No Sumidouro do Espelho escrita por daghda


Capítulo 6
Capítulo 6




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_Mione, porque você me perguntou o que eu vi no espelho? Quero dizer, você já sabia o que eu ia ver, não sabia?

­_Não. Na verdade eu estava morrendo de medo do que você poderia ver.

_Você pirou? O que mais eu poderia ver?

_Ah! Rony, Sei lá, vai que você visse uma mulher mais bonita do que eu te beijando, vai que se visse solteiro novamente, sei lá, tive medo.

_O quê? É isso que você pensa de mim? Você duvida de mim, do meu amor por você? Como pode desconfiar de mim?

_Da mesma forma que você desconfiou uma vez que meu gato tinha assassinado seu rato traidor!

_Meu Deus, mas meu rato tinha realmente sumido, tinha uma marca de sangue no lençol, e de mais a mais como eu poderia adivinhar que o perebas era o Rabicho.... ah! Quer saber, você vai mesmo ficar lembrando de coisas do passado pra brigar comigo?

_Se ao menos você tivesse mudado, mas continua igualzinho naquela época. Se ao menos você me dissesse de vez em quando que me ama!!!

_Eu te amo

_Mas... o que?

_Isso mesmo, eu te amo, e você?

_Claro que eu te amo, sei idiota!

_Do que me chamou???

E ali estava, mais um briga orfeônica estabelecida entre os dois novamente. Ali estavam mais uma tonelada de ofensas (inofensivas, claro) desferidas contra o outro no lugar de azarações. Ali estava o celestial inferno que só eles, como mais ninguém no mundo sabiam criar em torno de si.

No fundo ambos estavam se regozijando por descobrir a dimensão do amor que tinham um pelo outro, e mais, estavam se deleitando, se divertindo com a briga que esquentava cada vez mais, em dois sentidos.

Eles sabiam, empiricamente, no que essa briga, como todas as que tiveram na vida, os iria levar, sabiam muito bem onde iriam parar.

Atacavam-se mas incrivelmente não se feriam, se ofendiam mas admiravelmente não se magoavam.

Estavam muito bem acostumados um com o outro, e com essas briguinhas triviais.

Durante a briga sentiram todos os sentimentos bons que poderiam sentir pelo outro: Amor, cumplicidade, confiança, segurança, lealdade, até saudade, uma espécie de saudade adiantada para o momento em que não estariam um do lado do outro, durante o horário de expediente, por exemplo.

E se amaram exatamente assim. Diferentes, divergentes, incongruentes, inacreditavelmente. Não quiseram que nada em suas vidas fosse diferente. Nada importava, nem eles mesmos, só o amor deles.

Deram-se por satisfeitos. Privilegiados por terem um ao outro e por terem a vida que tinham.

Pensaram em tudo quanto conquistaram e construíram juntos, lembraram dos dois filhos que tiveram, lembraram de Hogwarts, lembraram de suas vidas inteiras. E ainda assim perceberam que não eram duas vidas, mas uma apenas, vivida em dois corpos.

E abençoaram-se em meio às palavras rudes que proferiram, em meio a tudo que os fazia divergir.

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Meu Catavento tem dentro o vento escancarado do Arpoador

Teu Girassol tem de fora o escondido do engenho de dentro da flor

Eu sinto muita saudade Você é contemporânea

Eu penso em tudo quanto faço Você é tão espontânea

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