Seres da Noite escrita por GabrielleBriant


Capítulo 14
Longa Noite... e Muito Longo Dia




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CAPÍTULO XIV. LONGA NOITE... E MUITO LONGO DIA

Se o que a incomodava mais era estar indo ao encontro do vampiro mais temido de todos os tempos ou ter de mudar de visual para conseguir isso, ela não sabia. Mas que ela não estava nem um pouquinho feliz com a situação, ah, isso ela não estava!

Mina tirou os seus óculos e passou a mão pelo rosto.

Olhou-se no espelho.

De fato, era bem parecida com a mãe, muito embora jamais fosse ter um terço da beleza que esta possuía em vida.

Bufando, ela se levantou rapidamente da sua penteadeira. Imediatamente a sua vista escureceu e ela sentiu uma tontura tão grande que pensou que fosse desmaiar. Segurou-se na parede e levou uma mão à testa, respirando fundo e esperando que aquele mal-estar passasse.

Tão logo se sentiu um pouco melhor, lembrou que Madame Pomfrey lhe havia receitado algumas poções fortificantes. Talvez elas ajudassem.

Ainda se apoiando na parede, Mina encaminhou-se para um cabide que ficava perto da porta do seu quarto. Lá estava pendurado o blazer que usara naquela tarde. Dentro do bolso, encontrou o pedaço de pergaminho.

Mas aquilo não era uma receita.

Na verdade, era um bilhete... Um bilhete marcando um encontro.

Sentindo o coração falhar, Mina viu todo o mal-estar ser substituído por um sentimento diferente: medo. Sem pensar duas vezes, encaminhou-se para o quarto de Snape.

XxXxXxX

As noites eram mais longas quando não se tinha a necessidade de dormir...

Quando as poções não funcionavam, porque o seu corpo não mais tinha vida...

Quando a escuridão apenas o deixava mais desperto...

Ele suspirou, tentando fechar os olhos e descansar. Mas batidas insistentes na porta logo o fizeram levantar.

Pronto para expulsar o inconveniente que vinha lhe incomodar àquela hora, Snape escancarou a porta. Mas o seu semblante irritadiço logo se desmontou quando viu que era Mina quem estava lá.

- Srta. Stoker?

Mina suspirou, empurrando Snape levemente para o lado e invadindo o quarto.

- Isso estava em meu bolso.

Snape ergueu uma sobrancelha.

- Sim. São as poções que Pomfrey lhe receitou. E daí?

- Isso não é apenas uma receita, Senhor Snape. É um bilhete. Um bilhete onde o senhor marca um encontro com Madame Rosmerta, exatamente no dia em que ela desapareceu.

Finalmente, o semblante dele ficou preocupado. Deu um passo em direção de Mina e, com a voz muito mais mansa que de costume, tentou desculpar-se.

- Não é o que parece.

- Como eu posso ignorar essa evidência, Senhor Snape?

As mãos grandes tocaram levemente os ombros dela.

- Você disse mais cedo que confiava em mim.

- Meu coração confia em você. – Snape se sentiu aquecer com estas palavras. – Mas a minha mente... Esse pedaço de pergaminho é suficiente para lhe pôr em Azkaban. Isso lhe põe como o seqüestrador de Rosmerta. ‘Ele era alto e vestia-se de negro; parecia não querer ser identificado’, não foi isso que a nossa testemunha disse? Combina bastante com você.

- Isso é porque era eu.

Mina parou de respirar por um momento. Colocou a mão sobre a boca, chocada.

- Você...?

- Mas eu não a matei. – Snape caminhou cambaleante até uma cadeira e despencou nela. Começou a explicar. – Desde que me tornei vampiro, tenho dificuldade para controlar certas... necessidades. Rosmerta foi a maneira que eu encontrei para não atacar nenhuma das sétimo-anistas que sempre me aparecem aqui com pouca roupa. Eu tinha um caso com ela. Marquei um encontro e era eu quem conversava com ela; eu sou o homem da descrição.

- Então você...?

- Não, Srta. Stoker. Eu tomei alguns drinks com Rosmerta e fui com ela para os fundos do bar, sim. Quando terminei... Você sabe, quando tudo terminou, eu voltei para o castelo. Deixei-a lá, viva e bem.

