A Brave New World escrita por Maria Salles


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

"- Não sei... respondi esboçando um sorriso. Aquele sorriso comedor de homens. Por que não pulamos o almoço e descobrimos?"



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Me sentia leve. Como se flutuasse pelo ar ou boiasse na água. Uma pena a mercê do vento. O mundo estava longe. Tudo estava longe. Ouvia vozes, mas não conseguia distinguir quem o que diziam. Só queria continuar ali. Seja lá onde seja ali. Não estava com dor.

Espera.

Por que eu deveria sentir dor mesmo?

O que havia acontecido? Antes de eu chegar... aqui.

- Rose?

- Roza.

- Srta. Hathaway, se pode me ouvir, aperte minha mão.

Me senti agoniada. O que estava acontecendo? De quem eram essas vozes que invadiam minha paz e tranquilidade?

Caí novamente no inconsciente.

********************************************************************************

A primeira coisa que eu tive certeza enquanto a consciência voltava aos pouco é que não estava mais no beco.

Estava numa superfície macia e fofa. E meu corpo estava pesado, afundando no que imaginava ser um colchão. Minha cabeça estava alta, em um travesseiro. Os lençóis eram frios contra a minha pele, e eu meio que gostei disso.

Então tudo voltou para a minha mente com um baque. O beco. A moça. Os strigois. O strigoi que me prensou contra a parede.

Parei para me avaliar.

Eu estava viva. Isso era bom. Eu conseguia respirar com facilidade. Mexi os dedos dos pés e das mãos. Conseguia senti-los perfeitamente. Meu pulso direito, estava estranho. Alguma coisa o apertava. E meu pescoço doía.

- Shhh. Calma.

Uma voz rouca e suave sussurrou ao meu lado. Um suspiro de alívio se seguiu enquanto o colchão afundava com seu peso.

Abri os olhos devagar e me deparei com o teto branco de gesso do quarto do hotel.

- Como você está?

Virei o rosto e encontrei um belo e cansado sorriso. Dimitri se curvava sobre mim e ergueu a mão para tocar de leve meu rosto.

- Estou bem. Mas o que aconteceu? – franzi a testa, querendo saber como havia chegado até o quarto – A ultima coisa que me lembro foi de ter sentido seu perfume quando o strigoi me mordeu.

Dimitri sorriu. Ouvi o barulho de sapatos sendo tirados e então ele se sentou na cama ao meu lado, segurando minha mão de leve.

- Eu cheguei antes que ele pudesse afundar as presas em você. – apesar de tentar esconder, percebia a preocupação e a aflição dele por baixo das palavras que soavam tranquilas – O empalei no momento exato. Você desmaiou em meus braços praticamente.

Não pude deixar de sorrir em resposta. Era uma cena digna de filmes.

- Poderia ser bonito, se eu quase não tivesse morrido. – Consegui tirar um sorriso relaxado de Dimitri, e isso me deixou melhor. – Como me achou?

- Eu saí da reunião pouco depois de você ter saído. Me informaram na recepção sobre você e resolvi ir atrás. Foi quando ouvi o barulho no beco.

Não respondi. Era óbvio o que havia acontecido depois.

Apoiei as mãos no colchão para me ajudar a sentar e recostei a cabeça em seu ombro. Só então vi que meu pulso estava enfaixado. Foi o pulso que o outro strigoi, o que eu empalei, havia segurado.

 Dimitri passou os braços em volta de meus ombros e me puxou contra si, depositando um beijo no alto da minha cabeça.

- Não sabe o quanto fiquei preocupado, Rose.

- Hey, camarada. Vaso ruim não quebra. – disse encaixando o rosto em seu pescoço. – Não é assim que planejei morrer.

Senti seu peito tremer em um riso contido.

- Ah, não? Quer dizer que já decidiu como vai morrer?

- Claro. Não vai ser assim, num encontrozinho besta com um strigoi metido.

- Encontrozinho com strigoi metido que poderia ter te matado.

- Mas não matou. – retruquei erguendo a cabeça. – Eu estou aqui. Viva. Sã. Inteira.

Ele pegou meu pulso machucado e ergueu uma sobrancelha. Revirei os olhos.

