Single Ladies (put a Ring On It) escrita por OppaMattStyle, HHenry


Capítulo 1
Dirty Life, Suckas Mistakes


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 1 - Dirty Life, Suckas Mistakes (Vida suja, erros idiotas)
Personagens & seus semblantes:
— Karen (Britney Spears)
— Flora (Lindsay Lohan)
— Mayra (Jessica Cornish/Jessie J)
— Chelsea (Brenda Song)
— Bonnie (Rihanna)
— Albert (Yoann Gourcuff)
— D. Carolinne (Madonna)
— Padre (George Clooney)

Fic escrita por Luis_Henrick e betada por HHenry



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CAPÍTULO 1 – Dirty Life, Suck Mistakes

Watermelon, interior do Texas.

Karen PDV

   Vida nova, casa nova, cidade nova… Pois é, assim é a vida. Passamos anos de nossa vida criados em casa, com nossa família, com regras... E de repente, nos vemos num mundo de estudos e diversão, com nossos amigos, sem regras, apenas vivendo. E era essa a fase atual de minha vida. Estava tirando minhas coisas empacotadas de dentro do Crossfox que meu pai me dera quando me formei no Ensino Médio. O apartamento – uma república fornecida pela faculdade que eu iria cursar – era pequeno, então não me preocupei em levar tanta coisa. Aquela cidade realmente não era a mais conhecida nem tinha o ensino mais comentado dos EUA, mas era o lugar mais próximo e na faixa de preço mais aceitável que havia próximo de onde eu morava – New Mexico – afinal, minha mãe fazia questão disso. Eu realmente não precisava estar carregando todo aquele peso e montando o apartamento, mas dessa vez, era uma mudança definitiva.

   - Ai mãe... Será possível?! Tenho 19 anos, sou independente, estudo, trabalho meio período e tenho uma residência fixa até eu terminar a faculdade. Posso fazer minhas escolhas muito bem sem a supervisão da senhora, e um pouco de confiança ajudaria, né! – disse, espremendo o celular entre meu ombro, meu cabelo e minha orelha, enquanto carregava umas duas caixas empilhadas até meu quarto.

   - Como?! Não te criei e te eduquei na melhor escola do Novo México pra você terminar no meio do deserto do Texas numa cidade onde a maioria da população são vacas, vaqueiros e pés de milho! – rebateu ela, irritada com minha persistência. – Sem falar que você se enfiou numa república. Tem ideia de como esses muquifos fedem e são apertados?! – incrível como dona Carolinne tinha argumento para tudo!

   - Olha mãe, não se preocupa, o lugar é bem bonitinho e tem uma vista linda, é todo arrumadinho. Sem falar que minhas amigas, a Flora – olhei para a ruiva tatuada dando uns acordes na guitarra – e a Mayra – a morena de cabelos curtos se maquiando – estão aqui, então vou estar segura, protegida e bem acompanhada. – disse eu, enquanto colocava as caixas sobre a minha cama. Uma delas tava repleta de roupas; a maioria já parecia pequena, eu tinha de emagrecer, andei comendo muita besteira. E a outra estava com meus eletrônicos... tablete, notebook...

   - Ah, suas amigas! Outras que eu não confio de JEITO NENHUM! – dizia ela. Ah, vai começar a falar mal delas... – Aquela ruiva estranha. Ainda acho que ela é possuída pelo demo – soltei uma baixa risada – e aquela morena tem cara de sapata. Falo mermo.

   - Olha mãe, não vem dar ataque de homofobia, que isso é coisa do século passado, e nem no século passado isso tava certo. – dobrei as roupas que estavam meio desarrumadas e coloquei uma a uma nas gavetas do guarda-roupa que fazia parte da mobília da república.

   - Querida, escute. Só estou dizendo que, se você não me obedecer, minhas portas vão se fechar para você. Vai doer muito, mas se for caindo e se escangalhando que você vai aprender, é assim que vai ser. – ela desligou o celular na minha cara. Sentei na cama e ri baixo das gírias que minha mãe usava. Eu estava rindo, mas devia estar me descabelando.

