– Senta-te. Vamos esperar os camaradas.

Sentei-me. As pernas já me doíam.

– Então, não contarás aquela história?

Fiz-me desentendida.

– Do que falas, meu caro?

sei apenas algumas... fábulas e contos.

– Não és tonta. Sobre o rapaz

de quem ouvi falardes um semestre,

sem ao menos saber quem era!

– Se ouviu, não foi proposital!

Agora me deixe em paz

não mais toque no assunto.

Uma lágrima escapulia de meus olhos.

Maldita! Não era pra chorar...

– Conte-me! Que me mordo de curiosidade!

Seria trágico se eu morresse dessa causa...

–Engana-te! Seria cômico,

morrer por causa tão tola...

Ri-me.

Rimos.

– Além do mais, não gostará de ouvir

uma história, cujo clichê, chato e

os protagonistas, péssimas.

– Mas se és uma das protagonistas,

a história não haverá de ser chata.

Um sorriso.

Silêncio.

– Não direi palavra,

Pausa. Continuei.

a não ser que contes a sua também.

– Minha história, mas qual?

Ah! sim

o motivo de meu comportamento

em tal época.

– Sim. É a minha história pela sua.

Apenas uma troca de informações.

– É... nada mais justo.

Começou... a enrolar. Parou.

– (Blablabá) a minha história pode ter

graves consequências.

Imagino apenas duas - e ambas são péssimas:

uma, deixarás de falar comigo

a outra, serás cruel para todo o sempre.

Uma sucessão de coisas das quais não me lembro,

incluindo um filme.

Digo apenas uma coisa:

Estás um tanto equivocado;

eu deixaria de dirigir-lhe palavra

somente se cometesse infrações gravíssimas

como matar um parente alemão

que não conheço

ou queimar-me um livro.

Sobre a outra cousa,

não vejo possibilidade de receber

tratamento mais cruel

– dizem aí por aí que sou cruel,

mas há controvérsias, como sempre.