- Quem é Rose Hathaway sem alguns machucados? – suspirei, me ajoelhando na cama defronte a ele. – Sério, Dimitri. Eu estou bem. E você me conhece. Sabe que sempre acabo me metendo onde não sou chamada.

- É isso o que mais me preocupa. – ele inclinou seu corpo e sua mão envolveu meu pescoço, no lado que doía. – Ele quase te mordeu. Estava com as presas em sua pele quando cheguei. Se tivesse me atrasado cinco segundos...

Ouvi a dor em sua voz. Dimitri tinha a forte tendência de tomar as dores dos outros para si, de se sentir responsável por aqueles que amam. Éramos muito parecidos nisso. Essa era uma qualidade nele que eu amava demais. Ele sabia lidar com sua vontade de fazer justiça de uma maneira que eu não conseguia bem. Ele era equilibrado e focado. E um dia queria ter um pouquinho só de seu autocontrole.

- Hey... – segurei seu rosto entre minhas mãos e olhei fundo em seus olhos. – Dimitri. Para com isso. Você chegou. E me salvou. E isso é o que conta. E estarei eternamente grata.

Ele não me respondeu. Apenas me olhou. Aquele olhar intenso e profundo que era apenas meu e de mais ninguém. Cheio de amor e carinho que ele tinha por mim, cuidado e preocupação.

Dimitri se inclinou, um pouco mais apenas, e eu fiz o mesmo. Encontramo-nos em um beijo suave. Seus lábios quentes e macios movendo-se gentis contra o meu. A mão que estava em meu pescoço subiu como apoio em minha nuca. Minhas mãos em seu rosto moveram-se e eu abracei seu pescoço, puxando-o para mim.

Ele grunhiu e eu subi em seu colo sem interromper o beijo. Sua mão segurou minha cintura, pressionando de leve, provocando que uma onda de calor percorresse meu corpo. Uma das minhas mãos enroscou em seu cabelo, puxando sem força. A outra desceu ávida por seu peito, desabotoando os botões da camisa preta que usava. Graças a Deus ele não estava usando o guarda-pó. Uma a peça a menos para me preocupar.

Suas mãos me soltaram e ele segurou a barra da blusa que usava e a puxou sobre minha cabeça, jogando-a em qualquer lugar enquanto terminava de tirar a sua. Seus lábios, então, percorreram minha mandíbula e desceram pelo meu pescoço.

Arfei com seu toque, parecia que uma corrente elétrica passava por todo meu corpo, ainda mais forte onde sua pele tocava a minha. Inconscientemente, meus dedos se contraíram e arranhei suas costas, causando-lhe um gemido.

Dimitri, então, me virou e deitou-me na cama, ficando sobre mim. Ele me olhou por um instante. Alguns segundos me analisando, como se quisesse ter certeza de que era aquilo que eu queria. E era.

Então ele voltou a me beijar. Com tanta ternura, com tanto amor e, ainda sim, com fome de mim. Suas mãos deslizavam pelo meu corpo, contornando-o e descobrindo peça por peça. Não demorou para que ambos estivéssemos apenas com nossas peças intimas.

E, daquela vez, não tinha nada nem ninguém para nos parar.

Dimitri retirou o conjunto de renda como um ritual. Devagar, aproveitando cada suspiro, cada gemido, cada expressão. Sem desviar os olhos dos meus, um segundo sequer. Até que estivesse completamente nua a sua frente.

Nunca antes havia ficado nua com alguém antes. Na verdade, nunca antes eu tivera um relacionamento profundo e sério como esse com Dimitri. O máximo que já aconteceu, foi ficar sem blusa enquanto dava uns amassos em Jesse Zecklos. Atitude na qual me arrependo até hoje. Mas o que estava havendo entre Dimitri e eu? Nunca antes. E se tivesse, não teria sido correto como era agora.

Seu corpo no meu era... indescritível. Dimitri agiu com tanto cavalheirismo, com tanto cuidado. E ao mesmo tempo era como se pegássemos fogo. Seus movimentos eram precisos e habilidosos e me faziam entrar em êxtase. E por mais que fosse algo novo, o instinto me guiava e me vi agindo como se não fosse minha primeira vez.

