Rachel sentiu o rosto ferver, as palavras de Quinn a atingiram com uma força muito grande. Naquele momento tudo do que se cercou para aquela conversa sumiu, foi como se todas suas defesas caíssem por terra. Ela não sabia bem o que dizer, mas era visível o ar de interrogação estampado em seu rosto.

            - Aquelas foram as melhores férias da minha vida, – Quinn olhando fixamente para Rachel. – e não foi melhor porque eu estava em Lima, nem melhor porque estava com meus melhores amigos ou porque eu revi o pessoal do coral. Foram as melhores férias porque eu estava com você.

            - Quinn... – Rachel tentou falar, mas foi interrompida pela loira.

            - Me deixa dizer tudo o que tenho para dizer. Eu sei que despejar tudo isso em cima de você agora pode ser um tiro no próprio pé, mas são coisas que foram se acumulando e eu preciso por para fora.

            Rachel calou-se de imediato, ela não esperava por nada daquilo. Ter Quinn Fabray em seu apartamento se declarando, não passava de um daqueles pensamentos que ela tinha e guardava só para ela. Era o tipo de coisa que ela lutava para afastar de seus pensamentos, e que agora estava se concretizando.

            - Quando eu paro para pensar sobre tudo o que aconteceu, eu chego sempre a conclusão de que mesmo sem a aposta eu teria ido atrás de você.- Era visível que Quinn estava nervosa. – E essa aposta serviu como uma bela desculpa para eu poder te ver sem ter que ficar me explicando para as pessoas, só que infelizmente também serviu para nos separar.

            - Por que você viria atrás de mim? – O coração de Rachel batia muito forte, mas ela mantinha a expressão seria no rosto.

            - Porque eu realmente queria te beijar naquele banheiro, e depois quanto mais te conhecia, mais encantada eu ficava e quando dei por mim, já estava completamente aos seus pés. O que acabou me deixando louca... – Rachel interrompeu Quinn com uma voz muito melancólica.

            - Sentir algo por mim não estava em seus planos?

            - Sentir isso por qualquer pessoa não estava em meus planos. É o tipo de coisa que enche as salas de cinema, e quando você está na plateia você pensa é lindo, mas não existe! Eu já estava bem conformada com isso, e contente com a vida que eu levava, e de repente a minha vida não parecia minha. Eu dependia de um sorriso seu, ou de uma palavra... precisava de  um gesto seu para sentir que o meu dia tinha começado, e me sentir tão dependente de alguém me deixou muito confusa. Foi por isso que eu sumi durante aqueles dois dias. - Quinn deu alguns pequenos passos em direção a Rachel. – Esse tempo em que você não me atendeu, foi torturante para mim, foram noite até eu te ver entrando por aquela porta. Só quando eu te vi que meu novo dia começou.

            Rachel sentou-se no sofá, pois achou que as pernas fraquejariam e ela iria cair no chão. A morena apoiou os cotovelos nas próprias pernas e apoiou a testa nos dedos das mãos fixando o olhar no piso de madeira da sala.

            As duas se mantiveram em silêncio por pouco tempo, mas para elas pareceu uma eternidade. Rachel levantou a cabeça e respirou fundo, olhou fixamente para Quinn e disse:

            - Não era para ser assim, não era para ser você!

            - Não era para ser eu?! – Quinn estava confusa.

            - Quem um dia entraria pela minha porta e diria tudo isso.

            Quinn sentiu-se muito mal, não eram aquelas as palavras que ela queria ouvir e mesmo temendo a resposta de Rachel, perguntou:

            - Você quer que eu vá embora?

            Sem nem mesmo olhar para Quinn, Rachel fez um sinal negativo com a cabeça,  Quinn ficou mais animada e perguntou novamente:

            - Você quer que eu fique?

            Rachel repetiu o movimento com a cabeça.

            - Acho que agora temos um problema! – As palavras de Quinn fizeram com que as duas sorrissem timidamente.

            - Eu já não sei o que pensar, você está me deixando louca! -Rachel disse ao se levantar. – Eu tinha minha vida planejada, e por sua causa eu...

