Pov Anny


Meus dentes trincavam enquanto o frio fazia os ossos de meu corpo doerem, então aquelas mãos envolverem a toalha em volta de meus ombros.

- Obrigada! Respondi com a voz tremula.

-Esta melhor? Parece que esta, até uma hora atrás não falava nada apenas chorava.
- Eu sinto muito! Falei baixando minha cabeça.

Não acredito que havia tentando fazer aquilo, que havia perdido o controle sobre minhas emoções, que havia sido egoísta, olhei para o relógio e já passava de meia noite, Deus, Liah deve esta morrendo de fome.

-Algum problema? o rapaz que havia me ajudado, ou melhor, que havia me impedido que cometer uma loucura perguntava.

-Preciso ir para casa, minha filha deve esta precisando de mim!

-Tem uma filha? Ele perguntava surpreso.

-Sim, eu tenho uma filha ainda bebe!

-Assim que a chuva passar te levo para casa, mas seria bom que trocasse de roupa, pode ficar resfriada vou arrumar algo para você vestir – Ele falou se levantando e indo provavelmente para seu quarto.

Fiquei perdida em pensamentos por alguns instantes, não era hora de eu agir como uma criança, tinha que pensar somente em Liah mesmo sentindo essa imensa dor dentro de meu coração, o rapaz voltou com uma roupa nas mãos.

- Eu sei que vai ficar grande, mas é quente e melhor que esse vestido molhado – Ele falava me entregando as roupas.

- Obrigada!

- Você já me falou isso umas, cinco vezes! Ele deu um sorriso que tenho que admitir o deixou muito mais bonito do que ele era, sim ele era muito bonito.

-Desculpe! Falei completamente envergonhada.

- Não me disse seu nome!

- Anny! Respondi

-Muito prazer Anny, sou Dan, se quiser pode ir ao banheiro é na segunda porta!

-Claro! Falei me levantando e indo trocar a roupa molhada.

Entrei no banheiro e então tirei o vestido de festa, colocando rapidamente a calça e camisa de moletom que Dan havia me emprestado, como esperando havia ficado grande, então não demorei e voltei para sala onde ele me esperava, eu estava na casa de um estranho, mas era como se todo peso das minhas costas tivesse desaparecido.

Assim que ele me viu chegar a sala sorriu.

-Ficou ótimo em você!

- É, até que não ficou ruim!

-Enquanto a chuva passa porque não me diz o que aconteceu, porque tentou acabar com sua vida?

Fiquei sem reação diante de sua pergunta e hesitei em falar de imediato, ele era um desconhecido para mim, porque eu lhe falaria coisas de minha vida?

- Se não quiser falar não se preocupe, não vou ficar triste, nem tentar me jogar de um precipício!

Comecei a rir, tinha que admitir que ele era engraçado.

-Não é isso, é que eu nunca conversei sobre isso com ninguém, depois que aconteceu.

-Então, se quiser pode conversar comigo, se sentir vergonha eu faço de conta que você é minha paciente e estamos em meu consultório.

-Você é médico?

-Sim!

Talvez eu precisasse disso, de uma conversar, de desabafar, talvez eu nunca mais o visse depois dessa noite, ele poderia ser apenas um anjo, que apareceu para me salvar e então pela primeira vez pude abrir meu coração e contar tudo a alguém, tudo o que eu sentia.

Não sei por quanto tempo fiquei falando, mas ele me olhava atentamente e prestava atenção em tudo o que eu falava.

-Então o pai da sua filha perdeu a memória a quatro meses e desde então você esta sozinha, ele não lembra de você, apenas de você? É isso?

-Sim! Respondi com os olhos cheios de lagrimas.

- E um casos raro de amnésia realmente existem pessoas que esquecem alguém com quem tinha alguma ligação forte de afeto, amor ou ate mesmo ódio! Ele explicava.
-É talvez nem lembre mais!

-E ele arrumou uma namorada, e por isso você esta sofrendo?

- Não sei o que fazer!

- Você tem quantos anos, vinte?

Sorri sem graça quando escutei a pergunta, seria bem legal se eu dissesse a ele que tenho nove, ele ia ficar bem surpreso e me mandaria direto para um laboratório de pesquisas extraterreno.

-Tenho dezessete!

Ele me olhou assustado, como se não acreditasse no que eu havia dito.

-Compreendo! Ele falou surpreso.

-Preciso ir para casa meus pais devem estar preocupados, ou melhor minha irmã e seu marido.

- Eu levo você para casa! Ele falava se levantando.

Sorri sem graça e logo saímos, conversamos um pouco durante o caminho, a chuva já havia passado e assim que chegamos em casa vi que meus pais não eram os únicos que me esperavam, todos estavam atrás de mim, inclusive Collin.

Assim que saímos do carro, mamãe veio até mim.

-Anny onde você estava? O que aconteceu, estávamos loucos atrás de você!

-Desculpe, eu devia ter avisado!

-Eu sinto muito senhorita, sua irmã estava comigo e como choveu acabamos nos atrasando! Muito prazer sou Dan, amigo de Anny! Ele falava se apresentando, mamãe o cumprimentou.

-Sou Leah! Ela respondia.

Meu pai olhou da varanda de casa e entrou.

- Eu estou bem! Desculpe por preocupá-los.

- Tudo bem, espero você lá dentro! Mamãe falava me dando um beijo em minha testa.

- Bom, já que a Anny esta bem vamos nessa não é pessoal? Embry falava

-Paul, Embry, Quil e Sam passavam por nós nos cumprimentando e indo embora em seguida.

- Obrigada Dan, por ter me salvo!

- De nada, boa noite!

- Boa noite!

Ele sorriu e entrou em seu carro, e logo foi embora.

Respirei fundo me preparando para escutar as broncas de meus pais mas antes que eu pudesse entrar em casa Collin estava lá, parado na entrada.

- Preciso falar com você!

-Pode ser amanhã? Eu estou cansada e preciso ver a Liah! Respondi.

-Quem era aquele cara?

-Desde quando minha vida interessa para você?

- Não respondeu minha pergunta!

-Boa noite Collin!

Falei entrando em casa.