Seres da Noite escrita por GabrielleBriant


Capítulo 15
Grandes Transformações




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CAPÍTULO XV. GRANDES TRANSFORMAÇÕES

Mina suspirou, sentando-se na penteadeira do seu quarto. Em alguns momentos, Van Helsing entraria ali, trazendo consigo um vestido e exigindo que ela se fizesse bonita.

Lentamente, ela tirou os grandes óculos que cobria o seu rosto e se olhou demoradamente no espelho.

Não! Eu não quero!’

Mina sabia bem que o seu rosto não poderia ser considerado feio. Tampouco o seu corpo, que era esguio... Dessa forma, Mina provavelmente se encaixava nos padrões de beleza.

Mas era uma beleza que ela sempre fizera questão de esconder. Sempre preferiu ser reconhecida pela sua personalidade e inteligência... já existiam muitas mulheres que mais se portavam como cabides do que como seres-humanos nesse mundo. Ela não precisava ser mais uma.

Ainda assim, naquele momento, ela teria de se portar como um cabide para poder fazer o seu trabalho... E, de quebra, se encontrar com o maior vampiro de todos os tempos: o Conde Drácula.

Esse pensamento fez um arrepio cruzar a sua espinha.

A mera idéia de ter um encontro direto com aquele vampiro em particular a deixava a beira de um ataque de nervos. Mina tinha medo de vampiros, isso não era segredo para ninguém... Era no mínimo óbvia a sua relutância a participar desse encontro. E não a deixava nem um pouco mais confortável a idéia de que teria de se embelezar para fazer o papel de isca...

Duas leves batidas na porta a despertaram de seus pensamentos. Van Helsing entrava em seu quarto com um longo vestido vermelho dobrado em suas mãos.

- Vista isso, solte esse cabelo e, pelo amor de Deus, coloque um pouco de maquiagem. Eu sei que você não é a sua mãe, mas é o melhor que temos.

Sem mais palavras, ele colocou o vestido sobre a cama e saiu.

Mina quase sentiu vontade de chorar.

Com um longo suspiro, ela desfez o desajeitado coque. Seus cabelos lisos e acobreados caíram-lhe até um pouco abaixo dos ombros, emoldurado-lhe o rosto de uma maneira que, sim, o deixava bem mais bonito.

Passou nos lábios um batom avermelhado – e isso era o máximo que conseguiria fazer, pois nunca se interessou em aprender a se maquiar.

Lentamente, Mina se levantou, despiu-se e colocou o vestido.

Suspirou mais uma vez, vendo o vestido colar em seu corpo miúdo e revelá-lo. Por sorte, o decote não ficava nos seus seios – eles não eram grandes o suficiente para preencher um decote muito avantajado. No entanto, ao virar de costas, ela percebeu quão indiscreto era o decote atrás do vestido, deixando as suas costas totalmente nuas. A fenda que tinha nas pernas, graças a Deus, era discreta, revelando apenas, ao andar, suas canelas e os pés, postos numa delicada sandália negra de salto fino.

Brincos de brilhantes completavam o visual.

Mais uma vez, Mina se olhou no espelho da penteadeira. Sim, ela estava bonita. Na verdade, nunca se parecera tanto com a mãe.

Uma pena que não estava se sentindo bem.

XxXxXxX

Van Helsing e Snape esperavam Mina sair de quarto com certa ansiedade. Nenhum dos dois tinha certeza sobre como ela estaria quando finalmente aparecesse bem vestida... Mas a imagem que eles viram deixar o quarto certamente excedeu as suas expectativas.

Van Helsing, no entanto, foi o único a demonstrar a surpresa: Ao ver Mina, ele ficou lívido, boquiaberto. Antes que pudesse controlá-las, as palavras escaparam pelos seus lábios.

- Você está tão parecida com a sua mãe.

Mina crispou os lábios.

- Mamãe era loira. E ela jamais usaria um vestido assim. E a propósito, não existe a menor possibilidade de eu vestir isso aqui! Não tem pano nas costas!

Van Helsing se aproximou um pouco dela, sorrindo de uma maneira que poucas vezes Mina tinha visto.

- É necessário, Mina. Acredite, o vestido ficou bom. E você, mais do que ninguém, sabe que Drácula não fica muito amigável quando não esta na presença de uma mulher. Especialmente se eu estiver visitando-o.

Ela suspirou.

- Anos! Eu passo anos e anos me esforçando para ser reconhecida pela minha inteligência e pelo meu trabalho, e a única forma de eu entrar em contato com alguém que eu não quero ver, é colocar um vestido nada comportado e usar a beleza que eu não tenho!

- Você tem.

Por um momento, Mina pensou que tais palavras tivessem vindo de Snape... Mas, não. Ele jamais diria algo assim. Foi então que ela percebeu que aquela voz vinha do homem que já há algum tempo estivera parado na porta, observando o trio.

O vice-diretor Slughorn.

Com o seu costumeiro sorriso, ele disse:

- Vocês vão aonde?

Snape falou pela primeira vez desde que Mina tinha aparecido com o vestido:

- Falar com o Conde Drácula. Não dá pra adiar esse encontro... o vampiro deve estar perto, e eu temo que ele possa atacar Hogwarts.

Horácio sorriu, nervoso.

- Mas não há possibilidades disso acontecer, há? Quer dizer, o castelo é seguro.

Snape deu de ombros.

- Quem sabe? Ao que parece, esse vampiro gosta de sangue-fresco. E aqui ele pode encontrar muito. Nós já vamos, Horácio.

XxXxXxX

- Pessoal, eu não quero apressar vocês, mas nós só temos mais meia hora!

Os dois homens olharam para Mina que, cansada de andar de salto fino pela areia da floresta proibida, parou.