            - Você... – Quinn esperava que Rachel continuasse a falar.

            - Eu não posso, sinto muito Quinn. -Rachel falou com pesar na voz.

            - Você não pode ou não quer? – Quinn agora tinha os olhos cheios de lágrimas.

            - Não faz diferença. Não vai acontecer. – Rachel mal olhava para Quinn.

            - Foi tolice minha achar que eu iria chegar aqui e cantar um pouquinho e você correria para os meus braços.  – Algumas lágrimas rolavam pelo rosto de Quinn.

            Ver o estado em que Quinn se encontrava, fez com que Rachel se sentisse o pior dos seres humanos.

            - Não Fique assim Quinn...

            - Por favor, não tente me consolar! – Quinn estava muito nervosa. – Eu já estou me sentindo mal o suficiente, sua compaixão só vai piorar as coisas.

            - Se acalme, vamos conversar. – O coração de Rachel parecia que ia sair pela boca a qualquer instante.

            - Não temos mais nada para conversar, eu disse que te amo e isso não vai mudar. Em poucas palavras você deixou bem claro que não existe espaço para mim na sua vida. Você disse que queria me beijar, e eu sei que você sente alguma coisa por mim, mas o que me magoa mais nisso tudo é que você não quer nem tentar!

            Sem dizer mais nem uma palavra, Quinn simplesmente virou-se e saiu pela porta, Rachel tentou chama-la, mas não adiantou. Aquele aparentemente era o fim.

- Não vá me dizer que você não dormiu de novo.

            - Bom dia Mike, - Rachel respondeu com uma voz cansada – Não preguei os olhos essa noite.

            - Se arrependimento matasse, você estaria morta há muito tempo. – Mike falou se espreguiçando.

            - Eu me arrependi no instante em que ela caminhou em direção a aquela porta. – Rachel falou olhando fixamente para a porta como se tivesse vendo a cena novamente. – Por que eu não fui atrás dela?

            - Boa pergunta! Mas ficar olhando para o celular, não vai fazer ele tocar. Você precisa ligar para ela, porque acho que ela não te liga mais. – Mike sentou-se de frente para Rachel.

            - Eu não sei o que fazer. Eu estraguei tudo.

            - Também acho, mas você pode consertar.

            - E eu digo o que? “Oi, Quinn eu mudei de ideia e agora quero ficar com você.”

            - Você pode dizer basicamente isso, mas de outro jeito. Assim não ficou muito bom.

            - Se fosse com você. O que você faria?

            - Se fosse comigo, eu não estaria passando por isso, eu teria rasgado a roupa dela, jogado ela no sofá e...

            - Já entendi!- Rachel falou levantando a mão fazendo um sinal para que Mike parasse de falar.

            - Ótimo! Então vá até lá, meta o pé na porta, pegue ela pelos cabelos e...

            - Mike!

            - Desculpe, é que eu estou... com saudades da Tina. – Mike falou acanhado.

            - Sei. Mas eu não posso chegar lá assim do nada.

            - Antes de vir para cá ela me ligou, me contou toda situação e pediu minha ajuda. Você poderia fazer o mesmo.

            - E pedir a ajuda da Santana? – Rachel perguntou franzindo a testa.

            - Melhor pedir para o Sam.

            Rachel sorriu e disse sem ao menos pensar:

            - Acho que vou para Los Angeles!

            Rachel tremia ao desembarcar no aeroporto de Los Angeles, ela sabia que tinha que pensar muito bem no que faria ou tudo iria por água abaixo. Ela sorriu a ver Sam segurando uma placa que tinha Ms. Berry escrita nela.

            - Olá! Você deve ser Rachel Berry. - Sam falou sorrindo

            - Sim sou eu. – Rachel falou entrando na brincadeira.

            - Eu sempre quis fazer isso. – Sam mal terminou a frase e se apressou em abraçar a amiga que retribuiu o abraço com carinho. – Tudo bem Rachel?

            - Tudo. E você?

            - Tudo ótimo! Como foi o vôo?

            - Cansativo e demorado. Parece que eu passei dias dentro desse avião.

            - É que você esta muito ansiosa, logo passa.

