Uma Garota Sombria escrita por cessiuh


Capítulo 6
Um galanteador e uma pianista


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu sei que demorei. :/ Mas aqui está. Esse capítulo estava enorme e eu fiquei em dúvida de postar um big capitulo e meus leitores não lerem, ou se cansarem de esperar. Então dividi em dois. Inicialmente o cap. seria "Um galanteador e uma rosa branca", mas como eu dividi... Bem, espero que gostem mesmo assim.
Agradeço a todos que deixaram seu comentário no cap anterior.
Beijão para:
-> Vaah
-> HavennaPurple
-> GabyyEstevao
-> Lollitha
-> damnedwitch
Boa leitura a todos.



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- Você está deslumbrante senhorita Anne.

- Obrigada. – Eu continuei séria, olhando fixo para ele.

- Não me disseram que você era tão linda. Mas eu já devia imaginar, afinal, todas as mulheres dessa família são magníficas. – Ele sorriu, mostrando seus dentes perfeitos. –Longe de mim querer magoá-las, mas é claro, você é a mais linda de todas.

Eu tentei sorrir, juro que tentei. Mas não havia como. Será que só eu achava aquela situação ridícula, desconfortável e desnecessária?

Minha tia sorriu por mim. Ela estava adorando aquela palhaçada.

- Ah Marcony! Sempre tão gentil e galanteador. Tenho certeza que vocês vão adorar se conhecer.

- Eu já adorei. – Ele falou sem tirar os olhos de mim. – Sua sobrinha é adorável.

Minha tia se sentiu elogiada por mim. Porque eu não estava nem um pouco encantada com as gentilezas de um desconhecido? Eu era tão louca assim?

- O almoço já está servido. Venha Anne, cumprimente os pais de Marcony e vamos almoçar.

Sentamos à mesa e começamos a refeição. Éramos oito, pois as crianças não iam participar do almoço. Sorte a delas. Os olhos de Marcony não me deixavam nem um segundo e eu terminei me acostumando com isso. Talvez ele fosse um bom homem e eu não devesse julgá-lo. Ele só seguia as regras da sociedade e queria me agradar. Eu não podia culpá-lo por nada.

A comida estava deliciosa e todos elogiaram. Minha tia aproveitou o almoço para citar todas as minhas qualidades. Eu tenho que admitir, era uma propaganda mais do que enganosa, mas quem sou eu para falar alguma coisa?

- Eu mesma ensinei Anne a costurar. Ela é muito talentosa. Já fez vários vestidos para Elise. (Eu só tinha feito dois vestidos na minha vida inteira, e ficaram péssimos.) Elas são muito próximas, Anne cuida de Elise como uma mãe. Ela tem esse lado maternal desde pequena. (Lado maternal não é bem uma característica minha, mas ok) Anne sabe cozinhar todas as receitas da família. Elizabeth sempre foi uma excelente cozinheira, Anne herdou isso da mãe. (Eu não sei cozinhar!) Ah, e foi a própria Elizabeth que ensinou a maioria das receitas para Anne. (Minha mãe mal conseguia se levantar da cama. Será possível que ninguém se lembra disso?) Talvez por isso ela goste tanto de cozinhar. (Eu não gosto) Minha irmã era uma mulher muito dedicada, até o último minuto, se dedicando a família.

Eu só respondia quando me perguntavam e confirmava tudo o que minha tia falava, por mais absurdo que fosse. Ela falou sem parar sobre todas as minhas aulas particulares, e em como eu aprendia rápido.

Ela exagerou um pouco, mas essa parte era quase verdade. Eu realmente tinha aulas particulares.

Depois do almoço, tive que tocar piano para nossos convidados. Marcony estava encantado e não parava de sorrir olhando para mim. E isso já estava me assustando um pouco. Ele se aproximou de mim, quando terminei de tocar.

- Você toca maravilhosamente bem. Aliás, estou tentando descobrir o que a senhorita Anne não faz maravilhosamente bem.

- Com certeza vai descobrir. Eu te garanto.

- Acho difícil. Estou tão encantado com você que acho impossível enxergar algum defeito, mesmo que ele esteja na minha frente.

- Isso é muito grave. A senhorita Anne é um amontoado de defeitos.

- Então eu estou cego.

- Eu não. Eu estou atenta a tudo. Com os olhos bem abertos.

- Então consegue ver o quão encantado eu estou por você.

- Consigo. E chega a ser constrangedor.

- Só isso?

- Não. Também é inexplicável, desnecessário e assustador.

Ele riu.

- Se a sua intenção foi me constranger, não conseguiu. Eu tenho esse problema de não me sentir envergonhado.

- Ah, que pena. É mais um problema gravíssimo, com toda a certeza. E agora, o que farei? Não tenho outro plano.

- Tente conversar comigo como uma dama civilizada.

- Então não percebeu que estou tentando? Mas eu tenho esse problema de não ser uma criatura domesticada. Como pode ver, eu não sou quem você procura, Marcony.

