XVII

Maito Gai

Ridículo.

Dava pra perceber antes mesmo de conhecê-lo a fundo.

Com aquela roupa repugnantemente verde, colada num corpo nada atraente.

Junto com aquelas polainas laranja berrantes e o cabelo em estilo tigela – terrível.

Antes fosse só pela aparência excêntrica, mas as atitude também o condenavam.

Usava sua voz num tom arrogante, como se fosse ou pudesse ser o melhor ninja e sensei de todos.

Fazendo aquela pose de ‘nice guy’ e dizendo aquelas baboseiras sobre ‘fogo da juventude’. Ele não se dava conta de que já era velho demais para tais disparates?

Por que não tentava ser discreto ou normal?

Gai gostava de se expor, ser motivo de olhares e comentarios – mesmo que estes viessem com escárnio e maldade.  

Insuportável.

Com aquela mania de auto-impor regras em tudo – Idiota, pra quê aquilo?

Apenas provava que tinha auto-estima suficientemente baixa para achar que poderia não ganhar.

E insistia em desafiar Kakashi! Talvez se nascesse de novo, treinasse muito e aí quem sabe algum dia poderia chegar aos pés do copy ninja.

É difícil acreditar que Gai tenha vencido 50 vezes o Hatake. Na verdade, mais incrível é pensar como Kakashi aguenta os desafios e provocações de Gai.

Ele deve sntir pena. Pena por ninguém mais querer se envolver com alguém tão fracassado.

Até os alunos de Gai – com exceção de Lee – o achavam chamativo demais.

Também não perdoavam o sensei por os terem deixado mofar durante um ano até que finalmente os inscrevessem na prova chunnin.

Era enfadonho para eles – ainda com exceção de Lee - ver que até nos dias mais tristes e chuvosos, Gai continuava animado.

E pra piorar, ainda tentava animá-los.   

Neji não tentava dar razão e por pouco também não dava atenção às sandices do professor.

Gai era um caso perdido.

Soberbo.

Gai era tão cretino que fingia ajudar Lee.

Nunca que sua maior vontade seria ajudar Lee em seu próprio sonho.

Gai queria uma cópia sua e a encontrou. Só tinha que modar o garoto para que esse refletisse exatamente. Conseguiu.

Lee tornou-se tão patético e tolo como o sensei.

Usava o mesmo cabelo,as mesmas roupas e imitava todas as ações do professor.

Gai sabia que era impossível um ninja vencer apenas sabendo taijutsu – era um milagre ele mesmo ter se tornado um jounin.

E em tempos revolucionários como aquele; onde surgiam tantos gênios, a possibilidade de Lee prosperar caíra para –1.

Comodista.

Gai faria de tudo para que Lee não fosse um fracasso.

Não era pelo aluno, e sim por ele.

Por que Gai, acima de tudo era um maldito egoísta.

Detestava admitir,mais invejava Kakashi por este ser talentoso, bonito e popular.

Coisas que jamais seria.

Consegui fazer com que Lee encarasse Neji como ele encarava Kakashi:

Um rival inalcançável.

E destruiu a vida do pobre garoto ao torná-lo igual a si e ao dar falsas esperanças para ele.

Pois Maito Gai era inflexível e orgulhoso o bastante para não dizer a Rock Lee que este jamais triunfaria no mundo shinobi.

Fingiu para a Tsunade estar desesperado em saber que seu pupilo poderia não mais ser um ninja e suplicou a ajuda da Godaime para salvá-lo.

Pura enganação.

Gai não queria era deixar seu ‘mini-min’ ser derrocado tão facilmente.

Ou com pior dos pensamentos: queria que Lee morresse na mesa de cirurgia para que nunca mais tivesse que orientá-lo

Afinal, era um caolho guiando um cego no meio de um tiroteio.

Por mais que rejeitasse, Gai sabia que era um fracassado.

E mesmo um fracassado não era pior do que um certo quatro-olhos traíra.