   - Flora, não saiu como eu queria. – desliguei o celular e coloquei sobre o criado-mudo. Sentei-me na cama.  

   - Vai dar tudo certo, linda... Você vai ver – disse Flora, passando a mão nas minhas costas. – Se tudo der errado, você tem um corpão. Aí eu viro cafetina e te prostituo até ficarmos ricas! – ri e abracei Flora. Só ela pra me fazer rir numa hora dessas.

   - Claro amiga, faço sempre o que precisar. Eu SEMPRE vou estar do seu lado – ela sorriu. Me segurei para não chorar ali, como eu amava minhas amigas. – Agora, acho melhor você dormir, afinal tem teste amanhã e a nerd da classe não pode se sair mal! – disse ela, em deboche. Ri, e me deitei. Eu via tanta sinceridade e amizade no sorriso dela. – Amigas são pra isso! – cochichou em meu ouvido.

   Olhei pelo vidro da janela; a chuva castigava cruelmente o chão, as telhas e as árvores. Minha mãe conseguiu estragar meu dia, mas ela tem o direito de fazer as escolhas dela... Mas eu estava feliz, principalmente por ter tanta gente do meu lado. Tá, não era tanta gente, mas eu as amava, e isso que importava.

   - Boa noite, amiga. – disse ela, me dando um abraço. Deitei-me na cama e ela puxou a coberta. Ela acenou, desligou e fechou a porta. – Beijinho, amiga.

  - Beijos, amiga. – disse eu. Ela então saiu. Virei-me para o lado, sem sentir uma ponta de sono.  Eram tantas coisas passam por minha cabeça naquele momento... Mas eu tinha que ser forte. MAIS forte. Afinal, o jeito é enfrentar.

Flora PDV

   Fechei a porta do quarto dela; caralho, quanta coisa tava acontecendo. Muito ruim ver a Karen assim, logo ela que sempre foi a mais animada de nós... Mas não posso dizer que é fácil enfrentar problemas com a mãe. No meu caso, foi meu pai; ele me espancou e quase me botou pra fora quando apareci com piercings e tatuagens; quebrou minha guitarra favorita e meus outros instrumentos musicais. Ele queria que eu fosse como ele tinha premeditado desde que eu nasci. Mas não, eu era diferente; e minha mãe me entendia. Mas apesar de tudo, eu o amava, e em nenhum momento pensei em abandoná-lo. Afinal, minha mãe era literalmente uma bitch, fugiu com outro cara, abandonou meu pai... Mesmo ela me entendendo, eu não podia simplesmente abandonar meu pai. E eu espero que um dia ele me entenda. Tenho sorte de Karen estar me ajudando desde que eu fugi de casa; até a pagar a faculdade ela tem me ajudado. E como sou maior de idade, e independente, ele não tinha mais poder sobre mim.

   Conti meus olhos novamente, como faço há muito tempo; me sinto mais forte toda vez que consigo deixar de chorar. Eu não podia ficar pensando nisso, tinha que me preocupar comigo.

   - FLORA?! – nossa, meu coração acelerou na hora. Puta que pariu, o que tava acontecendo? AAH, eu ia matar a Mayra. Deeeus, ela podia ter me pego chorando ou com cara de menininha carente. Que raiva!

   - MAYRA, SUA PUTA! – gritei. – Ah meu Deus, que susto! Vai tomar no cu, eu podia ter infartado, sua bitch! – gritei, com batimentos acelerados, enquanto ela ria.

   - Ai, que horror Flora! – ela continuava rindo e eu me recompunha. Por sorte eu não teria acordado a Karen. – Enfim, fiz pipoca de micro-ondas, tá afim? – perguntou ela, comendo aquelas crocantes pipoquinhas.

   - Não, não tô com fome. – disse eu. – Tô precisando beber alguma coisa. – disse, indo até a cozinha. – Nada de vodka, nada de whisky... Aff, só tem refrigerante nessa merda?

   - Você sabe, a Karen é modelo, não pode beber. – disse Mayra em tom de deboche. – E eu tratei de me livrar das garrafas por ela... – ela riu.