- Eu discordo. Você é exatamente o que eu procurava, mesmo sem saber. Mas quando nos conhecemos, eu tive certeza.

- Você ainda não me conhece. Não tire conclusões precipitadas para depois não se decepcionar.

- Posso não te conhecer a muito tempo, mais estou disposto a recuperar o tempo perdido e conquistar seu coração, como você conquistou o meu.

- Eu não posso ter conquistado seu coração em uma única tarde. Como pode ter tanta certeza sobre mim?

- Queria eu ser totalmente racional, mas foi o meu coração que decidiu e não eu.            

- Eu sinto muito pelo seu coração, mas não posso dizer o mesmo.

- Eu vou fazer você gostar de mim.

- Eu já gosto, mas não do jeito que você quer. Eu preciso de tempo.

- E eu respeito isso. Eu não quero te pressionar.

- Eu sei que suas intenções são as melhores. Quer dizer, assim espero.

- Você irá se surpreender comigo. Eu sou mais do que aparento ser. Muito mais. – Ele olhou no fundo dos meus olhos. – E eu sei que você também.

- Você acha que sabe tanto sobre mim... Não confie tanto em minha tia.

- Talvez eu saiba mais do que imagina.

- Já eu, não sei absolutamente nada sobre você. Eu não vou levar em conta o que sua família nos contou.

- Então acho que começamos errado. – Ele deu um giro, pegou minha mão e a beijou. Eu ainda não tinha entendido o que ele estava fazendo. - Boa tarde senhorita, eu sou Marcony Longatto, tenho 19 anos, gosto de andar a cavalo, de tomar limonada e de assistir a peças teatrais. – Ele abriu um largo sorriso, mas depois retomou sua postura séria. Ele estava se esforçando para segurar o riso. - Estou a procura de uma linda dama, para me fazer companhia pelo resto de minha vida. Será que uma linda jovem como você poderia me ajudar?

- Como é essa dama que procura?

- Ah, eu não sou nem um pouco exigente. Ela só precisa ser exatamente igual a você. 

- Neste caso, eu lamento senhor Marcony. Não há dama alguma igual a mim.

- Mas afinal, quem é você, senhorita misteriosa que ainda não se apresentou?

- Não pude me apresentar ainda, pois não foi me dada à chance. Eu sou Anne Cavenaghi, tenho 15 anos, não gosto de animais, de limões e de teatro. – Levantei para olhá-lo nos olhos. - Sou um caso perdido?

- Nossa! Estou pasmo!

- Acho que isso é um sim.

- Não gosta mesmo de limões?

- Não.

- Nossa! É inacreditável. Mas alguma coisa deve lhe interessar. Do que você gosta, senhorita Anne?

- Tente ler minha mente.

Ele abaixou a cabeça e ficou pensando um pouco.

- Piano?

- Não.

- Costura?

- Não.

- Culinária?

- Não.

- Maquiagem?

- Não.

- Vestidos?

- Não.

- Jóias?

- Não.

- Eu desisto. Estou desesperado. Não conheço as mulheres.

- Eu disse que não me conhecia.

Ele riu.

- Acha mesmo que não percebi sua reação enquanto sua tia falava?

- Não sei do que está falando. Não houve reação nenhuma.

- Eu te conheço Anne. E te entendo. Sabe de uma coisa? Eu estava muito nervoso com esse almoço, mas assim que eu te vi, eu tive certeza de estar no lugar certo. Sabe aquela sensação de segurança? Eu senti quando te vi. Como se estivesse em casa.

- Eu não sei mais o que é isso.

- Mas vai saber. Por que se eu sinto que meu lugar é ao seu lado, o seu lugar só pode ser em um único lugar.

- Marcony, ainda é muito cedo para falar sobre isso.

- Desculpe-me. Eu estou sendo inoportuno.

- Exatamente.

- Bem... Já está ficando tarde. Nem percebi o tempo passando hoje, conversando com uma linda dama e ouvindo as lindas músicas tocadas por ela. Acho melhor ir logo.

- Não fique chateado comigo. Eu só não consigo... Com essa pressão...

- Fique tranquila. Não é tão fácil assim se ver livre de mim.

Ele abriu um largo sorriso.

- Adeus senhorita Anne. – Ele se curvou e beijou minha mão. Numa coisa minha tia tinha razão. Ele era mesmo um cavalheiro. - Nos veremos em breve?

- Adoraria outra visita. – Falei por pura educação.

- Então eu virei.

Eu dei um sorriso tímido. Era estranho, mas agora que ele estava indo embora, uma pequena parte de mim realmente queria que ele voltasse.

- Adeus Marcony.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Por favor, sua opinião é muito importante para mim, que estou aqui postando minhas historinhas de grátis para vocês. Da um alô ali em baixo.
Ah, e queria pedir para quem está acompanhando falar se prefere um cap. mais ou menos desse tamanho, ou se pode ser maior.
Até o próximo capítulo, que está super legal e um pouquinho assustador. Só um pouquinho...



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