Eternal Flame escrita por bandolinz


Capítulo 13
Prazo




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Paralisei sentindo meus olhos se arregalarem de espanto. Tudo estava perfeito demais, claro que iria aparecer algo para estragar minha felicidade.


– Como é? Do que você está falando?! – Jacob rosnou com os punhos tremendo, indo para cima de Edward. – Não pode simplesmente decidir isso de uma hora para outra! E a minha opinião? E a opinião da Nessie? – ele gesticulou para mim – Isso é absurdo.


Meu pai permaneceu imóvel onde estava não se deixando intimidar por Jacob.


– Você sabia que aconteceria mais cedo ou mais tarde. Todos nós sabíamos. – Edward respondeu tranquilamente.


– Por que agora? E Charlie? E... – engasguei sem conseguir pronunciar o nome de Jacob.


– Meu amor, a vida da nossa família é assim. – Esme esclareceu com tom afetuoso – Não podemos nos fixar em lugar algum. Só permanecemos tanto tempo em Forks porque Edward encontrou Bella e não poderia deixá-la. Depois veio você e não adiantaria nos mudarmos com o seu crescimento acelerado. Já estamos aqui há dez anos, é muito além do que deveríamos.


– Acha justo o que Carlisle tem feito? Em cinco anos ele trabalhou em todos os hospitais das cidades próximas para não perceberem que ele não estava envelhecendo. – meu pai interrompeu com a voz dura.


– Isso não foi nada Edward. – comentou meu avô, sempre generoso.


Nem percebi que Alice havia saído e ela já voltava com um robe nas mãos, imaginei ser para mim.


– Há uma semana Cintia, uma antiga colega de trabalho de Carlisle, foi transferida para o atual hospital em que ele trabalha. – Alice contou me cobrindo com o robe. – Eu vi o que aconteceria, ela estranharia a aparência ainda jovial dele. Carlisle teve que sair de lá.


Meu olhar encontrou o de Jacob. Ele estava tão atônito quanto eu, recebendo aquela enxurrada de informações.


– Está na hora de nos mudarmos. De você começar a frequentar uma escola, iniciar uma nova vida. – Bella afagou meu braço.


– Eu não quero uma nova vida. Gosto da que tenho.


– Isso não é uma opção, Renesmee. Já está decidido. – Edward disse com o rosto frio, sem expressão – Iremos embora para o Alasca depois do casamento de Charlie.


– Em um mês!? – Jacob gritou.


– Exatamente. – Alice assentiu franzindo os lábios.


– Tempo suficiente para se despedir de todos em Forks. – Jasper concluiu.


Ar! Onde eu poderia encontrar ar? Em um mês eu iria embora perdendo toda a vida que construímos. A única vida que conheci. Em um mês eu perderia Jacob. Senti meu estômago se dilatar com um imenso vazio se expandindo dentro dele.


Jacob estava de cabeça baixa, os olhos firmemente fechados, dentes trincados com força demais para que ele pudesse falar algo. E ele tremia. Muito. Todos se entreolharam preocupados e recuaram sutilmente, percebendo que faltava muito pouco para Jake se transformar em um lobo gigante ali mesmo, no meio da nossa sala de estar. Os olhos de Jasper se arregalaram focalizando o homem que tremia violentamente diante de nós. Nem os dons de meu tio seriam capazes de detê-lo agora.


Disparei na direção de Jacob e passei meus braços ao redor da sua cintura apoiando meu rosto em seu peito.


– Vai ficar tudo bem meu amor. – sussurrei na tentativa de acalmá-lo.


– Renesmee, pelo amor de Deus! Saia de perto dele agora! – Bella gritou, mas eu não me movi um centímetro.


As mãos de Jacob agarraram meus braços com força, me fazendo tremer também, a intenção era me afastar, entretanto eu não deixaria ele se transformar aqui dentro. Estreitei o abraço colando meu corpo ao dele. Um tremor forte sacudiu seu corpo enquanto ele ainda tentava me empurrar.


– Ness...


