The First Tale escrita por Nicholasthebard


Capítulo 7
Capítulo 6 Hot Little Brother


Notas iniciais do capítulo

Todo ok!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/141185/chapter/7

Depois de alguns minutos de caminhada furtiva, Elliot, Arghen e eu já estávamos prontos para emboscar o guarda que vigiava a área por onde iríamos entrar na tribo. O plano havia sido concebido durante a jornada: Arghen ficaria de vigia, arco e flechas em mãos, para o caso de mais alguém aparecer, e Elliot e eu atacaríamos o guarda sem feri-lo (exigência da elfa), afinal, ele estava sendo manipulado também.

Quando avistei pela primeira vez a tribo, me decepcionei. Não havia nada de mais, alguns elfos patrulhavam o local e outros cuidavam de extensas plantações, espalhadas por todo o lugar. Estranhei que não fosse mais populosa, mas logo que olhei para cima entendi.

Pude ver que as árvores eram todas ligadas, criando algo como uma cidade suspensa, onde as grandes árvores eram as casas e seus galhos, as ruas. Os elfos que lá habitavam transitavam pelos grossos galhos que levavam de uma árvore para a outra, todos, talvez, compenetrados demais em suas próprias vidas para poder perceber qualquer alteração embaixo, ou confiantes da proteção de seus guardas.

- Vamos lá – falei para Elliot, já em nossos postos.

O garoto assentiu e nós avançamos. Arghen permaneceu calada, mirando seu arco e sua atenção em qualquer problema que pudesse aparecer. Esperei o elfo se distrair e, quando ele me deu as costas, fiz sinal para Elliot e atacamos.

Elliot saltou sobre o elfo e golpeou suas costas, fazendo-o gritar. Logo tapei sua boca com minha mão para evitar mais barulho e imobilizei seus braços com a mão restante. Uma tarefa fácil. Extremamente fácil na verdade, e antes que isso começasse a me intrigar, Arghen gritou:

- O que vocês estão fazendo? Não tem ninguém aí!

- Hã? – disse Elliot, enquanto segurava a corda que usaríamos para amarrar o inimigo.

- Mas como...? – perguntei sem entender o que ela queria dizer.

- É, o mestre tinha razão... – falou uma voz feminina que não pertencia à Arghen, mas que me era familiar.

- O que foi isso? – disse Elliot.

- Aaargh! – gritou Arghen de seu posto.

- Arghen! – gritei – Mas o que está havendo?

- ...você voltaria – continuou a voz que parecia não vir de lugar algum e, ao mesmo tempo, vir de todos os lados.

De repente, uma linda borboleta branca e dourada cortou minha visão e, quando suas majestosas asas desimpediram meus olhos, o cenário era outro. Eu não estava mais na floresta, a poucos passos da Tribo Druida. A impressão que tive era de estar dentro de uma grande tenda branca. E passados alguns segundos, percebi que eu segurava apenas o ar e Elliot tentava amarrar uma figura que não existia mais. Era uma ilusão.

- De novo! – reclamou Elliot, desistindo de amarrar o nada.

- Sinto muito – tornou a falar a voz que, finalmente, eu reconhecia –, mas não pretendo deixá-los livres.

A bela borboleta tornou a cruzar minha visão, e meus olhos a seguiram até vê-la pousar na mão de uma moça de igual beleza. A jovem, dona da voz, era muito bonita, feições delicadas, cabelos loiros brilhantes como o sol, compridos até a cintura. Seus olhos eram de um azul claro como nunca vi e contrastavam com seus lábios que tinham um natural tom rosado.

Usava uma blusa branca de mangas curtas, com um sol desenhado a mão sobre ela, em um forte tom de laranja. Apesar das mangas curtas, seus braços eram cobertos por faixas, enroladas até os pulsos. Nos pés, havia um belo par de botas de ouro puro, talvez parte de uma armadura. Ela segurava um Grimório todo branco, exceto por uma grande letra “M”, que me pareceu ser do mesmo tom de rosa dos seus lábios. Ela estava de costas para a abertura da tenda, de frente para mim.

