Iron Mask escrita por Luisy Costa


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

A seguir nós teremos emoções fortes, então tenham a certeza de encontrar um lugar confortável para ler.



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O céu estava começando a se tingir de um azul escuro, enquanto algumas aves cantavam suas primeiras notas para um novo dia, quando minha consciência bateu pesada sobre mim. Eu poderia ter reagido e atacado Demetri, claro que, sem a vantagem numérica, essa seria uma luta mortal, sem tréguas, ele só pararia com a espada no meu peito. Mas eu não podia, não quando isso o deixaria tão energizado e com sede de sangue, o suficiente para machucar as pessoas a minha volta de formas obscuras.

Ainda que não o tenha atacado, podia ver seus olhos brilharem assassinos ao observar os guardas, as chamas da fogueira brincavam cruéis no seu olhar, ele estava sedento por dor.

Minha consciência pesava, pois esse era um erro causado por estar dividida, constantemente pendendo entre uma frágil Isabella e o assustador Iron Mask. Eu nunca estivera assim antes dessa missão, quando caçava eu era Iron e somente quando estava sozinha eu poderia ter um pouco da frágil jovem de volta. Porém, estar confinada dentro de paredes de rocha bruta e de uma máscara pesada não ajudou com aquele sentimento constante que eu sentia por Edward. Ainda agora, com as mãos amarradas e sendo observada por três assassinos habilidosos, tinha que lutar para não buscar a forma de Edward ou seus olhos brilhantes do outro lado da fogueira.

Busquei por todas as minhas forças, anos de dor, sofrimento, solidão, raiva, culpa e até de algumas crueldades. Deixei que tudo solidificasse sobre o meu peito, mais pesado que toda a rocha na qual eu me escondia antes, mantendo comprimido qualquer sentimento indesejado. Quando finalmente me refiz, o céu estava mais claro e as nuvens eram uma explosão de rosas e roxos no céu, e agora eu poderia voltar a ser quem todos ali precisavam.

Observei o grupo Volturi, eles pareciam cansados e irritados, Alec, eu finalmente percebi, estava mancando levemente e Félix tinha uma faixa suja de sangue no braço esquerdo, eles conversavam afastados do grupo, sem nunca deixar de nos olhar. Do lado dos capturados, Alice e a Rainha haviam sucumbido a exaustão emocional e estavam apoiadas nas pernas de Rosalie, que por sua vez olhava obstinada por todos os lados. Nossos olhares se cruzaram, seus lábios formaram a palavra livre, sem som, olhei para longe dela e assenti. Ela foi muito boa em esconder, ou estava muito cansada para reagir, pois sua expressão continuou a mesma. Enquanto isso, Irina e Tanya observavam com faces pálidas a cachoeira.

Por fim concluí que algo estava errado nos planos do Volturi, eles não demorariam tanto em levar a família real se algo não estivesse fora do lugar. As cores do céu já haviam desaparecido e o sol se firmava no horizonte, os olhos deles continuavam a vigiar a floresta, na direção do sol nascente. A espera então foi demais para os desejos de Demetri, ele xingou alto, fazendo a rainha e a princesa acordarem em um susto. Os passos deles foram firmes em direção ao meu grupo, senti a respiração de todos mais rápida, eles sabiam as histórias desse homem.

— Acho que agora vocês estão prontos para um pouco de diversão — sua voz era um misto de prazer e raiva quando agarrou os ombros de Jasper. — Você é quem está no comando aqui, então deve ser saber tudo que eu preciso ouvir.

— Será um dia bem frio no inferno, escória — devolveu Jasper.

Ele deu um soco no estômago de Jasper, que se curvou pela dor, Demetri aproveitou isso para o arrastar até a beira da água. Chegando lá, um chute no mesmo local fez com que Jasper se dobrasse de quatro, mas ele não soltou um som se quer de dor. Todos os demais assistiam em choque a cena, e arfaram coletivamente quando Demetri prendeu a cabeça de Jasper dentro da água. Ele lutava, mas fora enfraquecido demais para poder reagir, quando estava quase inconsciente, Demetri levantou sua cabeça e o olhou.

