Para Provar que se Tem Um Coração escrita por Tenteitudo


Capítulo 11
Pior Dia


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas... Vocês devem estar querendo comer os meus órgãos internos... Sinto muito pela minha ausência durante esse ano, sei como é ruim ter que esperar por atualizações, mas muitas coisas aconteceram e a minha vida pessoal sofreu uma super reviravolta, tanto profissionalmente quanto no quesito relacionamentos e eu fiquei muito ocupada e descrente do amor para continuar escrevendo...
Mas a gente sempre volta ao estado normal de felicidade, mesmo depois de eventos extremamente desagradáveis e acho que agora já estou mais ou menos eu mesma de novo... Quero dizer, não sou mais exatamente quem costumava ser e acho que isso se reflete no modo como escrevo agora.. Espero que, apesar de diferente, vocês ainda me reconheçam nos textos e continuem a gostar das minhas histórias... Vou atualizar todas, talvez os capítulos sejam mais curtos a principio, mas não ficarei mais tão distante novamente...
Sei que perdi muitos leitores, mas quero agradecer aqueles que ficaram e os que começaram a ler a pouco... Bem, sem mais delongas, o antepenúltimo(?) capítulo:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/142012/chapter/11

Quinn's PoV

Por algum motivo, os piores dias de nossas vidas começam disfarçados. São raras as vezes em que um dia é inteiramente bom ou inteiramente ruim, o que marca o melhor ou o pior é apenas um momento, um fato (aleatório ou não) que tem a capacidade de desequilibrar o seu eixo e reencaminhar sua história.

Se eu tivesse sido um pouco mais corajosa e conversado com Rachel sobre as motivações iniciais que haviam me levado a entrar naquele relacionamento, talvez toda a dor tivesse sido evitada. Mas coragem é algo que definitivamente me faltava, especialmente durante o ensino médio... Enfim, o até então pior dia da minha vida começou com um sorriso de minha parte...

...

"Você é confortável..." murmurou Rachel contra meu ouvido antes de depositar um beijinho no lóbulo e enterrar o rosto no meu pescoço em uma tentativa de fugir da luz que se infiltrava pela janela de meu quarto.

Eis o meu sorriso. Beijei a lateral de sua testa. "Essa eu nunca tinha ouvido..."

"O que?" Ela perguntou, sua voz abafada pelos meus cabelos.

"Confortável..."

Senti o sorriso dela contra minha pele. "É um bom adjetivo pra você."

Expirei com força pelo nariz e fechei os olhos. Meu despertador vibrava escandalosamente ao som de Rockefeller Skank na mesa de cabeceira, mas eu não queria me mexer. Fiquei ouvindo o padrão repetitivo da musica até que ela chegou ao volume máximo e acabei me irritando.

Bufando, soltei Rachel e me sentei para alcançar o celular. Ouvi uma risada suave ao meu lado e olhei para ela por cima do telefone. Seus cabelos estavam espalhados pelo travesseiro de forma desordenada e seus olhos se apertavam em um sorriso preguiçoso. Não consegui resistir e tirei uma foto enquanto fingia desarmar o alarme.

"Essa musica não combina contigo..."

"Eu sei, mas é humanamente impossível não acordar com ela." Respondi, colocando o aparelho de volta no seu lugar.

"Bom, tecnicamente, existem seres humanos surdos..."

Fechei a cara por um segundo e arqueei as sobrancelhas. Ela riu mais uma vez e pressionou os lábios firmemente contra os meus até que eu sorrisse também.

-/-

Tomamos um banho rápido (em banheiros separados) e descemos juntas até a cozinha para comer alguma coisa. Não estávamos com pressa, apesar de ser durante a semana e termos aula naquele dia. Tudo estava indo muito bem e eu me sentia leve, flutuante.

A noite anterior havia sido perfeita, Rachel tinha me levado jantar em uma espécie de café meio cult na saída da cidade. Ela insistiu em dirigir o meu carro o que fez com que demorássemos quase uma hora para chegar lá por que, aparentemente, 'cambio manual deveria ser proibido nos Estados Unidos' e 'por que você ainda usa isso se o automático é tão mais simples?'. Enfim, depois de uma breve discussão eu acabei assumindo o volante e chegamos no café um pouco antes das dez. As pessoas lá eram bem diferentes, não sei como nunca havia notado elas em Lima antes. Brincamos de adivinhar as histórias delas e conversamos sobre musica, filmes, amenidades no geral e, pela primeira vez, agimos como um casal em público.

Ganhei até um beijo na hora da sobremesa. Foi divertido e romântico e tudo o que um encontro deveria ser. Voltamos para minha casa e conversamos (entre outras coisas) até não conseguirmos mais manter os olhos abertos.