   - Mayra, tu tá querendo morrer. Enfim, não vou gastar minha beleza por causa das suas travessuras, e principalmente seu penteado estranho.

   - Meu penteado não é estranho. É que eu tenho traços fortes, hunf. – eu ri. – Ai, chega, cansei de tirar com a sua cara, tenho coisas mais importantes pra fazer.

   - Tipo postar fotos no Facebook e tirar uma com a cara daquela patricinha mimada? – Chelsea, essa era a patricinha. Ela simplesmente me dava nos nervos, metida à besta e à puta. – ela apenas sorriu sarcástica e passou direto por mim.

~.~  

Karen PDV.

   Me espreguicei e bocejei; procurei por Flora ou Mayra deitadas nas camas ao lado, mas nada delas. Que coisa mais... estranha

   À medida que eu ia descendo até a cozinha, ouvia vozes de pessoas conversando, quero dizer, discutindo. Flora tava discutindo com Mayra de novo, só pode. 

   - Olha aqui, sua bitch, eu EXIJO que você saia da NOSSA república. IMEDIATAMENTE. – disse Flora, com chamas no olhar.

   - A casa não é sua, garota! – disse o... Padre. Flora estava empurrando de um lado da porta, e o Padre de outra. O Padre era simplesmente como um zelador da Universidade, que vinha direto pregar ‘a palavra de Deus’ e insistia em tentar exorcizar Flora. – A casa não é sua, garota do Satã! – retrucou o Padre, mais uma vez. – Karen, Karen, que bom que você apareceu! Agora mande essa garota me deixar entrar.

   - Sorry Padre, mas essa garota é minha melhor amiga. – disse eu, e Flora me lançou uma piscadela, satisfeita.

   - Ok, então. – disse o Padre, profundamente ofendido. – Pensei que iriam se interessar por uns cargos que o prefeito está oferecendo.

   - Que cargos, cargos minha buc... – dei um cutucão em Flora, e ela não completou seus dizeres. – Esse Padre é cascateiro! Da última vez que ele apareceu, disse que o Silvio Santos tava jogando dando dinheiro na barraca da praça!

   - Silvio quem?! – perguntei, totalmente por fora do assunto. Flora abriu a boca duas vezes, mas não produziu som algum. – Ah... Pode ir, seu Padre. – disse eu, com os olhos arregalados. Ele, mau humorado, retirou-se dali.

   - Ele o prefeito metido a rico são muito estranhos. – disse Flora. – Essa gente não sabe se colocar no seu lugar... Pra mim esse Padre não é padre de verdade, ele é algum golpe político. Porque todos os santinhos que ele me deu vêm com o número para votar na reeleição do Prefeito.

   - Bom Dia pra você também, Flora. – disse eu, resmungando. Ela lançou um sorriso malicioso e sarcástico.

   - Fiz ovos mexidos para o café, com uma fatia de bacon. Pode pegar e comer. – disse ela, tentando dispersar o assunto.

   - Ovos mexidos?! Sua desnaturada, não posso comer ovos mexidos no café! – disse, indignada.

   - É amiga, ovos mexidos. Tive a sorte de que a Mayra conseguiu roubar esses ovos da galinha do vizinha, porque a geladeira tá mais deserta que minha... – lancei um olhar mortal para ela. – Ok, vou maneirar com os palavrões. E... se prepare para seu primeiro dia, você finalmente se livrou da velha.

   - Tá, tá... – disse, vencida, dando uma risada baixa. Mal comecei a comer e a campainha tocou.

   - Caralho! – disse Flora, indignada. – Tomara que seja uma puta bem gostosa, eu tô precisando drenar minha essência feminina.

   - Eu tenho medo de você, Flora. – ri alto.

Mayra PDV

   - Hey garotas! – disse, entrando com umas compras rápidas que eu tinha feito.

   - Mayra, sua vadia, desde quando você precisa tocar a campainha pra entrar aqui? – perguntou a Flora com cara de cu.

