I Just Want To Hear You Scream, Vingança escrita por Keijon


Capítulo 4
Conclusão do Relatório




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         No momento em que ela retirou o papel da caixa uma coisa inacreditável aconteceu, Nakagawa começou a brilhar com uma estranha luz negra, não... Não exatamente isso. Era como se ela estivesse radiando escuridão. Então todas as Grief Seeds que ela estava carregando pareceram ser sugadas por sua Soul Gem, que começou a mudar...

         Devo admitir que inicialmente eu achei que ela estava se transformando em uma bruxa, mas isso não estava completamente correto. A Soul Gem parecia uma junção de Grief Seed com Soul Gem. Não há um modo melhor de explicar isso. Uma máscara estranha que não parecia pertencer a esse mundo surgiu no rosto de Nakagawa, assim como diversos outros acessórios por todo seu corpo que normalmente não seriam vistos fora do campo de uma bruxa.

         Eu não tive a oportunidade de ler o que estava escrito no papel, mas o que quer que fosse, eu tenho certeza que não era isso: Quero me transformar em meio-bruxa. No entanto, apesar de todas nossas estatísticas mostrarem sua impossibilidade, posso lhes dizer com absoluta certeza de que o que eu vi com esses olhos foi uma transformação incompleta de uma Mahou Shoujo em uma bruxa.

         Nesse momento as risadas de Nakagawa se tornaram mais histéricas atingindo um ponto de loucura que normalmente só se escutaria vindo de uma bruxa. – Vocês não sentem medo? Mentira! Mentira! Nenhuma criatura sobrevive sem medo! Vocês tanto sentem medo que vieram até aqui... Sim... Como vocês podem não sentir qualquer coisa se sentem medo da morte o suficiente para virem até aqui? Até esse planeta... Haha... Manipular uma fonte de energia que são incapazes de entender! Vocês tem medo o suficiente para lutarem contra o destino do universo! E querem me dizer que são incapazes de entender nossa luta contra um destino tão injusto? Que piada! – Ela riu mais ou pouco. Nesse ponto eu já comecei a suspeitar de que algo muito ruim estava acontecendo. – Por isso que eu decidi... Quem sabe vocês não me mostram um pouco de emoção se eu fizer algo em seu planeta? – Eu precisava fazer algo para acalmá-la.

         No entanto, eu deixei minha curiosidade se levar. – E como você pretende fazer isso? Você não consegue fazer um portal até nosso planeta.

O sorriso que ela fez não pertencia ao rosto de um ser humano. – Será que não? Quer apostar? – Então ela começou a fazer um portal no chão. Eu finalmente percebi que ela realmente podia nos alcançar. Com seu poder de criar “buracos na realidade” ou portas e a capacidade de criar dimensões próprias inerente a todas bruxas, ela era capaz de criar um “túnel” até nosso planeta.

Eu fui capaz de dizer uma última coisa para ela. – Não faça isso! – Ela apenas sorriu de volta e entrou no túnel.

-

A sala ficou em silêncio momentaneamente. – Esse, amigos, foi meu relatório.

Os outros Incubators continuaram a olhar para Gobey, seus rostos não muito diferentes de máscaras. – E você acredita que é capaz de fazer algo a respeito? Não faz muito tempo que isso aconteceu, e hoje, há pouco tempo atrás um portal se abriu no meio de nosso planeta, dele saiu a ex-Mahou Shoujo Nakagawa, que começou a destruir tudo em volta. Apesar de nossos melhores esforços não fomos capazes de pará-la, seja com força bruta ou com tentativa de conversas. – O líder pareceu esperar algum tipo de resposta.

 – Na atual conjuntura, eu pediria que Kyubey tentasse persuadir Kaname Madoka a fazer um desejo que acabasse com nosso problema, mas atualmente uma Noite de Walpurgis está acontecendo em sua área e mesmo que pudéssemos nos comunicar com ele, acredito que está com trabalho suficiente persuadindo Kaname Madoka a simplesmente fazer um desejo qualquer. Portanto o melhor que posso sugerir é uma chance para tentar falar com Nakagawa, talvez um rosto conhecido arrefeça um pouco sua insanidade.

Não houve qualquer reação por algum tempo. – Você tem nossa permissão.

-

Nakagawa estava no meio de ruínas, produzindo um som similar a choro e riso. Ocasionalmente ela cortava alguma coisa com seus portais. Gobey tentou se aproximar cautelosamente, mas antes que ele percebesse, uma mão que parecia ser feita de papel agarrou-o, levando-o diretamente a Nakagawa que, ao vê-lo, retirou a máscara. Em seu rosto estava uma mistura de ódio, tristeza e prazer.

 – Ora! Se não é meu velho conhecido Gobey. Quem sabe você não me mostra algo mais interessante que seus companheiros...

