Rehab Of You escrita por Ana_Lucky


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...



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Tempo presente, 2011 

Fui subitamente dispersa dos meus vagos pensamentos pelo tocar estridente do alarme do meu telemóvel. Atirei bruscamente com os meus pertences espalhados pela secretária para a minha bolsa e sai rapidamente.

            Tinha combinado encontrar-me com Bonnie e Caroline no café do costume. Estava um belo dia que, sem dúvida alguma, convidava a um tempo bem passado na esplanada na companhia das amigas, numa conversa regada a sumo refrescante. O tema da conversa que tínhamos planeado também não poderia ser entusiasmante. Bonnie estava a escassos meses de se casar com o meu irmão, o que não me podia deixar mais contente.

O tempo tinha de facto corrido veloz diante dos meus olhos. Parecia ter sido ontem que a tinha conhecido. Tornamo-nos incrivelmente próximas e ela começou a frequentar a minha casa. Bonnie e o meu irmão não passavam apenas de meros amigos e agora estavam noivos.

Seria difícil de prever que tantas mudanças drásticas ocorreriam nestes anos. No entanto, tanto havia realmente mudado. Começando precisamente por mim. A Elena com dezoito anos era completamente diferente da Elena do presente, agora com vinte e sete. E o pior desse cenário é o facto de eu não saber se isso me deixa feliz ou se pelo contrário, frustrada. Procurei afastar estas estranhas e distantes lembranças do meu pensamento e acenei às duas, que já me esperavam animadas na esplanada.

            - Boa tarde meninas. Qual é a tarefa para hoje? – Perguntei animada sentando-me junto delas.

            - Escolher o modelo do vestido – Informou Caroline que ainda aparentava estar mais animada que a noiva, colocando uma enorme quantidade de revistas de noiva em cima da mesa.

            - Vamos a isso então.

            - Elena eu estive a falar com ele, eu convidei-o… - Disse-me Bonnie apreensiva, olhando-me como se receasse a minha reacção á sua revelação – Confirmou-me que virá.

            Não tocou no nome mas eu soube exactamente de quem ela falava. E não estranhei de forma alguma que ela o tivesse feito, muito pelo contrário. Sabia que mais tarde ou mais cedo se teria que tocar naquele assunto. Só que de qualquer das formas nunca poderia ser fácil para mim, nunca me teria conseguido preparar realmente para aquilo. Tinha-se passado demasiado tempo. Durante o qual, procurei empregar todas as minhas forças para simplesmente esquecer, para lembrar menos a cada de que passasse, num esforço válido de tornar tudo menos penoso.

            - Claro amiga. Não seria de esperar outra coisa. E para mim esse dia tinha que chegar, mais tarde ou mais cedo.

            - Eu sei que preferias evitar.

            - Eu e ele, nós ficamos bem… - Suspirei profundamente. Pelo menos era isso que eu pensava, ou melhor, era nisso que queria acreditar com todas as minhas forças.

            - Por favor, não vamos falar sobre isso. Olhem para a quantidade de revistas que eu trouxe? Bonnie faltam apenas dois meses e tu ainda não escolheste o vestido. Vamos ao trabalho? – Pediu Caroline numa válida tentativa de encerrar o assunto.

Eu lancei-lhe um olhar cúmplice e fiquei-lhe grata. Ela compreendia-me melhor que ninguém, sabia o quanto aquilo me custava, embora sempre tentasse mostrar-me forte.

Não se tocou mais naquele assunto. Ficamos ali a maior parte da tarde a esfolhear a imensas revistas de Caroline e a tratar de vários pormenores. Procurei concentrar-me na tarefa embora os pensamentos não estivessem devidamente focados naquele local.

            Quando cheguei a casa e fui directa para a cozinha. Tentei dedicar-me à árdua tarefa de fazer o jantar, uma vez que, o Stefan ainda não tinha chegado. Olhei para a bancada da cozinha e suspirei profundamente devido á preguiça que me invadiu. Definitivamente não tenho qualquer vocação para tarefas domésticas. Detesto a sensação de obrigação diária, quase doentia, que qualquer uma destas funções parece acarretar.

            Ouvi a porta da entrada abrir.

            - Cheguei…. – Advertiu Stefan, pouco tempo depois.

            - Como correu o dia? – Perguntei, beijando-lhe os lábios suavemente.

            - Normal… Estás com cara de quem não tem vontade de cozinhar, encomenda-mos uma pizza? – Questionou-me risonho ao olhar para a minha cara de contrariada.