   - Ai Flora, não faz a louca! Fui pegar nossos aventar pro nosso primeiro dia trabalhando na confeitaria do prédio da Universidade. – disse em polvorosa.

   - Ah, que legal! Tô muito feliz por agora ter um salário mínimo mensal, porque agora, sem a mesada da minha mãe... – disse Karen. Eu não tinha mãe, nem pai. Eles morreram num acidente de carro quando eu tinha uns... 3 anos, então não entendia o que elas tavam passando. De certo modo, isso me favorecia, liberdade, independência... Mas não posso negar que faz falta.

   - E eu já torrei uma parte do meu salário. Porque eu prefiro desenterrar um defunto, comer os restos mortais e ainda lamber os ossinhos do que ter que roubar ovos do vizinho everyday!

   - Ai, que nojo Mayra! – Karen começou a tossir, e eu e Flora rimos. – Muito obrigado pela consideração, eu tava comendo! Aliás, já tô muito bem, obrigada pelo ovo, Flora.

   - Mas você não comeu quase nada! Não quero ver você disléxica. – disse Flora. Karen e eu arregalamos os olhos.

   - Como que é, disléxica? – rolei de rir. – Não sabia que a gente pegava dislexia por se alimentar mal. Puxa Flora, você manda muito bem em Biologia, hein?!

   - Aah, cala a boca, porra. Foi só um errinho básico, hunf. – disse Flora, envergonhada. Karen e eu rimos novamente.

Flora PDV

   A campainha tocou novamente. Com raiva, me dirigi em silêncio até a porta. Abri e dei de cara com... Chelsea.

   - Passou a noite aqui, sirigaita? – disse Chelsea, com um sorriso muito falso no rosto. Karen, como você permite? – fiquei vermelha de raiva; Chelsea era a maior bitch que eu conhecia! Pra começar, filha de prefeito, tinha carro chique, escola chique e foi a Miss Watermelon 6 vezes consecutivas – concurso municipal de modelos – e por causa disso, acha que tem direito de empinar o nariz e se colocar sobre alguém.

   - É melhor sair daqui antes que eu meta a mão na sua cara, sua bitch! – disse eu. – Hunf, como se fosse difícil ganhar o prêmio de Miss Melancia... – resmunguei.

   - E se eu não quiser, queridinha?! – ela aproximou seu rosto do meu com um sorriso sarcástico e extremamente irritante de gente metida. – O que você vai fazer? – ela colocou os óculos escuros que estavam em sua cabeça em seus olhos. Karen corre para me segurar; se não fosse por ela eu teria avançado naquela garota, o sangue corria todo meu corpo, me esquentando e me impulsionando para cima daquela nojentinha. – Inútil. – AAH, agora nem a Karen me segura.

   Pisei no pé da Karen – eu teria de pedir desculpas mais tarde – e parti pro pescoço daquela metidinha a elegante. Ela bateu com a cabeça na porta e logo se jogou ao chão. Coloquei meus joelhos sobre sua barriga – aquilo iria doer muito – e fechei a mão e usei toda a minha força na hora de encostá-la na cara de Chelsea.

   - Garotas, fiquem calmas! – disse Mayra, desconsolada. Se ela viesse com aqueles negócios de paz até mesmo com os inimigos ia sair de olho roxo também.

   - Aaah sua prostituta, larga de mim! – Chelsea gritava de dor. E os gritos dela me motivavam a continuar. Saí de cima dela e virei-a de bruços. Puxei seu cabelo e comecei a bater sua testa contra o chão.

Mayra PDV

   - Karen, me ajuda, pelo amor de Deus! – gritei, e ela chegou junto a mim. – PAREM VOCÊS DUAS! – gritava. – BRIGA DE TROUXAS, QUE IDIOTICE, SÓ VÃO SAIR MACHUCADAS! – Flora não parecia nem um pouco preocupada, nem a expressão ela mudava.

   Flora se levantou com um extenso corte que ia da boca até a orelha. Porém, não se comparava ao estado de Chelsea; com a testa vermelha, olhos roxos, nariz vermelho, lábios inchados e sangrando.

