16 Constelação de Pegasus escrita por Sereny Kyle


Capítulo 2
Capítulo 2




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Tay maquiava-se enquanto Kay arrumava seu cabelo.
 -- Você está caprichando hoje, hein, Tatá? Essa produção é pro Ban ou pro caso de encontrar Victor?
 -- Cala a boca, Kay. Eu não quero ser reconhecida.
 -- Ah, ta. Mas o que você vai fazer se encontrar Victor?
 -- Estou indo pra lá pra cumprir a missão e nada mais. Já está bom, não quero chegar atrasa.
 Tay saiu do quarto já disfarçada. Ban a esperava na Joaninha, ansioso.
 -- Desejem-nos sorte! – ela disse, entrando no carro.
 -- Boa sorte – Kay e Ginji disseram, lhes acenando.
 Ban percebeu que Tay torcia as mãos.
 -- Você parece nervosa. Algum problema?
 -- Eu fico assim antes de entrar no palco.
 -- Ah... Tay... Quem é Victor?
 Tay se assustou ao ouvi-lo pronunciar aquele nome.
 -- Ele também trabalhava como espião.
 -- Não era o tipo legal de espião?
 -- É, não.
 -- E tem risco de encontrarmos com ele nesse lugar?
 -- Quase certeza. Mas, não vou me preocupar com Victor. Temos uma missão a cumprir.
 Ban percebeu que Tay não estava tão confiante quanto tentava parecer, mas ele sorriu ao vê-la puxando a barra do vestido pra não ficar tão curto.
 A boate era grande como um teatro, com muitas mesas espalhadas por todos os andares e estava lotado já. Tay pegou Ban pela mão e levou-o para trás dos palcos. Por mais que ela parecesse concentrada na missão, Ban sentia que ela tinha muitas coisas na cabeça.
 Antes de entrarem no palco, Ban segurou os ombros de Tay pra lhe dar confiança, ela retribuiu com um sorriso que fez com que as pernas dele estremecessem. Até o momento em que se sentou ao piano, Ban não tinha pensado na apresentação que fariam e Tay apenas lhe dissera a música que ele deveria tocar.
 Ela foi até a frente do palco, virou-se pra ele e lhe fez o sinal pra que começasse a tocar. E depois daquilo não parecia mais ser a Tay que ele conhecia. Quando ela começou a cantar, Ban ficou arrepiado.
 Todos os homens do salão olhavam cobiçosos pra ela e, apesar de incomodá-lo, Ban achou graça na situação. Até encontrar um rapaz que olhava vidrado para Tay de um jeito que deixou Ban mais que enciumado.
 Tay agradeceu e os dois saíram do palco.
 -- Você foi incrível!
 -- Obrigada. Eu consegui identificar o nosso alvo e sei exatamente o que fazer.
 -- Ótimo. O que posso fazer?
 -- Eu fiquei pasma ao te ouvir tocando.
 -- É, todo mundo fica.
 Os dois entraram em um camarim.
 -- O que eu vim atrás deve estar na sala da administração. Durante as apresentações não deve ser difícil entrar lá.
 Os dois escutaram alguém bater na porta.
 -- Posso entrar, por favor? – o rapaz que incomodara tanto Ban admirando Tay estava parado ali e ela parecia muito surpresa ao vê-lo entrando. – A sua voz é realmente magnífica. Foi a melhor apresentação da noite!
 -- As apresentações ainda não terminaram – Tay respondeu, tomando o cuidado pra parecer mais modesta que incomodada.
 -- Eu nunca precisei escutar as outras depois de ouvir você, meu rouxinol!
 Ban viu Tay erguer as sobrancelhas, assustada.
 -- Ah, acho que, mesmo depois de tanto tempo, você ainda se lembra de mim, Tay Kamurato.
 -- O que você faz aqui, Victor?
 -- Como você está linda! Sabia? Claro que você sabe. Afinal, você sempre foi linda.
 Tay olhou furiosa pra ele.