Constatei que minha mãe não havia voltado do encontro com Gerry e aproveitei para beijar Rachel uma ultima vez antes de sairmos de casa. Caminhamos do meu carro até a escola de braços dados, e a mão dela se demorou em meu cotovelo quando nos separamos na entrada. Não almoçamos juntas, ela foi sentar com Kurt e Mercedes e eu sentei com Artie do lado de fora da escola. Ele estava me ajudando com o arranjo da musica que eu iria apresentar no Glee club naquele dia. Rachel e eu trocamos alguns olhares e sorrisos através da porta de vidro, o suficiente para chamar a atenção de algumas pessoas e foi nesse momento que tudo começou a desandar, mesmo que eu ainda não soubesse.

-/-

Fim Quinn's PoV

-/-

Brittany e Santana cochichavam ao seu lado e Finn Hudson sabia exatamente sobre o que elas estavam falando, ele não era idiota (não tanto pelo menos). Ele também havia captado a troca de olhares entre Quinn e Rachel, sem contar todo o comportamento estranho delas nos últimos dias e o fato de nenhuma das duas demonstrar interesse nele agora era enervante. Ele sentiu uma necessidade enorme de chutar uma cadeira, mas acabou se refreando e cravou as unhas na palma da própria mão.

"Do que vocês tão falando?" Ele perguntou para as meninas, como quem não quer nada.

"Não te interessa Finnbecil." Santana respondeu rapidamente, sem nem ao menos olhar para ele.

"Não seja má, San!" Exclamou Brittany, apertando os lábios.

"Eu não estou sendo má, ele não tem que ficar se metendo na conversa dos outros."

"Mas a gente está falando sobre ele..."

Santana fechou os olhos e respirou profundamente. "Ele não precisava saber disso, B."

"Ah..."

"O que vocês estão falando de mim?" O jogador perguntou, cruzando os braços como uma criança fazendo birra.

"Eu já disse, nada que te interesse." Retrucou a latina, lhe lançando um olhar irritado e um pouco assustador.

"Deixa de ser hipócrita Santana, tem alguma coisa estranha acontecendo e eu vou descobrir o que é."

A morena riu pelo nariz. "Primeiro, você nem sabe o que 'hipócrita' significa, segundo, não é minha culpa se você é muito cego pra perceber que –" Ela se interrompeu abruptamente e mordeu a própria língua (literalmente, mas não com muita força).

"Perceber o que?!" Perguntou ele, jogando os braços para cima e atraindo os olhares assustados de alguns membros do corpo estudantil que estavam por perto, incluindo Rachel, Kurt e Mercedes.

Brittany riu baixinho e chacoalhou a cabeça. "Que as suas ex namoradas estão totalmente-"

"Britt Britt!" Santana se levantou e puxou a loira consigo. "Eu preciso da sua ajuda pra fazer aquela coisa.."

Brittany franziu o cenho. "Que..."

A latina puxou o seu braço e a dançarina a seguiu, lançando um olhar confuso para o almoço intocado que ficava para trás.

"Santana!" Exclamou Finn, depois de alguns segundos, quando finalmente entendeu o que estava acontecendo, mas as duas meninas já haviam desaparecido porta a fora.

-/-

Rachel entrava no banheiro feminino ao final de suas aulas quando sentiu uma mão morna e delicada envolver a sua. Quinn lhe ofereceu um sorriso e uma piscadinha antes de guia-la a um dos reservados. Elas riram quando a loira trancou a porta e a diva se escorou contra a parede de concreto, encontrando os olhos dourados com os seus. Havia algo diferente neles, como se Quinn tivesse voltado a ser criança, uma mistura de inocência e travessura. Seu coração acelerou e ela mordeu o lábio.

"Como foi o seu dia?" Ela perguntou, afastando alguns fios loiros daqueles olhos que brilhavam em sua direção.

"Chato." Respondeu Quinn em um sussurro, dando de ombros como se não quisesse falar sobre aquilo. "Saudades..." Ela murmurou, abaixando a cabeça e beijando a covinha na bochecha da morena.

"É mesmo?" A cantora percorreu a face da loira com os lábios, pressionando-os suavemente no canto de sua boca.

"Mhumm..." Exalou Quinn, deslizando seu lábio inferior entre os da diva. Elas trocaram uma serie de beijos que só podem ser descritos como felizes antes de a loira apoiar o peso de seu corpo sobre Rachel.

A porta do banheiro se abriu, mas nenhuma delas percebeu. A temperatura subiu consideravelmente e a cantora partiu os lábios para permitir que Quinn aprofundasse o beijo. Dedos bronzeados se entrelaçaram em mechas loiras e um gemido suspirado escapou de sua garganta sem querer.