            - Hum… vinha mesmo a calhar – Murmurei, abraçando-o.

            Adoro a capacidade que ele tem de conhecer como ninguém as minhas reacções. Por vezes basta apenas olhar para mim para saber exactamente aquilo que mais preciso. Estamos unidos por uma mútua compreensão e entendimento da qual, sem dúvida, me custaria a abdicar.

            - Não tem mesmo problema? – Indaguei.

            - Claro que não. Hoje também vem mesmo a calhar, a minha mãe faz anos, tenho que passar lá no fim de jantar.

            Tinha-me esquecido completamente. Também não era difícil dado o tempo que eu já não falava com ela e com ninguém daquela família.

            - Não queres vir desta vez? – Perguntou-me, lançando-me aquele olhar doce, de mocinho carente que utilizava sempre que me queria tentar convencer de alguma coisa.

            - Endoudeceste?

            - Tu nunca lá vais. Não achas normal querer ajeitar as coisas? – Explicou – Tu és a minha namorada e eu queria que pudesses conviver naturalmente com a minha família como fazem todos os outros casais…

            - Eu nunca lá vou porque a tua mãe abomina-me.

            - Tu não fazes um esforço…

            - Eu tenho que fazer um esforço? – Perguntei furiosa com o rumo da conversa – Por ela eu devia ser condenada a usar um letreiro pendurado no pescoço “Atenção: destruidora de corações”. Quando sabes muito bem que as coisas não são assim.

            - Não me apetece falar sobre isso.

            - Bem me parecia…

            - Como vão os preparativos para o casamento? – Indagou numa tentativa de mudar o rumo na conversa.

            - Bem… - Respondi amuada.

            - Ele vem?

            Olhei-o fixamente. Na verdade eu já esperava por aquilo. Sabia que aquela era a pergunta que verdadeiramente ele não conseguia calar, por mais que tentasse. Movido pelo orgulho talvez esperasse que fosse eu a tocar o assunto. Como não o fiz, resolveu arriscar.

            - Vem claro… Ele é o melhor amigo da Bonnie. Sabes que nunca deixaria de vir ao casamento dela.

            - Pensei que por vezes estivesse ocupado no dia do casamento e não pudesse vir. Pelo que me consta tem estado muito ocupado para ter desaparecido do mapa há quase 4 anos. Mas ainda bem que vem – Murmurou ríspida e ironicamente – Já não era sem tempo. Ele tem uma família da qual nem quer saber. Mas como se diz, quem é vivo sempre aparece.

            - Encomenda a pizza. Eu vou tomar banho – Disse com certa rispidez.

            Deixei Stefan, completamente carrancudo na cozinha, entregue às suas próprias frustrações e subi para o quarto. Fui deixando as peças de roupa largadas pelo caminho até á casa de banho e pus a água do chuveiro a correr.

            Aquele banho naquele momento era tudo o que mais precisava. A água, quase a escaldar, a escorrer pelo meu corpo relaxava-me. Em poucos minutos o espaço ficou envolto numa enorme neblina de vapor e eu não consegui deixar de me rir. Stefan ficava irritado comigo sempre que eu fazia aquilo. Não parava de resmungar que a água demasiado quente me fazia mal e que todo aquele vapor era insuportável. Mas eu acabava sempre por não lhe dar atenção. A água bem quente acalmava-me.

            Depois do banho envolvi o meu corpo numa toalha e ainda meia molhada, atirei-me para cima da cama.

            Mal a Bonnie e o Jer me contaram que se iriam casar a minha primeira reacção foi entusiasmo puro e, infelizmente a segunda, foi pensar nele. Se ele não tivesse mudado, eu ainda o conhecia melhor que ninguém. Sabia portanto que, estivesse onde estivesse, jamais faltaria. Não conseguia parar de pensar que, passados quatro anos, ele finalmente voltaria e em todas as implicações que isso poderia causar.

            - Caramba Elena, outra vez deitada na cama a escorrer água? – Reclamou Stefan, entrando no quarto, despertando-me da minha reflexão – Parece que fazes de propósito.

            - Amor… Eu já te disse que precisas relaxar um pouco mais – Brinquei com ele, dando-lhe um beijo nos seus lindos lábios que nesse preciso instante faziam um biquinho engraçado de amuo.