— Quantos homens você tinha nessa guarda patética? ­— o silêncio de Jasper o deixou excitado, quando ele não disse nada por mais que alguns segundos, ele voltou a cabeça de Jasper para dentro da água. A princesa Alice arfou horrorizada e estava sendo contida por Rosalie. — Vamos, cavaleiro, diga algo ou terei que te trocar por uma das damas.

Jasper vacilou levemente, mas nada disse. Sua atitude foi retribuída com outro mergulho, dessa vez seu corpo estava quase sem forças para se debater quando Demetri o puxou, jogou de costas na margem, aplicando outro chute no seu abdômen. Ele se deleitava com a cena com fascínio, enquanto os capturados ao meu redor olhavam amedrontados para a figura de Jasper cuspindo água e resfolegando por ar.

— Estou me cansando de homens grandes e teimosos — ele se virou em deu um passo em direção às princesas. — Uma carne mais suave com certeza será mais fácil de amaciar.

O corpo de Jasper estava quase inerte, mas ele suspirou forte dessa vez, segurando a perna de Demetri ao seu alcance.

— Seis, contando com Iron — ele suspirou em um fio de voz.

Demetri reagiu tirando a mão de Jasper de sua perna e pisando nos seus dedos, até ouvir um dedo quebrar, o pobre homem gemeu de dor.

— Se eu contei bem, havia cinco camas naquela sala — apontou Félix.

— É tão bom quanto não mentimos, não é verdade? — ele perguntou ao quase inconsciente Jasper, que não responder. — Leve esse lixo de volta aos seus companheiros Félix, eu quero outra carne agora.

Félix arrastou Jasper para o grupo de guardas e amarrou outra vez as mãos dele. Sam se debruçou o máximo que pode sobre o peito de Jasper para ouvir seu coração, ele assentiu positivamente, ele estava vivo, mas muito fraco. Demetri encarava entre os guardas e a família real, olhando muito mais para a realeza. Suas feições aborrecidas demonstravam o quanto ele queria machucar o sangue azul, mas provavelmente tinha ordens de não tocar neles. Depois de um tempo ele começou a focar especialmente em mim, enquanto eu tentava ao máximo buscar ao redor por Emmett.

Ele deveria estar escondido em algum lugar, Alec e Félix já haviam saído duas vezes para rondas e voltaram sem novidade alguma. Percebi então que a cada ronda eles voltavam mais irritados e eram imediatamente contidos por um olhar de Demetri. Deveriam estar esperando reforços, algum grupo aliado para ajudar com a travessia pelo país.

Isso era ruim, um grupo pequeno de assassinos sanguinários e comprados seria quase impossível de derrotar, com mais mãos, todos sentados ao meu redor estariam mortos muito em breve. De repente eu finalmente vi à distância, atrás de um grupo de arvores, a silhueta parcial de Emmett. Sem querer entregar sua posição e a vantagem, segui com meu olhar vago em qualquer direção. Precisava pensar em uma forma de dar a Emmett a chance de nos libertar.

Um plano rudimentar foi se formando na minha cabeça, esperei até que fosse oportuno e mirei a Rosalie. A mesma me olhava constantemente, esperando um sinal de que tinha visto seu amado, então quando ela me pegou encarando sabia que eu queria dizer algo. Encarei então suas pernas, ela havia engenhado uma forma de manter o punhal na coxa, debaixo de sua saia, mas com um acesso rápido camuflado. Depois de algum tempo ela entendeu a mensagem estranha, mas agora era a vez de ela dar o próximo passo.

Então ela se levantou com rapidez e venho correndo em minha direção, seu corpo se chocou contra o meu e suas mãos apertaram meu pescoço.