"Shhh!" Fez Quinn, se afastando um pouco e beijando seu pescoço.

"Desculpa... Mmmm..." Murmurou Rachel fechando os olhos.

"Tem algum ai?" Veio uma voz do lado de fora do cubículo aonde elas se encontravam.

As duas congelaram.

"Não!" Respondeu Rachel, sem pensar.

Quinn arregalou os olhos e cobriu a própria boca com a mão. A morena escondeu o rosto no ombro da loira e mordeu o lábio, ela tinha vontade de se enfiar dentro do vaso e dar a descarga. A mão de Quinn apertava a lateral de seu corpo ansiosamente.

"Rachel?"

A cantora olhou para sua namorada como se perguntasse 'o que eu faço agora?' e a loira, por sua vez, franziu a testa e chacoalhou a cabeça, 'eu não sei' ela respondia.

"T-tina?" Gaguejou Rachel.

"Sim.. Está tudo bem?" A voz se aproximou um pouco e um vulto se tornou visível pela fresta da porta.

"T-tudo..." A morena deixou seus braços se afrouxarem e deslizarem do pescoço da loira para o peito dela, seus dedos apertaram as alças do vestido azul claro que Quinn usava e a ex líder de torcida respirou tremulamente.

"Tem certeza?" Elas ouviram algo se apoiar contra a porta, provavelmente a mão da menina asiática. "Eu estou ouvindo uns barulhos estranhos."

Rachel limpou a garganta e se endireitou, soltando sua namorada e passando uma mão pelos cabelos. "Sim, er... Eu estou bem." Ela umedeceu os lábios e olhou para o vaso. "Acho que eu comi algo que fez mal..." Suas bochechas se tingiram de vermelho sob o olhar incrédulo que Quinn lhe lançou.

"Oh... É, o Mike achou um verme na salada outro dia..." Comentou Tina, desencostando a mão da porta.

Rachel fez uma careta de horror e Quinn soltou uma risadinha que fez Rachel cutucar suas costelas. A loira emitiu um grunhido de dor e segurou o pulso da cantora. Silencio caiu sobre elas.

"Você não está sozinha aí, não é mesmo?"

A morena não respondeu.

"Ok..." O sorriso era perceptível na voz dela. "Vejo vocês no Glee Club..."

"Er.. Tá..."

A asiática se afastou e Quinn relaxou, Rachel permanecia em choque. Ela inclinou o corpo para a frente e colidiu com a loira, descansando a cabeça em seu peito e olhando fixamente para a porta cinzenta. Braços fortes e delicados a envolveram imediatamente, dedos pálidos corriam por seus cabelos escuros.

"Isso foi..." Começou Quinn.

"Desagradável."

"Estranho..."

"Nunca mais vou fazer isso."

"Isso o que?" Perguntou a loira, se afastando para encontrar os olhos castanhos com os seus.

"Te seguir para dentro do banheiro." Respondeu Rachel completamente séria.

Quinn sorriu. "Tem certeza?"

A morena apertou os olhos em sua direção por alguns segundos. "Não..." Suspirou ela, um breve sorriso brincando em seus lábios.

A loira se inclinou para beijá-la, mas a cantora desviou o rosto, ganhando um beijo no olho.

"O que foi?" Perguntou Quinn preocupada.

"Eu não quero me atrasar para o Glee Club! Você vai cantar hoje!" Exclamou Rachel, animada de repente.

Quinn não sabia se suspirava ou ria, então fez os dois ao mesmo tempo em um som estranho e permitiu que Rachel a arrastasse até a sala do coral.

-/-

Elas chegaram atrasadas, não muito, mas o suficiente para interromper Finn no meio de sua interpretação de Go Your Own Way. A tarefa da semana era Fleetwood Mac e era o primeiro dia de apresentações. Finn se perdeu no meio da letra quando viu as duas entrarem juntas e se sentarem nas arquibancadas, o modo como elas se inclinavam uma sobre a outra o deixou particularmente irritado.

"Finn?" Mr. Schue quebrou o transe no qual o quarterback se encontrava e alguns dos colegas riram do ar perdido dele quando percebeu que a musica continuava tocando e ele havia parado de cantar.

O menino chacoalhou a cabeça, seu rosto completamente vermelho, e tentou retomar a musica sem muito sucesso, cantando fora de tom e compasso. Seus colegas aplaudiram meio sem jeito e ele voltou a sentar resmungando entre Brittany e Puck na ultima fileira.

"Excelente, Finn... Santana?" Mr. Schue chamou pela latina, que se levantou e sentou em um banquinho para cantar Landslide. Sua voz soava triste e mais suave do que o normal e todos prestaram atenção, se prendendo a cada nota que a morena emitia. Rachel entrelaçou seus dedos aos de Quinn e apertou suas mãos unidas contra o peito. Santana nunca havia soado tão bem.