– Respire fundo Jake, não vai me machucar. Eu confio em você.


Em questão de segundos a respiração dele ficou mais regulada e os tremores diminuíram de forma considerável. Senti um par de mãos frias segurar meus pulsos me fazendo largar Jacob.


– Não deveria. – Edward rosnou enquanto me puxava para o canto da sala, tentei me libertar em vão.


Jacob encarou meu pai com o rosto repleto de dor, os punhos fechados, ainda tremendo ligeiramente.


– Olha aqui seu sanguess...


– Eu sei Jacob. Sei que você não a machucaria, não por vontade própria. – Edward interrompeu. – Agora vá. Só volte quando estiver em condições de continuar essa conversa sem imprevistos.


– Faça isso, Jacob, por favor. – intercedeu Bella.


Jacob mordeu o lábio inferior com força enquanto seus olhos tristes pararam nos meus. Eu não tinha a menor idéia da minha expressão naquele momento, me partia o coração vê-lo assim, a única coisa que eu queria era abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem, contudo Edward mantinha os braços ao meu redor firmes como barras de ferro.


Sibilei um ‘sinto muito’ então Jacob saiu depressa batendo a porta com exagerada força, causando um estrondo que ecoou na sala nos segundos seguintes.


– Não precisava ter feito isso... – murmurei me esquivando dos braços de Edward. – Ele deve estar se sentindo péssimo agora.


– Ele vai superar. – Rosalie retrucou.


– Como deliberadamente se coloca em perigo, Renesmee? – minha mãe começou com tom de censura. – Ontem a história dos vampiros e agora isso. O que deu em você? E se Jacob tivesse se transformado?


Era verdade, quando eu estava com Jacob minha noção de perigo variava estranhamente. Para mim não havia risco maior à minha vida do que perdê-lo ou estar longe dele. Eu não penso nas minhas ações, simplesmente as faço.


– Então está confirmado que é duplamente perigoso para você ficar perto dele. Jacob não consegue se controlar, tão pouco você. – Edward alegou sombriamente.


– Ele não ia me machucar! – gritei exasperada.


– Nem o próprio Jacob estava tão convicto disso. – meu pai maneou a cabeça com um sorriso irônico nos lábios.


– Você também não tinha certeza sobre seu autocontrole quando namorava a mamãe. E ela está aqui, não está? – ataquei sentindo o gosto ácido em minha boca.


– Renesmee! – Bella me repreendeu com os olhos alarmados.


Sentei no sofá afundando o rosto entre as mãos. Percebi que o inebriante cheiro de Jacob havia ficado nelas. Respirei fundo desfrutando daquela mistura tão maravilhosa dos nossos aromas e imediatamente mil imagens vieram à minha mente, lembrando nossas mãos entrelaçadas, nossos beijos, a forma como ele me abraçava apertado, um encaixe tão perfeito e confortável. Lembrando-me do quão impecavelmente felizes nós estávamos até meia hora atrás. E agora eu via toda minha vida escorrer por entre meus dedos.


– De onde tirou a idéia absurda de Jacob passar a noite aqui? – Edward rosnou e eu rapidamente controlei meus pensamentos.


Tanto tempo sem meu pai por perto me deixou perigosamente desacostumada. Eu deveria me policiar mais a partir de agora. Olhei para Edward analisando com cuidado a expressão assassina impressa no rosto dele.


– Aquele vira-lata nunca mais encosta um dedo em você. – Edward estreitou os olhos, todo o corpo dele estava rígido e a fúria vibrando em sua voz, tão intensa que por um breve instante tive medo.


– Edward, meu amor, se acalme. Não aconteceu nada demais... Aconteceu? – minha mãe olhou para mim parecendo subitamente perigosa.


Fiz que não rapidamente.


– Não tem idéia de como eles estiveram perto de... Argh! – ele rugiu com repúdio eminente.


– Tente ser mais tolerante. – Bella insistiu.


– É a nossa filha, Bella. – ele encarou minha mãe com o rosto retorcido de frustração.


