Quem Conta Um Conto escrita por GabrielleBriant


Capítulo 3
Um Dia Antes - Manhã




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CAPÍTULO III

UM DIA ANTES – MANHÃ

Florência Smithers acordou um pouco mais tarde do que o combinado. Mas quem poderia culpá-la: era uma manhã de sábado, estava chovendo... tudo que ela queria era dormir um pouco! Contrariada, mas apressando-se, ela colocou um vestidinho qualquer e penteou os cabelos. Antes de sair do seu dormitório, deu uma olhada rápida no espelho.

Estava bom o suficiente, desde que era Severo Snape quem ela iria encontrar – e nunca, jamais, ela teria qualquer pretensão romântica com aquele sonserino.

Sim, ele era inteligente. Sim, ele era misterioso. Sim, ele tinha aquele ar de bruxo das trevas que deixava qualquer garota – ou seria apenas ela? – com as penas bambas. E, sim, ela já dera uma vez ou outra uma espiada nas calças dele, para tentar ver se ele era tudo que ela imaginava... Ainda assim, Severo Snape não passava de um sonserino arrogante que achava que não existia mais ninguém no mundo, exceto ele.

Bufando, ela saiu.

XxXxXxX

Apesar de alguns minutos depois da hora combinada, Severo Snape foi o primeiro a chegar à sala três das masmorras, mas não se surpreendeu com o atraso de Florência: surpresa seria se aquela patricinha chegasse na hora...

Como acertado com Slughorn, os ingredientes da poção estavam todos em cima da mesa, bem como meia dúzia de livros que explicavam os seus componentes e preparo.

Severo teve tempo de arrumar quase todos eles, de forma que ficasse mais fácil alcançá-los no tempo certo, antes que, finalmente, Florência adentrasse a sala.

E, por um instante, ele não acreditou em seus olhos...

Foi como se o tempo e o espaço não mais existissem. Como em câmera lenta, aquela maravilhosa loira vinha em sua direção... O vestido leve esvoaçava e em seus lábios carnudos e brilhantes um sorriso iluminava as suas feições perfeitas... O cheiro de jasmim que ela exalava confundia e inebriava os sentidos de Severo, e ele logo percebeu em seu rosto um sorriso ligeiramente abobalhado se formar, mas, estranhamente, não se importou. Enquanto ela se aproximava, os raios de sol iluminavam os seus cabelos, deixando-os dourados e tão brilhantes que quase chegava a ofuscá-lo. Raios de sol que, ao iluminar o seu rosto delicado...

Espere um pouco...

Snape piscou duas vezes, como se acordando de uma alucinação. Raios de sol? Eles estavam nas masmorras!

- O que foi? Nunca viu?

Ele franziu o cenho, olhando novamente para a garota. Agora sim ele via, como se tivesse acordado de um sonho, a Florência que conhecia: Aborrecida e carregando uma tonelada de livros. Nada de raios de sol, ou sorriso iluminado, ou vestidos esvoaçantes... Esvoaçantes? Eles estavam nas masmorras, por Merlin!

E, olhando para as suas mãos, Severo encontrou a explicação para as suas alucinações: ele segurava uma Rosa de Afrodite.

Ele abriu e fechou a boca, sinceramente encabulado por tê-la encarado.

- Então?

Ele engoliu.

- Erm... Você está atrasada, Smithers.

Ela bufou, jogando sobre a mesa dantes tão funcionalmente arrumada os pesados livros que trouxera consigo.

- Passei na biblioteca antes. Acho que estes livros vão ajudar.

Ele agradeceu silenciosamente.

- Então, podemos começar?

Snape pigarreou, colocou a flor de lado e começou a despir as luvas de dragão.

- Bem, essa é uma poção que serve, basicamente para dar sorte no amor.

- Mas traz azar na vida... irônico!

- Sim, irônico. Smithers, você sabe que levaremos todo o fim de semana para prepará-la, não sabe?

Florência suspirou.

- Sim, sei. E desculpe pela resistência a vir na hora do jogo. Sei que é a única forma de ganhar a competição.

Snape assentiu, começando a olhar para o livro.

- Temos primeiro que acrescentar...

XxXxXxX

A manhã inteira se passou numa entediante sessão de preparação de poções. Nada de muito extraordinário ocorreu: como não haviam precisado ainda usar os componentes mais perigosos da poção, passaram a manhã apenas concentrados e conversando o mínimo possível.

- Agora deixamos descansar por um tempo.

- Isso quer dizer que poderemos ir encontrar nossos amigos?

- Esteja de volta uma hora depois do almoço.

XxXxXxX

O sol já se punha, mas as preparações na sala três das masmorras ainda estavam longe de terminar.

Pela terceira vez naquele longo dia, a poção era deixada para descansar por uma hora inteira.

Florência suspirou, amarrando as longas mechas douradas e analisando Snape. Ele olhava concentradamente o livro, provavelmente estudando os próximos passos da poção – coisa que ela deveria estar fazendo também.

- Então... O que você está lendo?

- Você sabe.

- Mas você não leu isso pelo menos um zilhão de vezes?

Snape rolou os olhos e fechou o livro.

