Anyway, The Darkness Is Coming... escrita por Zchan


Capítulo 6
Tuesday - The first fight (PART 3)


Notas iniciais do capítulo

Demorou (muito) mas chegou!! Espero que gostem do cap e que não reclamem de estar correndo muito rápido, sei que é chato sumir com um personagem que [PÁRA DE DAR SPOILER MANÉ!!!!!!]



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A noite caía lentamente. As últimas pessoas na rua se apressavam para não estar fora de casa quando as trevas surgissem.

Um homem passou por nós e olhou para trás, provavelmente se perguntando o porque de três garotas adolescentes estavam paradas na calçada, aguardando, ao invés de correr para suas casas.

Não íamos nos apressar para fazê-lo; talvez naquele dia nem voltássemos para casa. Afinal, tínhamos uma missão. Éramos as únicas pessoas que podiam fazer algo contra aquilo.

O sol se encostava no horizonte. O céu já estava escurecendo. A lua brilhava, seu brilho fraco que de nada adiantava contra as sombras.

Nesta noite apenas andaríamos por aí, para proteger as pessoas. Esse era o plano. Mas se as sombras nos notassem, teríamos um problema...

-- Hoje será um teste. - disse Heiko - Para ver como elas reagem. Temos um plano, mas... Bem, somos apenas três. Se pretendemos invadir aquele lugar, precisamos de mais gente.

Soltei um gemido baixo. Não gostava de ter que contar aquilo à outras pessoas. Era horrível demais. Não quis nem contar à Juno, mas Heiko tinha razão. Éramos apenas três, contra milhares. Talvez milhões.

Juno encarava o sol, os olhos fixos em sua trajetória. Parecia desamparada.

-- Não se preocupe - lhe assegurei - vai dar tudo certo.

Ela me olhou, os olhos marejados, e me senti mal. Naquela situação, como podia garantir que algo daria certo?

Mais cedo naquele dia ela nos contara o que havia acontecido com seu pai. Desabafou e chorou, mas depois pareceu um pouco melhor. Como se estivesse se livrando de um segredo que a corroía.

-- Por que viemos para cá, no centro? Não acha que deve haver mais pergigo em lugares na periferia? - me perguntou, tentando se recompor.

-- Aqui é a "entrada" - disse Heiko, olhando em volta para ver se alguém escutava a conversa - Yuuko entrou "lá" mais ou menos por aqui, não é? - ela olhou para mim, e eu assenti. - Além do mais, como eu já tinha dito, somos só três e precisamos ficar juntas. Aqui é onde tem, hã, a maior concentração de pessoas.

Juno acenou, indicando que entendera, e voltou a encarar o sol, murmurando alguma música das que mais gostava.

Eu olhei em volta. Tinha algo errado, muito errado. O ambiente escurecia lentamente, mas a escuridão parecia... Mais medonha que o normal. Mais hostil, como se fosse atacar com mais força.

Por estar destraída com meus pensamentos, quase caí no chão quando percebi uma estranha luz branca vindo em nossa direção. As outras também pareciam assustadas. Juno tinha cara de quem ia desmaiar.

Novamente, olhei ao redor. Não havia notado antes, e subitamente me dei conta de que estávamos sozinhas na rua cada vez mais escura.

Erguemos nossas espadas.

A luz começou a tomar uma forma, e dentro de alguns segundos estávamos olhando para o que parecia ser uma menina de 10 anos feita de luz.

-- Não ataquem! - disse ela repentinamente, parecendo meio amedrontada. - Venho trazer-lhes um alerta.

-- Alerta? - perguntei, desconfiada, a voz saindo mais ameaçadora do que eu pretendera.

A menina nos olhou nos olhos, uma a uma, como se pudesse ver algo além de nós, como se pudesse ver nossas almas.