   - Flora, olha o que você fez com a garota! – disse Karen, chocada. – Não acredito que somos do mesmo estado e tivemos criação tão diferente.

   - Não é hora pra filosofia, Karen. – disse eu, aterrorizada. – Flora, dá um jeito de recompor essa garota e rápido! Vamos arranjar sérios problemas com o prefeito... – disse eu, preocupada.

   - Levante-se. – disse Flora. Nada. – LEVANTE-SE, ORDINÁRIA, ESTÁ SUJANDO O TAPETE DA MINHA ‘CASA’. – a garota se erguiu, e uns puxões de cabelo da Flora também ajudaram ela a ficar de pé. Eu estava pasma, mas meu nervosismo me forçava a rir naquela hora.

   - Da próxima vez, eu vou machucar tanto esse seu rostinho lindo que você vai pensar bem antes de vir na minha casa, encostar na minha cara e me insultar. – disse Flora, espumando de raiva. E eu ainda ria... Maldito nervosismo.

   Chelsea levantou; estava em minoria e machucada, portanto era óbvio que não voltaria a lutar com Flora.

   - Estou de olho em você, Flora. Eu vou me vingar. E vamos ver quem vai rir por último. – disse ela, apontando o dedo para Flora. Ela pegou sua bolsa, e saiu correndo dali, constrangida.

   - Quem ri por último é RETARDADO – disse Flora, alto, para Chelsea ouvir. – JÁ VAI TARDE!

   Caí na cadeira; estava surpresa. Ela ia se vingar, ah mas ia.

   - Essa foi a maior falta de compostura que eu já vi na minha VIDA! Se você fosse modelo, sua carreira acabaria aqui. Você foi hostil, grossa, impulsiva... – disse Karen. – Wow, pura adrenalina. Eu admiro sua atitude amiga.

   - Já tentei muito impressionar pessoas com uma Flora que eu não era, e agora eu vou ser eu mesmo, não importa o que falem, baby. – disse ela, piscando.

   - Se você quiser, posso maquiar seu corte, Flora. – disse eu, piscando. – Minha amiga fodona.

   - Haha, não precisa May. Vai ser legal o pessoal perguntando o porque da cicatriz. Mas quero ver como a Miss Melancia vai aparecer agora no colégio. Pago pra ver. – disse Flora, enchendo um copo no filtro e dando uma golada na água. – Obrigada Mayra... Karen...

   - Disponha. – disse eu.

   - Não há de quê. – disse Karen, assentindo.

   - E Flora, ignore-a da próxima vez, tenho aula de canto hoje e minha voz tá um caco! – disse, descontraída.

   - Pois é, meus dedos também... – disse ela. Quanto aos dedos, acho que estão cansados por coisas ilícitas que dona Flora faz, mas resolvi não falar nada. – E sua voz é forte, viu Mayra? – ela deu um sorriso malicioso.

   - Tá me chamando de sapata? – disse, descontraída, mais uma vez.

   - Claro que não. – ela lançou aquele sorriso, e eu e Karen rimos; a fuzilei com os olhos e depois fiz uma expressão de quem estava levando tudo na brincadeira.

   - É melhor se arrumarem, girls. Temos que ir pro colégio, e tenho certeza que vai dar tudo certo nesse primeiro dia, Karenzita. – disse eu, com voz de bebê. Ela riu e demonstrou nervosismo.

   - Mayra, você é uma das mulheres mais extraordinárias que eu já conheci! – Karen se levantou para dar um abraço, e Flora concordou.

   - Sei disso – disse eu, mostrando a língua, e me jogando no sofá. – Karen, você tava mesmo comendo esses ovos mexidos? – disse eu, em tom sarcástico. – Não brinca que tá comendo os ovos roubados!

   Flora e Karen se entreolharam.

   - Gente, era tudo brincadeira. Eu trouxe uns ingredientes pra fazer sanduíches, tão aí na minha sacola (mas comprei tudo fiado, vou pagar com meu primeiro salário). Amanhã teremos um Big Breakfast como vocês merecem, suas bobas. – continuei.

