The First Tale escrita por Nicholasthebard


Capítulo 8
Capítulo 7 The Golden Warriors-1


Notas iniciais do capítulo

Segue a primeira parte do final da minha primeira fic! Espero que gostem!



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Estávamos todos livres e armados. Acompanhados de Leo, irmão mais novo de Elliot.

- Eu consegui captar alguma coisa do plano deles... – falei.

Todos me olhavam. Arghen, mais determinada e confiante estava com seu arco em mãos e a aljava com flechas presa nas costas por uma fita, me acompanhava com o olhar. Elliot aprumava a mochila nos ombros e nosso novo aliado, Leo, estava sentado ao pé da escada com seu grande Grimório vermelho sobre a cabeça e seu cãozinho, Alpha, no colo.

- Eles precisam de um pergaminho – comecei – sem o pergaminho eles não conseguirão enfeitiçar Findan para sempre. Aquele homem que veio aqui, ele provavelmente não conhece a magia de permanência, por isso mandou que buscassem um pergaminho mágico nas Cidades Douradas.

- Como assim? – perguntou Elliot – Não é só aquele homem fazer uma mágica e pronto?

- Não, Não. Você não prestou atenção às aulas, manão? – falou Leo sem pretensão, seu tom era amigável e gentil com o irmão – Magos só sabem fazer as magias que estão escritas em seus livros. Quando queremos realizar um efeito que não esteja em nossos Grimórios precisamos de outras ferramentas, como os pergaminhos mágicos, por exemplo. Esses pergaminhos são itens onde outro mago ou feiticeiro escreve a magia que você não sabe fazer, a única diferença é que são caros, difíceis de conseguir e demoram muito mais para se preparar. 

Arghen e eu permanecemos calados diante da explicação do garoto. Elliot concordava e acenava com a cabeça como se fosse habitual que recebesse aulas do garotinho.

- É exatamente isso! – falei – Temos que encontrar esse pergaminho e destruí-lo!

- Mas e se houverem mais? Mais desses pergaminhos? – perguntou Arghen aflita.

- Não se preocupe – adiantou-se Leo a explicar – é extremamente difícil encontrar alguém capaz de conjurar a magia de permanência, achar um pergaminho com ela e dez vezes pior!

- E aqueles caras? O velho maldito e os três esquisitos? – não pude deixar de imaginar uma banda com esse nome depois que Elliot falou.

- É sim, também. Acredito que teremos de derrotá-los para chegar até o pergaminho. Aquela moça que nos iludiu deve ser um deles, reconheci a voz.

- Sim! O homem que me imobilizou também tinha uma voz familiar – disse Arghen.

- Tem aquela criança também! – exclamou Elliot – Acho que foi quem nos colocou pra dormir!

- Engraçado... – falou Leo – parece que vocês estão falando dos Guerreiros Dourados.

- O que? Quem são? – perguntei.

- São cinco Guerreiros especialistas nas Artes Douradas: Ilusionismo, A Lâmina Dourada e O Poder do Sol. Eles aprendem as técnicas mais antigas de magia e combate que o povo das Cidades Douradas conhece. Eu não sei bem quem são, mas dizem que um deles pode criar ilusões tão poderosas que podem enganar todos os sentidos!

- Sim, devem ser eles! As ilusões daquela garota com certeza eram poderosas! Mas por que só tem três aqui?

-Bem, eles são a guarda especial do Rei. Provavelmente um ficou na cidade. E eu ouvi falar que o outro deles está perdido há alguns anos.

- De qualquer forma teremos que lutar contra os três! – falou Elliot.

- É – comecei – pelo jeito teremos sim. Arghen você tem alguma ideia de onde eles possam estar?

- Na Árvore Maior, eu acho... – respondeu a elfa.

- Acredito que não – interrompeu Leo – eu os vi em uma daquelas grandes barracas brancas. Acho que lá é uma espécie de QG deles.

- Então temos que correr! – falei fazendo sinal para que todos se movessem, já me dirigindo até a luz que vinha de fora, Leo logo atrás.

- Ei! Esperem – falou Elliot – esse é o plano? É só isso?

- Tem alguma ideia melhor? – perguntou a elfa seguindo até a saída.

- É... Não! – disse sendo o último a atravessar o buraco, logo atrás de Arghen.

