É Segredo escrita por Phallas


Capítulo 25
Capítulo 25 - Festa


Notas iniciais do capítulo

Vigésimo quinto capítulo, uau. Ainda fico boba sobre como essa história foi tão longe. ;)
Só passando para agradecer mais uma vez os reviews e as recomendações, me deixam mega feliz.
Aliás, pelas minhas contas, é capaz de termos ainda, no mínimo, mais dez capítulos, ok? Espero que fiquem comigo. 'rsrsrs
Enfim, obrigada de novo e um grande beijo a todas!
Boa leitura ♥



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  "De repente a gente se encontra numa esquina, num outro planeta, no meio duma festa ou duma fossa, mas a gente se encontra, tenho certeza."

                                     Caio F. Abreu

- Onde diabos você estava? - Tensy me pergunta, assim que eu chego na sala, Griffin junto comigo, mas procurando ficar o mais longe possível de mim.

- Você não vai acreditar se eu contar. - Sussurro de volta.

- Com licença, Bellie, mas você já chegou atrasada, então por favor preste atenção. - A professora de química, sra. Roberts, me repreende.

Tensy vira para frente e a professora volta a falar de uma matéria que tenho certeza que nunca vou usar na vida, enquanto eu tento prestar atenção. Não dá certo, mas pelo menos eu tentei.

- E aí, vamos? - Me pergunta Tensy depois que a aula acaba.

- Vamos aonde? - Digo, confusa.

- Para essa festa que os meninos estão comentando tanto. A inauguração daquela boate quase fora da cidade. Vamos, por favor. Vai ser legal...

- Quer saber? Vou mesmo. Estou precisando de uma festa. - Respondo.

Ela comemora com palminhas e um pulinho que vou desejar pelo resto da minha vida que ela não tivesse dado.

                                     ○               ○               ○

- Qual você acha, o preto ou o azul-escuro? - Tensy me pergunta, enquanto segura, em cada mão, um vestido de marca.

- O preto, Tens. Já respondi isso mil vezes.

Ela franze a testa.

- Não. Quero ir com o azul-escuro.

- Se você já sabia com qual queria ir, por que pediu a minha opinião?

- Eu achei que você ia dizer azul-escuro e ia confirmar que eu sei escolher.

- Ah. - Digo, e ambas gargalhamos.

- E você? Como vai se vestir?

- Não sei.

- Melhor se decidir. A festa é às onze.

- São cinco horas da tarde, Tensy.

- E daí? A moda não pode esperar, meu bem. Faça o favor de se levantar agora mesmo e escolher o que vai vestir.

Eu me levanto, vou até o meu armário e jogo em cima da cama as primeiras roupas que vejo.

- O quê? Essa calça, com essa blusa? Acho que vou fingir que não te conheço.

- É, faça isso.

Ela balança a cabeça.

- Vou escolher a sua roupa, então.

Tensy assume o lugar na frente do armário após me dar uma breve empurradinha e, vinte minutos e mil tentativas depois, coloca delicadamente em cima da cama um conjunto perfeito, embora eu nunca vá confessar isso a ela.

Às onze horas, Tensy e eu, depois de uma torturante sessão de maquiagem com ela, saímos da minha casa.

- Vamos dar uma passada rapidinho na minha casa pra pegar o Mercedes...

De novo, não.

- Ah, Tensy. Não começa com isso outra vez, por favor.

- Por que não? Vamos fazer uma entrada triunfal.

Entrada triunfal?

- Ah, é? Tipo como? Mancando e sem dentes em um Mercedes completamente estragado porque você bateu em uma árvore quando estava retocando a maquiagem, ocupada demais para lembrar que carros não se guiam sozinhos?

Ela encolhe os ombros.

- Não. Só em um carro bonito mesmo.

 Eu sorrio.

- Tá, vamos buscar esse carro logo.

Ela sorri de volta e nós saímos da minha casa para irmos à dela, a alguns quarteirões daqui.

- Seus pais não vão ouvir abrindo? - Pergunto, enquanto ela tenta fazer o controle da garagem funcionar.

Tensy revira os olhos.

- Claro que não. Estão dormindo a essa hora, nem se a casa pegar fogo eles acordam.

Nós entramos na garagem e nos sentamos no carro.

- Tensy, tem certeza? Você tem dezesseis anos e não tem carteira.

- E você me diz isso toda vez que a gente sai com o carro. Estou ansiosa para o dia em que você vai perceber que bancando a minha mãe não vai me fazer desistir de levar essa belezinha aqui - Ela bate de leve no painel do carro. - para passear.

 Eu olho irritada pela janela. A escuridão feia das onze horas já tomou conta do céu.

Tensy e eu vamos em silêncio porque eu estou muito ocupada rezando para não morrer e ela deve estar prestando atenção na estrada para se assegurar de que não há nenhuma árvore na qual ela possa pensar que seria uma boa ideia bater o carro. Quer dizer, eu espero que ela esteja fazendo isso. Olho para o lado e, após ver os lábios dela cantarolando a música da rádio distraidamente, passo a rezar com mais intensidade.

Ela estaciona o carro com o desleixo de sempre e o silêncio só é quebrado quando ela comenta uma roupa feia de uma menina passando à esquerda de nós. Sou obrigada a concordar.

