Anyway, The Darkness Is Coming... escrita por Zchan


Capítulo 19
Saturday - World of darkness




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O nosso maior choque foi descobrir quem sequestrara Shiori.

Hotaru contava, entre soluços e lágrimas, como os dois atravessaram uma série de armadilhas e correram até chegar em uma enorme praça, como aquela onde estávamos, onde havia uma outra estátua, também de um esqueleto, mas este com um manto branco.

Ela disse que os dois estavam examinando o local quando uma voz familiar os chamou.

" -- Olha só, acho que tiramos a sorte grande.

-- Quem está aí? - Hotaru gritou, girando seu corpo e brandindo a espana na direção da voz.

-- Cuidado com isso. Ou quer que eu morra... de novo? - a voz respondeu, escondida nas sombras.

-- De novo? Quem é você? - Shiori perguntou, também erguendo sua espada.

-- Vocês sabem quem ela é - outra voz disse, do outro lado da praça - tão bem quanto sabem quem eu sou. Nós somos...

-- ... amigos, não é? - a primeira completou, num tom sarcástico.

-- Apareçam! - Shiori ordena, usando seu tom persuasivo, uma das habilidades de um Instrumenti.

-- Isso não vai funcionar com nós - a segunda ronronou.

-- Esse tipo de magia não funciona com humanos - a primeira riu.

-- Humanos... Isso é... Impossível... - Hotaru murmurou, ainda atenta para um ataque surpresa.

-- Não é impossível. Nós estamos aqui, não estamos, Mieko?

-- Estamos sim, Umeko.

-- VOCÊS ESTÃO MORTAS! - Shiori berrou, fechando os olhos com medo de ver as duas que saiam das sombras.

-- Ah, não. Nós estamos vivas. - Umeko continuou.

-- Tão vivas quanto vocês. - Mieko deu um sorriso sádico.

As duas estavam totalmente inteiras. Até mesmo Umeko, que deveria estar toda arrebentada, não tinha sequer um arranhão no corpo. Elas seguravam lanças prateadas, ambas sujas de sangue nas pontas.

-- Não... Vocês... Não... Vivas... - Hotaru balbuciava.

-- Ah! Não se preocupe, Hotaru, ou melhor, Shitte. Você não tem que morrer. - Umeko disse com doçura, como se oferecesse uma bala para uma criança pequena. - Precisamos de você viva para fazer o que queremos.

-- Vocês não vão encostar nela - Shiori colca um braço na frente de Hotaru, protegendo-a.

-- Eu temeria mais por mim mesmo se fosse você, Kuro. Suas habilidades não são úteis para nós. Porém, talvez seja um perigo se conseguir voltar, então... - Mieko espremeu os olhos e deu um sorriso sádico - você irá morrer aqui.

Shiori estava paralisado. Seu rosto exibia uma expressão de pura agonia. Hotaru tampouco estava em condições de lutar. Suas almas de Instrumenti poderiam assumir o controle, mas assim fariam o que elas queriam. E suas almas humanas não conseguiriam ferir as antigas amigas, mesmo estando cientes de que eram traidoras.

Shiori então jogou sua última cartada. Em seu bolso, carregava uma única bomba de fumaça de fabricação humana. Ele a jogou no chão, e uma cortina espessa surgiu, bloqueando a visão de todos.

Hotaru continuava agarrada ao braço do irmão.

-- Hotaru - ele sussurrou - troque de roupa comigo.

-- Como assim? Do que você está falando?

-- Troque comigo. Depois fuja.

-- Não! Nós precisamos fugir juntos!

-- Se nós dois fugirmos, elas vão nos seguir até te capturar. Eu não sei o que elas querem fazer com você, e seja o que for, não posso deixar elas te pegarem.

-- Então fuja você! Eu fico!

-- Não. Se elas te pegarem, vai acontecer algo ruim. Desse jeito, arruinamos seus planos.

-- Elas vão matá-lo!

-- Eu posso... - Shiori fez uma pausa. Estava mentindo, e sabia disso. É claro que ia morrer. - Eu posso fugir. Troque. Agora!