— É culpa sua, escória! Eu sabia que você traria mais dos seus! — gritou Rosalie enquanto fingia me sufocar, entre o prazer da violência e o choque da cena, os Volturi não viram como a posição encobria que acessasse o punhal de Rosalie. — Escória, você é o pior tipo de verme traidor!

Foram suas últimas ofensas antes de uma série de acontecimentos repentinos acontecerem. Emmett saiu do meio das arvores, se aproximou lentamente de Alec e o golpeou, ele caiu desacordado, os outros dois estavam imersos na confusão e não perceberam. Ao menos não enquanto Emmett jogava uma adaga para os homens mais próximos, que rapidamente cortaram as cordas. Alice aproveitou que Félix e Demetri estavam tentanto tirar Rosalie de cima de mim para pegar sua própria adaga e libertar Edward.

Quando os Volturi finalmente perceberam, metade dos reféns guardas estavam soltos e carregavam espadas trazidas por Emmett. Eles sacaram as suas próprias, correndo em direção aos libertos. Eu já havia começado a cortar as amarras, mas Rosalie me ajudou a finalizar a tarefa. Paul, Quil, Jacob e Emmett estavam dando um tempo difícil para os Volturi, mas eles ainda não eram páreos para os matadores.

Sam se aproximou de mim, trazendo minha espada e a de Edward. Isso explicava a demora de Emmett, ele havia resgatado nossas armas para podermos ter uma chance de ataque. Assim que estava armada, Sam correu para ajudar a rainhas e as amas a se esconderem na floresta. Alice correu para Jasper e tentava a todo custo arrastar seu corpo inconsciente para longe da luta, enquanto Rosalie percebeu, correu para ajudar a irmã.

Me levantei e segui em direção a Demetri, ele me viu, mesmo cercado de inimigos, e sorriu em antecipação. Procurei por Alec também, mas Edward o estava amarrando, sendo precavido pela primeira na sua vida.

— Quil, vá garantir que Alec não nos ataque — ele se desviou de um golpe de Demetri por pouco e abriu espaço para que eu entrasse na luta. — Você veio atrás da recompensa errada, Demetri.

— Não sou mais um caçador qualquer, depois que eu matar você e levar a minha presa, serei um dono de terras, um membro da realeza — ele se gabou enquanto defendia e ataca a mim e a Paul.

A luta era intensa, o som das espadas se cruzando enchia o ar junto aos grunhidos da luta. Eu estava completamente suada, mas seguia lutando com o máximo de vigor que encontrava. E então uma quarta espada desceu sob o flanco direito de Demetri e abriu um corte no seu quadril. Era Edward, brilhando entre raiva e energia, pelo desejo de vingança. Demetri urrou rapidamente pelo corte que sangrava lentamente, deixando as beiras cortadas do seu camisão vermelhas. Neste mesmo instante Alec havia acordado e estava lutando para se libertar, mas Quil mantinha a espada acima de seu pescoço, pronto para o matar, quando percebeu parou de lutar imediatamente.

Continuamos valsando mortalmente nas margens da cachoeira, ataques e defensas, gestos abruptos e reclamações. Olhei brevemente para o outro grupo de luta e a aparência não era boa, ainda que Emmett fosse tão grande quanto Félix, ele e Jacob pareciam ter grandes dificuldades em subjugar o inimigo, ambos os lados exibiam pequenos cortes e marcas de onde as espadas haviam beijado a carne.

— Paul, vá ajudar Emmett, nós cuidamos dele — eliminar Félix era um ponto crucial nesta luta e valia a pena arriscar apenas dois contra Demetri.

Paul se retirou assim que possível e partiu em auxílio de seus companheiros. Demetri riu e encarou a mim e a Edward.

—  Eu vou adorar tirar essa máscara sua e te matar olhando nos olhos — foi tudo que ele disse em reposta.

