16 Constelação de Pegasus escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
Capítulo 1




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Era tarde da noite, mas Tay não conseguia dormir. O trailer estava silencioso quando ela saiu do quarto. Desde que arranjaram colchonetes, os Get Backers dormiam no chão do quarto delas.
 Ela foi até a cabine de direção e sentou-se, apertando-se dentro do casaco pra se proteger do frio.
 Desde que Kay se ferira, todos os serviços das Kamy Spys sobrecarregavam Tay e ela sentia-se perdida. Sozinha naquela escuridão, ela permitiu-se chorar como há muito não fazia.
 Ban saiu do quarto e foi atrás dela.
 -- Perdeu o sono? – ele disse, sentando-se na poltrona do lado dela. Ela enxugou os olhos e ele se assustou ao vê-la chorando. – O que foi? – ele disse, preocupado e ela estranhou.
 -- Não é nada não.
 Ban olhou pela janela e disse:
 -- Você me disse que eu não estava sozinho, não disse? Isso se aplica a você também, sabia?
 Tay piscou os olhos, espantada. Ban a vinha surpreendendo muito ultimamente.
 -- Eu não sei quanto tempo eu ainda vou agüentar fazer os serviços das Kamy Spys sozinha. E eu não posso deixar a Kay perceber, pra ela não se sentir culpada.
 -- Entendo.
 -- E o próximo trabalho que eu recebi não vai ser nada fácil.
 -- Não vai?
 -- Nem um pouco.
 -- Por quê?
 -- Trabalho disfarçada. É um lugar onde pessoas muito poderosas se encontram e eu fui contratada pra espionar um grupo que...
 -- Do que você vai se disfarçar?
 Tay ficou extremamente corada e desviou o rosto.
 -- Existem algumas apresentações musicais lá... Kay e eu sempre fazemos um número nesse tipo de missão... Mas, não sei se tenho coragem de fazer sozinha...
 -- Você dança?
 -- É.
 -- Eu poderia te ajudar.
 Tay olhou interrogativa pra ele e Ban sorriu.
 -- Nos serviços de espionagem. Ginji e eu nos disfarçamos às vezes, mas no serviço de recuperação isso é só o último recurso. Pra não te sobrecarregar tanto, até a Kay se recuperar, eu posso ser seu parceiro.
 Ela ergueu as sobrancelhas, desconfiada.
 -- Só tem um problema... Eu não danço – ele deu risada.
 -- Você vai me ajudar? Por quê?
 Foi a vez de Ban desviar o rosto.
 -- Ginji e eu não estamos conseguindo muita coisa e se você tiver que recusar serviço por estar sozinha, vamos estar perdidos.
 -- O que vai querer em troca dessa ajuda? – Tay perguntou desconfiada e Ban voltou-se indignada pra ela.
 -- Não quero nada em troca! Mas se não quiser a minha ajuda... – ele se levantou, mas ela agarrou sua mão.
-- Espere. Eu aceito a sua ajuda. Só fiquei surpresa, desculpe. Você sabe tocar algum instrumento?
 -- Toco – ela ergueu as sobrancelhas. – O quê? Eu toco sim. Toco violino, flauta, piano...
 -- Piano pode ajudar! – ela exclamou, contente.
 -- Então, posso ajudá-la.
 -- Muito obrigada, Ban. Eu vou providenciar tudo!
 Ela voltou para o quarto, muito mais aliviada e Ban sorriu, olhando-a.
 “Eu estou perdido mesmo”, ele pensou, voltando para o quarto e deitando-se no colchonete. “Perdidamente apaixonado”.
 Na manhã seguinte, eles contaram a Kay e Ginji, que ficaram muito surpresos e apreensivos.
 -- Vocês vão o quê?
 -- Ban se ofereceu pra me ajudar.
 Kay e Ginji trocaram olhares preocupados, os companheiros nunca se deram bem, seria um desastre os dois trabalhando juntos. E se brigassem?
 -- Kay, preciso da sua ajuda com os disfarces. Eu não encontro minha roupa de apresentação e nós teremos que visitar “aquela pessoa”.
 -- “Aquela pessoa”? Por quê? Eu não quero ir vê-la!
 -- Eu preciso encontrar alguma coisa pro Ban usar. Ele não pode usar nada do que temos aqui.
 -- Quem é “aquela pessoa”? – Ginji perguntou temeroso.
 -- É a costureira que faz nossos disfarces. Ela é assustadora.
 -- Não seja exagerada, Kay. Iremos à tarde.
 A costureira atendia em um enorme galpão. Era uma senhora de cabelos grisalhos e grandes óculos de contas, que usava roupas de cores muito sérias e muitas fitas métricas no pescoço. Estava em sua máquina de costura quando entraram e nem ergueu os olhos para cumprimentá-los.