– Exatamente. – me levantei disposta a gastar minhas últimas fichas – e é a minha felicidade que está em questão. Não posso e não quero ir a lugar algum sem Jacob. Não pode nos separar, não o castigue só por que eu estraguei as coisas. – implorei beirando ao desespero. – Jacob se preocupa comigo tanto quanto vocês. É injusto acusá-lo de me colocar em risco, quando ele é a única razão para eu estar viva. Não foi Jacob quem autorizou minha mãe a seguir com a gravidez quando todo o bando pretendia matá-la?


Recordar isso funcionou bem, Edward e Bella se sensibilizaram quando eu toquei nesse assunto, então prossegui.


– Emmett estava lá, ele viu Jake me pedir para ficar de fora da briga. Eu os segui por conta própria. Jacob não tem culpa. Por favor...


O silêncio se prolongou por alguns segundos.


– Não temos opções. – Bella falou a meia voz.


– Eu não vou deixá-lo! Será que não podem ver o óbvio?


– E o que sugere que façamos? – Edward perguntou com a voz acalorada parecendo finalmente disposto a colaborar, suspirei grata pela nova chance.


– Permanecer em Forks está fora de cogitação. – Jasper foi categórico.


Busquei em minha mente qualquer solução prática. Só havia uma.


– Jacob vai conosco – sugeri.


– Acha que ele aceitaria, querida? – Esme questionou timidamente. – Quero dizer, largar tudo aqui... Billy, a matilha e todo o resto para ir morar conosco?


– Você pediria isso a ele? – Edward completou com tom de escárnio.


– Claro. – respondi com naturalidade e fiquei surpresa comigo mesma ao perceber o ponto em que meu egoísmo chegava.


– Então o cachorro vai oficialmente fazer parte da família? – Emmett especulou brincalhão. – Tipo... Pra sempre?


– Emmett! – Esme repreendeu.


– Ele está certo. – Rosalie me olhou irritada, usando um tom duro que ela dificilmente usava comigo. – Se o vira-lata for conosco teremos que carregá-lo para sempre onde formos e as consequências...


– Rose, não é hora para isso. – meu pai cortou. – Uma coisa de cada vez.


– Não, ela tem que saber. – Rosalie insistiu com um prazer perverso. – Por quanto tempo acha que vocês vão brincar de casalzinho feliz sem que os Volturi descubram? Um mês? Dois? Tudo bem. Mas nem sonhe que pode insistir nisso para sempre, porque não pode.


Senti minha garganta travar se recusando a engolir aquela verdade. Eu não estava preparada para dizer adeus a Jacob, na verdade, acho que nunca estaria. Conviver com a sombra da ameaça dos Volturi parecia um preço pequeno a ser pago, desde que eu o tivesse ao meu lado... Até o fim.


– A família inteira será punida se isso acabar mal. – Rose continuou – Isso, é claro, sem contar com o seu amado Jacob. Mas quanto a essa parte eu não me importo, seria até merecido.


– Já chega Rosalie. – Edward fuzilou a loira com os olhos. – Continuaremos esse assunto em casa apenas eu, Bella e Renesmee.


Ninguém falou mais nada depois disso. Subi para o meu quarto, tomei banho e troquei de roupa. Separei algumas roupas para levar comigo já que eu não estive no chalé desde a ida para o Brasil. Minha mente trabalhava a mil, parecia prestes a explodir enquanto eu considerava todos os argumentos de minha família, em especial a sinceridade áspera de Rosalie. Estremeci só de pensar na possibilidade de alguém machucando Jacob. De Jane pousando seu olhar torturante sobre ele... Não, isso jamais poderia acontecer. O que eu faria então?


E Jacob? Onde estaria agora? O que estaria pensando de tudo isso? Ele aceitaria vir conosco caso eu tenha coragem de propor tal coisa a ele? Essas e outras perguntas martelavam sem parar na minha cabeça.