- Nós temos uma hora aqui, Smithers. O que mais devo fazer para passar o tempo?

- Ermm... conversar? – ela falou, como se explicasse para uma criança lerda uma coisa muito óbvia. – É isso que as pessoas normais fazem para passar o tempo, Snape.

- Vá em frente, então. Sou todo ouvidos.

A garota mordeu levemente o lábio, levantando-se e indo ao encontro de Snape. Sentou-se ao lado dele.

- Então... o que você gosta de fazer?

- Eu certamente não gosto de jogar conversa fora.

Ela crispou os lábios. Não desistiria tão facilmente – precisava de algo para distraí-la daquele tédio agonizante.

- Eu gosto de sair com os amigos. Mas não para o Três Vassouras! Todos os pirralhos de Hogwarts vão para o Três Vassouras!

Severo rolou os olhos.

- Cabeça de Javali, então?

Ela o encarou como se tivesse perguntado um absurdo.

- Claro que não! Aquele bar é, tipo, a Travessa do Tranco de Hogsmeade.

Snape deixou escapar um risinho abafado.

- Então a senhorita tem medo de bruxos das trevas.

- Bem, estamos em guerra, não é? Sabe-se lá o que bruxos das trevas podem fazer com uma meninota bonitinha como eu?

- Você não é sangue-ruim, Smithers. Não fariam nada contra você.

- Claro que fariam! Eu sou contra eles!

- Eles matam pessoas que realmente importam. Você, numa guerra, não serviria nem como objeto de resgate.

Florência desviou o olhar, confusa... aquilo foi uma crítica?

- De qualquer forma, Snape... posso te chamar de Severo?

- Não.

- Ok... – Ela respirou fundo. – De qualquer forma, Snape, você é um bruxo das trevas? Porque você certamente se parece com bruxo das trevas...

- Por que exatamente eu me pareço com um bruxo das trevas?

- Bem, você é todo sombrio...

- Trevas, nesse caso, não quer dizer sombrio, Smithers. A magia tem que ser sombria, e não a pessoa.

Ela assentiu. Fazia sentido.

- Então você não é um bruxo das trevas?

- Eu também não disse isso.

- Então você é?

- Isso também não saiu da minha boca...

- Você me confunde...

- Eu não esperaria outra coisa de você.

Mais uma vez, ela olhou para o lado, confusa. Aquilo foi outra crítica? Mais uma vez, respirou fundo e reuniu paciência.

- Eu, particularmente, odeio essa guerra.

- Menos liberdade para fazer compras, não é?

Ela abriu a boca para responder, mas logo a fechou. Mais uma crítica?

- Nossa, você não é muito bom em conversas amigáveis, não é?

- Você já iniciou a conversa perguntando se eu sou um bruxo das trevas, Smithers. Quem de nós não é muito amigável?

- Ok, desculpe-me. Fale sobre algo que você gosta.

Ele a olhou para responder... Mas, mais uma vez, foi como se o tempo ficasse suspenso.

Os grandes olhos azuis de Florência passaram a brilhar mais intensamente e os seus lábios partiram-se. Snape sentiu a boca ficar seca. O seu olhar desceu lentamente dos lábios para os seios da garota... os bicos projetavam-se duros pelo tecido.. ele nunca antes tinha notado-os tão fartos e suculentos...

Florência, no outro lado, sentia a mesma coisa. Nunca antes tinha visto o quão intenso era o olhar de Snape, o quão maravilhosa era a expressão dele quando parecia querer algo... Ela partiu os lábios sentindo a boca ficar seca, quando Snape olhou para a boca dela. Pensou que ele fosse beijá-la. Mas, quando inclinou o rosto para deixá-lo tomá-la num beijo desesperador, viu os olhos deles rumarem para os seus seios...

Droga!

Ela estava excitada! E os seus seios sempre denunciavam quando ela estava excitada!

- Erm... Snape?

Ele engoliu, voltando lentamente a olhar para o rosto da garota. Florência teve de se conter para não descer os seus olhos para o meio das pernas dele e...

- Hãnn...?

Ela, ainda com a boca seca, ainda quase implorando para que ele a tomasse em seus braços, arrancasse as suas roupas e...

Controle-se, Florência!

- Você... estava olhando os meus peitos.

Foi como se Snape tivesse recebido uma martelada na cabeça. Imediatamente desviando o olhar e acabando com o clima, ele pigarreou.

- Eu...

Florência abaixou o olhar com o coração palpitando. Respirou fundo várias vezes para tentar controlar a sensação gostosa, mas totalmente inapropriada, que tinha entre as pernas.

Severo, por sua vez, cruzou a perna, numa tentativa de esconder de Florência a situação constrangedora em que os seus hormônios lhe colocaram.

- Eu acho... que devemos esquecer isso que aconteceu aqui.

Snape assentiu rapidamente.

- Fingir que não houve nada! Concordo!

- Estávamos fora de si, certamente...

- Deve ter sido a poção!

- A fumaça da poção, com certeza...

- Então, por que você não vai descansar e...

- Claro! Descansar! Volto... mais tarde!

E, sem olhar uma só vez para ele e extremamente corada, Florência deixou a sala.

XxXxXxX


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