   - Valeu linda... vou me arrumar, vem Karen – disse ela, puxando a garota pela mão. Vejo as duas subirem e meus olhos simplesmente brilham ao admirar nossa união.

   Peguei o controle da TV que estava no braço do sofá e joguei no chão algumas pipocas que sobraram de ontem à noite (ando muito desleixada) e coloquei na BBC pra ver as notícias do dia.

   “BBC Local está voltando com novas notícias! Bombástico, o atual prefeito da cidade de Watermelon – interior do Texas – foi encontrado morto nesta manhã em seu próprio gabinete. A perícia investiga o caso; ainda não se sabe se foi suicídio ou homicídio, porém nota-se que ele não está com nenhum machucado ou sinal de ferimentos na parte física. Com sua morte, seu suplente Albert, impopular na pequena cidade, assumirá o poder. Sua filha ainda não sabe do acontecido. Voltaremos com notícias à qualquer momento. BBC Local. A BBC está onde você estiver.”

   Fiquei perplexa com a notícia; definitivamente seria uma queda e tanto para a Miss Watermelon, como Flora a apelidara; não quero pensar nisso, e tenho de parar de me importar com gente ruim como aquela garota trouxa. Também não sei porque aquele cara é impopular mais...

   Achei mais inocente mudar de canal. Oras, Barney! Quanto tempo não te via... ‘Eu amo você, você me ama, nós nos amamos’... – cantarolava.

   As garotas enfim desceram; enquanto elas colocavam as mochilas nos ombros e fechavam as portas e janelas, revelei a notícia.

   - Oh God, que absurdo... – dizia Karen, colocando a mão na testa. – Essa garota tá desgraçada – ela se referia à Chelsea – não é Flora?! – Flora apenas manteve o silêncio, guardando para si seus pensamentos psicopatas.

   - Pois é, Karie. Absoluto terror... – fitei o chão. – Enfim girls, vamos? Não podemos nos atrasar, o semestre mal começou!

   Morávamos praticamente no colégio, ia ser um mico chegarmos atrasadas.

   - Quais serão os planos de Albert? – às vezes as questões que Flora faziam me impressionava. Do nada a garota começava a refletir...   

   - Sei lá, mas durante o tempo que moramos aqui, até apedrejado o cara já foi... com ele no poder, o caos vai subir... Mas acho que o que mais vai afetar a gente vai ser a Chelsea. A reação, o jeito que ela vai ficar... Vai que ela acusa a Flora de ter atentado contra o pai dela... – comentou Karen.

   - Credo, Flora, bate na madeira três vezes! – disse eu.

   - Aff Karie... Só tô falando porque da útlima vez que encontrei com esse Albert, ele não foi muito amigável não... Ele perguntou quanto eu cobrava. – Karen e eu rimos alto.

   - Ai ai Flora, não faz a louca... – disse eu, ah, minhas amigas literalmente não batiam bem da cabeça. O tal Albert também não. Nem a Chelsea... aliás, nem essa cidade que se chama Melancia. Ah, eu ri. – ‘Dirty Dirty Dirty Dirty Dirty Dirty Dirty, Sucka!’ – cantarolava eu.

Karen PDV

   - Cara… isso aqui é lindo demais! – exclamei. Correndo sobre o solo molhado do campus, chegamos à Universidade de Watermelon, a melhor Universidade instalada em lugares desenvolvidos, a mais próxima de casa com cursos que eu desejava... Definitivamente, nem parecia faculdade de caipira. O colégio era realmente muito bonito, bem feito e pintado, muito elegante e dava aparência de ser satisfatório. A reforma durante o verão valeu à pena.

   - Mal posso esperar para entrar aí dentro, conhecer tudo e começar a estudar! Dizem que o prédio parece um shopping center por dentro! – disse eu, tão excitada que mal me continha em mim.

   - Você mal pode esperar para levar detenção, isso sim! – disse Mayra. – O sistema é muito rígido e... Olha a Chelsea ali, cercada do grupinho de pattys amiguinhas dela. Os óculos escuros cobriam os machucados nos olhos, a boina cobria alguns outros machucados e usava também uma espécie de... véu, cobrindo a boca? Muito tosco.