Meus devaneios admirando a beleza da moça foram cortados pelos urros de raiva de Arghen, que se juntou a nós amarrada e escoltada por um homem. Em seguida, notei que Elliot já estava preso e que eu seria o próximo.

- Mas como isso pôde ser uma ilusão? – perguntei – Eu tenho certeza de que senti, sei que aquele elfo estava onde estava!

E antes de receber qualquer resposta, a magnífica borboleta cortou o ar novamente e eu me perdi acompanhado sua trajetória. Quando voltei a mim, já estava amarrado como os outros, ouvindo Arghen rogar maldições em sua língua e Elliot indagar “Por quê?”.

- Acho que você não poderá ouvir a resposta para essa pergunta – falou a moça que, agora, dava as costas para mim.

Em seguida, uma forte sonolência me abateu, mas eu resisti, tentando me manter consciente. Logo começamos a andar, cada um escoltado por um guarda, cujas feições eu não consegui distinguir com os olhos entreabertos pelo sono. Notei que Elliot estava sendo arrastado, ele, provavelmente, tinha caído no sono e Arghen, como uma elfa, estava completamente acordada.

O lugar fora da barraca era, realmente, a Tribo Druida. Elfos, plantações e árvores imensas servindo de casas. Nós fomos carregados, passando por plantações de ervas que eu não conseguia diferenciar e por mais barracas brancas, que eram, provavelmente, a moradia temporária dos soldados das Cidades Douradas. Depois de atravessarmos a Tribo, me vi de frente para um profundo e malcheiroso buraco na casca de uma árvore.

O lugar só poderia ser uma prisão. Estendia-se até o subterrâneo, onde parava em uma série de outros buracos menores fechados por grades. Não vi nenhum prisioneiro, mas notei, pelo farfalhar das folhas, que alguém passava por trás de nós. Tive certeza de quem era quando Arghen gritou:

- Papai!

O elfo não fez sinal de ter ouvido. Segundos depois, estávamos os três, Arghen, Elliot e eu, no buraco mais próximo a entrada, sendo iluminados por um triste e quente sol do meio-dia.

- Como vamos sair daqui? – falou a elfa forçando as barras, logo que ficamos sozinhos.

- Vocês não sairão daqui! – urrou um homem de roupas brancas e turbante, armado com uma espada, logo ao lado da cela.

O guarda silenciou Arghen e voltou ao seu posto sem dizer mais nada, apenas demonstrando que estava ali e que não iria facilitar nossa fuga. Obviamente, todas as nossas armas e equipamentos haviam sido tomados e estavam sob a vigilância do homem.

- Nick, você não pode fazer nada? – perguntou a elfa – Por favor?

- Eu estou pensando em tudo que posso fazer – falei –, mas meu poder mágico está no mínimo, não poderemos contar com isso...

Arghen olhava para a saída, alguns degraus a cima, como se esperasse por alguém que pudesse nos salvar. Elliot havia sido largado no fundo da cela e já estava acordado, socando a terra da parede, deprimido. Eu observava o guarda e nossos itens, na tentativa de encontrar algo que nos ajudasse.

De repente, por um segundo, a luz do sol que incidia sobre nós foi interrompida pela silhueta de um homem. O sujeito desceu até nossa cela e, de frente para Arghen, falou:

- Ora, ora, ora, a filha do honrado líder Findan. Não é uma graça, Luor? – disse a figura de turbante e capa branca para o guarda.

- Ah, claro senhor!

- Espero que esteja apreciando seu novo quarto – disse aproximando-se das grades para olhar Arghen nos olhos. Foi quando o reconheci como o homem que outrora enfeitiçava Findan. – Foi recomendação de seu pai.

Eu não pude impedi-la. A elfa saltou do local onde estava e avançou como um animal para cima do homem, agarrando-o pelo pescoço, engolida em fúria. O inimigo não reagiu de forma hostil, apenas riu:

- Ha ha ha, mas que falta de modos mocinha, não foi assim que seu pai a educou, foi?

O punho de Arghen estava apertado no local onde deveria estar o pescoço do homem. Ela segurava o ar com tanta força ao redor da ilusão que, se ali realmente houvesse um ser, ele com certeza não estaria vivo.