"Temos tempo para mais uma performance hoje, algum voluntário?" Perguntou o professor, se escorando no piano e recebendo uma careta de Brad, o pianista.

Quinn levantou a mão timidamente e Mr. Schue arqueou as sobrancelhas. A ex líder de torcida nunca havia sido muito participativa em suas aulas e o fato de ela ter apresentado um numero para cada uma das tarefas daquele mês o surpreendia.

Ela se levantou e caminhou graciosamente até a frente, sentando-se no mesmo banquinho que Santana havia ocupado minutos atrás. Suas mãos pousaram em seu colo e ela encarou seus colegas.

"Essa musica é originalmente um dueto, mas Artie e eu fizemos algumas modificações, então..." Ela fez um gesto convidando Artie a se juntar a ela. Ele alcançou pelo violão e ninguém tem muita certeza do que aconteceu a seguir.

Finn levantou abruptamente de sua cadeira, derrubando-a no chão e assustando a loira sentada ao seu lado.

"O que você disse pra ele?" Santana perguntou pra Brittany, seus olhos arregalados.

Ninguém ouviu a resposta, que foi abafada pelos gritos do quarterback.

O coração de Quinn acelerou de repente e ela se levantou ao ver que ele falava com Rachel. Sangue pulsava em suas orelhas e ela não conseguia ouvir direito, a gravidade parecia puxar suas entranhas para baixo e ela não sabia o que fazer.

...

Quinn's PoV

Tudo aconteceu tão rápido... Em um minuto tudo estava bem e no instante seguinte, Finn estava de pé e contando tudo para Rachel, tudo que originalmente só eu e Brittany sabíamos.

E finalmente chegamos ao ponto em que essa história começou.

Todos os sons da sala pareceram se abafar de repente e tudo o que eu conseguia ver eram os olhos castanhos de Rachel encarando os meus cheios de água. O queixo dela tremia e eu não conseguia ler o que estava se passando naqueles olhos. Podia ser qualquer coisa, mágoa, raiva, dor...

"Isso é verdade?" Ela claramente falava das coisas que Finn havia acabado de lhe contar, sobre o modo como todo aquele relacionamento que havíamos construídos tinha surgido por causa de um plano idiota. E tudo o que eu queria era dizer que não, que não era verdade e que eu a amava, mas algo em mim fez com que eu concordasse com a cabeça.

Meus colegas observavam enquanto eu me via perder o controle.

"Eu não esperava isso de você Quinn." As palavras foram ditas friamente, apesar de seus olhos lacrimejarem cheios de emoção. "Mas sempre soube que deveria..."

Nesse momento eu perdi o controle e avancei em sua direção, querendo abraça-la, querendo dizer que apesar de ser verdade, não era. Não agora, não mais... Mas ela se esquivou e Finn a protegeu.

"Eu acho que você deveria ir embora agora, Quinn." Disse ele, seus olhos brilhavam de uma forma estranha e alucinada.

"Rachel..." Eu tentei alcança-la mais uma vez, conseguindo encostar em seu braço com a ponta dos dedos. Ela se encolheu ao meu toque, como se tivesse medo do que eu pudesse fazer com ela. Finalmente percebi o calor de minhas próprias lágrimas, mas as ignorei. Eu precisava falar com ela, precisava explicar minhas ações e provar que o que sentia por ela era real.

"Por favor, Quinn..." Sua voz saiu quebrada e eu tinha vontade de me dar um tiro. "Só..." Ela suspirou e eu senti como se a dor que ela sentia se transferisse para mim, triplicando a angustia em meu peito. "Vai embora..."

Eu cobri a boca com a mão, estrangulando um soluço e lhe lancei um ultimo olhar, tentando transmitir tudo o que queria dizer antes de dar as costas e sair da sala.

=/=


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

NA: Eu não sei escrever brigas, então a parte em que o Finn revela tudo ficou muito abstrata, mas realmente, eu posso contar nos dedos as vezes em que briguei com alguém (3) e é muito difícil escrever sobre algo que não se tenha vivenciado, nem que seja um pouquinho...
Enfim, espero que vocês tenham gostado... Mais dois capítulos e um epilogo para o final!
Até a próxima.. E sei que não tenho direito de pedir comentários depois de tanto tempo, mas ficaria feliz em saber o que vocês acharam...
P.S: Em breve vou publicar uma fic nova, o nome vai ser 'Pequenas Coincidencias', só quero completar ela antes de publicar, mas já tenho dois terços escritos... Fiquem atentos!
Abraços, A.