            Sam ajudou Rachel com a bagagem e eles foram conversando até o carro. Eles já se dirigiam para o dormitório da faculdade quando Sam recebeu uma mensagem.

            - Mudanças de planos Rachel, acabei de receber uma mensagem dizendo que é para eu me encontrar com elas em um bar que o pessoal da faculdade frequenta.

            - Você acha que eu devo ir para lá. – Antes que Sam respondesse, Rachel perguntou. – E ela como está?

            - Não posso dizer que ela esteja bem, mas ela está se esforçando ao máximo para não demonstrar, tem se dedicado muito a alguns projetos e tal.

            - E esses projetos incluem garotas?- Rachel perguntou timidamente.

            - Não, sabe que essa é a primeira vez que Quinn sai desde que voltamos das férias. - Rachel ficou satisfeitíssima com a resposta, mas não por muito tempo. - Lembrei! Santana tinha arrumado um encontro para Quinn, há dias ela vinha infernizando Quinn para ir ao tal encontro.

            - Já decidi, nós vamos a esse bar. – Rachel falou muito determinada.

            - Gostei de ver a atitude! Vamos deixar suas malas no dormitório e eu vou trocar de roupas, depois iremos para lá.

            Sam sorriu ao escutar o que Rachel disse enquanto ela pensava em voz alta:

            - Não vou deixar nenhuma vadia dar em cima da minha garota!

            Quinn conversava com uma morena muito bonita encostada em uma mesa de bilhar de costas para a entrada. Ela conversava gentil e atenciosamente com a garota, mas era notória sua tristeza.

            Ao ver Rachel e Sam entrarem no bar, Santana franziu a testa cruzou os braços inclinando um pouco a cabeça para o lado, parecia não acreditar no que estava vendo. Os dois se aproximaram de Santana, e ao se aproximarem da latina, Sam foi recebido com um soco no braço.

            - Ai, Santana! – Sam falou massageando o lugar da pancada.

            - Como você ousa fazer uma coisa dessas sem me contar? Quando eu finalmente consigo tirar a Quinn de casa, você me apronta uma dessas? – Santana falou entre os dentes.

            - Fui eu que pedi para ele não contar para ninguém. – Rachel falou meio assustada

            Nesse momento Santana puxou Rachel pelo braço e perguntou:

            - O que você pensa que está fazendo?

            - Eu preciso falar com ela.

            - Escuta bem o que eu vou te falar, eu estava apoiando Quinn a investir nessa coisa grotesca entre vocês, até você ferrar com tudo. Se você magoar minha amiga novamente, eu só te digo uma coisa anã, dor... muita dor. Fui clara? Essa é sua ultima chance! – Santana falou em tom de voz ameaçador.

            - Não me deixe mais nervosa do que eu já estou Santana. Hoje só depende dela.

            Santana respirou fundo e parecia ter se acalmado, soltou o braço de Rachel e falou:

            - E o que você está esperando? Dessa distância você não vai conseguir nada.

            Após ouvir as palavras de Santana, Rachel concordou:

            - Tem razão. – Rachel arrancou da mão de Santana o copo que ela segurava e em um só gole tomou tudo o que tinha. – O que tinha nesse copo? Pensando bem, melhor não saber. Eu vou lá.

            Quando Rachel começou a se afastar, Santana deu mais um soco no braço de Sam.

            - Ai! No mesmo lugar não! –Sam reclamou

            - Não fala comigo, eu ainda estou brava com você!

            Rachel se aproximou por trás de Quinn que ainda conversava com a mesma garota, ela parou a pouca distancia das duas e estava tomando coragem para chamar Quinn quando ouviu a outra garota dizer.

            - Se você quiser relaxar nós podemos ir para minha casa, eu tenho uma garrafa de um ótimo vinho e sou excelente massagista.

            Ao ouvir essas palavras Rachel sentiu o sangue subir e antes que Quinn falasse algo, ela disse:

            - Não precisa se incomodar, a namorada dela também faz uma ótima massagem.

            Quinn sentiu o coração disparar e sentiu também um frio intenso na barriga ao ouvir aquela voz, a loira virou-se e disse muito espantada:

            - Rachel?!