   - Ah, a princesinha tá tão linda ao estilo árabe. – disse Flora, com o sorriso sarcástico. Ri. – Tomara que ela comece a usar uma máscara de ferro.

   - Ai, que falta de compaixão, Flora! – repreendeu Mayra.

   - Prometo que não vou mais esculachar a Miss Melancia... aliás, não vou esculachar MUITO. – disse Flora, espumando. Ela fazia umas caretas muito engraçadas, isso sim.

   Chelsea e as garotas começaram a entrar. Elas entraram devagar, e Chelsea foi a última a entrar; ela olhou para a gente, fez um sorrisinho falso e mostrou o dedo do meio.

   - Filha da puta... – disse Flora, entredentes. – 1, 2, 3, respira, 1, 2, 3, respira, 1, 2, 3 respira... – ainda bem que Flora se controlara dessa vez. – Vou ter pesadelos com essa careta. – rimos e entramos no colégio.

~.~

Flora PDV

  - Cara, é MARAVILHOSO! Ficamos as 3 primeiras aulas só conhecendo os 3 novos patamares, tem desde lojas de materiais escolares até lojas de roupas, tal, tudo que a gente usa em aulas, muito útil! – dizia Karen, definitivamente feliz. – Ah, minha mãe iria adorar saber dessas novidades...

  - Esquece ela. Ela não foi carinhosa o bastante pra receber uma notícia ruim, então agora vai receber notícia boa? Ela que fique mais estressada por um tempinho – ri.

   - Hey girls, vamos para o nosso emprego. – disse Mayra, nos mostrando o caminho. Eu tinha certeza que Chelsea ia nos esnobar, mas... Eu até tava pedindo pra isso acontecer. Tinha tantas coisinhas pra jogar na cara dela.

   - Queridas, meu nome é Bonnie! – apareceu uma garota alta e morena, cabelos castanhos... uau, uma gata. – Sou a supervisora da cantina, aluna, pago os cursos que eu faço com o dinheiro que ganho aqui, tô aqui há 3 anos e há 20 meses sou a funcionária do mês, e se vocês quiserem zoar, tô falando, vão levar porrada. – eita, era invocada a garota. Karen riu e Mayra fez cara de quem achou engraçada. – Calma garotas, tô brincando com vocês, sejam bem vindas. Bom, você, ruiva, deve ser a Flora. Cuide dos salgadinhos que estão no forno. Nenhum deles passa de 5 minutos ali. Mayra, você pode cuidar dos confeitos dos doces, tem cara de ser cuidadosa. E você, Karen, tem cara de modelo, então vai literalmente pôr a mão na massa que na minha cozinha não tem frescurinha. Ah, e coloquem as toucas, ninguém quer comer pão com cabelo e maionese. Bom trabalho.

   - Que massa, adorei essa garota... – disse Karen, pegando um pote cheio de massa de doces e salgados.

   - Super divertida, ganhamos mais uma amiga, baby. – disse Mayra, pegando açúcar, confetes, chantili e cerejas na geladeira e no armário.

   Dirigi-me aos fornos e tirei os que já estavam prontos; coloquei-os numa bandeja e coloquei na ‘vitrine’. Logo apareceram alunos querendo comprar; como a maioria dos estudantes dali era humilde, ninguém se incomodou com nosso trabalho, sem falar que muitos trabalhavam no depósito da escola, ajudavam a limpar, trabalhavam nas lojas...

   - Ora, ora... Sem noção e... pobre. – disse Chelsea.

   - Ora, ora digo eu. Eu já te esperava aqui, sua si-ri-gai-ta. – disse eu, jogando o salgadinho e pressionando-o contra a bandeja.

   - Hm, tá estressadinha, hein Flora? – provocou ela. Mayra me lançou um olhar, repreendendo. Eu ia pegar leve... ou não.

   - Não sei se estou estressada, mas você deve estar tristinha né, queridinha? – pressionei o salgadinho contra minha mão, esmigalhando-o.

