“E às vezes, a chance de sentir-se forte… é mínima.”

Peguei suas mãos frias e as puxei.

– Vem, deixa eu te mostrar meu quarto – antes que eu pudesse realizar qualquer movimento ele me lembrou – Já conheço, não lembra? Foi o lugar mais incrível e aconchegante que já passei ao lado de uma pessoa.

É MESMO! Como eu me esqueci daquilo? Foi o momento em que mais trocamos palavras doces e românticas. O melhor. Do mesmo jeito, eu o puxei até as escadas, e subimos.

Peguei tua mão e escrevi, com uma caneta jogada no chão do quarto, – não sei porque, mas adorava escrever pelas paredes – um de meus textos, é claro, dedicado à ele, escrito a poucos dias:

“[…] Personalidade que se encaixava completamente na minha. Teu olhar fixo aos meus, teus ombros colados aos meus. Meus braços querendo te alcançar, na esperança de te trazer para perto de mim. Mãos. Cabelos. Dedos entralaçados. Sem destino, busco em você o objetivo de sobreviver; de encontrar meu caminho. Coração batendo, coração na mão. Respiração ofegante: estou pensando em ti.”

Ele passou suas mãos sobre minha cintura, por trás. Algo muito forte me atraía para perto dele. Virei-me. Rosto com rosto. Sentimento correspondido. Carinho. Amor. Atenção.

Apoiei meus braços em seus ombros. Já eram oito horas e, sob o luar característico do fim do inverno, lhe dei um beijo. Tóxico. Amor tóxico. Me senti num amor afogado em rebeldia. Um queria o outro, ambos queriam o outro; calados. Aquele cheiro específico dele me dominou.

Eu lhe abracei. Meu desejo por aquilo que se opunha em meus braços me predominava. Era incontrolável.

– Esperei muito pra te ter. – um sorriso conquistador se abriu em seu rosto. – Você me quer? – ele continuou.

– E-e-Eu te quero, claro. – gaguejei, enquanto isso tentei disfarçar minhas mãos suando frio.

Beijei tua boca seca e rachada do frio. No prol de nós dois, tomei atitude. Eu o empurrei até a parede, acariciei teus cabelos enquanto continuava a beijá-lo. Não sei direito se eu estava fazendo aquilo certo, ou se estava gostando ou não. Me senti obrigada a continuar aquilo.

Ele baixou a manga de minha blusa de frio roxa-listrada que ele adorava, e beijou meus ombros. Chegou até o pescoço. Tirei vantagem. Deslizei minhas mãos sobre teu peitoral e o agarrei com força – era tudo que eu sabia fazer.

Puxei-o pra mais perto.

– Seja bom pra mim. – sussurrei em um tom mínimo, quase não deu pra escutar.

Teus olhos, num movimento bem comum, percorria um caminho sem fim por todo meu corpo.

Algo celebrava dentro de mim, é como uma tarefa cumprida. Por um momento eu o empurrei para longe de mim – eu estava realmente com muito medo de todas as palavras já ditas sejam apenas um pretexto pra conseguir o que queria – safadeza – mas com certas atitudes dele, o medo foi arrancado de dentro de mim, e pude conhecer o homem que havia dentro dele. Eu me entreguei.