A tarde estava em seu ápice, o Sol reinava no céu e nenhuma nuvem ousara aparecer. Dentro de uma pequena casa, em um quarto escuro havia uma garota que desconhecia a beleza daquela tarde, porém a sua frente estava à única coisa que seus olhos sempre desejaram poder observar. Suas mãos tremiam e seu coração pulsava tão rápido que dificultava a respiração e em seu rosto carregado por uma expressão extasiada havia lágrimas de incredulidade. Levantou-se e em dois pequenos passos estava à frente daquele que criara em seus sonhos. Com movimentos cautelosos ergueu a mão em sua direção e tocou-lhe o rosto, querendo avaliar até onde aquela situação era real, ou até mesmo descobrir se estava insana a ponto de delirar. Seus lábios entreabertos deixaram escapar um murmuro incompreensível, mas de alguma forma estava clara sua fascinação. Aniel sorriu demonstrando estar tão encantado quanto a pequena a sua frente, que ao notar o sorriso passou a ponta dos dedos sobre os lábios do garoto, grata por seu sorriso também ser como havia imaginado. Que momento e tanto! O encontro de uma garota com a maior de suas fantasias. Seu Aniel, o dono dos abraços imaginários mais confortantes e dos olhos escuros que ela assemelhava a escuridão do céu ao anoitecer.
 Quando sentiu a mão quente envolver a sua, Agatha estremeceu e sem conseguir conter-se o abraçou, apertou-lhe contra seu corpo e chorou ainda incrédula pela forma que aquilo lhe parecia real. 
- Agatha, acalme-se. – Sussurrou, arrependendo-se ao notar que o choro só aumentara. 
- Como isto é possível? Estamos em meus sonhos, não é Aniel? Vou acordar mais uma vez e tê-lo somente em meus pensamentos. – Perguntou chorosa, enquanto fitava o garoto, que sorriu de forma gentil ao ouvi-la. 
- Não pense nisso agora, minha pequena. – Aconselhou, acariciando seu rosto, de maneira que secasse as lágrimas que ali estavam. – E se fores acordar não gostaria que levasse lembranças que envolvam muitas lágrimas. – Sorriu mais uma vez e num tom compreensivo e um pouco impaciente terminou. – Ande, sorria ou começarei a achar que minha presença não lhe faz bem e sabemos que isso é motivo para que eu parta.
- Não! – Exclamou e algo dentro dela doeu, como se apenas pensar no fim daquele momento lhe machucasse, mas ignorou essa dor incomoda ao sorrir pelas palavras que ele havia usado. – Você não me deixaria se tivesse escolhas, deixaria? – Perguntou num tom de voz receoso. Mesmo na escuridão pode notar um olhar zombeteiro, seguido por um sorriso cumplice que serviu como resposta, fazendo-a se acalmar. – Faz alguns dias desde o ultimo sonho... – Falou em sussurros, com palavras carregadas por certa tristeza e mesmo assim ele não havia abandonado o sorriso.
- E mesmo assim há muitas palavras despejadas em papéis por este quarto, não é? – Questionou, beijando-lhe a testa em seguida. – Senti falta de ti. 
- Sabes que também senti. Afinal você é o motivo dessas palavras todas que mencionastes e ainda mais... – Segurou a mão de Aniel, posicionando-a sobre seu peito, fazendo-o sentir seus batimentos cardíacos. – Você é o responsável por isso também. – Sorriu envergonhada. 
- Sinto-me honrado, mas nada se compara ao fato de você ser a responsável por minha existência. Aquelas palavras sou eu e aquelas palavras são suas assim como eu sou seu. – Disse com o tom de voz calmo, assim como sua expressão, mas não podia deixar de sorrir quando seus olhos a observavam.