Dimitri trilhou um caminho de beijos por todo meu corpo, estimulando partes que nem sabiam que poderiam ser estimuladas.

Chegamos ao ápice juntos. E aquela altura, meus dedos dos pés formigavam e se contraíam por conta própria.

Quando cansamos, Dimitri deitou no travesseiro comigo em seus braços. Ficamos em silencio, normalizando nossas respirações e batimentos, aproveitando o calor corporal entre nós. Foi ele quem falou primeiro.

- Estou me sentindo culpado. Você deveria estar descansando. Se recuperando.

Eu sorri e virei o rosto para beijar seu ombro.

- Veja como uma prova de que estou bem. Se não tivesse... – deitei meu corpo em cima do seu, e beijei a área embaixo de sua orelha e sussurrei – eu não teria te deixado louco.

Dimitri riu passando os braços em minha cintura.

- Roza... Não me provoque. – ele enterrou o rosto na curva do meu pescoço e eu o abracei de volta – Eu poupei você. Estava preocupado com seu estado para dar o melhor de mim.

Foi minha vez de rir.

- Que desculpa mais esfarrapada, Dimitri Belikov!

Ele subiu o rosto para perto de minha orelha mordiscando-a de leve e me provocando arrepios.

- Espere até a próxima vez. Aí veremos quem é que vai ficar louco. – Senti meu rosto esquentar com a previsão. Contente, por ele considerar – e querer – uma próxima vez, e ansiosa, para que chegasse logo. – Mas agora, sugiro que se aquiete. Por mais que esteja ótima, a noite foi cansativa e você precisa descansar.

- Cansativa? Cansativa do jeito bom. Não me importo em me cansar de novo.

- Eu estava me referindo aos strigois.

- Eu sei, eu estava me referindo ao sexo. Entre strigois e isso, o que você acha que prefiro falar e fazer?

Eu praticamente pude ouvi-lo revirar os olhos.

Voltei a minha posição inicial, deitada em seu ombro, o corpo ao seu lado e encaixado no seu. E ficamos em silencio novamente por bons minutos. Estava quase adormecendo quando me lembrei que havia muito que perguntar  a ele.

- Dimitri. – chamei para ter certeza de que ele estava acordado.

- Sim, Rose?

- Nem me toquei. Quanto tempo faz que me encontrou?

Ele parou por um momento, imagino que contando as horas.

- Você saiu cedo. Te encontrei não deu nem meia hora... Umas sete, oito horas.

Isso significava que deveria ser, no máximo, duas da manhã.

- E o que aconteceu depois? Quando me encontrou? Você o empalou, e ai?

- Eu me certifiquei de que você estivesse bem. Estivesse... viva. Ajudei a moça. Ela estava mais em choque que machucada. O strigoi não tirou muito sangue dela. Então liguei para me mandarem um alquimista e limparem aquela bagunça.

Alquimistas eram humanos que trabalhavam para os morois. Eles tinha um grande conhecimento de química e sempre que um strigoi era morto eles eram mandados para desaparecerem com o corpo. Nunca vi o que eles faziam pessoalmente. Mas dizem que os corpos desaparecem na sua frente.

- Mais alguma pergunta, Rose?

Ponderei.

- Bem... não é uma pergunta. Mas acabou que não fiquei tão ruim assim, como poderia. Um arranhãozinho no pescoço e uma quase queimadura na mão. Estou bem, até. Geralmente eu me machuco mais por pouco.

- E vamos torcer para que nada disso nunca mais aconteça. – ele me apertou de leve e suspirei – Agora, Rose, durma. Amanhã temos muita coisa pela frente.

- Tenho só mais uma pergunta.

- Se eu responder, você vai dormir.

Eu ri.

- Sim. Promessa de escoteira.

- Então tá.

- Depois que a bagunça foi arrumada, o que aconteceu comigo e com a humana?

- A humana está bem. Um moroi alterou sua memória e a limparam socorreram. Ela está convencida de que foi um assalto. Já com você foi diferente. Eu fiz os primeiros socorros lá mesmo, mas você estava desmaiada e fiquei preocupado que pudesse ter acontecido algo mais grave. Mas graças a Deus, segundo o médico moroi que te atendeu, tudo não passou de um... ‘susto’. Ainda sim, ele insiste que você vá ao hospital fazer uma ressonância, apenas para excluirmos totalmente uma possível contusão. Rose o que você fez foi arriscado.

