Deixamos Quiron lá jogando aquele jogo estranho e fomos andar pelo acampamento. Quando estávamos passando em frente aos estábulos os pégasus começaram a relinchar nervosamente.

- Eles não gostam de vocês. – Melissa falou olhando para Brian e eu. – Eles dizem que vocês tem “cheiro de morte”.

- Eu gosto do seu cheiro. – sussurrou Brian no meu ouvido me deixando arrepiada. Droga de reação natural.

- Acho melhor para por aqui. Não quero ver vocês se agarrando. – disse Marie. – Vocês terão a noite toda para fazer o que bem entenderem no chalé de Tânatos.

- Parece que alguém descobriu meus planos. – murmurou Brian.

- Eu sabia! Eu sabia que vocês iam fazer mais do que apenas conversarem! – gritou Marie apontando para nós.

- Vai escandalosa, grita mais alto. – falei. Marie respirou fundo e abriu a boca, mas antes dela pronunciar uma palavra eu acrescente. – Isso é modo de falar, criatura! Não precisa gritar mais alto para os deuses ouvirem.

            Do nada apareceu um garoto na minha frente me fazendo pular de susto. Eu não ouvi ele se aproximando. Ele tinha o cabelo caramelo bagunçado, olhos verdes e parecia ser tímido, ou quieto pelo menos. Ele estendeu a mão para Marie, como se estivesse fazendo um pedido. Ela segurou a mão dele e ele a puxou dali em direção a um dos chalés.

- É – suspirou Melissa – sou a única sem namorado. E nem adianta negar Meg, você pode não o considerar seu namorado, mas bem no fundo sabe que é.

- Uau, se Linda estivesse aqui ela estaria secando lágrimas imaginarias. – falei.

- Fazer o que. – disse Mel dando de ombros. – Bem, vou deixar você a sós. Estou te fazendo um favor Brian.

- Vem. – disse Brian me puxando pela mão.

            Ele me levou floresta adentro. Alguns de meus instintos me diziam para fugir o mais rápido dali, mas a parte do meu cérebro que eu estava ouvindo, dizia para eu não largar a mão dele nunca. Eca! Momento garota apaixonada. Eca! Eca! Eca!

            Eu ainda estava ocupada em ficar com nojo de mim mesma quando entramos em uma clareira e nela tinha uma cabana da madeira muito... sinistra? É sinistra. Adorei.

            A cabana é toda de madeira cor de ébano com tochas com um fogo verde – fogo grego – crepitando na entrada. Brian me conduziu até a entrada da cabana. Ele abriu a porta e a deixou aberta para eu entrar.

            Dentro é bastante confortável, apesar de ser pequena. Tinha uma sala com uma lareira crepitante, dois sofás de couro preto, uma TV de plasma, um sistema de som e muitos CDs. Dava para ver uma cozinha com uma mesa de 4 lugares, um fogão também de 4 bocas e os armários nas cores branco e preto. Da sala dá para ver um quarto pela porta entre aberta.

            Olhei para Brian e ele apenas acenou indicando o quarto, um sinal claro de que poderia olhar. Andei até a porta e a empurrei, abrindo-a. Não sei o que mais me chamou a atenção. Talvez tenha sido a cama gigantesca no meio do quarto, ou a estante do tamanho da parede cheia de livros, ou Malévola deitada em uma “caminha” ao lado de um poleiro, que estava sendo usado pelo corvo de Brian. Olhei para Brian com uma sobrancelha levantada.   

- Ontem ela me seguiu até aqui e se apoderou desse canto. – disse Brian dando de ombros. – Achei que ela iria gostar dos lençóis que coloquei para ela.

- Foi muita gentileza sua. – disse. Malévola levantou dos lençóis e caminhou até mim. Ela se sentou balançando o rabo e latiu. Eu me ajoelhei na sua frente e fiz carinho na sua cabeça. – Boa menina.

            Malévola caminhou até seu amontoado de lençóis, girou três vezes e se deixou cair. Me levantei olhando para Brian encostado no batente da porta.

- Essa cabana é sua? – perguntei.

- Sim. – Brian falou indo na direção da cama. Ele se sentou e deu uma palmadinha no lugar ao seu lado. – Venha, não vou te desonrar – disse e acrescentou. – a menos que você deixe.