            - Namorada? A Santana me disse que você não tem compromisso com ninguém! – A morena falou sem entender o que acontecia.

            - E não tenho! – Quinn parecia meio perdida, não sabia para quem olhar.

            - Ela tem compromisso sim, e é comigo! – Rachel respondeu à garota, fechando a cara.

            - O que você está fazendo aqui? – Quinn perguntou ainda espantada.

            - Eu vim definir de vez nossa situação.

            Quinn olhou em direção aos amigos e viu Santana movimentando a cabeça negativamente e apontando o dedo indicador para Sam enquanto balbuciava: “A culpa é dele!”.

            - Achei que nossa situação já estava definida. – Quinn falou olhando para Rachel.

            - Eu acho que não, mas aqui não é lugar para discutirmos isso. – Rachel falou olhando para a morena que ainda estava lá.

            - Tem razão. Peça para Sam te levar para o dormitório, eu vou levar Mona para a casa dela e te encontro lá.

            - Quem é Mona? – Rachel perguntou.

            - Eu sou Mona. – A morena respondeu.

            - E por que Sam não pode leva-la e você vai comigo?

            - Por que eu a trouxe para cá, não seria nada educado da minha parte pedir para Sam leva-la. – Quinn tentava manter a calma.

            - Tudo bem, mas não tente nem uma gracinha com a minha garota. – Rachel falou e depois saiu andando em direção a Sam e Santana.

            - O que foi isso?- Mona perguntou ao ver Rachel se afastar.

            - Eu também não entendi. - Quinn falou meio sem graça.

            - Você tem mesmo alguma coisa com ela?

            - Não, eu... - Quinn pensou alguns instantes. – é complicado. Entende?

            - Entendo. Ela é muito bonita e... aparentemente ciumenta. – Mona falou com muita simpatia. – Espero que se resolvam. Se não acontecer, você pode me ligar.

            Quinn sorriu e disse:

            - Vamos!

            Durante o trajeto até a casa da morena, Quinn estava perdida em seus pensamentos. Mona até que tentou conversar, mas percebeu que não teria muitas respostas já que Quinn não prestava muita atenção, diante disso Mona desistiu e elas seguiram em silêncio.

            Ao estacionar na frente do dormitório, Quinn desceu apressadamente do carro e saiu sem tranca-lo, subiu as escadas correndo e abriu a porta com tudo se deparando com Rachel sentada em sua cama.

            - Que direito você acha que tem de vir até aqui e sair dizendo que é minha namorada? – Quinn falou furiosamente.

            - Por que você está agindo dessa forma? – Rachel perguntou espantada.

            - Por que eu estou assim?! Eu saí daqui, fui até New York para dizer que eu te amo, você disse que sentia muito, mas que não podia ficar comigo. Agora eu estou tentando colocar minha vida nos eixos novamente e você aparece dizendo que tem um compromisso comigo. – Ao terminar a frase, Quinn respirou profundamente e passou a mão entre os cabelos. - Eu estou sofrendo muito, não é justo você fazer isso comigo.

            - Não era minha intenção te fazer sofrer.

            - Depois do fora homérico que você me deu, você achou que eu ficaria como? – Quinn ainda estava furiosa.

            - Você acha que foi fácil para mim? – Rachel levantou - se.

            - E não foi?

            - Claro que foi. - Rachel falava com muita ironia – Esse é o tipo de pessoa que eu sou. Eu faço as pessoas se apaixonarem por mim e depois destruo a vida delas. Saber que você se declarou para uma pessoa diabólica e mesquinha faz você se sentir melhor?

            - Para com a ironia e me diz logo qual a finalidade de tudo isso.

            Rachel caminhou até ficar bem próxima de Quinn, olhou profundamente em seus olhos e disse:

            - Não me interessa quem disse o que, eu... eu estou aqui porque...

            - Porque o que Rache?

            - Eu vim até aqui porque eu quero um beijo seu.

            - O que? – Quinn estava bastante espantada.

            - Você me ouviu, e nós vamos fazer isso juntas e direito dessa vez. – Rachel falava tudo muito decidida.

