The Clock Started Hating Me

Tic Tac. Continuavam sendo 6 horas, não importasse o quanto ele suplicasse ao relógio. Tic Tac. Sempre a hora do chá. Tic Tac. Sempre sem ela ao seu lado.

Mas ela prometera que voltaria, certo? Sim...ela prometeu...mas não significava que iria estava falando a verdade...mas ela...ele sabia que...

Aquilo fazia ele ter insuportáveis dores de cabeça! Ela tinha que voltar!

Porque ela iluminava o mundo do pobre Chapeleiro, e seu sorriso era mais doce que qualquer chá que ele preparasse. E seus olhos eram quase tão lindos quanto o céu, e seus cabelos mais dourados que o sol, e sua pele mais macia que...

Tarrant sacudiu a cabeça para livrar-se de tais pensamentos, e passou a observar a Lebre de Março quebrar mais uma xícara. Há alguns meses atrás teria rido e até entrado na brincadeira, mas agora tudo que fazia era suspirar tristemente e mexer nas bordas da toalha de mesa imunda. Cheshire não comentava mais sobre seu comportamento; estava tão cansado de tal melancolia que nem aparecia mais para os chás da tarde.

O Chapeleiro, por fim, decidiu filosofar sobre coisas que começavam com letra M. Aquilo sempre o distraía e o fazia esquecê-la um pouco. Mesa, matutar, maçã, macarrão, atalho, amor, Alice. Não!

Oras, por que ele não largava este assunto de uma vez? Ela mesma disse que logo estaria de volta, então não havia nada com o que se preocupar. Sim, ela estava demorando um bocado, mas assim são as ladys; sempre chegam atrasadas para o chá. Não é nada educado, contemplou, mas é assim que funciona.

Uma vez, a Rainha Branca lhe contou que quando fechamos os olhos, as horas passavam mais rápido, e a saudade não batia tão forte no peito. E a Rainha sempre estava certa sobre as coisas.

Fechou seus olhos com força e repetiu sem parar: “Alice vai chegar. Alice vai chegar. Alice vai chegar.” E do fundo de seus coração louco, sentia medo de abrir os olhos novamente e ver os ponteiros do relógio. Tic Tac.