Quem Conta Um Conto escrita por GabrielleBriant


Capítulo 2
Dois Dias Antes




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CAPÍTULO II

DOIS DIAS ANTES

A reunião do Clube do Slugue não parecia estar muito interessante. Naquela noite, Horácio Slughorn decidira levar para que os alunos conhecessem uma vidente que tinha como especialidade as poções do amor.

A oratória, no entanto, não parecia ser o forte daquela adivinha: enquanto falava das suas poções, conseguia apenas uma atenção moderada das garotas, que, entre conversinhas e risinhos infantis, tentavam anotar algumas dicas de como enfeitiçar os seus paqueras mais difíceis... Os garotos, por outro lado, se entreolhavam entediados, esperando que o professor Slughorn tivesse boas observações para algo tão inútil quanto aquele tipo de poção.

A vidente havia acabado de dar toda a receita para uma das mais poderosas poções do amor conhecidas no mundo mágico. Slughorn, sorridente e aplaudindo sozinho encaminhou-se para perto dela, pronto para dar as suas explicações.

- Vejo que vocês ficaram bem animadas, não, meninas? Mas podem esquecer: essa poção é proibida! Não se pode fazer alguém lhe amar contra vontade, certo?

No fundo da sala, umas meninas cochicharam e deram risadinhas. Severo Snape olhou para trás, sinceramente incomodado e observou o grupo. Eram três garotas: uma cabeça-oca que apenas estava no clube por ser filha do Ministro da Magia; Lílian Evans; e ela... Florência Smithers, com os seus lindos cabelos dourados, penetrantes olhos azuis e seios de tirar o fôlego, era sonho de qualquer garoto de Hogwarts... menos dele.

Sim, ela era linda. Sim, ela era inteligente. Sim, ela era interessante. Sim, ele já tivera alguns sonhos não muito apropriados com ela. Mas, no fim, não passava de mais uma Grifinória mimada que achava que o mundo girava ao seu redor. Simplesmente a odiava. E sabia bem que era recíproco.

Lílian Evans, tentando segurar a riso causado pelos comentários das garotas, arrastou-se para o lado de Severo, numa desesperada tentativa de escutar sem interrupções o que Slughorn tinha a dizer.

- O pessoal estava conversando muito!

Severo crispou os lábios.

- Eu percebi. Poções do amor aparentemente fazem isso com as mulheres.

- Não comigo! – Lílian sorriu. – Se bem que, eu adorei a idéia que elas tiveram: se aquelas garotas cumprirem a promessa de dar uma boa dose de poção para o Potter, ele certamente largará do meu pé!

Snape deu um meio-sorriso, mas logo deixou de prestar atenção na ruiva. A sua atenção foi ganha pelo professor Slughorn, que começou:

- Vocês devem ter percebido algo de muito importante nessa poção, não?

A voz de Florência Smithers soou:

- Ela pode nos casar com um milionário!

A maior parte das meninas da sala soltou mais uma vez as suas risadinhas, enquanto Severo apenas rolava os olhos e respondia – ele esperava – corretamente:

- A preparação é muito parecida com a da Felix Felicis. Usam praticamente os mesmos ingredientes, trocando apenas extrato de raízes de mandrágoras por sumo de maçã de Eva; que é um produto proibido classe C, e o pó de chifre de unicórnio por espinho envenenados das roseiras de Afrodite.

Slughorn sorriu.

- Isso mesmo! Alguém já ouviu falar desses dois ingredientes citados por Severo?

Ninguém se manifestou. Naquele momento, até mesmo as meninas tinham os olhos cravados no professor.

Slughorn pegou uma fruta. À primeira vista, ela lembrava uma cereja muito grande. Mas, olhando mais atentamente, podia-se ver claramente que aquela era uma maçã pequena e muito vermelha e brilhante. Severo não sabia se era só ele, mas, de repente, sentiu uma vontade quase incontrolável de comê-la.

- Dá água na boca, eu sei! É por isso que se chama maçã de Eva: é quase impossível resistir a ela. Mas há um problema: essa maçã lhes expulsa do paraíso, também. Ela dá àqueles que a comem uma boa maré de azar. Por isso é um produto proibido classe C, como bem apontou Severo.

Guardando a maçã de Eva, Slughorn vestiu grossas luvas de dragão e pegou uma delicada rosa.

- Essa é a Rosa de Afrodite. Apenas é encontrada na Grécia, num campo magicamente escondido perto de onde ficava templo de Afrodite. É uma bela rosa e o seu perfume atrai os desavisados que se aproximam o suficiente dela, fazendo-os relembrar amores do passado ou presente. O problema ocorre quando esse desavisado está acompanhado de uma desavisada: o cheiro da rosa aumenta a libido deles à níveis astronômicos e, bem, vocês já são grandinhos o suficiente para imaginar o que acontece! – Slughorn fez uma pausa para limpar o suor de sua testa antes de continuar. – Os seus espinhos envenenados, por fim, ao furar a pele de alguém a faz se apaixonar perdida e irremediavelmente pela primeira pessoa que vir.

Ele pôs a rosa de volta numa caixa e fechou-a.

- Agora eu quero que vocês façam essa poção. Muito cuidado, no entanto, quando forem manejar esses dois ingredientes. E se lembrem: até mesmo a fumaça dessa poção é perigosa, e de maneira alguma deverá ser testada. Não quero ter problemas! Quando terminarem, tragam-na para mim. Vou contar como critério o tempo de preparo e a qualidade da poção. A dupla que obtiver mais pontos ganha um frasco de Felix Felicis cada.

Lílian ergueu a mão.

- Devo fazer dupla com o Severo?

Slughorn deu um sorriso nervoso.

- Não, Lílian, de jeito nenhum. O preparo também é bastante perigoso, e eu não quero nenhuma garota fazendo grupo com um garoto. – Slughorn pensou um pouco antes de acrescentar – Exceto você, Travis. É melhor que faça dupla com uma garota.

Lílian olhou ao seu redor, contando mentalmente as pessoas da sala.

- Não dará certo, professor – Lílian disse. – Sobrará um menino e uma menina.

O professor mordeu os lábios e, um tanto incerto, decidiu-se:

- De qualquer forma, Lílian, a sua dupla será Aubrey. E acho que não haverá problemas se eu juntar Severo e Florência...

XxXxXxX

Com a reunião finalizada, tudo o que Severo queria era ir ao seu dormitório e pensar sobre como sobreviveria os próximos dias com a presença infernal de Florência. Lílian, que ainda estava perto dele, sorriu solidariamente.

- Se serve de consolo, eu sei exatamente como você está se sentindo. Jamais ganharei essa competição se a única ajuda que terei será a de Aubrey. Você sabe, Severo, ela só está aqui por que é a filha do Ministro.

Snape crispou os lábios, assentido lentamente.

- Florência é tão estúpida que é capaz dela comer aquela maçã...

- Eu ouvi isso, Snape! – Severo virou-se, para ver que Florência estava bem atrás dele. Rolou os olhos, enquanto a garota cruzava os braços e Lílian se retirava. – Saiba que eu também não estou nada feliz de ter que fazer essa poção com você. Mas, se tem que ser assim, saiba que eu quero e vou ganhar essa competição. Espero que você pense o mesmo!

Mais uma vez, ele rolou os olhos.

- Amanhã logo pela manhã.

- Mas tem jogo de quadribol!

- Amanhã cedo, Smithers. Esteja na sala três das masmorras.

E, sem dizer mais nenhuma palavra, se retirou.

XxXxXxX


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