            Quinn dissesse nada e ficou observando a figura de Rachel se aproximar lentamente, com os olhos fixos nos de Quinn. Rachel parou a poucos centímetros da garota e com delicadeza deslizou os dedos pelos cabelos loiros que contornavam seu rosto. Baixou os olhos até os lábios rosados a sua frente, com um pequeno gesto, ameaçou toca-los, mas recuou os dedos. Olhou para Quinn novamente e sorriu, recebendo o mesmo sorriso de volta, só então teve coragem de tocar os lábios com os quais sonhava há tempos.

            Quinn estava fascinada com cada gesto delicado e cauteloso de Rachel, e envolvendo a cintura da garota com as duas mãos, aproximou ainda mais seus corpos trazendo-a para si. Em um gesto sutil, segurou o queixo morena levantando-o levemente e aproximou o rosto ate que os lábios se tocaram.

            Foi um beijo pequeno, elas separam os lábios e se olharam, sorriram e voltaram a se beijar.

            Aquele era um momento de sincronia perfeita, os olhos fechado, os movimentos das mãos em ambos os corpos, as línguas que se tocavam e se retraiam no momento exato. O som dos corações batendo forte, acelerados e ritmados como se fosse um só ecoava pelo quarto.

            Ao se afastarem novamente, Rachel olhou para Quinn e disse:

- Olha nos meus olhos e me diz agora que você não quer isso pelo resto da vida. Se você me disser vou embora e te deixo em paz.

            Como resposta, Quinn a puxou para um beijo novamente.

            Algumas horas se passaram, e Quinn estava deitada na cama com Rachel deitada entre suas pernas, com as mãos apoiadas em seu abdômen e com o queixo apoiado nas mãos.

            - Quando você vai embora? – Quinn perguntou acariciando os cabelos de Rachel.

            - Amanhã. – Rachel falou sorrindo.

            - Mas amanhã já é sexta- feira, por que você não fica até domingo?

            - Você quer que eu fique até domingo?

            - Se você quiser ficar mais que isso eu não vou achar ruim.

            Rachel sorriu e subiu até a boca de Quinn para mais um beijo. Após o beijo, Rachel rolou para o lado de Quinn deitando-se de bruços, Quinn a abraçou por trás deitando-se parcialmente por cima dela.

            - O que a gente vai fazer Quinn. – Rachel parecia preocupada.

            - Sobre o que?

            - Sobre tudo, a distância entre a gente, meus pais, seus pais, nossos amigos, o Finn...

            - Calma Rachel, uma coisa de cada vez. Vamos começar do começo. – Quinn falou serenamente.

            - Tudo bem, sobre a distância. – Rachel falou sorrindo.

            - Infelizmente, nós teremos que nos ver de vez em quando, não dá para nem uma das duas trocar de faculdade agora, falta tão pouco.

            - E depois da faculdade?

            - Eu posso me mudar para lá, estou pensando em fazer especialização na Escola de Artes Visuais de New York.

            - Ou eu posso me mudar para cá e tentar minha carreira aqui.

            - Pode ser, mas isso vai ter que ser pensado com muita calma. Isso a gente pode deixar para depois.

            - Certo. Quanto aos seus pais?

            - Minha mãe ainda não se acostumou com a ideia de ter uma filha lésbica, mas ela respeita na medida do possível, o que para ela já é um grande passo. Meu pai vai fingir que está tudo bem. Mas sinceramente, não faz a menor diferença o que eles pensam ou deixam de pensar. Eu não vou abrir mão da minha felicidade só por que não é o que eles sonharam para mim. É a minha vida, eu sonho por mim. – Quinn deu pequenos beijos no ombro de Rachel que sorria de olhos fechados e perguntou para a morena: - Você acha que nós termos problemas com seus pais?

            - Não, eu acho até que eles torciam para que nós ficássemos juntas, o problema é que eu já vi eles sofrerem tanto com preconceito, e pode ser que algumas pessoas culpem os dois por eu ter me envolvido com uma garota. Sabe aquele tipo de pessoa que diz que gays não podem adotar, e que essas crianças se tornariam gays também porque viveriam no meio da promiscuidade.