- Covarde – falei. – Não é capaz de enfrentar uma garota presa em pessoa?

- Eu não preciso enfrentá-la – respondeu a figura –, ao por do sol terei finalizado meus planos e esta elfa estará tão arrasada que a morte será como um alento para ela.

- Ora, seu...! – gritou Elliot, avançando contra a ilusão da mesma forma que Arghen. Inútil.

Em seguida, a figura do homem mudou de expressão, como se estivesse vendo algo que nós ignorávamos. Ele fechou os olhos e sorriu maliciosamente antes de dizer:

- Parece que o pergaminho chegou. Ao pôr-do-sol, os dias daquele elfo miserável estarão contados – e ao fim dessa frase, a imagem do homem se dissolveu, como a água que evapora no deserto.

Passaram-se poucas horas depois de recebermos a adorável visita do carrasco de Findan. Não restava muito tempo até o pôr-do-sol, mas também não nos restava nenhuma esperança. Arghen tinha as mãos sangrando na tentativa de destruir as barras de ferro a força. Elliot manteve-se no canto, ainda tentando cavar um túnel na parede de terra com as mãos. Eu olhava para o pedaço de papel onde a absurda mensagem de Grabb ainda estava escrita, iluminada pela luz da entrada.

- Eu sou inútil! – urrou Elliot de repente. – Não sirvo para nada, Arghen tem razão! Mamãe tem razão!

- Não se culpe – consolei –, não há muito que fazer... Eu mesmo não consigo pensar em nada e...

- Não está ficando quente demais aqui? – perguntou-me Elliot de repente.

Realmente, havia esquentado muito de uma hora para outra e, antes que eu pudesse encontrar uma explicação para isso, a luz da abertura na árvore havia sido bloqueada mais uma vez. A primeira vista, pareceu uma mulher em um longo vestido, usando um chapéu de abas largas e pontudo, mas em seguida não tive certeza. Ela se aproximou.

- O quê?! – exclamou Elliot, que mudou sua expressão de deprimida para desesperada, até horrorizada. Seus olhos afundaram e, em segundos, o garoto estava encolhido no ponto mais escuro da cela, imóvel, como se o fim do mundo estivesse prestes a acontecer.

- Ei, quem é você? – percebeu o guarda – O que está fazendo aqui? – falou, segundos antes de investir contra o suspeito, que não reagia às perguntas do homem.

Ouvimos o homem gritar e cair inconsciente. A figura avançou e, à medida que se aproximava, o calor aumentava drasticamente. Com isso, o desespero de Elliot aumentava também. A temperatura tornou-se insuportável quando a figura segurou-se nas grades e, como um animal feroz, gritou as seguintes palavras:

- Você vai pagar por ter fugido – dirigia-se a Elliot, que a cada palavra se encolhia mais. – Quero você em casa já! Vou arrancar seus dedos como castigo – urrou, cada vez mais alto, cada vez mais feroz – e farei de você um saco de carne imunda! Seu filho ingrato! Medíocre! Eu não criei um herdeiro para andar por aí como um mendigo! – a “coisa” parecia esmagar Elliot contra a parede a cada palavra – Se não voltar, eu te mato!

Mais uma frase e Elliot se transformaria no primeiro fóssil vivo da história, pois, quando o olhei, ele já estava com metade do corpo enterrado na parede. E no lugar onde, até agora, urrava a “coisa”, estava um garotinho de uns seis anos, sorrindo.

A criança tinha cerca 1,20 de altura, usava óculos de aros redondos e tinha cabelos negros e despenteados, os olhos castanhos. Usava roupas bonitas: vermelho com dourado, mas estavam encardidas e, em algumas partes, rasgadas. Estranhamente equilibrado na sua cabeça estava um grande tomo vermelho e ouro e, mais estranhamente ainda, sobre ele havia algo parecido com um filhote de cachorro.

- Ela vai me matar antes ou depois de me transformar em um saco de carne imunda? – falou Elliot de repente, recuperado de seu pavor momentâneo.

- Olá, Elliot! – falou o garotinho, que parecia animado.

- Olá, maninho – surpreendeu-me Elliot. Foi aí que me dei conta de que ele tinha esse hábito, me surpreender. – É bom ver você.