Ela baixou o seu olhar. O coração batia tão forte que era um barulho quase ensurdecedor para Snape.

- Eu... eu tenho que pensar sobre isso.

E, sem mais, saiu.

XxXxXxX

- Stoker! Mina!

Na tarde seguinte, Van Helsing entrava na sala escura das masmorras, interrompendo a conversa amigável que Deus sabe como Mina Stoker estava conseguindo manter com Severo Snape.

A bizarra mulher levantou o rosto que, há pouco, estava grudado num papel aonde minúsculas letras podiam ser vistas.

- O que você está fazendo?

Stoker se levantou, estendendo o pedaço de pergaminho para o homem a sua frente.

- A carta para o Conde Drácula. Estou solicitando uma visita amigável para eu, você e o Senhor Snape.

Ele assentiu.

- Você manda hoje?

- Eu mando agora, na verdade. Ela já está pronta. E espero a resposta para logo.

Van Helsing crispou os lábios, aproximando-se mais um centímetro de Mina, e dizendo, em tom sombrio.

- Pois é bom que seja marcado logo. Animais, na floresta proibida, foram encontrados mortos. Duas marcas de dentes, e nenhum sangue.

Mina olhou dele para Severo, adiantando-se, então, para a porta.

- Eu vou dar uma olhada na floresta. Senhor Snape, você poderia enviar a carta, por favor.

Ele apenas assentiu e a viu deixar a sala.

Os dois homens que ficaram trocaram olhares odiosos assim que a porta se fechou.

Severo cruzou os braços, enquanto se recostava mais à cadeira, tentando parecer relaxado.

- Van Helsing – cumprimentou.

Van Helsing deu um passo à frente, sentando-se numa mesa onde vários ingredientes de poções estavam expostos.

- Snape. Decidiu aparecer? Parece mais bem-disposto... Andou se alimentando?

O olhar de Severo ficou mais gelado... e em nada afetou o seu oponente.

- De fato. Quando não se pode descansar, alimentação é a única coisa que repõe energias.

- Já ouvi vampiros falando assim...

Um infame sorriso se formou no lábio de Snape.

- Aposto que sim, afinal, você lida com muitos deles.

- E estou lidando com um nesse momento – Severo ergueu uma sobrancelha. – Nesse caso, que estamos investigando.

Ele assentiu, lentamente.

- Nesse caso que estamos investigando.

Os dois se olharam num minuto tenso de silêncio, quando Van Helsing finalmente falou:

- Eu vou lhe matar, Snape. E nada mais vai me dar tamanha satisfação. Se eu flagrar o que todos já sabem, te matarei.

E saiu do quarto, deixando um Snape mais preocupado do que queria demonstrar.

XxXxXxX

A noite tinha caído, mas as preocupações daquele nefasto dia ainda estavam longe de serem tiradas das cabeças dos adultos daquele castelo.

Não foram um ou dois animais que apareceram mortos na floresta proibida: foram dezenas.

Mina ajudava a empilhar o último corpo – de um pequeno esquilo –, quando Severo apareceu para se juntar ao grupo.

- Então?

Mina suspirou, limpando o suor que respingava a sua testa.

- Trinta e dois animais. Dois deles, de grande porte... O nosso amigo estava faminto.

- Ou forte o suficiente para caçar – Van Helsing completou.

- É certo que foi ele?

Mina assentiu.

- Não vou fazer as poções, porque as vítimas não são humanas... mas pela forma da mordida, circunferência da incisão e profundidade, é ele mesmo.

Snape se aproximou, certificando-se de manter a sua voz baixa o suficiente para Van Helsing não ouvi-lo.

- Você ainda confia em mim?

Mina suspirou.

- Sim.

Ele deu um meio sorriso.

- Eu queria lhe dizer---

Mas ele jamais disse. O piar de uma coruja o fez calar.

Mina virou-se para ver a sua coruja se aproximar.

Em sua pata esquerda, ela viu um pequeno pedaço de pergaminho, que continha apenas as seguintes palavras:

O Conde Drácula os receberá às onze da noite pontualmente.”

Consultou um pequeno relógio de bolso que tinha sido presente do seu pai.

Mordeu o lábio, olhando para Severo.

- Nós temos quatro horas para nos arrumarmos e chegarmos ao castelo de Drácula, na Transilvânia.

XxXxXxX


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