            - Rachel, acho que até essas pessoas no fundo sabem que o que elas defendem não faz sentido algum. Meus pais são heteros e cristãos fervorosos, e olha para mim. Tenho certeza que isso seus pais tiram de letra. E só uma pessoa que não te conhece teria a capacidade de pensar que você não tem personalidade o suficiente para se deixar influenciar por quem quer que fosse.

            - Quinn... – Rachel suspirou profundamente – Nossa... como é difícil falar quando você sabe que é realmente verdade.

            - Falar o que? – Quinn perguntou suavemente.

            - Eu te amo Quinn Fabray!

            Quinn ajoelhou-se na cama e com um sorriso bobo falou:

            - Repete!

            Rachel sentou-se na cama e sorriu dizendo:

            - Lucy Quinn Fabray, eu te amo!

            Quinn ia se aproximando para mais um beijo quando Rachel, delicadamente colou a mão no peito da loira, e fazendo com que ela parasse o movimento disse:

            - E justamente por que eu te amo, eu preciso te contar uma coisa.

            - Essa coisa que você vai me contar vai me deixar mais feliz ou tem a possibilidade de acabar com a minha alegria? – Quinn falou recuando.

            - É mais provável que seja a segunda opção. -Rachel estava muito séria.

            - Então nem me conta.

            - Mas Quinn, é importante.

            - Envolve uma terceira pessoa?

            - Sim. – Rachel falou cabisbaixa.

            - É... então eu não quero saber mesmo! Não hoje.

 Quinn aproximou- se para mais um beijo. Ela se ajoelhou com as pernas de Rachel entre as suas, e segurando ao rosto da morena com as duas mão começou a mordiscar seus lábios, desceu e fez o mesmo em seu pescoço, intercalando as pequenas mordidas com beijos. Subiu novamente até os lábios e passou a língua lentamente pelo lábio inferior e puxando com firmeza os cabelos de Rachel, inclinou levemente a cabeça da morena para trás, que olhou para ela praticamente suplicando por aquele beijo. O pequeno gemido de Rachel foi o gatilho para que Quinn juntasse seus lábios vorazmente em um beijo longo, profundo e quente. Rachel correu as unhas pelo jeans das coxas de Quinn, e quando encontrou a barra da camisa de botões que a loira usava, deslizou os dedos para dentro da blusa e fazendo desenhos com os dedos na pele de Quinn, arrancou suspiros profundos.

A entrega das duas era total no momento, tudo estava muito intenso até que de repente, Rachel se afastou ofegante.

- Quinn, eu preciso de um banho.

- Nãããããão! Assim você me mata! – Quinn falou dramaticamente arrancando risos de Rachel.

- Já tem umas quinze horas que eu tomei banho. Se eu não tomar um, o mais perto que você vai chegar de mim é segurar minha mão.

Quinn sorriu, se levantou e disse:

- Vem que eu te mostro o banheiro. - As duas sorriram e Quinn levou Rachel até o banheiro do dormitório.

No banheiro, Rachel se sentia uma pessoa de muita sorte. Amar como ela estava amando e ser correspondida era para poucos. Aquele sentimento que corria seu corpo levando frio e calor a todas as partes fazia com que ela sentisse medo e euforia ao mesmo tempo, era magnífico e superior a tudo que ela já havia sentido.

A felicidade era tanta que ela começou a fazer uma dancinha estranha e a cantar uma música que basicamente repetia a frase “Quinn Fabray me ama”.

Sim, ela havia sido atingida pelo descontrole ridículo do amor, mas só umas duas ou três desconhecidas viram. Sinceramente, ela não estava nem aí.

Quinn sentou-se na cama para esperar Rachel. Ela pensava em tudo que havia se passado para que chegasse aquele momento. Ela sorriu ao pensar em como tinha sorte, mas logo seu corpo foi tomado por uma sensação de medo e o frio que sentiu na espinha foi inevitável, ao pensar por poucos segundos no que seria dela se chegasse a perder Rachel. Logo fez questão de apagar isso de sua mente e decidiu tirar a camisa que vestia.