Severo disse.

- Eu adoraria aparatar, mas o nosso amigo Van Helsing tem medo de mágica, ao que parece.

- Eu não tenho medo! – Van Helsing bradou. – Eu apenas não gosto de ser guiado por coisas que eu não entendo e nem posso fazer!

- Trouxa!

- Aberração!

Mina bufou.

- Isso não está ajudando... O Conde disse que nos espera às onze horas em ponto! O que quer dizer que ele não tolerará um atraso – ela olhou pra Van Helsing, cansada. – Por favor! Se você não quiser aparatar com ele, você aparata comigo! Nós vamos direto pra o Centro de Vampirologia, e lá nos pegamos uma chave de portal internacional!

Ele olhou de Mina para Severo.

E suspirou.

- Muito bem, eu vou.

XxXxXxX

Após pegar a chave de portal no centro de vampirologia, Mina, Severo e Van Helsing finalmente chegam à porta do castelo de Drácula.

Mina olhou no relógio, com satisfação.

- Ainda temos um minuto.

Van Helsing bufou e bateu três vezes com a pesada aldrava de ferro da porta de madeira.

Com um rangido sinistro, ela se abriu. Atrás dela um mordomo velho, magro e extremamente pálido, com enormes olheiras e olhar cansado dava as boas-vindas aos convidados.

Ele examinou Mina dos pés a cabeça, e disse:

- Admirável pontualidade – forte sotaque inglês. – Por favor, me acompanhem.

O castelo era imenso, ricamente decorado, e completamente escuro.

Na medida em que eles caminhavam, tochas de fogo se acendiam, iluminando tão-somente o seu caminho, e dando à Mina a nítida sensação de estar participando de uma cena de filme de terror.

O mordomo dizia:

- Eu trabalho para o Conde há muito tempo. Ele mesmo me deu o abraço, há oitocentos e trinta e sete anos, exatamente. Sou um dos seus primeiro empregados, e tenho orgulho de dizer que presenciei a época de ouro do meu Conde. Os dias de hoje são uma vergonha na história dos vampiros, ele compartilha dessa opinião. Antigamente, éramos mais temidos e respeitados.

“Eu conheci os mais famosos e temidos vampiros de todos os tempos. Lembro como se fosse ontem, por exemplo, quando Scarlet Leigh adentrou este castelo, para ser uma das noivas do Conde. Estava perdida, coitada, e eu me tornei um dos melhores amigos dela. Eu a ajudei a se tornar uma das mais cruéis vampiras da história, exercia uma grande influência sobre ela. Isso aconteceu há quatrocentos e dezessete anos. Também posso me lembrar das ilustres visitas da ilustre Elizabeth Bathory – húngara, mas morou com o meu Senhor por um tempo –, Ivan, o Terrível, e de Vlad Tepes.”

Uma fina escada agora estava para ser subida pelos visitantes.

Às margens da escada, belas mulheres nuas choravam uma lamúria fina, enquanto estendiam as mãos para os visitantes, como se quisessem ser salvas. Um balé funesto, que assustou todos os visitantes.

O mordomo continuou.

- Ignorem essas mulheres. São as noivas que o meu Amo desprezou... Elas não conseguiram se desprender do castelo e aqui continuam. São apaixonadas pelo Conde e o querem de volta, por isso ficam aqui, se lamuriando. Elas são confinadas à esse espaço por uma questão puramente estética, mas podem deixar o castelo a hora em que quiserem.

Uma grande porta, que levou a mais um aposento escuro.

O mordomo parou.

- Eu fico aqui. O Conde os encontrará lá dentro.

Van Helsing foi o primeiro a atravessar a porta, seguido imediatamente por Snape. Por último, uma muito relutante Mina.

Com um baque ensurdecedor, a porta atrás deles se fechou – Mina quase pulou de susto, enquanto os dois homens permaneceram inalterados.

A sala ficou em completo breu por um momento, até que, de uma só vez, dezenas de tochas se acenderam em total sincronia, fazendo um barulho não muito agradável.

Severo se esquivou com a claridade.

O salão era gigantesco, mas quase nada era visto nele. As paredes de pedra nua traziam alguns quadros e, no chão, um enorme tapete vinho levava a um trono.

E, imponentemente sentado nele, estava o Conde Drácula.

Lentamente, o homem alto de porte atlético que trajava somente negro foi se aproximando do pequeno grupo de pessoas. Mina prendeu a respiração – alguns vampiros são naturalmente atraentes, mas ele certamente estava bem acima da média.

Enquanto Van Helsing ficou tenso ao encontrar o seu velho inimigo e Snape continuava com aquele rosto um tanto inexpressivo, Mina simplesmente não conseguia tirar os olhos da figura masculina.

Drácula era um homem alto e musculoso. Apesar da longa idade, aparentaria ter por volta de quarenta anos, se fosse mortal. Os longos cabelos negros moldavam o seu rosto e contrastavam com a sua palidez quase aristocrática. Os olhos negros se cravaram aos de Mina.

O coração dela acelerou e o seu rosto corou.

Tão levemente quanto uma carícia, ele segurou a mão dela e levou até os seus lábios, parando antes de encostar.

- Você deve ser Mina Stoker. A senhorita é muito bem vinda.

Ela não conseguiu segurar uma risadinha sem graça.

Soltando a sua mão, ele se virou para Van Helsing.

- Gabriel. Já faz muito tempo desde o nosso último encontro. Espero que não tenha vindo para me matar, dessa vez?

Van Helsing não respondeu, executando o Conde com o olhar.

Por fim, ele virou-se para Severo.

- E você... quem diria, meus amigos vieram acompanhados de um vampiro!

XxXxXxX


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