A Serpente escrita por Heva Paula


Capítulo 24
Capítulo 24 - Passado




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- Onde esta Said?

- Não o vimos senhor! - perguntei a Davi o chefe da recepção.

- Que estranho eu passei na casa dele, e me disseram que ele não havia voltado que talvez estivesse por aqui.

- Me procurando? - sua bengala com ponta afiada arranva o piso da recepção, o som produzido por ela me lembravam unhas lixando um quadro negro.

- Deveria colocar um calço emburrachado nesta velharia.

- Isto uma relíquia, presente de velhos amigos.

- Nostálgia não combina muito com alguém que esta sempre olhando para frente.

- Às vezes não custa nada revirar o velho baú. - ele continuava a caminhar e a produzir aquele som irritante.

- Desde quando alguém como o senhor precisa de uma bengala? Que eu me lembre o meu tio Said sofria de parkinson e não falta de cálcio!

- Respeite seu pobre tio!

Que eu me recorde Said nunca foi pobre, principalmente depois de ter servido para legião estrangeira, suas missões realizadas no Bahrein lhe renderam uma bela aposentadoria em ouro, sem contar a herança de meus avós praticamente intocável por ele:

- O senhor nunca foi pobre! - ele sorriu tornando ainda mais visíveis os sinais da idade - Venha vamos comer!

"- Tem certeza que tudo vai ficar bem? - mamãe suspirou afundando seu corpo ainda mais no banco do carro, eu conhecia aquele caminho, estavamos indo para o aeroporto.

- Por que você simplesmente não vem comigo e Badi? Minha famlia vai ficar muito feliz em revê-lo!

- Tenho muito que trabalhar, são apenas cinco dias, vai passar rápido.

- Então porque tanta preocupação?

- Não sei, eu apenas me sinto assim, sempre estivemos juntos, os três... - sua voz enfraqueceu.

- Agora somos quatro! - ela sorriu.

- Verdade?! Por que não me disse antes? - ele a encarou, mamãe continuava a sorrir, eu segurava meu pião que com o impacto dos pneus na estrada, caiu de minha mão, me fazendo soltar o cinto de segurana, e ir pegá-lo.

- Eu não queria esconder de você, estava apenas esperando o momento certo - ele gargalhou bem alto, enquanto isso eu voltava para o meu lugar no banco do carro puxando o cinto para recolocá-lo - MAKIN A ESTRADA!!!

Meu corpo foi arremessado para fora do carro, a sensação de voar sem saber onde eu iria parar, se mãos iriam me proteger ou de como seria a força do impacto do meu corpo caindo no chão, foi a mais desagradvel que pude sentir, não sabia se podia respirar, falar, o carro era apenas um ponto flamejante há vários metros de mim, minha visão embaçada pelo sangue, me levou a perder os sentidos.

Por que este sonho? Sentei na cama, e procurei em minha cabeça a cicatriz do golpe que havia sofrido, meus cabelos ocultavam qualquer rastro daquele dia, voltei a deitar, infelizmente o sono no veio, meus pensamentos estavam ligados ao acidente, eu perdi tudo o que eu amava, felizmente eu pude contar com Said irmão mais novo do meu pai para cuidar de mim, ele era um viúvo excêntrico, que organizava caçadas no deserto com alguns amigos do periodo militar, ele me ensinou a montar, usar armas e lutas maciais, fui adotado como um filho que ele nunca pode ter, com o tempo passei a amá-lo e respeitá-lo por nunca ter desistido de mim.


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