Tensy desce animadinha e nós avaliamos a boate. Acho que desperdicei boa parte da minha vida durante o tempo que isso não existia, porque essa é uma das casas de festa mais chiques que eu já vi, e estou falando com a experiência de alguém que já foi a uma festa em um beco cujo únicos visitantes rastejavam pelo chão.

- Meu Deus. - Tensy fala, enquanto chegamos mais perto do lugar.

Aqui está lotado e muitas pessoas estão chegando como nós. Um segurança com cara de poucos amigos está na porta recolhendo os...

- Tensy - falo, parando subitamente - você comprou os ingressos, não comprou?

- Não. - Ela responde, mas acrescenta quando arregalo os olhos: - Alguém deve estar vendendo na porta, Bellie.

Nós passamos pela multidão empurrando as cabeças e corpos de pessoas que aparecem em nosso caminho. Nós olhamos para o lado, mas não tem ninguém vendendo entradas. Já devíamos ter imaginado, com esse negócio de grande inauguração e todo o resto.

- Tensy, não tem ninguém aqui vendendo os bilhetes. O que vamos fazer agora?

Ela me olha e eu, do jeito que conheço a peça há anos, sei que ela não faz a mínima ideia.

Estamos quase na cara do segurança e não temos como entrar. Não podia ser pior. Nós empurramos ainda mais as pessoas quando nos postamos na frente do homem que lembra um buldog.

- Entradas. - Ele ordena, secamente.

- Então. - Tensy diz, batendo as mãozinhas. - É... é uma história muito engraçada. Nós... hã... estávamos vindo para cá, mas deixamos elas caírem... sabe... no bueiro...

Ele levanta uma das sobrancelhas grossas.

- Você têm as entradas ou não?

Tensy arria os ombros.

- Não. Mas se você me deixasse...

- Sem chance. Saiam da fila, por favor.

- O quê? - A voz de Tensy esganiça. - Não, você não entende, eu tenho que encontrar...hã... minha mãe aí dentro.

O segurança solta uma risadinha.

- Por favor, moça. Saiam da fila agora, estão atrapalhando a passagem das pessoas que têm entradas.

Todo mundo está olhando para nós agora. Eu falaria que poucas vezes passei uma vergonha tão grande, mas como isso sairia da boca de uma menina que passou alguns minutos das últimas horas presa em um banheiro masculino, não seria lá muito verdadeiro. De qualquer forma, é meio humilhante ter que sair da fila assim. Me preparo para me virar e encarar as outras pessoas quando vejo, lá dentro da festa, uma cabeleira loira que julgo familiar...

- Ashley! - Tensy percebe o mesmo que eu, e grita, empurrando as pessoas que se atreveram a chegar mais para frente. - Ashley! Aqui!

A garota se vira. Para nossa sorte, é mesmo Ashley. Ela nos olha claramente buscando em sua memória de onde conhece essas duas loucas hiper maquiadas pulando em cima de um homem-buldog gritando o nome dela. Graças a Deus, ela dá um sorriso aberto e caminha para a porta.

Quando chega perto do segurança, coloca a mão no ombro dele e diz:

- Pode deixar, Guilhermo. Eu conheço elas.

O segurança nos encara com desconfiança.

- Tem certeza, senhorita?

- Sim. - Responde Ashley. - Deixe-as entrar.

Com a cara ainda fechada, o segurança visivelmente contrariado e relutante abre a correntinha de pelúcia que antes nos separava da festa.

- O que estão fazendo aqui sem convite, suas loucas? - Ashley nos pergunta, depois de nos colocar para dentro.

Tensy responde apenas dando de ombros.

- E aí, o que tem de novidade? - A loira pergunta, olhando para mim.

- Nada. - Me apresso em responder.

Ashley ri. Tensy cochicha alguma coisa no ouvido dela e as duas gargalham. Sei exatamente o que é. Deve estar contando para ela quem eu encontrei estudando junto comigo depois da última festa. Ashley olha para mim como se tivesse segurando mais uma rodada de risadas. Sinto que estou corando com isso.

Paro de pensar nisso quando vejo a boate. Meu Deus, é perfeita. Não sei como Vinni e seus amigos idiotas poderiam pensar que faltava alguma coisa aqui.

Há uma grande escultura de gelo em forma de cisne no centro da pista de dança, separada por um recipiente de vidro que a cobre por inteiro. O chão da boate, iluminado por luzes rosas, roxas e brancas, é dividido em quadrados brilhantes. O DJ fica em um lugar separado, uns dois metros acima de pista de dança. Há garçons bem vestidos andando por aí com bandejas chiques.

Mas nada disso atrai mais a minha atenção quando vejo quem está aqui. Lindo da maneira irritante como sempre, junto com um grupo aproximado de oito meninos também fortes e bonitos e segurando um copo com um líquido cor de bronze e algumas pedras de gelo meio derretidas, está Griffin.

É, parece que a noite vai ser boa...


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Notas finais do capítulo

Meus amores, pra quem não lembra, a Ashley aparece no segundo capítulo, no terceiro e no quarto. Sim, eu desenterrei ela de lá. ;D
Muito obrigada a quem leu!
Beijãão