- É bom? – perguntei.

- Maninho? – falou Arghen ao meu lado.

- Você ouviu todo o recado? – perguntou o garotinho.

- Sim. Ela vai me matar, eu sei – Elliot parecia bem calmo dizendo tais palavras. – O que você faz aqui?

- Mamãe me mandou. Disse que se eu não te trouxer de volta em um mês, ela mesma virá.

- É? E há quanto tempo você está me procurando? – perguntou Elliot aflito.

- Sete semanas e dois dias – respondeu o menino.

- O quê? – voltou a se apavorar – Então mamãe já deve estar atrás de mim!

- E de mim também! – falou o mais novo, bem mais animado com a ideia do que o irmão.

- Leo, você não podia ter deixado isso acontecer! – falou Elliot, colocando as mãos na cabeça. – Agora a mamãe está atrás de nós dois! Ela vai pensar que você fugiu também!

- É, eu sei! Me sinto tão rebelde! – falou animado.

- Só de imaginar ela por perto... – falou olhando para os próprios dedos, talvez se lembrando da promessa da mãe de arrancá-los – Que medo! – Elliot parecia aterrorizado com a ideia de ter a mãe no seu encalço.

- Isso não é demais? Agora eu estou fugindo junto com você! Você é tão legal por ter desafiado a mamãe daquele jeito!

- Agora eu preciso sair daqui! – falou Elliot.

- Ah...Só agora? – perguntou Arghen irônica.

- Sim! Leo, esses são os meus amigos Arghen e Nick, nós estamos com um problemão e não temos muito tempo, tire a gente daqui, por favor!

- Certo! Alpha! Vem cá, garoto! – falava Leo enquanto pegava o pequeno animal sobre o livro em sua cabeça – Vamos tirar o manão daqui – disse ao colocar o cãozinho no chão.

Em seguida, Leo tirou o livro da cabeça e começou a procurar por uma página. Ele a encontrou rapidamente, e então começou a murmurar palavras ininteligíveis. Segundos depois, uma pequena chama irrompeu de sua mão direita e se estendeu por um longo fio, que, logo percebi, era a coleira de Alpha, o cãozinho. Inesperadamente, quando o fogo chegou até o animal, Leo gritou:

- Flammea Claemme! – e as chamas pareciam alimentar o cãozinho com sua força.

A pequena criatura cresceu alguns centímetros e pareceu mais feroz e forte. Um vigoroso jato de chamas queimava em suas costas, e suas patas dianteiras pegavam fogo. O animal saltou e, com um movimento rápido, fatiou as grades da nossa cela, fazendo-as cair no chão ainda incandescentes.

- Muito bem! – falou Leo, que pegou o animal no colo, agora voltando ao tamanho normal.

- Nossa! Isso foi incrível! – exclamei – Então seu irmão é um mago?

- É, e o melhor da família – respondeu. – Ah... Não que eu também seja. Digamos que eu não herdei os “talentos necessários”.

- Você não gosta de estudar.

- Na mosca! – falou enquanto saltava pelos pedaços de metal, ainda em brasa, até o irmão.

Foi antes de sair que me lembrei de um crucial detalhe: Arghen. A elfa estava encolhida no canto mais extremo do buraco com as mãos sobre os olhos, aterrorizada pelas chamas de Leo.

- Ei, acalme-se, estamos livres agora, não é? – falei tentando acalmá-la.

A jovem elfa não parecia melhorar. Pelo jeito, fogo real tinha um efeito muito mais aterrorizador nela. Foi então que algo me ocorreu.

- Espere – falei procurando por algo dentro das vestes –, use isso – disse quando tirei um velho rosário de prata de dentro da blusa.

A elfa colocou o colar sem entender meu objetivo. Em seguida, olhou-me e sorriu, parecendo bem melhor.

- O que é isso, Nick? – perguntou Arghen.

- É a magia que faz de mim o melhor Bardo de Faelti – respondi, e, antes que exigissem de mim mais explicações, apressei-me em pegar nossos pertences para seguirmos em frente


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não, o Leo não é a reencarnação de Harry Potter! Eu juro! E as roupas dele não são da Grifinória!