- Eu sei.

- Você poderia ter morrido. Distraiu-se e baixou a guarda, isso não pode ocorrer de novo.

- Eu sei, eu sei.

- E eu estou muito orgulhoso de você.

O elogio me pegou de surpresa e me fez erguer a cabeça.

- Sério? – Dimitri sorriu para mim – Pra valer, camarada?

- Pra valer. – ele ergueu a mão e puxou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha, aproveitando e deixando a mão ali – Você defendeu um inocente que não tinha como se defender. Lutou com coragem e empalou um strigoi. Não desistiu ou deixou passar. Eu estou orgulhoso de você.

Eu sorri em resposta do seu sorriso, um daqueles que eram raros e gigantes, que me tiravam o folego e iluminavam o ambiente. Que me deixavam feliz o dia inteiro apenas por ve-lo.

- Eu te amo, sabia?

- Sabia. – ele respondeu inclinando a cabeça para mim – Eu te amo, Rose. Mais do que você pode, sequer, imaginar.

Eu revirei os olhos e ele me beijou com suavidade. Retribui, mas não entramos novamente naquela tensão sexual. Acabei deitando em seus ombros, acalentada por seus braços.

- Agora, descanse, Rose. Minha Roza.

*******************************************************************************

Acordei toda dolorida. Cada músculo do meu corpo gritava com meus movimentos. Mas o sorriso em meu rosto permanecia intacto, assim como a grande alegria dentro de mim. Tudo isso devido aquele o qual estava dormindo nos braços.

- Bom dia.

A voz rouca e com um sotaque sutil foi o primeiro som que ouvi. Meu humor subiu mais alguns pontinhos com isso. Sua mão descia e subia de leve nas minhas costas, acompanhando a coluna. O toque suave como uma pena.

- Bom dia? Eu ainda estou dormindo. – retruquei me aconchegando mais nele e escondendo o rosto em seu pescoço. – Isso é um sonho. Volte a dormir, camarada.

Dimitri riu baixinho.

- Dormir? Com você aqui? Dificil.

- Hmm... – murmurei beijando seu pescoço e subindo em seu troco – Então posso pensar em algumas coisinhas que podemos fazer.

Rocei a ponta do nariz em sua pele, subindo lentamente pelo pescoço até o rosto. Dimitri ergueu a mão para minha nuca e me puxou para seus lábios, beijando-me com delicadeza antes de me virar na cama e aprofundar o beijo, me fazendo perder o ar rapidamente.

Sua mão pressionava minha coxa, e algo dentro de mim se acendeu com a perspectiva de repetir o que havíamos feito noite passada.

- Você gostar de provocar meu autocontrole, não é? – murmurou Dimitri, seus lábios descendo pelo meu pescoço.

- E você gosta que eu o quebre, camarada. Não minta.

Dimitri não me respondeu, e voltou a me beijar enquanto afastava a coberta de nós.

Então ele parou.

- O que foi? – indaguei observando-o esticar o braço em direção ao criado mudo e chegar o celular – Dimitri?

- Rose, vamos ter que deixar isso pra depois – ele voltou seu olhar pra mim, parecendo desapontado – Temos reunião em uma hora.

- Arght. Malditas reuniões matinais! – reclamei puxando o travesseiro pra cima do meu rosto.

- Acostume-se, Rose. Isso se chama responsabilidade. – Dimitri saiu de cima de mim, levantando-se da cama – Não era você que queria ser tratada como uma Guardiã séria pelos outros?

- Olha só o preço. – murmurei.

A cama se curvou com o peso de Dimitri, e ele, gentilmente, puxou o travesseiro do meu rosto.

- Você já era igual para mim, Rose. – disse-me seriamente – Sempre te vi como uma Guardiã em potencial. Um pouco temperamental, verdade. Mas muito boa e competente.

Revirei os olhos esboçando um sorriso orgulhoso. Ele beijou meus lábios de leve e se levantou novamente. Reparei que já estava de calças, e procurava a camisa que havia tirado ontem.