 -- Você sabe que eu posso quebrar a sua cara se você continuar falando bobagens.
 -- Você era mais carinhosa quando a gente namorava. Sabia que você ficou maravilhosa com essa roupa? Não posso esquecer de agradecer a Sophia.
 -- Você sempre foi idiota, Victor.
 -- Aqui me chamam de Ventania.
 -- Por causa do seu poder idiota? Puxa, o submundo deve estar mesmo em decadência – Victor sorriu e puxou Tay pra perto dele, deixando-a colada nele e Ban fechou a mão, furioso.
 -- Se você está aqui é porque está em uma missão, certo? Estranho, pensei que Kay estaria com você.
 -- Ela sofreu um acidente.
 -- E ela está bem? Não foi invadindo nenhum lugar, foi Tay? Eu sempre te disse que essa menina precisava ter cuidado...
 -- Não fale como se a minha irmã importasse pra você, Victor – Tay tentava se soltar dos braços dele, mas não estava fazendo força o suficiente e Ban estava ficando furioso com aquilo. Por que ela não se soltava de uma vez?
 -- Veio aqui por causa de Flor-de-Lótus, não foi, gatinha?
  -- Como você sabe disso? – Tay perguntou surpresa.
 -- Porque só entregariam um caso dessa importância nas mãos da espiã mais competente, é claro.
 Tay parecia ter amolecido nos braços de Victor.
 -- Você merece saber que é um trabalho completamente profissional o que você faz. O disfarce, o show... Tenho certeza de que conseguiria sem problemas invadir a sala da administração. Quem imaginaria um espião aqui? Quem suspeitaria da bela dançarina, certo? Você é a melhor, Tay?
 -- Mas você vai se meter, não vai, Victor? Ventania precisa de prestígio entre os criminosos! – ela provocou, furiosa.
 -- Eu nunca entregaria você pra me promover, Tay. Eu a quero de volta em meus braços, porque eu a amo como sempre amei.
 -- Você nunca me amou, você arrancou meu coração e o pisoteou.
 -- Eu pagarei o preço que for preciso pra tê-la de volta.
 -- Não há preço que me devolva pra você! É melhor me soltar, porque com você me atrapalhando ou não, eu vou levar lótus comigo.
 -- Há, há, há! Você é uma gracinha. Está bem, eu impeço você de fazer uma coisa idiota em troca de um beijo.
 -- Você é idiota? – Ban avançou para o lugar onde os dois estavam, mas Tay estendeu o braço para impedi-lo.
 -- Não faça nada. Eu darei um jeito.
 -- Mas, Tay...
 -- É, pianista. Fique bem aí que ela não quer que se machuque.
 -- Cala a boca, Victor, que só o que eu fiz foi impedi-lo de te quebrar como um graveto. Eu quero ter esse prazer.
 -- Sabia que até essas palavras ásperas me enlouquecem saindo dessa sua boquinha linda?
 -- Então você quer um beijo em troca da sua informação?
 -- Estamos começando a falar minha língua, benzinho.
 -- Mas eu tenho outra proposta pra te fazer – Tay acariciou o rosto de Victor e ele beijou a palma de sua mão. – Por que nós dois não vamos lá pra fora e eu... Arranco os seus olhos com as unhas?
 -- Você sempre quer fazer tudo do seu jeito, não é? Esta bem.
 Victor soltou Tay e se dirigiu pra porta.
 -- Só uma coisa, querida – ele se virou e Tay o fuzilou com os olhos. – Você deve saber que Flor-de-Lótus não é só a preciosidade de Ivan. É a favorita dele. E você sabe como Ivan é cuidadoso com seus tesouros, esse em especial, sempre está no colo dele. Se é que me entende.
 -- Flor-de-Lótus é a Íris?
 -- É, você matou a charada. Não que eu ache que você vai conseguir sair daqui carregando ela, mas, não aconselho a ficar. Vá agora e, em nome dos velhos tempos, eu te deixo ir.
