Mona Lisa escrita por Alana5012, YagamiMegumi


Capítulo 9
A Vingança de Lucífer


Notas iniciais do capítulo

Legenda
Narração: (Ponto de Vista dos Personagens - 1a Pessoa)
Mudança de POV - Point of view (Ponto de vista): ●๋..●๋
Diálogos: - Então por que? Por que nos fazer lutar? Só não consigo descobrir o propósito.
Poesia: "Itálico"
Lembrança: Negrito



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●๋•..●๋•

"A verdade não é mais a mesma:

Tudo não passa de mera ilusão, apenas.

Mentiras prevalecem,

Persuadem e convencem.

A verdade tornou-se surreal,

Algo abstrato, banal.

Lucífer não se importa

Pois foi cego pelo ódio:

Nada mais lhe resta, exceto a vingança.

Vingança que "procede sempre da fraqueza da alma,

Não capaz de suportar as injúrias."*

Miguel nada pode fazer

Só lhe resta sofrer

Calado, sem outra alternativa,

Pois assim o quis.

Afinal,

"Abster-se de imitar é a melhor vingança."**


Bobby Singer

  Finalmente, foram embora! Anjos, demônios, estou ficando farto dessas coisas, que surgem de repente e desaparecem do nada... Temos muito problemas, mas ainda sim, estes insistem em bater a nossa porta sempre - literalmente. Porém, já estou acostumado. Quer dizer, essa foi a vida que escolhi, não?! 

  - Acham que ela vai ficar bem? - Depois de um longo tempo em que nenhum de nós sabia o que discutir ao certo, Sam pronunciou-se. O garoto me parece estar realmente preocupado; bom, espero que nem tanto, para o bem dele. Mas eu o entendia, afinal, havíamos deixado a tal da Alice ir com Miguel e Lucífer (os dois, juntos!). Sabe-se lá o que pode acontecer...

  - E o que queria que eu fizesse? Que convidasse-os para jantar?! - Não tenho culpa da pobre garota estar envolvida nisso tudo, na verdade, tenho pena dela. No entanto, eu é que não preciso (e nem desejo) me ver em meio a um confronto entre esses dois malucos outra vez - Ah, sim, e quem sabe eles também não pudessem dormir aqui?! Por favor, rapaz: estamos falando do Diabo e do infeliz que está possuindo o seu meio-irmão; ambos são cruéis, e acredite, se existe uma razão para estarem trabalhando juntos, com certeza não tem nada a ver com cooperação mútua e ética. Não passam de dois safados! - E eles sabiam disso tão bem quanto eu. Quem sabe não fosse justamente por isso que estivessem tão abismados.

  - Bobby, como sempre muito compreensivo, não? - Quem diria, Dean Winchester sabia ser sarcástico! - A menina vai ficar bem, Sammy. - Disse com convicção, dando uns tapinhas no ombro do mesmo, para depois encarar-me, sério - Viram o jeito como Lucífer agiu enquanto ela estava por perto? - Pelo visto, não tinha sido só eu que percebi.

  - É sim, muito estranho. - O outro concordou, balançando a cabeça numa afirmação - E, agora que você falou, acho que Miguel não gostou nem um pouco disso. Ele não disse nada, concordou com tudo que o irmão disse... - Ambos pensavam. Revirei os olhos. Tenha dó, a caso teriam ficado cegos?! - Tem alguma coisa acontecendo.

  - E você descobriu isso sozinho, Sherlock? - Perguntei, franzindo a testa com desdém.

  - Ah, Bobby, qual é... Por acaso... você não acha que... Fala sério, eles e a Alice? - Em meio às palavras desconcertadas, ria nervoso. Dean também havia notado. 

  - Dedução brilhante, Watson! - Devolvi, irônico.

  - Não sabia que ele era fã de Sir Arthur Conan Doyle... - Sam sorriu para o outro, sem qualquer humor. 

  - Quem?! - Francamente, esse rapaz não entende nada de literatura! Provavelmente, o mais perto que já chegou de ler um livro, foi assistindo "Doutor Sexy M.D." (como se eu e o irmão dele não soubéssemos que é um "super fã" da série).

  - Bom, pelo menos você sabe ler... - Falei, fitando o mais velho com uma expressão reprovadora - Esqueça!

  - Não precisava nem pedir! - Esse garoto está ficando muito atrevido - Então, o que temos aqui? Quer dizer que Lucífer resolveu chantagear o irmão mais velho por causa de uma garota? Hum, interessante...

  - Talvez também possamos nos aproveitar da situação. - Sam falou como se completasse os pensamentos do loiro. 

  - Estou com a ligeira impressão de que isto será um desastre! - Sussurrei mais pra mim mesmo do que para os rapazes (embora os mesmos tenham ouvido de qualquer forma). Logo, o sono me venceu: uma hora mais tarde, estava na cama; e Dean e Sam permaneciam acordados. 

●๋•..●๋•

Miguel


  Já é tarde. O breu que cobre a noite torna-se cada vez mais escuro. Agora estou caminhando pouco mais a frente de Lucífer e Alice, que riem sem parar, enquanto conversam sobre alguma coisa banal. Preciso pensar. Que absurdo! Como ela pode tê-lo perdoado, assim, tão facilmente?! Sequer trocaram umas poucas palavras e já são os melhores amigos outra vez; para a alegria dela, e meu desgosto... Ao que vejo, as coisas pioram cada vez mais. Estou a mercê dos Winchesters e do caído, sendo perseguido por malditos desertores, enquanto Castiel, aos poucos, assume, não apenas o meu posto, como também o lugar de nosso Pai. Não posso permitir que a situação se denigra tão deliberadamente! Entretanto, que devo fazer? Ludibriá-los?! 

