Por que Garotos não Tem Manual?! escrita por alice-lovesick


Capítulo 27
Capítulo 27




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Talvez, por mais que eu lutasse, a dor insistisse em me perseguir. Mais uma vez sob o luar característico do inverno, deitei-me e fiquei a olhar as estrelas. Parecia que algumas delas perderam o brilho - estavam fracas e distantes. Negando a realidade vivida, levantei-me para beber um Expresso. 

O silêncio da casa me incomodava. Ainda sob o som de Falling In Love, continuei a beber meu Expresso deitada no divã cor-de-creme da sala. Alguém toca a campainha. Abri.

Dei de cara com Lucas.

Eu: Eu não quero te ver.

Lucas: Mas eu quero te ver. Você sabe que eu gosto de você.

Eu: Sério? Sério que gosta de mim? Nossa, sabe que eu nem notei?

Lucas: Não seja sarcástica. Te vi conversando com um garoto hoje mais cedo, seus rostos estavam incrivelmente pertos e pude ver uma certa alegria em seu rosto. Vi um “querer” exposto em seu olhar.

Eu: Eu não o queria. Algo entrou em meu olho e eu o pedi para soprar, e, apesar dele querer muito seu rosto próximo ao meu, eu pensei em você, pensei duas, três, vinte vezes antes de fazer qualquer coisa, então eu o disse que precisava te ver. E com o quê eu dou cara? Com um beijo estilo filme americano sendo que quem estava envolvido era meu namorado! Quero dizer, o cara que foi meu namorado não é?! Agora dê-me licença que eu tenho mais o que fazer.

Lucas: Eu sei que você está pensando em mim.

Eu: Acho que você se enganou.

Lucas: Não, você está pensando em mim sim.

Eu: Como pode ter tanta certeza?

Lucas: Falling In Love. Nossa música.

Eu: Ei, espera aí. Música do McFly, não tem mais nada a ver.

Lucas: Então você mentiu pra mim? Disse que pensava em mim sempre que ouvia essa música.

Eu: Eu não menti. Preciso de um tempo. Acho que esse amor é muito misterioso pro meu gosto. Agora, por favor, vai embora. Eu quero ficar sozinha.

Ele me roubou um beijo. Empurrei seu peitoral para trás.

Eu: Me larga. Acho que você não está entendendo.

Lucas: Eu não quero ir embora. Eu pertenço a aqui.

Eu: Não. Você pertence aos seus pais. É pra sua casa que você tem que ir.

Empurrei-o até ter como fechar a porta. Com as costas encostadas na porta, agachei-me e fiquei ali. Intacta, mas em cacos.

Minha vida estava se tornando um caleidoscópio. Cada giro, uma visão diferente. Incrível, não é? Levantei-me e subi as escadas. Queria não acordar nunca mais.

Já com os pulsos cicatrizados, tirei as pulseiras que cobriam os cortes, - que particularmente eu não gostava - estavam me incomodando. Deitei-me na cama e abracei o travesseiro. Por um momento imaginei alguém no estilo do Lucas - só que menos traidor. Alguém que não faria uma coisa dessas comigo.

A dor me consumia. A insônia me possuia. O Expresso fez efeito. Fui até a estante e peguei um dos meus livros preferidos - Ela Disse, Ele Disse, da Thalita Rebouças, que eu amava muito - e li. Reli. Trili. Quadrili. As páginas já estavam encharcadas quando minha mãe abre a porta.

Mãe: Tá tudo bem, filha?

Eu: Tá, mãe. É que eu sempre choro com esse livro.

Mãe: É por causa do Lucas, eu tenho certeza.

Eu: Me empresta seu peito? A dor já não tá cabendo no meu. ):

Mãe: Sei que esse meu conselho não vai ser dos melhores, mas serviu na hora que decidi jogar o orgulho pro lado e conversar com seu pai: Pode parecer loucura, mas tenta perdoar. Ele não deve ter feito por mal. Às vezes as pessoas fazem isso sem pensar, por carência, por… tá, eu não sei o motivo. Deixa o orgulho pra lá e corre atrás dele. Ou então a outra menina vai conseguir o que queria, separar vocês dois, não é? 

Então ela me dá um beijo na bochecha e fecha a porta vagarosamente.

Eu: Mãe, só mais uma coisa.

Mãe: O que é, Isa?

Eu: O que deu errado entre você e o papai?

Mãe: É complicado, Isa. Eu deixei o orgulho de lado, mas quem disse que ele deixou o dele? Pensa nisso.

E dessa vez ela fechou a porta. Não pude evitar que as lágrimas manchassem toda a página e a enrugasse. Parece que não foi só pra mim que deu tudo errado. Então peguei minha bolsa e procurei por toda parte os bilhetes que Lucas havia me mandado no começo.

Não achei nenhum, mas por incrível que pareça, uma daquelas folhas amarelas de lembrete estava colada no lado esquerdo da parte de dentro da bolsa. Estava escrito: 

“(…) Sacudir você e dizer que você é uma otária porque está me perdendo dessa maneira… a minha ganância por te ter. Sim, eu escolheria você. Se me dessem um último pedido, eu escolheria você. Se a vida acabasse hoje ou daqui mil anos.” - eu tinha dito isso a ele, no dia em que ele assumiu os bilhetes serem dele. Droga.

Aquela longa temporada da minha vida estava até mais confusa do que o labirinto. Daqueles que você até deseja pular o muro pra cortar caminho. Cortar caminho. Era isso que eu queria fazer: cortar  meu caminho em direção a ele.


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