 -- E se eu decidir ficar, Victor?
 -- Eu não terei escolha, benzinho.
 -- Eu não tenho medo de você.
 -- É melhor começar a ter. Eu te amo – ele saiu e fechou a porta.
 Tay olhou irada para o espelho e esmurrou a penteadeira.
 -- Por essa eu não esperava! Que droga. É melhor sairmos daqui, Ban. Pelo menos aquele idiota me disse o que é Flor-de-Lótus.
 -- O quê? Você nem sabia o que tinha que pegar?
 -- A maioria das vezes eu não sei.
 Os dois saíram pelos fundos e entraram na Joaninha. Mas antes que Ban pudesse dar a partida no carro, eles foram abordados por uma terrível ventania.
 -- Eu sabia que ele não ia nos deixar sair assim. Ban, não saia do carro – Tay abriu a porta e saiu e pouco depois, Victor apareceu. – O que você quer agora, Victor? Suborno pra nos deixar passar?
 -- Há, há! Você não era tão espirituosa quando estava comigo.
 Ban socou o volante furioso. Se ele falar sobre isso mais uma vez, eu mesmo vou arrancar o cérebro dele pelo nariz!
 -- Pelo que vejo, você seguiu o meu conselho, né, gracinha? Não fique triste, até Tay Kamurato pode falhar.
 Tay avançou com velocidade pra Victor e o golpeou com o punho em chamas.
 -- Ah, você então quer lutar? – Victor massageou o rosto.
 -- A não ser que você não queira apanhar de uma garota. De novo! – ela sorriu desdenhosa.
 Victor envolveu Tay em um redemoinho e ela quase não conseguiu sair. Ela correu mais uma vez pra ele e o golpeou, mas ele segurou a sua mão e a ergueu alguns centímetros do chão. Tay se soltou e conseguiu empurrar Victor, mas, como um acrobata, ele se amparou com as mãos e caiu de pé e voltou a avançar para Tay, provocando uma ventania.
 -- Se estivesse chovendo, você até conseguiria lutar de igual pra igual comigo, mas com o seu ventinho, você não faz nem cócegas – Tay se apoiou nos ombros de Victor, deu uma pirueta no ar e nas costas dele, lhe deu uma rasteira e o segurou no chão.
 Victor deu um sorriso malicioso e conseguiu derrubar Tay, a prendendo no chão com o próprio corpo, os olhos de Ban faiscaram.
 -- Como se sente quando é você que vai pro chão? Não seja tola, Tay, eu conheço todos os seus pontos fracos.
 -- Se soubesse, não teria perdido pra mim em todas as lutas!
 -- Você já descobriu como aquele carro explodiu? – Victor viu o efeito imediato de suas palavras na expressão de Tay. – Se não foi você...
 -- Saia de cima de mim!
 Ban saiu do carro, correu até eles e atirou Victor longe contra uma parede. Estendeu a mão e levantou Tay.
 -- Volte pro carro, não quero que ele descubra quem você é.
 -- Eu não vou ficar assistindo vocês lutarem, se é o que está sugerindo. Deixa ele comigo.
 -- Não, por favor. Eu resolvo isso!
 -- Ainda é apaixonada por ele? – Ban perguntou, indignado.
 -- Não, mas eu devo isso a ele.
 -- O que isso quer dizer?
 -- Confie em mim.
 -- Quer dizer que eu já fui substituído? – Victor voltava lentamente, sangue escorria de sua testa. – Nenhum homem vai me substituir, Tay Kamurato! Você é minha! – seus olhos brilhavam de ódio e insanidade.
 Ban se colocou na frente de Tay, mas ela segurou seu braço e foi ao encontro de Victor.
 Se ele segurá-la daquele jeito outra vez... Eu vou matá-lo!
 -- Você me perdeu, Victor. Não tem mais volta. Você não soube dar valor ao que é mais importante pra mim! Se você quer lutar até a morte, que seja, mas vai ser do meu jeito! Eu não vou aceitar que alguém como você seja meu algoz.