Suspirei.

- Okay, vamos voltar para o mundo real.

Mais lerda que o normal, me sentei na cama. Dimitri se ofereceu para me ajudar ao ver minhas caretas, mas o convencia que estava bem. Consequência da minha estrapolia com os strigois.

Encontrei meu conjunto ao pé da cama, e minhas costas formigaram enquanto eu o vestia, típica sensação de quem é observada. Virei-me e me deparei com Dimitri percorrendo meu corpo com um olhar faminto. Eu sorri.

- Mais tarde, camarada. Lembre-se: responsabilidade.

- Seria mais fácil se você não fosse...

Ele se interrompeu brutalmente, voltando sua atenção aos botões da camisa preta – uma nova - e pareceu quase, quase, envergonhado. Aproveitando a deixa, me aproximei por trás, deslizando as mãos por seus ombros.

- Pode falar. Se eu não fosse tão sexy... se não tivesse esse corpão. Vai nessa Dimitri. Pode ser honesto, sei que é isso que está pensando.

Ele riu e se virou pra mim lentamente, segurando-me pela cintura, a camisa metade abotoada. Ele desceu a cabeça, encostando-a de lado na minha de maneira que sua boca ficasse ao lado do meu ouvido.

- Se você não fosse tão linda e sexy, tão provocante, e não tivesse esse corpo de deusa, seria muito, infinitamente, milhares de vezes, mais fácil.

Seus lábios, então beijaram minha mandíbula, contornando-a até chegar a minha boca e selar meus lábios com suavidade e amor.

- Eu poderia me aproveitar desse momento e provocar seu autocontrole. – comecei com a voz tremula de emoção – Apesar do que se seguiria ser muito bom, as consequências depois não seriam tão boas...

Ele sorriu e me beijou mais uma vez, pressionando seus lábios com pouco mais de força nos meus.

- Olhe só, Rose está aprendendo a se controlar.

Pressionei os olhos em ameaça, que não surgiu efeito, e comecei a abotoar o resto dos botões de sua camisa, mantendo minha mão e mente ocupada.

- Okay, vou vestir alguma coisa antes que nos atrasemos. – disse após ajeitar a gola de sua camisa e me afastar. – Chega de problemas por um tempo.

- Na verdade, eu tenho algo pra você.

- Algo? Tipo um presente?

Dimitri riu e assentiu com a cabeça enquanto se dirigia para a antessala do seu quarto – que, aliás, eu nunca tinha entrado.

- Sim, um presente. – ele pegou uma caixa branca de tampo preto retangular, daquelas que, geralmente, vem roupas, de cima da mesa redonda – Acho que você vai gostar.

Ele se sentou no sofá e eu repeti o gesto, sentando-me ao seu lado. Dimitri me deu a caixa e eu a abri curiosa.

- Caramba!

Exclamei ao notar seu conteúdo.  Dimitri sorriu.

- Gostou?

- Dimitri... ah! Obrigada! – Deixei a caixa de lado e beijei todo seu rosto enquanto o abraçava. – Sério! Muito, muito, muito obrigada!

- Se quer ser uma Guardiã levada a sério, primeiro, tem que se vestir como uma.

Ainda em seu colo, peguei a caixa novamente, puxando de dentro dela o conjunto de calça social preta e camisa branca de botões que os guardiões sempre usavam. E por incrível que pareça, era exatamente do meu tamanho.

- Como você sabia o meu tamanho?

- Há muitas coisas que sei sobre você, Rose. Você nem imagina.

Dimitri falou com tanta seriedade, me olhando com tanto carinho e intensidade que me fez perder o ar.  Ele inteiro, a todo o momento, me surpreendia de alguma forma. Sempre sabia o que dizer, e cada vez mais me surpreendia com o tamanho do amor que sentia por ele.

- Caramba, camarada. – murmurei apoiando os braços em seu ombro – O que foi que fiz para ganhar alguém como você?

- Acho que você simplesmente nasceu.

Sorri de leve,  Dimitri espelhou meu sorriso e nos beijamos. Foi um beijo delicado, sem urgência ou tensão sexual. Era apenas um mostrando ao outro o quão importante éramos para nós e o quanto nos amávamos.

