Santiago do Chile, a capital socioeconômica do Chile, uma cidade que conseguia mesclar a tradição com a globalização, possuindo belezas naturais como a Cordilheira dos Andes onde era possível esquiar e encontrar belos monumentos artísticos da cultura contemporânea.

No Hotel Santiago Park Plaza, no quarto 3552, uma mulher estava olhando pela janela, apreciando a vista dos Andes e não percebeu a chegada de seu acompanhante.

-Lindo, não é? – Jared perguntou sorrindo.

-Muito.

-Já esquiou alguma vez?

-Não – respondeu sem desviar o olhar da janela – e você?

-Muitas vezes. – falou natural – vou resolver algumas coisas e volto daqui a pouco, se quiser pode dar uma volta, conhecer a cidade.

-Certo – Jessica disse sem olhar para ele. Ao vê-lo sair suspirou e olhou preocupada para a suíte – será que vou conseguir ficar indiferente durante uma noite inteira? – se perguntou preocupada.

Jessica ficou parada no meio da sala sem saber o que fazer ao olhar novamente pela janela viu pessoas caminhando tranquilamente pelas ruas, trocou de roupa rapidamente e saiu do quarto. Tinha se decidido por explorar a cidade. Saiu do hotel desnorteada, afinal não sabia falar espanhol fluentemente, caminhou em linha reta, pois assim seria mais fácil encontrar o caminho de volta, não demorou em encontrar uma pequena livraria, sorriu ao comprar um pequeno dicionário de inglês – espanhol. Caminhou pelas ruas de Santiago extasiada pelas pessoas, pelos barulhos, por tudo. Ficou tão fascinada que não percebeu que havia se perdido.

Jared tinha acabado de entrar em sua suíte e ficou surpreso ao não encontrar Jessica, esperou durante algum tempo até perceber que ela não tinha dado noticias e que já estava anoitecendo. Duas horas depois descobriu, por meio das recepcionistas, que Jessica havia saído há muito tempo. Saiu do hotel, olhando para os lados com a esperança de encontrá-la.

Uma mulher estava parada em frente ao Palácio de la Moneda, sozinha, olhando para os lados, em completo desespero. Jessica não conseguia falar com ninguém. As pessoas que ela parava na rua, nenhuma delas falavam inglês. Percebeu que já estava anoitecendo e se desesperou ao dar-se conta que se não encontrasse o hotel logo, iria dormir na rua.

Continuou caminhando sem rumo ate sentar-se em um banco, ficou parada olhando a quantidade de rostos desconhecidos e pela primeira vez desejou que Jared estivesse com ela.

-Bem que você poderia estar aqui, Fedelho – Jessica disse olhando para o chão distraída.

-Hoje deve ser o seu dia de sorte, pois o seu desejo foi realizado.

Jessica olhou para trás sem acreditar no que acabava de escutar, ao virar-se viu Jared parado atrás dela, sorrindo.

-Jared – Jessica disse sorrindo e o abraçou – eu fiquei com tanto medo.

-Calma, a senhora é a única pessoa que eu conheço que conseguiu se perder em Santiago – falou enquanto a abraçava – você esta bem?

-Estou.

-Não está machucada?

-Não, apenas com fome.

-Vamos voltar ao hotel – falou sorrindo – e não saia mais sozinha, não quero problemas.

-Você poderia deixar as broncas para depois, não acha? – disse manhosa, olhando para ele.

-Está bem – disse sério. – vamos – pegou na mão dela e a levou de volta para o hotel.

Ao segurar a mão de Jared, Jessica sentia-se segura e não conseguiu esconder a felicidade ao vê-lo. Agarrou, fortemente, a mão dele como se fosse a sua salvação. Só por essa noite – disse a si mesma.

Entrou na suíte deles e foi direto para o banheiro, tirou as suas roupas lentamente e entrou no chuveiro, feliz. Minutos depois saiu usando um roupão, encontrando Jared sentado na cama, a espera dela.

-Eu pedi o jantar para você, esta na sala – Jared disse olhando para ela – Por que se afastou daquele jeito do hotel? E porque não pediu um taxi e veio para cá?

-Desculpe-me, eu fiquei distraída e assustada.

-Nem parece que tem 33 anos, mas sim 12. – falou levantando-se e indo abraçá-la.