 -- Como vão, garotas? – a voz dela era rouca e seca, nada bondosa como se espera que seja a voz de uma velhinha. – No que posso ajudá-las dessa vez?
 -- Preciso de uma nova roupa pra apresentação de dança, Sophia e de uma roupa que sirva no Ban.
 A velha se levantou e se aproximou de Ban, sem que Tay precisasse indicar quem ele era. Kay se agarrou ao braço de Ginji quando ela passou por eles.
 -- Ele é corpulento, mas acho que tenho algo que sirva! Vai aonde dessa vez, senhorita Tay?
 -- Na Constelação de Pegasus.
 -- Ah, por isso vai levá-lo com a senhorita? Venha cá, rapaz – ela chamou Ban e entregou um paletó.
 -- O que quer dizer?
 -- Aquele lugar é um covil dos mais perigosos. Não, não é esse. O que vai tocar? – ela perguntou a Ban.
 -- Piano – ele tentou não parecer assustado com a senhora, mas ela lhe causava arrepios.
 -- Acho que sua apresentação ficará belíssima com piano, senhorita Tay. Mas realmente precisará de algo novo, que combine com o pianista, com a boate e que lhe dê mobilidade. Ele também entrará em ação? Acho que precisa de algo resistente. O que acha de usar algo mais provocante dessa vez, Tay?
 -- Sophia, acho que não combina comigo... – Tay respondeu, envergonhada. – Sabe que não devemos chamar atenção.
 -- Quando está sozinha com sua irmã, eu concordo, mas terá esse rapaz forte para protegê-la. Tome, vista que eu acho que precisa de um pontinho. Ande menina – Tay foi contrariada se trocar, enquanto Kay e Ginji riam. – E você, Kay? Ainda está machucada?
 -- É – Kay parou de sorrir e segurou firme a mão de Ginji.
 -- Que pena. Vocês seriam um quarteto belíssimo. Como está? – ela perguntou, quando Ban terminou de pôr o terno e ele consentiu.
 Tay voltou, num vestido azul escuro, um pouco curto que brilhava ao refletir a luz. Ela parecia pouco à vontade vestida daquele jeito, mas ficara muito bonita. Ban ficou olhando-a, boquiaberto.
 -- Eu disse que ficaria bem, com sua sandália preta ficará magnífica. Venha aqui – Tay foi até a senhora, que começou a arrumar a barra.
 -- Não vá deixar mais curto, Sophia! Eu serei uma dançarina, mas posso precisar lutar com alguém.
 -- Está bem, está bem. Kay, faça o cabelo dela do mesmo jeito que ela usou no Lift. Victor ficou perturbado ao vê-la daquele jeito, lembra? Talvez nem precise lutar.
 Kay deu risada enquanto a irmã voltara a ficar vermelha.
 -- Já encontrou a roupa do Ban, Sophia?
 -- Já, já. Vocês até que combinam.
 -- O quê? – Tay ficou ainda mais envergonhada e Ban desviou os olhos dela pela primeira vez. Kay e Ginji gargalharam.
 -- Fique quieta ou vai se espetar nos alfinetes. Sabe que Victor foi visto na Constelação, não sabe? É claro que sabe, você sempre sabe desses detalhes. Está indo atrás dele dessa vez?
 -- Não. Quem o viu na Constelação?
 -- Uns clientes. Mas ele veio aqui umas duas vezes.
 -- Viu Victor? Faz quanto tempo? – Tay pareceu interessada e Ban olhou-a triste e furioso, mas desamarrou a cara e ficou admirando-a novamente.
 -- Faz algumas semanas. Perguntou se eu sabia sobre você.
 -- É, pra ele tentar me matar de novo. Se eu encontrá-lo na Constelação ele que vai ser morto!
 -- Pronto. Viu? Eu disse que um vestido assim lhe cairia bem. Agora o resto do disfarce do seu namorado...
 -- Sophia, Ban não é meu namorado! – Tay disse, envergonhada e Ban deu risada, recebendo o resto das roupas.
 -- Claro, claro. Tome cuidado, hein, rapaz? Essa mocinha chama muita atenção e naquele ninho de cobras muitos homens comprariam o mundo pra tê-la! – Ban ficou assustado e, enquanto ela conduzia os quatro pra fora, sussurrou pra ele – ela percebe o jeito como você a olha. É o primeiro que eu a vejo permitindo isso.
 Os quatro entraram na Joaninha, prontos pra irem embora, olhando a senhora voltando para o galpão.
 -- Viram por que ela é assustadora?

 

 


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Notas finais do capítulo

mereço reviews????



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