 -- Você não precisa de mais um, não é? – Victor correu até ela e a segurou com força, presa em seus braços, correu mais um pouco e deitou-a sobre o capô da Joaninha, inclinando-se sobre ela. – Você não consegue lutar comigo pra valer, nós temos coisas demais pra você deixar pra trás.
 Ela se debatia com violência e tentava se soltar, mas não estava numa posição muito favorável. Victor debruçou-se ainda mais sobre o corpo dela e a beijou com muita vontade. Ban não suportou olhar aquilo e mais uma vez atirou Victor longe. Tay ficou surpresa ao vê-lo tão furioso.
 -- Não interessa o que diga, Tay. Não vou assistir a isso – Ban não esperou Victor se levantar e começou a esmurrá-lo com fúria, fazendo sua boca sangrar. Mas sem que esperasse, um enorme redemoinho o atirou pra cima e com violência no chão.
 Tay levantou-se desesperada, Victor mantinha Ban preso em uma parede e devolvia cada golpe que tinha levado com ainda mais fúria.
 -- Victor, deixa ele. É a mim que você quer.
 Ele, porém, ignorou-a e continuou a bater em Ban com fúria e selvageria, mais uma vez, atirou Ban pra cima e prendeu-o no chão, mas antes que pudesse se aproximar, Tay fez uma barreira de fogo pra protegê-lo.
 Victor se virou pra ela, mas antes que fizesse alguma coisa, Tay o cercou com um grosso círculo de fogo. Ela tentou apagar com o vento, mas só fez aumentar a fúria do fogo, e ele sentiu a pele queimando.
 Tay correu até Ban, ele tinha vários hematomas, seu olho esquerdo estava roxo e sua boca sangrava muito.
 -- Eu disse pra não se meter com ele... – ela disse, preocupada.
 -- Eu não podia...
 -- Shuuu... Fique em silêncio. Vamos embora daqui antes que ele se liberte... – ela o apoiou em seu ombro e o levantou.
 Os dois entraram no carro e escutaram Victor gritando revoltado lá longe.
 -- Eu devia ter imaginado que era seu ex-namorado. Por que não disse?
 -- Porque eu não considero isso! – ela respondeu, amargurada.
 -- O que você deve a ele?
 -- Eu quero fazê-lo sofrer o mesmo que eu sofri por ele.
 -- Então, é só o troco de uma garota abandonada?
 -- Ele terminou comigo no dia em que meus pais morreram. Eu lhe disse que Kay precisaria muito de mim dali em diante e ele disse que não aceitaria ficar em segundo plano e que eu teria que escolher.
 -- O quê? – Ban ficou indignado, seus ferimentos doeram com a brutalidade do movimento. Ela sorriu e tocou delicadamente seu rosto. – Você... Ainda o ama?
 -- É claro que não. É por causa dele que eu não quero me apaixonar de novo. Jurei a mim mesma que não cometeria esse erro de novo.
 -- Ele só não era a pessoa certa, só isso.
 -- Eu não acredito mais que exista uma pessoa certa...
 -- Se ele a fez desistir assim é porque você ainda o ama.
 -- Ele me afeta porque sabe mais sobre mim que minha própria irmã...
 -- Isso não é verdade. Se ele soubesse, não teria te perdido.
 -- Me perdido? Não acho que isso aconteceu... Acha que alguém pode perder o que nunca teve?
 Ban sorriu.
 -- Desculpe ter me intrometido. Eu sei o quanto você odeia ser salva.
 -- Há, há! Você apanhou pra valer, eu nem me lembrei disso.
 -- Você pode continuar a contar comigo, Tay. No serviço de espionagem.
 -- Obrigada. É uma pena que sua primeira missão deu errado.
 -- Teremos sorte da próxima vez – ele pegou a mão de Tay e deu um beijo, fazendo-a sorrir sem jeito e acariciar seu braço com carinho. Eu vou fazê-la mudar de idéia, Tay. Você será minha sem temer.


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