Enquanto desabotoava lentamente a camisa, percebeu a porta do quarto se abrir e se fechar. Quinn olhou para o lado e sorriu ao ver que Rachel a observava.

- Se você ficar me olhando assim eu vou ficar sem graça.

- Te olhando como? – Rachel perguntou sorrindo.

- Como se nunca tivesse me visto. – Quinn falou apoiando as mãos nas próprias pernas.

- Mas toda vez que eu te vejo, é como se fosse a primeira. - Rachel aproximou-se da cama e ajoelhou - se atrás de Quinn que continuava sentada.

Quinn sorriu ao sentir seu corpo ser envolvido pelos braços de Rachel e disse:

- Nós vamos ser um daqueles casais melosos que ninguém suporta ficar perto?

Rachel apertou a loira fortemente contra o próprio corpo, apoiou o queixo no ombro da garota e respondeu:

- Definitivamente sim! – A resposta de Rachel fez as duas sorrirem.

Rachel começou a beijar delicadamente o pescoço de Quinn, o que a fez fechar os olhos e sorrir.

Quinn virou-se na cama ficando sentada de frente para Rachel que ainda estava ajoelhada sobre a cama. Quinn foi aproximando seus rostos até que encostassem suas testas, uma acariciou os cabelos da outra em silêncio por algum tempo, e num movimento gentil e delicado, Quinn fez com que Rachel deitasse a cabeça em seu colo.

Aquele momento não poderia ser outra coisa a não ser único. Muitas coisas poderiam ter sido ditas naquele momento, mas não foi preciso, porque naquele instante os olhos se entendiam e isso era o suficiente.

Rachel levantou-se e ficou em pé na cama, e sem dizer uma palavra tirou a camisa velha que usava para dormir sem tirar os olhos de Quinn.

Quinn por sua vez ficou surpresa, ela imaginava essa cena, mas não esperava que acontecesse não naquele momento, ela olhava tão fixamente para as formas de Rachel, que se esqueceu de como respirar por alguns instantes.

Rachel por sua vez, percebeu que sua atitude havia agradado a loira, lentamente começou atirar o short que vestia e o jogou em canto escuro do quarto. Diante de Quinn com a boca entreaberta, rache começou a sorrir e morder o lábio inferior, e com um o dedo indicador fez um sinal para que Quinn se levantasse.

Quinn levantou-se achando que finalmente tocaria o corpo incrível de Rachel, mas a morena sorriu novamente e sentou-se na cama.

Quinn entendeu o recado, sorriu e disse:

- Muito justo!

Com um ar um pouco mais sério, Quinn começou a desafivelar o cinto e desabotoar a calça jeans que vestia, ela começou a descer a calça até os pés e começou a pisotear a peça de roupa para tira-la das pernas, e durante esse movimento se desequilibrou o que fez Rachel rir.

- Com licença, eu estou tentando ser sexy aqui! – Quinn falou muita irreverencia após tirar a calça.

- Desculpe, - Rachel falou ao parar de rir. - mas isso você não precisa nem tentar.

Diante das palavras de Rachel, Quinn tirou a camisa de botões que vestia sem desabotoa-los e jogou para trás. Ela olhou para Rachel, sorriu e estendendo- lhe a mão para que ficasse em pé, ao puxar Rachel seus corpos se trombaram e imediatamente começaram se beijar.

Beijo, chupadas e mordidas se espalhavam por pescoços, orelhas, ombros e colo, até que Quinn virou Rachel de costas para si e começou a deslizar a língua por todo o caminho da cintura até o sutiã, onde ela parou e depositou muitos beijos antes de tirar aquela peça de roupa de Rachel.

Delicadamente ela começou a descer as alças da peça e beijar os ombros da garota, que passou a respirar mais profundamente.  A peça de roupa já estava no chão quando Quinn começou a deslizar os dedos pela barriga de Rachel até chegar a seus seios e começar a massageá-los arrancando suspiros de Rachel.

Rachel virou-se de frente para Quinn, e beijou- a fervorosamente, enquanto cravava as unhas nas costas da loira que soltava pequenos gemidos. Ela soltou o fecho do sutiã de Quinn e passou a chupar os seios da loira.