Provavelmente nossos inimigos achavam que um único guarda no interior da prisão fosse o suficiente para nos segurar, pois não encontramos mais nenhum do lado de fora. Talvez uma proeza de Leo que, ao chegar, encontrava-se um tanto alterado já que mais tarde encontramos oito corpos inconscientes de guardas “Dourados” e elfos enfeitiçados caídos perto da prisão.

Longe da nossa árvore cela não havia muito movimento. Todos os guardas vigiavam o exterior da Tribo e os civis continuavam a ignorar nossa presença.

Avançamos guiados por Leo em meio às grandes árvores e barracas espalhadas por todos os lados. Certo momento fomos surpreendidos por um par de guardas das Cidades Douradas que vigiavam o perímetro, mas Leo nos salvou usando uma peculiar variação da minha magia sonífera que no lugar de música usava fumaça para atingir o alvo.

Em pouco tempo chegamos a uma clareira que era estranhamente fechada por árvores e, onde, no centro estava a maior árvore de todas. Era extremamente grande, tinha no mínimo uns vinte metros de diâmetro. Ela subia infinitamente, até onde as copas das árvores adjacentes a cobriam, na sua base havia um buraco que levava a uma escada entalhada na madeira da própria árvore. Com mais alguns segundos de observação pude notar que a vegetação ao redor dela era magicamente mais verde.

- Essa é a Árvore Maior – falou Arghen – é onde minha família mora.

- E é onde ficarão! – falou a voz conhecida de uma mulher.

As cinco borboletas surgiram de repente de um ponto logo na entrada da grande árvore e, a partir daquele lugar, apareceu a figura de uma linda jovem de lábios rosados. O ar ao redor da moça parecia perturbado e a cada vez que uma borboleta o atravessava as imagens se misturavam, criando um rastro multicolorido.

- Certo, podemos parar com esse negócio de ilusões? – reclamou Elliot.

Antes que qualquer um tivesse tempo para responder senti um forte jato de ar cortar o meu rosto e vi uma flecha voar. Segundos depois a jovem a nossa frente gritava e Arghen se dirigia a nós:

- Não podemos perder tempo. Sabemos que se há alguém aqui que pode derrotá-la, sou eu. Vão e salvem meu pai!

- Ei? Não! Não Arghen, eu não vou deixar você sozinha aqui! – exclamou Elliot enquanto eu o impedia de correr até a amiga.

- Ela tem razão Elliot! – falei – ela vai ficar bem, vamos! Temos que ajudar Findan!

            Elliot reclamava enquanto seguíamos Leo pelo caminho que ele indicava, contornando a Árvore Maior. O garoto despejava toda sua indignação em mim, por termos deixado Arghen para trás, mas eu não prestava atenção, minha mente estava em outro lugar, literalmente.

            Posso explicar isso com as mesmas palavras que descrevo a magia que faz de mim o melhor bardo de Faelti. Uma criação minha, um de meus orgulhos e, quase sempre, uma salvação.

            Completam-se seus requisitos presenteando-se o alvo com um item de minha fabricação, o que leva tempo e consome quase todo o meu poder durante o preparo. Depois disso basta dizer as palavras mágicas e pronto: tenho minha mente conectada com quem estiver usando o colar. Você pode se perguntar se eu tenho acesso a mente do alvo, bem sim, mas nunca seus segredos e intimidades mais profundos. Apenas os cinco sentidos e as memórias mais recentes, apenas para saber o que se passa com ele enquanto a magia está ativa para que, assim, eu possa contar minhas histórias adicionando detalhes que nenhum outro trovador jamais conseguiria!        

            - Anima Conex! – murmurei. Imediatamente vi a moça loira de lábios rosados na minha frente. Em seguida as seguintes palavras ecoaram na minha cabeça “Espero que fiquem bem...”.

            - Muito corajoso de sua parte tentar me combater sozinha elfa, – falou a jovem ilusionista cobrindo o ferimento feito pela seta de Arghen no ombro esquerdo – mas será em vão! Eu não estou sozinha também, logo seus amigos terão o mesmo destino que você.

            - Então você se esquivou da minha flecha? – falou a elfa ignorando as palavras da moça.

            - A sim, não podemos negar, afinal você é a filha de um líder, não é? Então acredito que como duas nobres não iremos nos esquecer dos bons modos: meu nome é Millian Lemael, filha do Rei Mael das Cidades Douradas e discípula de Ollus Carvil, muito prazer.

