Eu estava o evitando ao máximo. Depois daquele “contato” que tivemos, as coisas estavam mais... estranhas.

                Miguel também estava me evitando, e eu sabia disso porque ele podia muito bem me escutar, mas não me respondia. Mas prefiro pensar que ele apenas esteja ocupado com... assuntos pendentes.

                O fato é que eu não sabia como encarar Die, afinal, aquilo tinha sido totalmente louco e inesperado. Eu não o via fazia uma semana já, e era como se fosse um século. Durante esse período, fiquei em meu quarto, apenas treinando alguns golpes de batalha. Uma semana útil, para falar a verdade.

                De qualquer forma, lá estava eu, mais uma vez, saindo do meu quarto e indo até o dele, como se quisesse uma resposta para o que aconteceu. Eu tinha a leve impressão de que ele sabia que eu estava ali, parada do lado de fora de seu quarto, e esperava o momento em que eu finalmente tomasse coragem para entrar. Talvez fosse apenas impressão.

                Mesmo assim eu entrei. E o que eu vejo? Um quarto vazio. Ora, onde mais Dougie poderia estar se não fosse trancado no seu quarto? As vezes me esqueço de que ele é Lucifer, e ficar num quarto sozinho não é algo que a Estrela da Manhã gostaria de fazer.

                Procurei em todos os lugares, mas não o encontrei.

                - Procurando por mim, amor? – Dougie perguntou, atrás de mim, com um leve tom sexy na voz.

                Me virei quase que totalmente para ele, olhando para suas roupas extremamente modernas. Ele poderia se passar facilmente por um universitário descolado, mas algo em seus olhos denunciava sua experiência.

                - Na verdade, sim. – Disse, encarando meus pés.

                Dougie se aproximou de mim, brincando com meus cabelos.

                - Estava resolvendo alguns assuntos, desculpe-me deixá-la sozinha. – Ele disse, enrolando uma mecha do meu cabelo entre seus dedos. – Agora estou aqui. O que queria falar comigo?

                Pega de surpresa por não saber o exato motivo de eu tê-lo procurado, limitei-me a sorrir de leve. Afinal, porque eu o havia procurado mesmo?

                - Ahm... – Comecei, pensando em algo convincente.

                - Isso não importa. Venha, tenho uma coisa para você. – E pegou em minha mão, me puxando escada acima.

                Assim que chegamos ao seu quarto, ele pegou uma caixa redonda, me entregando. A abri, vendo um lindo vestido vermelho dentro dela.

                - Experimente-o. – Dougie sussurrou.

                Meu pânico aumentou drasticamente assim que vi o profundo decote que se encontrava nas costas do vestido. É claro que eu não poderia usar, afinal, ele iria ver a denúncia da minha “divindade”.

                Mas se eu dissesse não, eu iria dar ainda mais motivos para ele ficar desconfiado.

                - Tudo bem. – Sussurrei, indo até meu quarto.

                Assim que coloquei o vestido, notei o quanto ele mostrava minhas costas. A sorte ela que meu cabelo cobria, mas eu não conseguiria enganar Dougie por muito tempo.

                Assim que me viu com o vestido, Die sorriu, aproximando-se de mim.

                - Quero que use-o amanhã à noite, na festa que irei fazer. – Ele disse. – Será um jantar, chamarei alguns amigos. Quero que eles a conheçam.

                Dougie então aproximou-se ainda mais de mim, me puxando pela cintura. Suas mãos embrenharam-se pelos meus cabelos, e ele cheirou meu pescoço. Seu nariz gelado passava pela minha pele quente, me provocando arrepios. Sua boca roçava de leve na minha orelha, e suas mãos iam descendo para...

                Não.

                Me afastei imediatamente. Ele não poderia tocar o lugar que antes ficavam minhas cicatrizes.

                - Então... – Continuei, o encarando. – Que sapatos devo usar? – Sorri, empolgada.

                A expressão séria de Die logo foi substituída por um sorriso maroto. Andando até mim, ele sussurrou.

                - Algo sexy.