            Sempre que ele implicava por estes motivos eu já nem reclamava com ele. Gozava-o, brincalhona, o que o deixava por momentos, ainda mais enervado. Ele é muito metódico e organizado e eu o exacto oposto, mais descontraída, menos preocupada. Mas são exactamente as nossas diferenças que fazem a nossa relação resultar, um tem o que falta ao outro.

            Enquanto me vesti para descer para jantar, observei-o pelo quanto olho a apanhar as peças de roupa que tinha deixado espalhadas. Novamente dei comigo a sorrir por causa da atitude dele.

            - Deixavas estar isso que eu depois arrumava.

            - Pois… eu sei... – Disse-me irónico ainda com aquele biquinho engraçado.

            Depois do jantar, Stefan saiu apressado para a casa dos pais. Eu sabia que ele tinha ficado sentido comigo por eu não ter feito um esforço para o acompanhar. Ele podia pedir-me qualquer coisa, qualquer que fosse, menos aquilo. Tinha que convencer-se de uma vez por todas que quanto a isso era impossível sermos iguais aos outros casais. Se eu tivesse ido tinha sido pior para todos inclusive para ele. O ambiente só iria piorar, as pessoas ficariam carrancudas, a festa seria um desastre. Quando me cruzava com a mãe dele e ele estava comigo, ela fazia um enorme esforço para me dirigir a palavra só para me cumprimentar, e eu vem via o quanto aquilo lhe custava. Quando ele não estava comigo ela passava para o outro lado da rua e fingia que não me via. Eu conseguia lidar na perfeição com aquela situação não fosse ele que não parava de se martirizar com aquilo, de fazer esforços em vão para tentar que as coisas fossem diferentes. Na verdade para mim as coisas estavam exactamente como deviam estar, eu e o Stefan cá, eles lá.

            Fiquei na sala a ver um filme interessante que estava a dar na TV. Depois como Stefan ainda não tinha voltado, decidi subir. Tinha intenção de me deitar um pouco a ler um livro mas a caminho do quarto fui travada por uma enorme tentação que me invadiu, implacável. Parei a meio do corredor e fixei os olhos no armário de madeira. Olhei em desespero para a última gaveta. Sabia que não podia dar um único passo na sua direcção mas a maldita gaveta parecia chamar por mim. Atraia-me como um íman. Ajoelhei-me em frente ao armário, lancei as minhas mãos na direcção da gaveta que comecei a abrir cuidadosamente, como se de lá estive prestes a sair algo verdadeiramente assustador. Retirei a caixa prateada que havia guardado lá, fazia imenso tempo.

            Por mais tempo que tivesse passado aquela caixa nunca saiu da minha cabeça. Todos os dias, sempre que passava pelo corredor, lembrava-me de que ela estava lá. Sempre conseguira afastar de mim a vontade de a ir buscar. Contudo, hoje a vontade tinha-me vencido.

            Levei a caixa comigo para o quarto e sentei-me na cama, pousando a caixa na minha frente. Olhei-a por infindáveis minutos. Debati-me entre a vontade de a abrir e uma voz que gritava dentro de mim para que eu não o fizesse. Num impulso abri-a, antes que tivesse tempo de me arrepender. Para mim não fazia mais qualquer sentido fugir do passado. Independentemente da minha vontade, dentro de poucos meses ele voltaria para me assombrar.

            Retirei uma das fotos do seu interior e observei-a atenta e tristemente. Estava lá o grupo todo. Caroline abraçada por Tyler e Matt, Bonnie e Jer faziam caretas um ao outro e depois estava lá eu, debatendo-me no colo dele, enquanto ele me sorria provocador com aquele característico sorrido torto. Odiava quando ele me fazia aquilo. Pegava-me ao colo mesmo sabendo o quanto eu detestava. Andava comigo as voltas fazendo-me implorar para que parasse.

            Sem que eu desse por ela, uma lágrima rolou pelo meu rosto e caiu na foto. Rapidamente apressei-me a limpar a minha face.

            - Com saudades do Damon? – Perguntou Stefan que me olhava perplexo, encostado a entrada do quarto.

            Era tal a minha desconcentração que nem tinha dado pela sua chegada. Estremeci não só com o susto mas também com o embaraço da situação. 


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Notas finais do capítulo

Isto tudo surgiu de uma ideia que tive. Confesso que não era para começar a postar já porque embora tenha as ideias organizadas isto é tudo o que tenho escrito para já...Depois revolvi postar para saber qual a reacção a esta introdução...Então se alguém leu por favor diga-me o que pensa, se gostou, se é para eu continuar... ok?Beijinho, Ana



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