Angela e Eva deixaram o hospital o mais rápido que conseguiram e entraram no impala que estava parado no estacionamento sul.

- Deixa comigo maninha. - falou Angela pedindo as chaves do carro para a irmã.

- Não! Estou bem. - respondeu a jovem abrindo a porta. Angela segura a sua mão.

- Eu dirijo Eva. Eu conheço você melhor do que você mesma. Conheço você o suficiente para saber que se eu deixar você no volante desse carro, vai acabar matando nós duas. -  Eva encarou a irmã e abaixou a cabeça, levantou a mão e entregou a chave para Angela.

- Você realmente me conhece bem não é? - Ela passou pela mais nova, porém Angela ainda segurava sua mão. Ela se aproximou de Eva e beijou seu rosto.

- Vai acabar tudo bem no final. - Ela sorriu e Eva ficou séria.

- Assim espero maninha, porque já faz tempo que parei de acreditar em finais felizes. - Angela engoliu em seco enquanto Eva dava a volta no impala e se sentava no banco do carona.

A mais nova sabia que naquela realidade e que talvez, na sua realidade também, o final feliz não existia, mas ela se dava ao luxo de acreditar que tudo iria acabar bem.

- Vamos logo Angela. - chamou Eva apressando a irmã. A mais jovem das caçadora respirou fundo, afastou aquele pensamento e sentou no carro, evitando falar com Eva que, já havia encostado a cabeça no vidro e deixado algumas lágrimas correrem pelos cantos de seus olhos.

Elas chegaram exatamente trinta minutos depois na casa do caçador aposentado, mas a cena que encontraram, fizeram-nas tremerem completamente. A casa estava em chamas e quase destruida.

- Bobby. - gritou Angela, dando a volta na casa com Eva.

- Beth, onde estão vocês? - também chamou a mais velha das Walters.

- Aqui. - respondeu a jovem mulher. Elas correram e encontraram Beth debaixo de uma viga grande de madeira que caiu quando as estruturas da casa ficaram frágeis por causa do fogo. - Graças a Deus que vocês estão aqui. - falou ela entre lágrimas. Beth respirou fundo, mas quando tentou falar novamente, quase engasgou com o sangue que ela tentou cospir.

- Ajuda a tirar isso de cima dela Angela. - falou Eva segurando uma ponta da viga. A mais nova das caçadoras se posicionou na outra extremidade e ergueu a viga com força. Beth foi se arrastando, com muita dificuldade, até sair debaixo da madeira. Quando as irmãs viram que Beth já estava longe o suficiente, soltaram o peso no chão.

- O que aconteceu? - perguntou Angela apoiando a cabeça da moça nas pernas, enquanto Eva olhava ao redor da casa, procurando por algo que desse pistas de onde estariam as crianças e o Sam.

- Estavamos eu e Bobby conversando no andar de cima quando sentimos o cheiro de algo queimando. Bobby correu por um minuto até a sala para ver o que era. - Beth parou e tossiu, segurou o estômago e gemeu de dor. Depois de alguns minutos, começou novamente. - Ele voltou após um tempo, pegou o bebê e me ajudou a sair da casa. Assim que chegamos aqui fora, uma sombra preta veio voando pelos céus e entrou nele.

- Ele foi possuído? Mas como? - falou Eva séria.

- Não sei.

- E o seu bebê? - continuou a caçadora a interrogar a moça.

- Ele levou. - uma lágrima correu por seus olhos. - Depois de me empurrar contra o celeiro e derrubar essa madeira em mim,

- Ok Beth, agora escute, tudo vai ficar bem.

- É, eu já chamei a ambulância e o corpo de bombeiros.

- Acho que não vai dar mais tempo. -  ela novamente tossiu sangue. - Não sinto mais minhas pernas e estou com dificuldades para respirar.

- Calma, fica quieta que a ajuda já está a caminho.

- Eva... - falou a jovem. Eva se abaixou ao lado dela. -... Eu sei que você ainda guarda raiva de mim e pelos meus calculos, você veio da época que eu dormi com Dean, não foi? - A caçadora nada disse, apenas assentiu com a cabeça. - Não foi maldade. Desde menina eu sempre tive você como referência. Você sempre foi linda e segura de si mesma, além de ter uma coragem que poucas pessoas têm, isso me fazia querer ser igual a você. Como eu nunca conseguia, acabei tetando ter tudo o que você tinha, isso inclui também o Dean, mas tudo isso foi somente para ser essa mulher que você é. Nunca consegui. Só trouxe ódio, rancor e magoa. Por isso me perdoe, por favor, me deixa morrer sabendo que nada mais me prende aqui.

- Beth, por favor...

- Por favor peço eu Doll. - falou Beth lembrando do apelido que ela pôs na amiga a muito tempo.  - Me perdoe. - Eva sorriu.

- Você nunca conseguiria ser igual a mim, porque eu sempre tentava ser como você. Eramos melhores amigas Beth, sempre quis ser independente, inocente e ter uma familia estruturada como a sua. No fundo, eu era que te invejava, - uma lágrima correu pelos olhos da jovem que estava deitada. - Não tenho o que te perdoar, sempre será minha amiga, independente do que aconteça.

- Nunca esqueci de você Doll, sempre quis te encontrar novamente para te pedir perdão por tudo, você sempre foi a minha melhor amiga. - ela parou de repente e segurou o estômagio ainda mais forte. - Estou ficando com frio Eva, e já não consigo enxergar direito. Eva, me promete que vai trazer meu bebê são e salvo, promete que vai fazer o possível e o impossível?

- Eu vou! - falou a caçadora.

- Obrigada amiga. - respondeu Beth. Ela respirou fundo e seus olhos ficaram fixos em um só ponto, até que ela parou de respirar. Angela fechou as palpebras com as pontas do dedo e se levantou. Eva ainda ficou olhando o corpo da amiga extendido no chão.

- Ana, sua filha da mãe, precisamos de você, então apareça. - gritou a mais velha com muito ódio em cada palavra.

- Chamou? - respondeu a mulher ruiva. - eu ouvi uma voz tão delicada e vim ver do que se tratava.

- Onde eles estão? - perguntou Eva.

- Eles quem? - respondeu a anjo.

- Sua vadia. Bobby, Sam e as crianças...  

- Ah! Estão em Lawrence, Kansas, no cemitério Stull. Foi lá que houve a batalha do armagedon. Lá começou, lá mesmo acabou e acho que é lá que tem que recomeçar.

- Lawrence... Fica há duas horas daqui. - falou Angela.

- Não se preocupem, o sacrificio será ao meio dia.

- Ainda são dez horas, talvez possamos impedir Eva.

- Nos leve agora lá, Ana. - ordenou Eva.

- Não posso, meus poderes estão se esgotando novamente, tenho que guardar um pouco.

- Para que? - Perguntou Eva. Ana não respondeu.

- Vamos de carro mesmo maninha, se sairmos agora, iremos conseguir.

- Boa sorte. - falou a ruiva.

- Você sabe muito bem onde enfiar a sua maldita sorte. - falando isso, a mais velha das Walters, puxou a irmã para dentro do impala e deixaram o lugar segundos antes da ambulância, da polícia e dos bombeiros chegarem.