Meus músculos doíam e já havia perdido a noção de tempo quando tudo aconteceu muito rápido, a voz de Félix gritando enquanto morria me distraiu por tempo o suficiente para Demetri acertar meu ponto vulnerável. Um corte lateral profundo no meu tronco, logo abaixo da axila, que doeu a ponto de me tirar o ar e começou imediatamente a sangrar. Eu segurei o máximo que eu pude, atacando com fúria, permitindo a Edward surpreender Demetri e enfiar a espada acima do primeiro corte que havia causado, ele torceu a espada enquanto a retirava.

Demetri ainda tentou executar dois golpes, mas eles caíram no vazio, pois eu e Edward já havíamos nos afastado, observamos ele cambalear como bêbado até água, caindo na margem, apenas com um braço submerso. Emmett confirmou que ele estava morto e arrastou o corpo até junto o de Félix, Alec ainda estava vivo e percebi que em algum momento teríamos que deliberar sobre isso.

Mas no momento eu observava enquanto Edward ia de encontro com a mãe, a abraçando apertado, os guardas ajudavam uns aos outros em recolher as tralhas dos inimigos e apagar a fogueira. Alice e Rosalie saíam da floresta apoiando Jasper, sua mão estava enfaixada com um pedaço da barra da saia da princesa Alice. O peso de Jasper foi transferido para o ombro dos seus companheiros, mas Alice jamais deixou o seu lado.

Todos finalmente relaxaram e a felicidade foi geral, todos se abraçavam, os guardas riam da cena que Rosalie havia causado e exibiam a suas feridas. Eu recebia ocasionais tapas nas costas e palavras de parabenização. As irmãs por outro lado estavam melancólicas e afastadas do grupo, falando baixo e olhando continuamente para a cachoeira.

Deixei a visão das irmãs atormentadas para o lado e me concentrei na alegria da família real, olhei sem medo para o sorriso orgulhoso da rainha para todos os seus filhos e até para mim. Edward estava radiante, provavelmente se sentia um homem agora que havia derrotado seu inimigo, ele derramara sangue para salvar a sua família e agora se sentiria merecedor do título de guerreiro. Eu queria olhar para o seu sorriso pela eternidade, mas agora sem a emoção da luta, o corte havia voltado a doer e minha visão estava ficando embaçada. Respirei fundo e a dor do corte foi tão lancinante que eu dobrei meu tronco para frente, uma escuridão súbita tomou a minha visão e todo meu corpo amoleceu. A última coisa que senti foi a terra suave acariciar a minha bochecha.

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O ar era parado outra vez, me dizendo que estava de volta na proteção das rochas, mas o resto parecia estranho e errado. Estava deitada sobre um colchão aconchegante e o lençol que o cobria era macio, meu corpo também estava leve demais, não havia o costumeiro peso da cota de malha. Um tecido umedecido em água fresca foi passado pela minha testa e bochecha, minha respiração parou por um segundo.

Eu estava nua, não no resto do corpo, mas na parte que mais me importava. O pânico me tomou e minha respiração voltou intensa errática, mas isso me causou uma dor lancinante que me fez gemer audivelmente. Quem quer que estivesse cuidando de mim retirou a mão imediatamente, mas logo em seguida ouvi o pano ser mergulhado em um balde e depois torcido antes de voltar ao meu corpo, dessa vez no pescoço.

— Não se mexa muito, minha querida. Foi um ferimento grave, mas felizmente não fatal — a voz suave, sem dúvida da rainha, alertou para ter cuidado. — Por agora o perigo não nos ronda mais, você deve descansar, perdeu muito sangue. E tenho certeza que quando se sentir melhor conversaremos sobre tudo.

Seu tom era tão gentil quanto suas mãos que limpavam agora meus dedos, mas a sutil inflexão indicava que, quisesse eu ou não, teríamos que conversar depois. Tentei me mover mais um pouco, mas meu corpo ainda estava fraco demais, os movimentos da rainha foram me relaxando e fui agarrada novamente pelo sono.