Jessica não disse nada, apenas deixou-se ser abraçada por ele. Sentiu as batidas do coração dele, a respiração ritmada e o enlaçou pela cintura. Continuaram abraçados, sentindo o cheiro um do outro em plena convicção de que daquela forma os desejos voltariam, e a vontade de ceder também.

-Eu... Acho melhor ir comer antes que a comida esfrie – Jessica falou libertando-se do abraço dele – você vem?

-Claro – disse tentando sorrir.

Jessica sentou-se na pequena mesa e começou a comer, tentando ignorar a outra fome que sentia: a fome de carinho, de caricias, a fome de Jared. Olhou para ele e o encontrou comendo calmamente o seu jantar, como se ela não estivesse ali.  Continuou jantando, ignorando o homem a sua frente, assim que acabou saiu da mesa e foi em direção ao quarto, pegou um pijama, trocou-se rapidamente e deitou-se na cama, desligando a luz. Os minutos tornavam-se intermináveis ate sentir Jared deitando-se ao lado dela. Ela ficou imóvel sem conseguir evitar um suspiro.

-Ainda acordada, senhora? – Jared perguntou na escuridão do quarto.

-Sim fedelho.

-Pensando em algo em especial?

-Na verdade... – pensado na noite em que passei com você, disse em pensamento – não, apenas não consigo dormir.

-Quer conversar? – perguntou minutos depois.

-Sobre?

-Qualquer coisa.

-E Natalie? – perguntou sem jeito – Como vocês se conheceram?

-Dou a mão e você já quer o braço todo – disse sério - Jessica, aquela mulher que apareceu lá em casa, Natalie – disse após alguns segundos em silencio – ela foi a minha namorada, anos atrás éramos namorados, eu a pedi em casamento, ela aceitou e me deixou plantado no altar. Dias depois descobri que ela havia saído do país e um mês depois ela me enviou um cartão postal, dizendo que depois voltaria para mim. Eu realmente estava decidido a esperá-la.

-Agora ela voltou você deve estar feliz. – falou fria.

-Voltou, mas é diferente – falou baixo.

-Diferente como?

-Não sei – respondeu ficando calado logo depois.

-Você deve ter sentido muita falta dela.

-Um pouco, mas é passado.

-Entendo.

 -Quer que eu peça algo para você que te ajude a dormir? – perguntou minutos depois ao perceber que Jessica ainda estava acordada, mas encontrava-se calada.

-Não precisa. – falou diminuindo o tom de Voz – duvido que eles possam me dar o que eu preciso.

-O que?

-Nada, vou tentar dormir, boa noite – disse virando de costas para ele.

Jared não disse nada, apenas abraçou Jessica, aproximando os seus corpos na escuridão do quarto. Continuaram assim ate adormecerem.

O sol brilhava pela janela quando Jessica acordou, assim que se levantou não encontrou Jared no quarto e suspiro ao se ver sozinha no quarto. Horas depois não conseguiu evitar um sorriso quando viu Jared entrando pela porta.

-Você voltou.                             

-Não vai se perder hoje novamente? – disse colocando algumas sacolas no chão.

-Pelo visto está de ótimo humor – disse fazendo uma careta.

-O congresso será hoje a noite por volta das 16h, então eu vou te esperar no saguão as 20h, para o coquetel.

-Certo.

-E isso aqui é para você – Jared disse segurando algumas sacolas de frente para ela – imaginei que você fosse precisar de algo assim esta noite.

Jessica pegou a sacola e olhou surpresa o conteúdo da mesma.

-Tem certeza? – perguntou incerta.

-Absoluta, use esta noite.

-Ok.

Jared foi em direção ao quarto e entrou no banheiro, ligou o chuveiro, mas assim que colocou o shampoo no cabelo gritou por Jessica.

-O que foi? – Jessica perguntou da porta do banheiro.

-Amanha vamos sair para conhecer Santiago, estou lhe devendo essa por você ter se perdido.

-Não faz isso, Jared. Por favor, se não vai ser pior para mim no final – Jessica murmurou com lagrimas nos olhos para a porta onde era possível escutar um homem cantarolar, uma musica muito conhecida. I can’t help Falling in Love with you, de Elvis Presley.