Caminhávamos pela floresta densa a caminho do chalé no mais absoluto silêncio. Eu podia sentir a agonia se fixar em cada parte do meu corpo enquanto minhas pernas trabalhavam por si só me levando até o meu destino sem que nem por um segundo eu me preocupasse com isso. Tinham conflitos gritantes me impedindo de pensar em qualquer outra coisa com clareza agora. Eu não consegui proferir nem mais uma palavra. Minha mente girava em absoluta confusão. Era impossível ignorar a verdade nas palavras deles, mas não era assim que as coisas deveriam ser. Era tão injusto. E deixar Jacob era uma idéia dolorosa demais, insuportável.


Mesmo lendo meus pensamentos, Edward não falou nada. Nem respondeu a nenhuma das indagações que eu fazia mentalmente. Bella me olhava apreensiva, os olhos solidários fixos em mim, como uma mãe olha uma criança que dá seus primeiros passos correndo sérios riscos de cair a qualquer momento.


Quando chegamos ao chalé, finalmente consegui falar algo.


– Então é por isso que vocês querem ir embora assim de repente? – sussurrei com a voz trêmula. – Para me separar de Jake?


– Não é por isso Renesmee. – Bella respondeu rápido, parando em frente à porta.


– Claro que me livrar do cachorro seria uma bonificação bem vinda. – Edward riu levemente então a raiva reapareceu em seu rosto. Ele respirou fundo e se recompôs – Me custa dizer isso, mas eu sei o quanto vocês são ligados um ao outro e não posso negar... Ele te ama com uma intensidade que duvido que algum outro seja capaz.


Assenti de leve, encontrando algum conforto naquelas palavras, um fio de esperança para me segurar.


– Eu não gosto de ver você desse jeito meu amor. – Bella me abraçou de repente. – Se continuar com ele te deixa feliz, vá em frente. Chame Jacob para vir morar conosco, sei que ele também não suportaria a idéia de ficar longe de você.


– Bella eu não iria tão longe. – meu pai murmurou hesitante.


– Edward... É a coisa certa a fazer. – ela insistiu, mesmo assim não pude deixar de notar certa relutância em seu tom de voz.


Toquei o rosto dela incapaz de demonstrar alegria suficiente “Obrigada, mas eu não sei como Jake vai reagir... Eu não sei se vou ter coragem de pedir isso a ele.”


– Tem um mês para refletir sobre esse assunto. Só não se esqueça de pensar bem nas desvantagens. – meu pai deu um sorriso torto enquanto abria a porta para nós.


Bufei ao entrar na sala. E como eu poderia não pensar nas desvantagens com todos vocês me lembrando constantemente?


– Apenas faça isso por nós. – pediu com a voz aveludada.


Respirei fundo, decidida a me trancar no quarto pelas próximas 48 horas.


– Quem esteve aqui? – minha mãe sibilou repentinamente feroz.


Foi quando senti o cheiro que reconheci com facilidade. Edward olhou para mim espantado, depois grunhiu furiosamente avançando pelo corredor em busca de algum vestígio.


– De quem é esse cheiro Renesmee? – Bella exigiu diante a reação de meu pai.


Engoli em seco sentindo o chão desaparecer sob meus pés. Meus nervos já estavam aos frangalhos. Como as coisas continuam piorando?


– Lembra o vampiro de ontem à noite? – minha voz não passava de um sussurro entrecortado.


Os olhos de Bella se arregalaram em choque. Não precisei continuar.


– Renesmee Carlie Cullen! Você está de castigo pelos próximos cinco séculos! – ela gritou freneticamente levando as mãos à cabeça.


Fiz uma careta reconhecendo minha generosa parcela de culpa naquilo. Meu pai reapareceu na sala com o celular na mão já discando o número da casa dos meus avós.


– Ele esteve aqui. – disse Edward numa voz baixa e tensa.


Se Ryan veio atrás de mim... Senti o sangue desaparecer do meu rosto na medida em que eu processava a gravidade da situação. Ele também procuraria Jacob, eu precisava alertá-lo o quanto antes. Peguei meu celular na bolsa deixando meus dedos trêmulos deslizarem pelo painel discando o número da casa dos Black. Demorou até que alguém atendesse.