Quando acordei ainda me sentia fraca, uma intensa ardência também assolava meu toráx e a parte interna do braço esquerdo. Devo ter entregado a minha consciência de alguma forma, pois repentinamente um coro de suspiros e respirações fortes foi ouvido. Aparentemente nós tínhamos um salão cheio para me assistir ser julgada. Abri os olhos lentamente e a luz suave das tochas e velas confirmou minha suspeita, com a exceção apenas de Quil, Paul e Sam, todos os demais estavam presentes. A rainha estava sentada em uma cadeira ao meu lado com Rosalie em pé atrás, apoiada na cadeira, Alice estava próxima a Jasper, este sentado aos meus pés. Perto da porta estavam Emmett e Jacob, Irina e Tanya estavam espremidas atrás da rainha e sua filha, me olhando com espanto. E, finalmente, do outro lado da cama Edward estava em pé e de braços cruzados.

Eu havia visto confusão, curiosidade, surpresa e até gentileza nos olhos ao meu redor, mas os de Edward brilhavam intensos e indecifráveis com as chamas que iluminavam o cômodo. Isso me incomodava mais do que qualquer outra parte estranha dessa situação.

Jasper então chamou minha atenção coçando a garganta. Ele ainda parecia ferido, com sua mão enfaixada e seus dedos apoiados com madeira, além de abatido sobre a luz laranja. Entretanto ele era o responsável pela segurança e estava assumindo sua função.

— É inevitável que perguntas sejam feitas, você sabe disso — ele começou depois de alguns segundos. — Todos estão ansiosos para conhecer a verdade, você compreende? — ele esperou pelo meu aceno de confirmação, eles não aceitariam mais mentiras ou segredos — Vamos começar com algo simples, qual é o seu real nome?

— Isabella Marie, da Casa dos Swan — todos parecia surpresos e desconfiados, talvez estivessem esperando uma mulher sem nome.

— Os Swan e todos da vila estão todos mortos, como pode então a senhorita ter sobrevivido? — Jasper devolveu sem deixar que eu respirasse.

— Depois que o seu único filho homem morreu, o senhor meu pai começou a me treinar para defender minha família — fiz uma breve pausa pela dor no meu tronco. — Meu pai estava debilitado por uma doença desconhecida, mas foi capaz de me ensinar muito. Do manejo da espada até a profissão que consagrou nossa casa. Pouco depois da doença o levar nosso vilarejo foi atacado, eu recuei com todos que pude e encontramos um local seguro para sobreviver.

Todos seguiam surpresos, exceto Edward, seu rosto se mantinha tão firme quanto a minha máscara. Jasper absorveu minha história por tempo o suficiente para que eu recuperasse o fôlego.

— E como sobreviver inclui uma máscara?

— Primeiro não incluía, eu estava segura junto a minha mãe, irmã e conhecidos da vila, sobrevivíamos com o que encontrávamos e caçávamos na floresta, mas isso durou apenas até o inverno — essa era a parte que jamais queria ter que repetir. — As frutas e caça ficaram escassas e nenhum vilarejo nos recebia bem pelo medo de estrangeiros. Nesse ponto eu estava desesperada, minha irmã estava definhando de fome e eu nada poderia fazer. Um dia, depois de uma anciã morrer de frio e fome, eu decidi fazer qualquer coisa por qualquer vintém.

Eles se quer respiravam enquanto as palavras fluíam da minha, todos bebiam minha história como um néctar amargo, porém suculento.

— Caminhei quase todo o dia para chegar ao vilarejo mais próximo e fui direto ao único lugar em que uma mulher conseguiria um trabalho em tempos de guerra — alguns deles arfaram ao perceberem que falava de um prostíbulo. — Estava parada na porta da frente, mas quando ia entrar notei algo estranho ao lado da porta. Era um cartaz com um cartaz de procurado, com uma quantia amigável prometida a quem levasse o sujeito para o dono de uma fazenda.