            - Arghen Liamne, Filha da Floresta e eterna discípula da Natureza! – falou a elfa firme, sem tirar o alvo da mira.

            - Ótimo! Vamos fazer um jogo então! Olhe – falou, indicando as borboletas – cada uma dessas cinco borboletas representa um dos seus sentidos, eu irei manipular um de cada vez e, assim, dificultar os níveis das minhas ilusões. É bom você me derrotar rápido, certo? – as borboletas se agitaram e uma delas pousou no indicador estendido da jovem – primeiro – falou enquanto aproximava sua boca do inseto dourado – visão! – e então ela sumiu no instante que beijou a borboleta.

“Tenho quatro flechas ácidas e vinte e duas normais” pensou Arghen “Preciso poupá-las, do contrário não me restarão para derrotar aquele maldito que enfeitiçou meu pai!”. Em seguida o barulho de folhas se mexendo despertaram a elfa de seu raciocínio.

Arghen olhou para todas as direções a procura do ponto onde as folhas haviam sido reviradas, mas não era necessário saber, ela sentia a inimiga. Puxou o cordão do arco o máximo e disparou.

            A flecha voou até o nada, segundos depois foi possível ouvir Millian se esquivando, saltando para a direção oposta. Crente de que sua posição havia sido entregue apenas pelo som que seus passos faziam. Arghen não lhe deu chances, segui atirando, criando um rastro de três setas no chão, que haviam sido evitados por uma serie de saltos que a jovem desferiu, às risadas.

            - Está fácil não? – falou a voz da moça – Que tal assim: Audição!

            Arghen não ouvia mais nada. Apenas o som de seus pensamentos, mas mesmo assim sabia onde a inimiga estava então desdenhou:

            - Eu imagino o quão assustador vai ser quando você manipular meu paladar. Quem sabe você me faça sentir o “gosto da derrota”- falou armando o arco com duas flechas de uma vez -, pois vai ser a única forma de me fazer senti-lo! – disparou.

            As setas voaram. Uma para o exato lugar onde a Ilusionista estava, e a segunda para o ponto onde ela havia se esquivado, pois logo que ela evadiu Arghen sentiu o ar se deslocando, junto com o agradável cheiro de flores que a moça carregava. Em seguida, com um pequeno fio de sangue escorrendo pelo rosto, Millian disse:

            - Hum, parece que o “bichinho da floresta” tem ótimo olfato! Ou será o tato? Me diga, foi o vento, ou o meu perfume? – provavelmente ela restituía a audição de Arghen enquanto falava – Vejamos, que tal: Olfato!

            Arghen não deu sinal de vacilo, mesmo quando a inimiga não apenas ocultava seus rastros com ilusões, ela os alterava. Diversas vezes Arghen viu a imagem da moça saltar, de um lugar para o outro, acompanhada pelo seu perfume e todos os sons que poderia fazer. Mesmo assim o ar se deslocava em um lugar apenas e era lá que a elfa mirava suas flechas.

            Arghen mirava e disparava sem hesitação, mas por mais óbvia que fosse, para ela, a localização de Millian ela não a acertava. Os reflexos da jovem eram ótimos e as imagens e sons criados por ela com certeza confundiam a elfa. Arghen nunca precisou usar sua empatia com a floresta para lutar, sempre pode contar com seus sentidos de caçadora.

            A imagem da inimiga saltava de um lado para o outro. Do lado oposto os sons de sés passos ecoavam, mais adiante o odor de se perfume voava pelo ar e, de todos os lados, as risadas da inimiga atordoavam a elfa.

            - Você é boa, tenho que admitir – falou a voz de Millian – me perseguindo só pelo deslocamento de ar. Veja todas essas flechas – e de repente o cenário estremeceu e a nova imagem trouxe a realidade – acho que você está ficando sem munição!

            - Mas o que? – exclamou Arghen – quando foi que eu...?

            Arghen verificou sua aljava e notou a escassez de munição, todas disparadas tão freneticamente pela elfa que ela nem se deu conta. Restavam apenas quatro setas envenenadas e duas comuns. As flechas de Arghen estavam espalhadas por todos os lados, no total eram dezenove setas, cravadas no chão e nas árvores, o alvo intácto, rindo.

            - Como você fez isso? Eu contei! Tenho certeza que poupei minha munição – disse a elfa tateando a aljava em busca das flechas que não estavam mais ali.