********************************************************************************

- Só estou dizendo que é burrice. Não podemos simplesmente ficar parados aqui enquanto eles planejam novo ataque.

Dimitri suspirou. A reunião havia acabado e seguíamos para o restaurante do hotel para almoçar. Entretanto, eu não parava de reclamar sobre as besteiras que ouvi na reunião com os outros guardiões.

Os strigois estavam se unindo, formando grupos grandes, nunca antes vistos. Pior de tudo, começaram a usar humanos como espiões, já que não podiam sair de dia, e planejavam os ataques. Não era algo que estávamos acostumados a lidar. E ninguém queria fazer nada a respeito.

- É o mais sensato, Rose. Não temos nenhuma pista, nenhum nome, nada. Não podemos sair por ai em uma caça desenfreada. É um tiro no escuro.

- Já parou para pensar que, às vezes, o que precisamos é de impulso e não sensatez?

- Isso funciona apenas com você, Rose. – retrucou abrindo a porta dupla de vidro e me deixando passar primeiro – E mesmo assim, você se mete em problemas. Não é por isso que você está aqui?

- Há males que vem para bens. Se não tivesse vindo para cá, pra começo de conversa, nunca teríamos nos conhecido.

Com essa ele não teve como argumentar e optou por calar-se. Deixar Dimitri sem argumentos era algo um tanto raro. Ele sempre tinha algo mais a dizer. Portanto, essa era uma vitória particular que me fez sorrir.

- Prefiro não saber por que está sorrindo. – resmungou direcionando-nos para uma mesa ao fundo.

- Nada. Só estava pensando.

- Exatamente. Isso que me assusta.

Pressionei os olhos em ameaça enquanto me sentava. Dimitri permaneceu com a expressão neutra. Isso me irritou. E como.

Ele sorriu.

- Parece incomodada, Rose. O que foi?

- Você consegue me deixar irritada com apenas um olhar. – retruquei me recostando na cadeira – Incrível!

O sorriso dele não se desfez. Na verdade, parecia ter se intensificado.

Dimitri apoiou o braço na mesa, inclinando-se para mim em tom de flerte e tão absurdamente sexy que deveria ser proibido.

- Estou curioso. – disse-me abaixando a voz, me obrigando a imitar seu gesto e me apoiar na mesa – Como uma Rose irritada se portaria na cama?

Sua pergunta me vez arregalar os olhos em surpresa. Dimitri, o meu Dimitri, estava flertando comigo publicamente? Ainda por cima relacionado a sexo? Eu estava sonhando?

Meu momento de surpresa veio e feio com rapidez. Eu estava com um Dimitri bem humorado e relaxado na minha frente, não era sempre que tinha isso. Oportunidades surgiam e eu as agarrava com força.

- Não sei... – respondi esboçando um sorriso. Aquele sorriso comedor de homens. – Por que não pulamos o almoço e descobrimos?

Uma oferta tentadora para ambos os lados que estavam dispostos a aceitar.

Eu sabia, Dimitri estava a ponto de dizer sim. Estava em seus olhos e em seu sorriso. Mas a presença de uma terceira pessoa estragou todo o nosso momento romântico.

- Rosemarie Hathaway. – disse uma voz conhecida obrigando-nos a sentar corretamente – Pensei que nunca mais te encontraria. Só você mesmo para dificultar em ser encontrada em um hotel.

Virei na cadeira, uma resposta bem malcriada e feia na ponta da língua, quando um par de olhos verdes me fez parar surpresa.

- Adrian!?


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, peço perdão pela demora imensa! Mas está o cúmulo em sentar no pc pra escrever. Sem contar os bloqueios criativos x.x Espero que não aconteça mais... rs E acho que os próximos não demoraram tanto.... xD
Segundo, ficou meio pequeno não é? Mas tudo bem, ele teve seu foco principal Rose e Dimitri, não quis estender muito, envolvendo Adrian e tudo o mais. E, além do mais, precisava atualizar, né?
Haha e agora hein? Adrian está na parada. O que será que ele
quer? E Rose e Dimitri? Lissa? Os Strigois? Muitas pontas soltas e Rose precisa fecha-las. O que acham que está para acontecer?