- Você tem uma coleção de livros e tanto. – falei tentando mudar o assunto... dos meus pensamentos pecaminosos. Dios mío, esse acampamento não está fazendo bem para minha sanidade, ou será que é Brian?

- Demorei anos para conseguir fazer esta misera coleção.

- Posso ver? – perguntei e ele concordou. Me levantei e fui até a estante. Ele tinha muitos livros que eu nunca ouvira falar, mas um me chamou atenção.

- “A morte veio jantar”? – perguntei tirando o livro da prateleira.

- Comprei a algumas semanas. Ainda não comecei a ler.

            Devolvi o livro em seu lugar e continuei a ver os outros livros. Eram muitos. Alguns deles eu já tinha até lido, outros ou falar, mais a maioria nem sabia que existia.

- Não acredito. – disse quando vi 6 livros, um do lado do outro, na ultima prateleira. – Você tem a coleção toda da mediadora!

- Hã... Veio por engano. Eu tinha comprado outra série pela internet, mas chegou essa. – falou Brian. Virei para ele com um olhar que eu tenho certeza ser igual ao da Marie quando fala dos Deuses.

- Me empresta! Por favor, por favor, por favor!

- Pode ficar.

- Obrigada! Obrigada! – gritei me jogando em cima dele e lhe dando um abraço. Com o meu peso ele acabou caindo na cama comigo por cima dele.

- Que isso. – falou Brian passando o braço na minha cintura. – Pelo menos vou me livrar desses livros de garota.

- Me diga. – falei. – Por que você construiu essa cabana?

- Ser filho do deus da Morte não é muito estimulante. Acham que eu sou uma “má influencia”.

- A Zorah não acha isso. Parece até que ela gosta de você. – comentei. Uma sensação estranha começou a crescer em mim.

- Ela me ajudou quando todos me evitavam. É bom ter alguém por perto quando todos te evitam. – Brian falou e fechou os olhos. – Não sei por que você fica comigo, ninguém gosta. Como sua amiga disse eu cheiro a morte.

- Eu gosto do se cheiro. – disse as mesmas palavras dele mais cedo em seu ouvido. – Mas acho que não faz diferença.

            Comecei a sair de cima de Brian quando ele me apertou contra ele não me dando escolha a não ser ficar onde estava. Olhei nos olhos dele e me deparei com seu olhar... ardente? Ele me fitava intensamente, suas pupilas dilatadas, quase não dava para ver o azul de seus olhos.

            Brian trocou nossas posições, ficando por cima. Ele abaixou a cabeça e encostou seus lábios nos meus. De inicio o beijo foi calmo, apreciando o momento, mas o desejo ia crescendo e o beijo se tornou possessivo.

            Brian passou uma mão na minha coxa e a encaixou na sua cintura, a outra continuava na minha cintura. Enterrei meus dedos em seus cabelos negros, os bagunçando. Ele começou a depositar beijos em toda extensão do meu pescoço, me deixando arrepiada.

            Ao longe a concha de caramujo soou anunciando o jantar. Nossa nem percebi o tempo passar.

- Brian, pare. – disse o afastando. Brian emitiu um som no fundo da sua garganta, como um rosnado, mas, felizmente, se afastou.

- Odeio esse treco. – rosnou ele – Tenho que me livrar dele o mais rápido possível.

- Você não vai se livrar de nada. – disse o empurrando de cima de mim. – Agora vamos.

- Só mais um beijo. – ele disse.

- Brian nós t... – não consegui terminar o que ia dizer, pois Brian me deu um beijo voraz e depois tudo ficou preto.

            Ok entendi. Ele quis me beijar para podermos viajar nas sombras, típico dele. Ouvi suspiros vindos de bem perto de mim, muitos, muitos suspiros. Olhei para o lado e vi todos os filhos de Afrodite nos olhando com um ar sonhador.

- Vocês poderiam dar licença? – perguntou Brian. Eles imediatamente negaram com a cabeça. Brian suspirou e me levou até a mesa de Tânatos.

- Vocês não mais oque fazer não? – perguntei alto o bastante para os filhos de Afrodite ouvirem da onde se encontravam, na mesa de Afrodite, olhando para nós. Eles novamente negaram com a cabeça. – Tenho que falar para Linda controlar seus irmãos. – murmurei.