Além da Amizade escrita por Nani_sama


Capítulo 12
Capítulo 10 - Magic.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura gente! *-*



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Rio de janeiro, 27/05/1998, os teste estão começando. Estou indo bem, continuo focada em meus estudos. Hoje faz uma semana que estou namorando, está tudo legal, apesar de que está começando a ter um clima bem mais estranho entre mim e o Daniel. A Renata está adorando isso. Acho que nunca mais vou vê isso em minha vida, uma garota que tá namorando um cara que ela quer que fique com a amiga. Não é algo normal que se vê todos os dias, alias, não é algo que se vê nunca. Ai ai. . .Renata ainda vai amá-lo, nem que seja a ultima coisa que faço. Ele merece ela e ela merece ele. Tentar esquecer o Daniel é tão complicado, ele está a onde sempre vou, parece que algo faz com que a gente se encontre. Ai ai, vou começar a juntar o dinheiro do lanche que minha mãe sempre me dá para comer e nunca uso, para me matricular na escola de dança. É o que mais quero nesse momento. Dançar é esquecer tudo e só concentrar nos movimentos. O dia está tão. . .

- Amiga, para de escrever, o professor está olhando para cá com uma cara não muito boa. – Murmurou Renata num tom baixo apenas para eu ouvir. Eu estava atrás dela meio que sem prestar atenção na aula, até por que aquela bendita matéria era a mesma do dia anterior. 