-- Seu inimigo já conhece sua existência. Atacará sem pena, para mostrar que é mais poderoso do que suas mentes concebem. Lutarão para proteger-se, seu objetivo não será cumprido. E, no final da luta, uma sucumbirá.

-- Ei, ei. Pode parar com o papo de profeta. Isso é alerta ou maldição? E de que lado você está? - Eu não tinha gostado de "uma sucumbirá". O que ela queria dizer com isso?

Mas a garota apenas sorriu e foi sumindo, misteriosamente, como surgira, nos deixando com nossas dúvidas e tremores.

Quando a luz dela se extinguiu, vimos que a noite já chegara. O ar começou a esfriar. Respirávamos com dificuldade.

-- O que será que foi aquilo? - perguntou Juno, e sua voz saiu abafada como se estivesse com um travesseiro na cara. Nos entreolhamos, estranhando.

-- Não sei - disse Heiko, sua voz também abafada - Talvez seja...

Mas não terminou a frase. Encarava um ponto fixo a sua frente, algo que nem eu nem Juno conseguimos ver. Murmurou um "não" bem baixo.

-- Acho que já devia ter começado, não? - Assim como eu, Juno olhava para o mesmo lugar que Heiko, tentando ver algo.

Desisti, e me virei para algum lugar na escuridão.

-- Oi! - berrei, mas o som saiu meio estrangulado, como se tivesse dificuldade para cortar o ar. - E aí? Estamos esperando algo acontecer!

Eu não devia ter dito aquilo.

Um som horrível, como um gemido metálico misturado com gritos e o barulho de um microfone dando tilt, cortou a noite. Colocamos as mãos nos ouvidos, mas aquilo parecia estar dentro das nossas cabeças.

O som se transformou numa voz.

-- Gerreiras! - urrou a voz horripilante - Ousam me desafiar? Irão morrer de suas próprias forças!

A voz cessou, e o silêncio retornou ainda mais terrível. As palavras retumbavam na minha mente. Meu corpo se encheu de ódio. Notei agitações nas sombras, e vi que os monstros já estavam prontos para atacar. Talvez estivessem esperando que nos rendêssemos. Talvez esperassem uma ordem de ataque. Não importava.

-- À luta! - gritei, meus pulmões parecendo que iam explodir. - Que venham!

Eles vieram.

No milissegundo enquanto chegavam até nós, senti medo. Como três meninas sem treino algum venceriam um exército de monstros das sombras? Talvez tivesse sido melhor nos rendermos...

No segundo seguinte, eu golpeava os seres com uma perícia incrível. Sentia meu corpo leve. A espada parecia me conduzir, e quando ela atingia os monstros, eles se desmanchavam num pó que parecia carvão.

Sentia Heiko e Juno dos meus lados, também lutando assim. Nossos movimentos eram muito bons. Não perfeitos, precisavam ser lapidados, mas bons o bastante para que destruir os monstros fosse fácil.

O ataque terminou subitamente.

Quando parei de lutar, me senti cansada, o corpo pesado e dolorido. Parecia que tinha acabado de correr dois quilômetros sem descanço. Entendi que só éramos incrivelmente habilidosas quando estávamos incrivelmente cercadas de monstros lutando para não morrer.

-- Isso - a voz retornou a falar, sobressaltando-nos - foi só um aperitivo. Se cansaram muito lutando com reles peões. Nunca vencerão. Agora, deixe-me mostrar o que lhes espera caso voltem a nos desafiar...

Um lampejo.

Um grito.

Sangue.

-- O qu..? - perguntei, me virando na direção de Juno.

Ela não respondeu. Nunca responderia.

Juno estava caída no chão, com um corte cruzando o peito, sangue escorrendo para todo lado.

Morta.


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Notas finais do capítulo

acabou de aparecer, né? Mas eu não tinha escolha... Não se preocupem, ainda tem muuita coisa pela frente antes que essa coisa toda termine... (continua falando como se não tivesse sido interrompida por um grito e um capítulo) blá blá blá...