Gobey sentiu-se completamente fora do controle da situação. Após se recompor, ele começou a falar. – Nakagawa, você nunca terá as reações que espera de nós. – A mão o jogou longe, que se chocou violentamente a uma parede destruída.

Nakagawa gritou. – Mentira! Eu só não fiz o suficiente até agora... – Ela começou a murmurar consigo mesma.

Gobey se esforçou para falar novamente. – Não é mentira... Olha aqui, por favor, nós, eu, mentimos, certo? Não é que sejamos incapazes de sentir emoções, mas não as sentimos da mesma forma que vocês humanos... Por favor, pare com esse comportamento irracional. – Era o melhor que ele podia fazer.

Nakagawa riu. – Irracional? Irracional é usar magia para explorar algo que vocês são incapazes de entender para “salvar” o universo. E se uma Mahou Shoujo tão poderosa existisse que a bruxa resultante seria indestrutível? – O nome que surgiu na mente de Gobey foi “Kaname Madoka”. – A terra seria simplesmente sacrificada? E então vocês passariam para outro planeta parecido? Isso é tão injusto, você não acha?

– Eu tenho certeza que você já conhece essa frase, mas... O mundo não é justo. Alguém tem que ser sacrificado pelo bem maior do universo. – Assim que disse isso, Gobey se arrependeu. Por que ele ainda estava agindo de modo racional com um problema tão irracional?

Ele foi novamente atacado por diversas mãos. Nakagawa estava histérica. – Exatamente meu amigo! O universo não é justo! E dessa vez quem será o injustiçado é você! Maravilhoso, não? – Ele foi novamente carregado até perto dela. Ela começou a falar baixinho, quase carinhosamente. – Por que vocês não demonstram nenhuma emoção? Só... Só um grito... Eu só quero escutar algum de vocês gritarem uma vez. Uma única vez, ao invés desse... Rosto morto que vocês têm. Que tal?

– Uma reação dessas não pararia você. Seria inútil fazê-lo.

A expressão no rosto de Nakagawa se tornou indescritível. Mais uma vez Gobey foi jogado. – E vocês estão numa situação em que podem se dar ao luxo de fazerem o que acham melhor? Malditos! Mas tudo bem... Tudo bem... Eu tenho uma última carta na minha manga. – Ela começou a desenhar um portal no chão.

Gobey não podia deixar de perguntar, mesmo que em algum lugar dentro de si, não quisesse saber a resposta. – O que você está fazendo?

– Criando um portal para o centro desse planeta. Sabe, ouvi dizer que tem muita pressão no centro do planeta, gravidade, além de outras coisas. O quão bizarro seria se de repente surgisse uma válvula de escape para a superfície do planeta? Vocês não gostam desse tipo de coisa? Está aí um bom fenômeno para vocês estudarem! – Ela começou a rir.

Aquilo já estava indo longe demais. – Nakagawa, você tem noção do que está falando? Você quer destruir um planeta inteiro como vingança? Isso não lhe parece um pouco desproporcional? Genocídio! Você quer ter esse tipo de sangue em suas mãos? Apenas para satisfação própria? Pelo menos nós estávamos salvando o universo.

– Cale-se! Cale-se! Como você poderia me entender? E para que vocês querem o universo salvo se não para a própria satisfação? Se vocês são capazes de sacrificar uma pessoa, uma espécie, um planeta pelo universo, por que não seriam capazes de sacrificar o universo inteiro apenas para preservar o próprio planeta? Vocês não me enganam! – Ela estava quase completando o círculo quando algo extraordinário aconteceu.

Uma luz cegou Nakagawa e Gobey. Depois que ela havia desaparecido uma imagem estava do lado de Nakagawa. Era Kaname Madoka. Ela tinha uma mão gentilmente em cima da de Nakagawa, como se estivesse dizendo que ela deveria parar. Ela sorriu, era um sorriso tão tenro, e disse algo que Gobey não foi capaz de escutar. Nakagawa largou sua arma, todas as características de bruxa sumiram de seu corpo. Ela começou a soluçar, logo estava aos prantos. – Eu... Eu só... Tudo o que eu queria... Não era para ser assim... – Madoka balançou a cabeça, como se estivesse dizendo que ela não precisava mais se preocupar. Ela abraçou Nakagawa. – Eu... O... o... obrigada... – E finalmente, depois de tantos anos sem fazê-lo, Nakagawa sorriu do fundo do coração. Depois disso ambas desapareceram, deixando para trás um único papel, o qual Gobey teve apenas alguns momentos para ler.

Eu gostaria de fazer os Incubators entenderem nosso desespero.

E o mundo mudou.

Fim.


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Notas finais do capítulo

E esse foi o último capítulo.
Espero que tenham gostado. Se sim, por favor dêem uma olhada em minhas outras histórias, espero que elas não desapontem.



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