Unstoppable escrita por Lgirlsclub


Capítulo 7
Be Kira or not to be...


Notas iniciais do capítulo

FELIZ 2012!!!!!!!!



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Meu dia começou engraçado. Pela primeira vez não acordei e saí correndo para o trabalho. Aliás, nem dormi. Talvez um pouco, sobre a pilha de documentos, depois de termos confirmado que realmente todas as vítimas eram do mesmo presídio. E todos morreram no presídio, segundo os últimos papéis que chegaram. No mesmo presídio, da mesma forma. Por causa disso, perguntas ficavam soando teimosamente em nossas cabeças.  “Por que o Kira faria isso? Será...que realmente é um Kira?”

-Ser Kira ou não ser, eis a questão..-Meu chefe disse, bebendo provavelmente o terceiro balde de café . As pupilas dele estão dilatadas. E assustando. Melhor eu jogar o café dele fora, antes que alguém o confunda com um usuário de drogas na cena do crime. Passei pela mesa dele e joguei o copo fora, ainda cheio.

-Ei!

-Não quero ter que te mandar para a reabilitação. Pare ou não vai poder passar na frente da seção de narcóticos tão cedo.

Peter resmungou qualquer coisa e tirou os óculos, esfregando os olhos. Olhou o relógio. Ainda teríamos que esperar um pouco para ir ao presídio. Ainda era muito cedo, mas revirar aquela papelada não adiantava mais. Até mesmo ele e Akane, teimosos, já se deram conta. Ele estava se enchendo de café, na tentativa de se manter acordado. Já Akane, nem para isso tinha forças, dormia com a cabeça encostada nos papéis, encolhida. Tirei meu casaco e pus por cima dela. Peter me lançou um olhar malicioso, ao menos acho, com essas pupilas dilatadas fica meio difícil saber. Talvez fosse esse o truque do L...

Comecei a arrumar minha mesa – que na verdade era jogar tudo que estava na mesa dentro da gaveta, enquanto meu chefe tentava armar uma estratégia para sair sem ser notado e pegar mais café. Suspirei. Já não dava mais para enrolar, eu sabia o que eu devia fazer. Eu tinha que ver os arquivos do caso Kira. O tempo que passei trabalhando no caso foi muito bom, no entanto, o desfecho foi muito ruim. E aquelas anotações...

As que eu escrevi, tentando entender alguma coisa. As que o L falava. As regras do caderno, até mesmo as falsas. Todas fora de ordem, esquecidas e arquivadas. As que me lembravam que não salvei ninguém.  O que eu vou fazer se for outro Kira? Olhei para a minha arma que estava em cima da mesa. Ela estava da mesma forma que no caso anterior. Com a trava de segurança, mas vazia. Sem nenhuma bala. Sem a possibilidade de ser disparada.

Eu nunca quis disparar essa arma. Eu não entrei na policia para atirar nas pessoas. Eu entrei para ajudar. Para ser útil. Matar era – e continua sendo – inaceitável. Mas se eu tiver que usá-la, mesmo que não para matar, eu vou conseguir? Ou vou ficar lembrando, de novo e de novo, do desfecho do caso Kira? De todos os meus amigos: os que ficaram, os que se foram e o que eu, infelizmente, acabei por tirar a vida? Com essa arma. Entretanto, não posso desistir. Foi uma promessa. Que fiz à mim mesmo, à vida, aos meus amigos. E que eu sentia que não podia parar. Por nenhum de nós.

Peguei a arma. Não queria por a munição. Mas eu não podia sair sem nada num caso de alta periculosidade como esse. Peguei uma bala. Uma. Já podia causar muito estrago. Desci tanto ela quanto a arma, largando na mesa, com cuidado. Esfreguei a testa. Droga. Acabei por guardar a arma no coldre e a bala eu mantive na gaveta, guardada com cuidado sobre a pilha de papéis. Se eu fosse atirar nesse caso, ao menos não seria agora.

Puxei o meu chefe para longe da cafeteira e acordei Akane, pegando a pasta com os arquivos do caso Kira. Tínhamos que ir para o presídio e investigar as mortes.  Eram duas horas de viagem. Entrei no carro, no lugar do motorista. Meu chefe e a estagiária atrás, repassando os papéis. Pela primeira vez não liguei a música. Estava nervoso demais para pensar nisso. Me limitei a dirigir, esfregando os olhos constantemente. Estava cansado, mas não ia conseguir descansar antes do fim desse caso.

                Talvez por causa do farfalhar de folhas no banco de trás que me distraiam, ou por causa da minha própria atenção voltada para a estrada, o presídio chegou rápido. Descemos do carro e suspiramos. Era hora de trabalhar de verdade.  Um dos encarregados abriu a porta, entrei e segurei-a, enquanto o encarregado falava sobre as mortes com Peter e Akane. Mas meus olhos estavam fixos na porta.

Pude ouvir a Akane pedindo o exame de sangue de todas as vítimas e a permissão para fazer a autópsia. Pude ouvir ela explicando que estávamos cobrindo todas as possibilidades pela constância do lugar ser no mínimo curiosa. Pude ouvir o meu chefe lendo alto os lugares das mortes. Algumas foram em celas. Outras no refeitório. Houve algum infeliz que desfaleceu no banheiro. Contavam – segundo Peter, não me sentia em condições de contar – vinte e cinco mortes. Todos homens. Os crimes eram diversos, mas disso já sabíamos.

Em nenhum momento olhei para eles. Revirei minha pasta, nervoso. Peguei uma anotação do caso kira e pus ao lado da porta. Inferno. Contei. Vinte e cinco. Exatos vinte cinco. Vinte cinco nomes. Os vinte cinco nomes. Na mesma ordem da morte. Haviam sido arranhados com algum tipo de chave, mas no momento eu não ligava. O que me assustava era a frase que se via acima dos nomes. A frase que eu podia ler, tanto nos documentos do caso Kira quanto na porta. The Human Whose the Name Is Written In This Note Shall Die.

Era a primeira regra. A primeira regra daquele caderno infernal. Kira podia até não estar matando. Mas ele passara por ali. Peter parou do meu lado, também olhando, por cima do meu ombro, a frase que me assustara. Entretanto, o que acabou por me confundir não foi essa inscrição, e sim os resultados da Akane, que saíram no mesmo dia. Envenenamento por Atropina. O remédio acelerava os batimentos cardíacos e podia salvar vidas, mas segundo Akane, em pessoas sadias, podia causar sérios problemas. Problemas que podiam levar a paradas cardíacas. Mas se você tem um caderno que, em quarenta segundos mata alguém por parada cardíaca, porque usá-lo de forma causar um envenenamento que tenha um mesmo fim?

E assim mais uma vez estamos num caso. Um que parece muito longe de fazer qualquer sentido, de ter qualquer noção.


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