— Essa foi sua primeira caçada? — Edward perguntou com desdém, então o olhei com a mesma intensidade de quando caçava.

— Sim, uma que eu só comecei por ter reconhecido o sujeito, ele estava se escondendo na floresta assim como meu grupo. Mas não pense que foi fácil, ele era quase o dobro do meu tamanho, além de que o fazendeiro quase não me pagou, por pura descrença em uma mulher — continuei o fitando com severidade. — Mas eu preferi esse caminho ao de vender meu corpo para o prazer alheio, embora eu o teria trilhado se isso salvasse minha irmã de morrer por inanição e frio. Então eu forjei a máscara pouco tempo depois, seguindo atrás de recompensas que valessem a pena, e nunca mais um contratante me negou o devido. 

Um silêncio longo se fez, meu machucado doía intensamente e minha respiração estava arfante. A rainha me ofereceu um pouco de água e tomei apenas um pequeno gole, fechando os olhos por algum tempo para recompor as forças. Abri apenas quando senti o toque suave da rainha no meu ombro, como uma indicação de apoio

. Oportunamente, Jasper retomou o interrogatório.

— E então a máscara é para proteger a sua identidade e te tornar mais assustadora, mas como podemos saber que você não é uma agente do inimigo?

— Estava terminando um trabalho quando uma guarda real me encontrou, queiram acreditar, ou não, o Rei Carlisle estava me convocando para resgatar seu filho — meus olhos encontraram o de Edward e seu rosto parecia menos agressivo, mas não amigáveis. — Foi só então que eu me envolvi com a guerra, antes disso eu tentava me manter o mais longe possível das áreas atacadas. Também evitava qualquer trabalho que tivesse ligação ao tema, mas não se pode recursar o pedido de um rei.

— Você tem razão, não se pode — Jasper apresentou como resposta. — E como podemos saber que você não está mentindo?

— Contei para todos vocês, as pessoas mais influentes e poderosos do reino, sobre aqueles que eu protejo e mantenho — olhei com tristeza para minhas mãos, segurando as lágrimas. — Eles devem pensar que estou morta agora e não sei o que farão no inverno sem mim.

Estava completamente exposta e exausta, cansada tanto física quanto emocionalmente. Todos estavam tão absortos que seguiam olhando desfocado, talvez procurando sentido ou mentiras nas minhas palavras. 

— Veja, Isabella, é uma posição difícil que nós temos aqui — me surpreendi ao perceber que era a rainha que falara. — Você não era quem nós pensávamos, mas nos protegeu como deveria e quase morreu por isso. Penso que, depois do nosso último acontecimento aterrorizante, a forma como foi leal a sua palavra permita com que continue a viver conosco pelo tempo que estivermos aqui. Garantirei que sua recompensa seja devidamente entregue, e que você siga em paz e segurança, depois que nossos caminhos se separarem. Mas enquanto essa estiver conosco, não será uma prisioneira, mas a manteremos sobre cautela. Você compreende?

Assenti, já muito cansada de falar. Ela estava oferecendo a minha vida em troca apenas de ser vigiada constantemente. Eu poderia lidar com isso, não seria tão diferente dos olhares constantes que me seguiam, haviam alternativas muito piores e estava grata que ninguém as escolhera. Depois do veredicto da rainha, a sala foi se esvaziando, exceto por Esme e Edward, que permaneceram me flanqueando. Algumas pessoas haviam me desejado melhoras quando saíram, agradeci com um sorriso cansado. Quando finalmente pude me recostar, o sono me tomou e eu caí vertiginosamente nos braços de Morfeu.


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Notas finais do capítulo

Finalmente a máscara caiu, estive planejando este momento desde o início da história e fico muito feliz por finalmente deixar que todos saibam quem é o Iron. Este não é o último capítulo, estou organizando mais um capítulo e, com sorte, um epílogo.

Deixem seus comentários! Quero muito saber sobre como receberam este capítulo. E espero voltar em breve para finalizar esta jornada com vocês.



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