Eles trocaram as roupas rapidamente. Shiori não notara, mas Hotaru sabia que ele estava mentindo. Ela conseguia ler as expressões do irmão como se fossem um livro aberto.

-- Nós não nos parecemos tanto assim. - ela tentou sua última esperança.

-- Magia de hipnose. Esse tipo de magia funciona com humanos, e Kuro me mostrou como se usa. A nuvem está se desfazendo. Vá!

Shiori empurrou Hotaru em direção ao corredor de saída. Relutante, ela fugiu, deixando o irmão para trás."

-- Eu corri até chegar aqui - a garota estava aos prantos - e deixei meu irmão para trás. Eu sou uma covarde! Não mereço mais viver!

-- Acalme-se. - Kibishii rosnou na direção dela. Hotaru interrompeu o choro com um soluço.

-- Não seja tão rude. - Hiroko repreendeu-a, mas ela o fez recuar com um olhar.

Daiki estava em estado de choque. Seus olhos estavam arregalados, e o garoto dizia coisas sem sentido algum. Quase perdera a vida para recuperar o corpo da amiga... E era uma farsa. Ela não tinha morrido.

Pior que isso, ela nos traíra, e neste momento, poderia estar matando Shiori.

Eu estava cansada. Ficar muito tempo como um ser imaterial não faz muito bem pra cabeça, sério. Eu me sentia como se quando fosse reassumir o controle, não conseguiria ficar de pé.

A mente humana é realmente muito fraca, Kibishii comentou.

Cale a boca ou eu vou começar a cantar Pôneis Malditos.

Se eu voltar, vou apresentar essa música aos meus superiores. Tenho certeza que eles adorarão mais um método para torturar os alunos.

Do que você tá falando? Torturar quem?

Ah, nada. Só que eu acho que você não devia reclamar da sua escola.

Misteriosa como sempre. Mas nós tínhamos muito mais com o que nos preocupar.

-- Não vamos conseguir salvá-lo. Vamos prosseguir com o plano. - Kibishii suspirou.

-- Pare de ser tão insensível! - Heiko gritou. Kibishii se virou para ela e a olhou com desprezo.

-- Eu passei por coisas que vocês nem remotamente imaginam para chegar até aqui sendo fria e sem emoções. Ele morreu, já era. Não estou nem aí. Precisamos deter as sombras, e é só isso que importa.

-- Você é um monstro. - Hiroko disse, recuando um passo.

-- Só notou agora? Eu não sou sua amiga. Não sou Yuuko. Eu sou uma filha da noite sanguinária e vou matá-los assim que não forem mais necessários para com o plano.

-- Então, já que é assim, não vamos ajudá-la! Que tal? Assim essa coisa toda acaba! Vamos para casa! - Daiki gritou.

-- Vá nessa, humano. Volte para casa. O corredor está bem ali. - Kibishii acenou, indicando o corredor por onde havíamos primeiramente entrado.

-- Eu vou! É! Isso aí! Já chega! Estou indo embora! - ele começou a andar na direção do corredor, mas Heiko o interrompeu.

-- Se você voltar - ela soluçou - vai morrer.

-- Eu prefiro morrer do que ajudar um monstro desses! Ela é pior do que as próprias sombras! - Daiki tentou tirá-la da frente. Heiko o abraçou, mantendo-o no lugar.

-- Por favor. Precisamos fazer isso. Ela deve ter os seus motivos para agir assim. Fique.

O garoto deixou escorrer uma lágrima. Era difícil para ele, lutar contra pessoas que outrora foram seus amigos. Para todos nós era, mas para ele, acima de todos, era praticamente impossível.

Hotaru conseguira se acalmar. Provavelmente conversara com Shitte e ela lhe deu um apoio, mesmo estando triste também. Hiroko a ajudava a se levantar, quando um rugido monstruoso ecoou no lugar.

-- Isso não é nada bom. Nem um pouco. ABAIXEM-SE! - Kibishii gritou, se atirando ao chão. Não consegui ver se os outros fizeram o mesmo.

E o mundo virou trevas.


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