– Alô? – a voz não era a que eu esperava.


– Oi Billy, é a Nessie. Jacob está?


– Não. Ele não estava com você?


– Sim, estava, mas aconteceram algumas coisas... Pode por favor, pedir para ele me ligar assim que chegar? É urgente.


– Tudo bem. – disse simplesmente.


Eu gostava do modo como Billy não era invasivo.


– Obrigada.


Suspirei amaldiçoando o fato de Jacob não usar celular. Comprei um de presente para ele em algum natal, mas ele quase nunca usa, afinal, na maioria das vezes em que Jacob sai se transforma em lobo. Chega a ser um tanto inútil.


– O rastro é recente, ele deve ter estado aqui um pouco antes do amanhecer. – Bella conjecturou. – Acha que podemos alcançá-lo?


– Emmett e Jasper estão cuidando disso agora.


Emmett! Estremeci. Meu tio também poderia estar na lista de alvos.


– Sabe que ele está atrás de você. – meu pai acusou severamente.


– Eu não sei! Apenas presumi pela curiosidade que ele demonstrou sobre...


– Sobre sua espécie. – Bella terminou assentindo nervosamente.


Fiz que sim.


– Preciso localizar Jacob.


– Onde pensa que vai? – a mão fria e macia de minha mãe segurou meu pulso – Está de castigo, lembra?


– Cinco séculos? – repeti incrédula.


– São pouca coisa se comparados à preocupação que está nos causando.


– Deve ficar perto de nós até que esteja livre de qualquer ameaça. – Edward completou em voz baixa. – Tem noção de quantos problemas teria evitado se não tivesse se envolvido nisso?


– Tenho noção dos problemas que evitei. – recordei Ryan saltando perigosamente na direção de Jacob. – Sinto muito se as consequências da minha escolha não foram as melhores... Apenas fiz o que precisava fazer.


Estranhei a forma como minha voz soou exageradamente fraca.


– Se não se importam, vou para meu quarto curtir a solidão de meu castigo.


Entrei no quarto, tirei MJ da mochila e me joguei na cama abraçando meu pequeno lobo. Ryan era definitivamente o menor dos meus problemas. Só por que ele veio atrás de mim não significa que queira necessariamente me matar, ainda que seja assim, seria impossível um único vampiro contra minha família, ainda mais somando os lobos. Não, essa não era minha maior preocupação nem de longe.


Apertei o pequeno lobo em meus braços, todos os meus pensamentos direcionados a uma única pessoa – Jacob. Eu precisava convencê-lo a ir embora comigo ainda que eu não estivesse tão convicta de que essa era a coisa certa a fazer. Se eu fosse mais forte e menos egoísta eu iria embora sem pensar duas vezes, assim ele poderia viver para sempre livre de qualquer ameaça que eu pudesse trazer. Invés disso, sou esse ser totalmente dependente da presença dele. Eu não tenho a menor idéia de como é a vida sem Jacob, minha única certeza é que não deve ser nada boa. Desde que nasci ele estava lá, fazendo parte de quem sou. Como deixá-lo sozinho aqui?


Gastei todas as minhas energias pensando no assunto até adormecer.


A guarda Volturi se aproximava, arrastando suavemente seus mantos negros enquanto eu os observava imóvel com Jacob ao meu lado no centro da clareira. O cenário era uma reprodução fiel do quadro de seis anos atrás. O temor se espalhava por cada célula de meu corpo, eu podia sentir, aquele seria nosso fim. Estava tão convicta disso que o avançar lento deles, prolongando essa tensão, já era parte da tortura.


– Conhece a razão de estarmos aqui, não conhece querida Renesmee? – Aro sussurrou com os olhos vinho brilhando, um sorriso ameaçando se formar a qualquer momento em seu rosto pétreo.


