vidas não eram para serem juntas. Então, Amy, não me diga que se arrependeu do que aconteceu, até mesmo porque eu sei que se ele não tivesse terminado com você, você não estaria se queixando da vida ou até mesmo se desculpando comigo.

– Desculpe... - disse ela, sussurrando, parecendo envergonhada.

– Não tem que me pedir desculpas... Apenas siga o teu rumo, siga a tua vida.

– Não encontro mais sentido nela, Frank...

Sorri meigamente para ela.

– Eu achava a mesma coisa quando te perdi - expliquei e percebi que fora um pouco indelicado, mas continuei. - Mas aqui estou eu, tentando dar um rumo à minha vida. Vamos Amy, ainda há muito a se viver.

– Você está realmente mudado, não é mais o Frank que eu conhecia...

– E você não é mais a Amy que eu conhecia. Mas mesmo assim, fizemos parte da vida um do outro, e isso nunca mudará.

Continuamos a conversa e nos tratamos como se nada houvesse acontecido. Doeu muito ver que Amy sofria por Gerard. No caminho de volta para o escritório, pensei em tudo o que conversamos, e admito que cheguei a sentir um certo misto de ciúmes e raiva de Way. Ainda estava confuso a respeito dele, afinal, ele lutou com unhas e dentes para tirar Amy de mim, e agora chega simplesmente terminando tudo com ela e tentando ter algo comigo. Havia muitas coisas a serem resolvidas, coisas sérias demais. Que o quanto antes fossem desvendadas, melhor.



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