Elas se deitaram e Quinn estava por cima de Rachel, as duas se beijavam com voracidade, em um movimento rápido, Rachel inverteu as posições ficando por cima de Quinn.

Rachel tirou a própria calcinha e a calcinha de Quinn deitando-se novamente por cima da loira e sentindo todo seu corpo tomado pelo desejo que sentia, achou seu lugar entre as pernas da loira e mordendo levemente o lábio inferior da garota, começou a movimentar seu quadril.

Elas tinham os olhos fixos uma na outra enquanto se entregavam a aquele momento. Começaram a intensificar os movimentos cada vez mais e mais, até que Rachel sentiu o corpo tremer e ser tomado pela onda de calor que explodiu e um grande gemido de prazer.

Rachel deixou o peso de seu corpo exausto cair sobre o de Quinn, que lhe acariciava as costas. Instantes depois, ela olhou para Quinn e perguntou:

- Por que você não está cansada como eu, não vai me dizer que você não...

- Quase, – Quinn respondeu sorrindo. – mas tudo bem.

Rachel beijou carinhosamente os lábios de Quinn e depois começou a distribuir beijos por tudo o corpo da garota até chegar em sua barriga onde se demorou mais um pouco.

- Rachel... – Quinn tentou falar algo mas foi interrompida.

- Xiiiu! -  Rachel falou levando o dedo indicador até os lábios, ela sorriu e continuou até chegar onde queria.

Ela se posicionou entre as pernas de Quinn, e sem tirar os olhos de Quinn, começou a brincar com a língua em seu sexo antes de começar a suga-lo com vontade.

Os movimentos da língua de Rachel começaram a se intensificar, assim como os gemidos de Quinn.

Quinn começou a movimentar os quadris enquanto afundava ainda mais a cabeça no travesseiro, e quando Rachel apertou- suas coxas e acelerou os movimentos da língua, ela se agarrou aos lençóis e seus gemidos de prazer encheram o quarto durante o orgasmo.

Rachel saiu da posição que estava e passo as costas da mão nos lábios como se limpasse algo, e deitou-se ao lado de Quinn que perguntou ofegante:

- Pode ser meio indiscreto e clichê da minha parte te pergunta isso, mas com quantas mulheres você já esteve?

Rachel sorriu e fez cara de quem estava pensando ao dizer:

- Contando com você?

- É.

- Que eu me lembre... uma!

- Certeza?! – Quinn falou sorrindo.

- Se fosse mais do que isso com certeza eu me lembraria.

- Isso foi... – Quinn não terminou a frase e suspirou profundamente.

- Eu sei, só acho que nós devíamos ter feito isso antes!

- Isso quer dizer que foi bom para você? – Quinn engrossou um pouco a voz arrancando gargalhadas de Rachel, o que a fez rir também.

- Não acredito que você disse isso! – Rachel deitou-se sobre o peito de Quinn apoiando-se no próprio cotovelo.

- Vai me dizer que você nunca ouviu essa frase? – Quinn perguntou sorrindo.

- O pior é que já.

- Serio?! E o que você disse? – Quinn perguntou franzindo a testa.

- Eu não disse nada, eu levantei e fui embora.

- Que maldade!- Quinn falou sorrindo. – Quer dizer que eu preciso tomar muito cuidado com o que eu disser agora?

- Com certeza tem, uma palavra errada e eu me levanto e vou embora.

- E se eu disser que essa é a primeira vez que eu faço amor na minha vida? – Quinn pensou um pouco e continuou dizendo. – Que coisa mais brega eu acabei de dizer!

Rachel sorriu e disse:

- Foi lindo, brega... mas lindo! Agora sinto muito, mas eu tenho que ir.

Ainda sorrindo, Rachel fingiu que ia se levantar. Quinn a puxou delicadamente para si e disse em tom de voz calmo e baixo:

- E se eu disser que eu te amo, é o que?

- É perfeito! - Rachel sorriu e beijou Quinn apaixonadamente, e mais uma vez elas se entregaram ao prazer.