A forma como ele falava era tão amável que parecia prestes a me presentear ou algo do tipo. Apertei a mão de Jacob, nós estávamos juntos, não havia o que temer.


– Novamente os Cullen. – Marcus disse monotonamente.


Isto é algo abominável! – Caius anunciou apontando o dedo em forma de garra para nós. – Deve acabar imediatamente!


Jacob rosnou baixo e eu o abracei apertado, precisava me despedir antes de me entregar aos Volturi.


– Calma Nessie, eu não vou te deixar.


– Vão nos matar, Jake. – sussurrei angustiada sentindo as grossas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.


– Não há o que temer, preciosa Renesmee. – Aro interferiu com a voz doce e suave. – Nós não vamos machucá-la.


No mesmo instante Jacob caiu aos meus pés se retorcendo de dor. Eu comecei a gritar em desespero, implorando para que parassem, mas Jane mantinha seu olhar torturante sobre o meu Jake. Eu me senti sufocando.


Jane sorriu para mim presunçosa.


– Toda escolha tem sua consequência, Renesmee. – ela distorceu meu nome com deboche.


Felix me puxou para perto deles enquanto três mantos negros se avultavam sobre Jacob.


– Não! – Eu comecei a gritar em completo desespero.


– Renesmee.


Eu me debati tentando me livrar das mãos geladas que me seguravam continuando a gritar.


– Renesmee, meu amor, acorde. É apenas um pesadelo.


Abri os olhos e me deparei com um preocupado Edward sentado na beira da cama me observando. Foi um pesadelo, Jacob ainda estava bem, ainda estava vivo. O alívio dominou meu peito de forma feroz, seguido por uma culpa de mesma intensidade à medida que eu percebia que era aquele o destino ao qual eu deliberadamente estava condenando Jacob. Abracei meu pai continuando o choro aos soluços.


– Foi só um pesadelo querida, jamais vamos permitir que isso aconteça. – ele me embalou num ritmo lento e tranqüilizante.


Mas aquilo não era suficiente, jamais seria. O que minha família poderia fazer para ajudar? Morrer também? O choro ficava mais histérico à medida que eu calculava o tamanho do estrago que eu estava fazendo na vida de todos que eu amava.


– Não se culpe Nessie... Fique calma, nada aconteceu. – Edward pediu enxugando minhas lágrimas.


– Foi tão terrível, pai – consegui dizer entre os soluços.


– Eu vou matar Rosalie. – ele grunhiu num tom quase inaudível e depois continuou mais alto, de forma clara. – Respire fundo, ninguém vai machucar você ou Jacob.


– Você não sabe. – gemi.


– Quando eles vierem Alice verá, e nos prepararemos. Até lá não gaste sua preocupação com coisas que estão além do seu alcance, está bem? – os olhos de meu pai estavam escuros, as sobrancelhas unidas em um ângulo tenso.


Fiz que sim lutando para conter as lágrimas.


– Jacob ligou. – contou de repente num tom acalorado, quase sorrindo.


Edward deveria mesmo estar desesperado para me acalmar, anunciando isso com tanta boa vontade.


– Por que não me acordou?


– Não foi preciso, ele queria falar comigo.


– Como?


– Ele me pediu para levá-la até a fronteira amanhã para vocês conversarem.


– E você vai me levar?


Meu pai deu de ombros levemente.


– Obrigada. – o abracei outra vez. – Cadê a mamãe?


Edward revirou os olhos bufando baixinho.


– Ela foi encher Alice de perguntas sobre esse Ryan, sabe como Bella se preocupa com coisas insignificantes.


Bom, pelo menos nesse ponto nós dois estávamos concordando. Ryan não representava nenhum perigo para mim.


– Para você, ele representa. – corrigiu erguendo uma sobrancelha. – Mas não será páreo para nós, se ele não for embora enquanto tem a chance, estará morto e transformado em pó antes que possa tocar em um fio de cabelo seu outra vez. – Edward garantiu com tamanha convicção que eu duvidei que houvesse alguém, imortal ou não, capaz de escapar àquela ameaça.


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