   O professor de espanhol me encarou novamente na mesma hora em que eu o olhei. Eu abaixei o rosto, fechei o diário e o guardei na mochila.
   Olhei pro lado e vi a cadeira vazia. Sim, o Fabio tinha faltado àquela aula. Olhei de lado para trás e vi Fabrício que estava meio que agarrado com a Marcela, uma das maiores pegadora do colégio. Ela fazia carinho nele e ele nela, até que cessou. Ele olhou para mim, no mesmo momento em que ela fechou os olhos e escondeu seu rosto entre os braços. Fez sinal de negação com a cabeça e abaixou o olhar. Eu suspirei e voltei a olhar para frente.
    O professor escrevia algo no quadro que só de olhar, me deixou desanimada em copiar. Tá, eu adorava copiar tudo que era escrito no quadro, mas naquele dia não estava muito afim nem de ter ido pro colégio.
  Apoiei minha mão na carteira e a outra batia com ás unhas, que já estavam imensas, na carteira.
  Era um dia tedioso.
 Quando bateu a hora da saída, eu abri um sorriso de satisfação. Guardei tudo rapidamente e esperei a Renata. Era a primeira vez que eu a esperava e não ao contrario como sempre ocorria, em dias normais. Aquele dia não era normal, não sei explicar, mas sentia que algo iria acontecer nas horas seguintes daquele dia que demorava a se terminar.
- Que cara é essa? Alguém morreu?
- Não é que não to me sentindo bem.
- Está passando mal?
- Nem. Amiga, me perdoe, mas vou para casa.  
- Tá, mas qualquer coisa, você me liga, promete?
- Pode ter certeza. – Falei começando andar apressadamente em sua frente.
- Ei! – Chamou. Eu virei meu rosto e ela murmurou:
- Me encontra hoje na praça perto de tua casa, ás 16 horas.
- Tá. – Respondi para depois sair correndo como se algo me esperasse do lado de fora.
   Quando cheguei em casa, o telefone tocava insistentemente, corri até o telefone da sala e atendi.
- Alo? – Comecei a falar.
- Thayná?
- Fabio?
- Sou eu gata.
- Por que faltou hoje, Fafá? – Chamei-o pelo apelido. É, eu estava bem carente.
- Ah gata, minha coroa não deixou, só por que acordei meio que frebril.
- Ain, Fafá, se tem que melhorar. Quer que eu vá para ai?
- Com certeza eu iria querer ver você aqui, se a velha não tivesse aqui. – Falou bufando.
- Entendi. Então. . . a gente se vê amanhã?
- É, tá beleza. Tchau linda. Eu te amo.
- Tchau, também fafa. – Falei.
   Depois coloquei o telefone no gancho e fiquei fitando por alguns segundos o telefone que estava em minha frente. Eu senti um calafrio estranho percorrer meu corpo. Algo iria acontecer e estava ansiosa por isso sem saber mesmo o que iria acontecer.
  Ás 16 em ponto, eu estava pronta para sair de casa. Deixei um recado para minha mãe, depois sai para ir encontrar com a Renata.
 Eu estacionei a minha bicicleta em uma das árvores e sentei no banco que tinha ao lado. Olhei em volta e notei que o tempo esfriava. Eu nem tinha trago casaco o que me fazia sentir calafrio todo o tempo. Eu me encolhi, cruzei meus braços e minhas pernas numa maneira de diminuir o frio que já aumentava cada minuto que passava. Eu me desliguei. Fiquei naquela posição e fitando o chão do parque.
- O que está fazendo aqui? – Escutei aquela voz que tanto conhecia. Levantei meu rosto e fitei aqueles olhos escuros, ônix se encontraram com os meus. Fiquei sem graça e desviei o olhar.
- A Renata me chamou aqui.
- Que estranho, ela também me chamou. - Falou sentando ao meu lado.
- Que estranho mesmo! – Exclamei já imaginando o que a Renata tinha planejado.
  Desde aquele dia, depois da balada eu não falava com ele. Mas mesmo assim, sempre nos encontrávamos e era o destino que estava contra mim.
- Eu não entendo.
- O que?
- Desde que comecei a namorar a Renata, ela sempre, de algum modo, bota você no meio e isso me deixa chateado.
- Deixa? – Perguntei um pouco triste com o que ele tinha acabado de falar.
- Sim, é que depois que você se afastou, eu fico mal de falar sobre você.
- Por quê?
- Você sabe o porquê. Eu queria que tudo fosse diferente.
- De que maneira?
- Por exemplo, de que você não tivesse nem começado a namorar o Fabio. – Falou mudando de assunto e nem percebeu isso.
- Qual é o teu problema com o Fabio?
- Todos. Você podia está com qualquer um, tinha que escolher logo esse mané?
- Por favor, já disse para não falar dele assim.
- Escuta Thayná, eu só quero te ver bem, não quero que volte a chorar por ele.
- Obrigada por se preocupar tanto comigo.
- Vamos mudar de assunto, não quero você irritada comigo e eu sei que se continuar dizendo que esse canalha, quer dizer, o Fabio não é o cara certo para você, não vai dá certo.
- Obrigada.
- De nada.
- E então, do que quer falar?
- Da sua mãe.
- Da minha mãe?
- É. Você não vê o quanto ela gosta de você?
- Ela tá nem aí para mim. Ela só pensa naquele homem que nos deixou.
- Não é verdade.
- Claro que é Dan, é horrível.
- Eu. . .
- Imagina vê alguém que você ama muito, sofrendo e não pode nem fazer nada? Já até tentou de tudo.
- Está acontecendo comigo! – Falou me fazendo virar meu rosto para encará-lo. Ele tinha me assustado com aquela resposta, provavelmente, estava falando de mim. Ele me olhou e então eu perguntei:
- Está falando de mim?
- Isso é algo obvio, né?
- Droga Daniel. Eu sou um estorvo na sua vida?
- Não, não foi isso que eu quis dizer.
- Eu vou embora. – Falei me levantando.
  Nessa hora, começou a relampear e depois a trovejar. Não liguei muito para isso. Fui até a árvore e peguei a bicicleta.
- Não, não vai, por favor. – Disse assim que me alcançou e ficou perto de mim.