            - Não me culpe, eu apenas usei minhas habilidades, algumas ilusões e meus reflexos. O resto foi obra sua, – desdenhou a inimiga – vamos acabar com isso então? Vejamos: Tato!

            Arghen não podia perder mais tempo ou munição, focou-se, fechou os olhos e esqueceu que possuía cinco sentidos. Ela precisava de apenas um.

            - Vai fazer o que? – perguntou a voz da moça – Se concentrar? É o seu fim!

            Arghen sentia, e eu também. Era como se a jovem Ilusionista fosse uma intrusa na floresta, algo que profanava aquele lugar. Um ser que não fazia parte daquele sistema, algo forasteiro e que esperava pelo próximo disparo da elfa logo do seu lado direito.

            Millian avançou, oculta por suas ilusões, na direção da elfa, correndo, segurando algo, prestes a atacar. Arghen disparou, o mais forte e preciso que pode, mas em vão. A seta cortou o ar bem próxima ao rosto da inimiga, que aproveitou-se e investiu, rasgando o braço esquerdo da elfa com uma adaga de ouro. Arghen e eu urramos de dor, eu via a imagem espantada de Elliot ao meu lado alternar com a do braço ferido da elfa, manchado de um líquido verde.              

            - Ahhrg! – gritou a elfa cujo arco jazia no chão, ao seu lado – Meu braço!

            Millian estava a sua frente, há alguns metros de distância, risonha, porém confusa. Suas borboletas circundando seu corpo, coberto pelos arranhões causados pelas flechas da elfa.

            - Você tem os melhores sentidos que eu já manipulei, sabia? – falou tocando a face no ponto onde a última flecha deveria ter ferido – Tive de me esquivar de todos os seus ataques, meus reflexos são bons, mas nunca precisei levar meu corpo ao limite em que estou, parabéns!

            Arghen não dava atenção as palavras da jovem, ela apenas segurava o ferimento que manchava sua mão de verde. A elfa, filha da floresta, sangrava seiva.

            - Eu não acredito em sorte, sabe? – continou Millian – Devo concluir que você me encontrou pelo sabor do ar? É isso? Isso é possível? Ora vejamos então: Paladar!

            A elfa recuperou o arco e levantou-se, tremendo com a dor. Armou-o com uma flecha de ponta estranhamente esverdeada e disse:

            - Eu também não acredito em sorte – e então disparou.         

Millian alterou a imagem para confundir a elfa, mas não teve tempo de alterar o som, pois foi possível ouvir quando a seta lhe acertou a perna com um fino corte.

- Como? - falou a moça – Eu alterei a percepção de todos os seus sentidos! Como você ainda consegue me encontrar? – ela falava com preocupação na voz – Como?

- Não importa – respondeu Arghen – Eu venci.

- O que?

- A flecha que acertei agora era ácida, em pouco tempo sua perna estará tão ferida que não poderá mais se mover como antes. Eu venci.

- Impossível! Como você pode... – começou – Que dor é essa? Por que queima tanto? Maldição! – urrou a jovem que surgiu sentada no chão com as mãos sobre o ferimento – Minha perna! Maldição!

Arghen se preparava para disparar outra flecha quando Millian gritou e o urro fez a terra tremer. Em seguida uma terrível ventania assolou o lugar fazendo galhos e folhas voarem, muitos na direção da elfa, que não desviou, reconhecendo-os como ilusões. De repente gotas desceram das copas das árvores encharcando a floresta de falsa água e por fim, o último e crucial elemento: Fogo.

Surgiram labaredas de todos os lados, quentes, perfeitamente reais, completamente diferentes das últimas. Muitas açoitaram o corpo da jovem elfa, que desesperada e confusa caiu. A visão da elfa vacilou e eu vi meu próprio rosto dizendo: “Eu já volto”.

O fogo cobria a floresta e eu estava de frente para um elfo muito parecido comigo: cabelos longos,mas loiros e presos por uma trança, seus olhos eram incrivelmente iguais aos que eu via no reflexo do espelho pelas lentes dos óculos porém sem elas. Ele segurava uma bela espada na mão esquerda, na direita as mãos de Arghen.

- Acalme-se minha irmã – disse a voz da lembrança de Arghen.


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Notas finais do capítulo

O fim está próximo!