   - Porque estaria? – perguntou ela. Com um movimento rápido, tirei os óculos das fuças dela, arremessando-o para o chão. O barulho dele chamou a atenção de bastante gente, e estavam lá, os machucados dela, expostos.

   - Talvez porque você levou uma surrinha...

   - Pode até ter sido, mas pelo menos eu não sou uma vadia nojenta que topa sexo por dinheiro por aí, falou? Até pensa que eu não sei, que você se vendeu praquele Albert lá... – disse ela, rindo. Todas aquelas pessoas me fitando... raiva.

   - Que coincidência falar do Albert. Afinal, agora que seu paizinho BATEU AS BOTAS, é ele quem vai assumir o mandato de prefeito. – ela me olhou, inexpressível. A boca aberta e os olhos numa sensação de medo, tristeza e susto.

   - Do que você tá falando sua suja?! – ela alterou a voz. Eu apenas fui fria o bastante para ligar a televisão bem no momento que se falava do acontecido. E logo os cochichos começaram a surgir. Ela saiu dali, desolada, e caindo em cima de suas próprias pernas.

   - Flora, que escândalo é esse garota?! Vai trabalhar, a fila tá enorme e eu vou descontar do teu salário esse salgadinho que você estragou, e eu não quero mais saber de escândalo na minha cantina, senão eu demito mesmo! – disse Bonne, me fitando com uma impressão negativa.

   - Flora... pegou pesado. – disse May, decorando uns doces. – Eu sei que ela te ofendeu, mas... imagina se fosse seu pai que tivesse morrido.

   - Cadê a modelo do corpo escultural? Ah, essas novatas, viu... – disse Bonnie, se descabelando.

Karen PDV

   - Chelsea... – segui-a até o campus e a vi sentada, chorando; as lágrimas escorriam pelas feridas e isso parecia deixar tudo mais doloroso. – Me desculpe pela Flora, ela é muito impulsiva, você provocou e ela... você sabe. E você teve lá sua parcela de culpa, e meus pêsames por seu pai...

   - Cala a boca, você é outra vadia. – disse ela, ficando de pé. Minha boca se torceu. Eu não consegui assimilar isso. – Qualé garota, nem se vem fazer de minha amiguinha. Karen a boazinha, Karen a melhor amiguinha de todos, Karen a garota humilde... aff, se enxerga e se coloca no seu lugar.

   - Você não tem o direito de falar assim comigo! Eu só tentei prestar solidariedade a você... Eu entendo muito bem a dor que você tá passando e você não pode me criticar só porque você liga pra essas coisas de popularzinha patricinha metidinha à besta e sem cérebro...

  - Cala a boca. Você pode ser toda boazinha, mas é ingênua como todas da sua raça. Sorte sua que tem as suas amigas sapatonas que pensam por você, e você tem fama de nerd só por ficar bitolada nos livros, e...

  - Cala a boca você. Só eu sei o quanto eu entendo sua dor e vim prestar solidariedade só porque... – porque o prefeito era meu pai também. Manti isso em sigilo por muito tempo e vou continuar mantendo, por isso, não falei essa última parte em voz alta. Ela apenas resmungou, enquanto eu notava que partilhava dor e ódio com uma mesma pessoa.

...


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Notas finais do capítulo

N/a: Oi minha gente, é a minha primeira fanfic aqui no site, espero que curtam minha ideia, e deixem reviews para eu saber o que acharam, não importa se forem elogios ou críticas (construtivas) ^^ Fizemos com mta dedicação, espero seriamente que gostem, não faço objeções, qualquer um pode ler. Vão ter algumas cenas mto fortes e espero demonstrar lições de moral tbm. Obrigado pela atenção e divirtam-se!!

N/b: Oi pessoas, eu só tô betando, créditos ao Luis_Henrick pela história :3 A história, como descreve a sinopse, descreve fatos cotidianos que aos poucos vão se tornando especiais, então espero que esse capítulo consiga prender vocês, e que estejam aqui no próximo cap pra ver o que vai acontecer o/xoxo, HHenry ;*



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