  Começou a chover fortemente. Olhamos um pro outro e assentimos, mostrando que tinhamos pensado na mesma coisa. Decidimos achar um lugar seguro, seria melhor coisa a ser fazer e fizemos. Começamos a rir do nosso próprio azar quando achamos um banco que ficava de baixo de uma cobertura. Nós sentamos, olhamos uma para o outro e foi aí que notei o quanto nós nos molhamos procurando um lugar para se proteger. Ele me abraçou e eu correspondi. Há quanto tempo não sentia aquela pele tocando a minha. Eu não sabia se estava me arrepiando de frio ou se era por causa dele. Ele se soltou de leve daquele abraço, me fazendo sentir insegurança sem aqueles braços que antes estavam em torno de mim.
  Só Deus sabia o quanto eu gostava de ficar tão pertinho dele, de tocá-lo, de o vê sorrindo, enfim, de vê ele feliz. Fazia de tudo por ele, tudo.
- Toma. – Disse tirando o casaco e colocando em torno de mim.
- Oh! Não precisa Dan.
- Não discuta. – Disse me abraçando de lado. Eu sorri, olhei e murmurei:
- Obrigada.
- Conte sempre sua pentelha.
- É também te amo. – Falei mostrando a língua sem olha-lo.
- Nossa!
- O que? - Perguntei virando meu rosto para o lado dele. No mesmo instante eu me arrependi,
- Ér, nada. – Murmurou. Seu rosto estava tão perto do meu, que eu sentia sua respiração, meu coração começou a bater mais rápido. Era isso que eu estava prevendo. Eu sabia o que ia acontecer, há não ser que eu me afastasse. Pelo menos, mesmo sabendo que era errado, só iria saber como é beijá-lo.
A chuva foi algo que ajudou no clima para que algo á mais acontecesse. Olhamos-nos. Quando vi, eu fitava sua boca. Não durou muito tempo para que meus lábios roçassem no dele. Foi então que escutamos um trovejo que nos assustou com o barulho alto, parecendo ser bem forte e com isso a gente se afastou um do outro.
- Estou com medo, Daniel. – Murmurei assim que o agarrei de lado. Sim, eu o agarrei, estava com medo e ele estando ali, bem pertinho de mim, me sentia muito bem.
- Será que a Renata está bem? – Perguntou. Deu uma pausa e continuou:
- Só espero que ela esteja em casa. 
  Aquilo foi como um balde de água fria, afastei novamente e disse:
- Tenho que ir embora.
- Droga! Eu e-estraguei tudo. Desculpe, eu. . .
- Você não tem nada para desculpar.
- Mas sobre a Renata, é que. . .
- Ela é tua namorada, e é lógico que você iria se preocupar. – Disse o interrompendo.
- Ai ai. Vai ficar de manha mesmo?
- Não estou de manha. Eu apenas concordei com você.  Só que parece que essa chuva vai demorar a passar.
- Que nada. Espera um pouco comigo, vai? – Disse estendendo a mão para mim. Eu suspirei e segurei sua mão segundos depois. Voltei a sentar ao seu lado com insegurança em meu peito.
   Eu sentia que se eu olhasse em seus olhos, eu ia ficar mais insegura, mas céus,  quando ele me tocava, tudo sumia e isso era o mais me inebriava.
- Tenho saudades de ficar assim com você. – Disse beijando minha nuca. Eu me arrepiei, mais uma vez, completamente.
- Também. – Murmurei.
- Droga, por que você tem que ser tão cabeça dura?
- Você já devia ter se acostumado.
- Sabe de uma coisa?
- O que?
- Qual homem poderia te recusar?
- Muitos. Começando por você. – Falei o que veio em minha cabeça. Eu virei meu rosto para ele, ao mesmo tempo em que ele abaixou seu rosto. Voltamos a ficar bem pertinho um do outro.
- Não! – Disse o empurrando. Sai correndo e acabei me molhando mais ainda por causa da chuva.
  Quando estava aproximando-me da minha bicicleta, o senti puxando minha mão e ao mesmo tempo, escutei:
- Chega de interrupções! – Exclamou.
  Foi então que ele me beijou. Sim, ele me beijou! Eu quase que tive um treco naquele momento. Meu Deus, ele me beijou. E céus, que beijo! Não era beijo para se botar defeito. Aquele beijo foi o mais perfeito que já tinha tido na minha vida, até aquele momento.  Era um beijo doce, com um ritmo gostoso e lento. Nem o Fabio e nem o Fabrício, chegavam aos pés do beijo Daniel. Estávamos traindo tudo que pensávamos, ele com o amor e com a maneira de pensar, e eu. . .Bem. . .É com o mesmo, mas um amor diferente.
 Eu já tinha traído, sendo que sempre fui contra traição e agora, já era a segunda vez que beijava um, namorando com outro. Mas não pensei nisso naquele momento, eu só queria curti aquele beijo.
 Eu senti algo nos envolver naquele momento, era como uma magia de conto de fadas. Eu me senti tão boba por pensar assim, mas era com ele que queria ter algo e agora, naquele momento. Na época mais linda de minha vida. . .Eu tinha certeza.
 Eu parei de beijá-lo e o olhei nos olhos. Ele colocou sua mão em meu rosto e mostrou um sorriso leve sem seus lábios.
- Nossa, que beijo! – Exclamou sem expressão.
- Eu. . . – Eu estava feliz com o que ele falou, mas logo, antes que pronunciasse algo há mais do “eu”, ele me interrompeu, falando:
- Preciso ir. Tchau. – Falou friamente, saindo de perto de mim e me deixando ali.
  Eu fiquei ali, parada feito uma boboca, pensando se eu tinha feito algo de errado, já que ele que me agarrou e me beijou. A chuva me molhava sem parar e eu nada de despertar. Permaneci imóvel, durante um tempo indeterminado.
  Começou a trovejar novamente e eu acordei com o primeiro som assustado que surgiu. Eu caminhei até a bicicleta, subi nela e comecei a pedalar de volta para casa.
- É. A magia não durou nem 10 minutos. – Murmurei enquanto voltava para casa, com aquela chuva tenebrosa que aumentava cada vez mais.   



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Notas finais do capítulo

Está bom? Espero que sim. Comentem, por favor. Beijos! ;*



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