  - ...não concorda, Miguel? - Fui subitamente arrancado destas minhas divagações pela voz doce de minha Mona Lisa, que havia alcançado-me, apesar de meus passos ligeiros. 

  - Perdão? - Eu não fazia ideia ao que ela estava referindo-se, pois estava muito submerso em meu próprio subconsciente, buscando respostas; porém, provavelmente tinha ligação com o que ambos conversavam. 

  - Você não estava ouvindo, não é? - Alice riu. Não compreendi o motivo do sorriso de meu irmão, mas de uma coisa estava convicto: tratava-se de devaneios de uma alma doentia... 

  - Falávamos sobre os rapazes. Nossa irmã dizia que são boas pessoas, e que devíamos tentar nos colocar na situação dos mesmos à alguns meses atrás. Deve estar sendo difícil pra eles. Quer dizer, depois de todos esses anos... O Apocalipse, nós... Castiel e Dean se tornaram grandes amigos e... Bem, é isto. - Suspirou. Fingia se importar, mas a verdade é que estava debochando da pobre menina, que não percebia. E eu continuo de mãos atadas!

  - Seja como for, estou muito feliz que finalmente tenham feito as pazes! - Mais uma vez, outro abraço. Estou ficando farto de presenciar tais cenas entre os dois.

  - Sim, foi como eu disse antes: conversamos e achamos melhor esquecer o passado; afinal, há coisas mais importantes com as quais devemos nos preocupar agora. - Cínico!

  - É bom ouvir isso! - Ela está tão contente... Não seria justo magoá-la novamente - Você ainda não disse nada, Miguel. - Aquele observação tão repentina me causou um leve desconforto - Se manteve calado o tempo todo. - Estou ficando apreensivo - Por que? - Era a pergunta que eu mais temia!

  - Não há mais nada pra ser dito... - Falei de forma vaga. Antes que Alice prosseguisse com as indagações, Lucífer interveio.

  - Querida, se importa de nos deixar à sós por um instante? - Ao que parece, enfim, obterei algumas respostas.

  - Tudo bem! - Concordou sorrindo e se afastando de nós logo em seguida, desaparecendo entre as árvores da praça onde nos encontrávamos. Assim que ela o faz, ambos nos encaramos, frios.

  - Que pretende? - Pergunto, me referindo a postura estranha que o mesmo assumira. Embora soubesse que a única razão por estar sendo gentil com Alice fosse me causar cólera, ainda não compreendia aonde este desejava chegar trabalhando com os Winchesters. Se concordamos em alguma coisa, é que Sam e Dean são escórias repulsivas e arrogantes.

  - Ao que refere-se? - Questiona-me - O que eu disse ou o que eu não disse? 

  - Explique-se. - Meu tom exprimia mais uma ordem do que um pedido.

  - Sobre a nossa "parceria" com os rapazes, aquilo era uma coisa que já vinha pensando à algum tempo... Não dizem que "se não pode vencê-los, junte-se a eles"? Se estou interpretando bem a situação, a oportunidade é perfeita.

  - Não está sendo franco. - Aquilo havia sido uma afirmação, não outra questão.

  - E isso faz diferença? - Agora sim, este era o irmão que eu conhecia: o ignorante de sempre - À respeito do que eu ainda não disse, saiba que a qualquer momento poderei reconsiderar, o que, dada as circunstâncias, não será difícil de o fazer.

  - Apenas me diga: o que você deseja? - Era a única coisa que importava-me de fato: saber o que ele planejava fazer.

  - No momento? - Refletiu por um segundo - O mesmo que você, Dean, Bobby e Sammy: a cabeça de Castiel numa bandeja de prata, tal qual Salomé o quis com o tal São João Batista. - Riu de forma sádica; revolto-me com tamanha devassidão e insulto, porém, deixo que conclua seu pensamento - De você? Ficarei satisfeito apenas quando obter minha retaliação.

  - O que, por acaso, tardará, não? - Havia sido uma constatação.

  -  Ora, chamaria isto de desespero! - Desdenha - Lembre-se: isto só vai ter um fim quando eu me cansar. Entendeu?

  - Sim. - Assenti, sem outra alternativa plausível, engolindo meu orgulho. Ele tem razão, estou desesperado, no entanto, não sei o que fazer. Temo pela segurança de Alice, e estou certo de que, enquanto me submeter, ela ficará a salvo. Porém, o que mais me frustra, é o modo hipócrita como ele age. Quando tudo chegar ao fim, farei-o arrepender-se por isso.

  - Agora, irei ter com a nossa adorável irmã. Terminaremos isso depois. - Encerrou o assunto, voltando a me dar as costas - Se me permite... Ou não, tanto faz. - Debochou, já distante. Está ficando insuportável! Por quanto tempo terei de aturá-lo? Tão pérfido, falso, caluniador! Jamais considerou Alice como uma "irmã" (talvez seja uma das poucas coisas em que nos assemelhamos), e agora me vem com esse ar ingênuo? Poupe-me! E o pior? Envolve a minha menina nisso! Por isso o odeio! Lá está, à iludir a pobre criança...

●๋•..●๋•


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Notas finais do capítulo

*François La Rochefoucauld
**Marcus Aurelius

Outro capítulo escrito com uma dedicatória: agradecendo Swift_Belle por indicar a fanfic. =D (No próximo, o seu POV Heloisa! *---*) rs