- Por favor... Acredite em mim! Eu te amo! - Juro que eu falei sem pensar, mas ele ainda parecia não estar convencido...

- Annie... - Ele balançou a cabeça olhando para mim - Eu não estou com raiva de você... Eu só queria que eu e você um dia podessemos ficar juntos!

- Mas podemos! Eu não me preocupo, eu te amo e não quero que você se sinta triste... Eu estou morrendo, mas eu sei que podemos fazer várias coisas juntos! - Eu queria mesmo, mas ele olhou para mim e disse:

- Também te amo! Mas não quero sofrer depois que você partir! - Ele rapidamente me abandonou no celeiro e foi embora.

Eu levantei arrumando-me para não ficar com serragem na minha roupa, fui correndo atrás dele, mas não sabia se ele iria me escutar... Entrei dentro de casa e subi as escadas, ele estava na seu quarto, sentado na cama e com as mãos na cabeça.

- Carlos! - Eu não queria ter gritado, mas saiu sem eu perceber.

- Desculpe-me... Não queria ter agido daquela forma... Mas eu não quero que isso aconteça de novo, meu pai quase morreu e isso me deu um pouco de trauma... Não quero isso de novo... - Ele não estava chorando, mas parecia. Eu me sentei ao lado da cama e disse:

 - Também não quero isso, mas... Vai acontecer, eu não sabia o que era viver até conhecer alguém que mudou minha vida... A... - Ele me interrompeu falando:

 - Carmen! Ela te ensinou tudo... Só não queria que você fosse... - Ele fez uma pausa e olhou para mim, ele ia abrir a boca, mas eu impedi.

 - Eu ainda vou estar aqui... Eu prometo, mas eu não vou estar visivel como estou agora, vou estar que nem a Carmen... - Fiz uma pausa tentando ver se ele estava começando a ter esperança, mas quer saber? Ele não reagiu...

 Continuei:

 - Eu quero continuar viva, quero mesmo! Mas não vai dá... Por favor, eu não escolhi essa doença, ela vem sem avisar... Por favor! Me dê um voto de confiança... - Ele olhou para mim tentando forçar um sorriso, até que conseguiu. Eu sorri e fiquei feliz.... Eu escutei o som de carro e Carlos me ajudou a levantar da cama...

 - Eu te amo... - Sussurrou ele.

 - Eu te amo... - Repeti a mesma coisa, mas algo aconteceu quando eu descia as escadas com Carlos, minha cabeça girou e girou, e de repente estava deitada nos degraus da escada e vi que Carlos berrava meu nome, mas não escutei nada...

 Quando acordei, estava novamente em uma cama do hospital, deu vontade de berrar, mas é claro que não fiz isso, sentei-me na cama e limpei rapidamente minha cara com remela... Olhei para os lados e não vi ninguém... Levantei e abri a janela, vi que já era de manhã e estava com ânsia...

 - Ah, finalmente você acordou! - Era uma médica loira com o cabelo rabo-de-cavalo... - Me desculpe, meu nome é Alice Nyman... - Ela sorriu e só depois fui ter certeza que ela disse " Nyman"...

 - Você é o que do Carlos? - Ela hesitou, mas virou-se rapidamente para me encarar...

 - Nossa! Essa foi rápido, pensei que você não iria desconfiar... - Ela riu baixinho - Mas a próposito, eu sou a irmã de Carlos, na verdade a invisivel!

 - O quê?! - Fiquei chocada - Carlos tem irmã que é médica?!

 - Bem... Sim, Carlos tem uma irmã, que ele se esqueceu de mim, mas está tudo bem... - Ela sentou-se na minha cama do hospital e me encarou de novo - Meu pai... Depois da loucura acontecer, ele se esqueceu de mim e eu quis fazer medicina pensando em cura-ló, mas não rolou, e hoje eu atendo pessoas com câncer...- Ela meio que ficou sem graça na hora de falar a palavra "câncer"...

 - Vamos começar! - Ela disparou para perto de mim, e concordei com a cabeça.