A Serpente escrita por Heva Paula


Capítulo 23
Capítulo 23 - Medo




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Estaria eu enlouquecendo? Já se passaram muitos dias desde que vi Safia, Naíma havia mudado completamente, sua face antes feliz, agora não passava apenas de uma mera sombra, eu temia pela sua saúde mental, sua recuperação parecia rápida, no entanto eu não encontrava mais aquela mulher que um dia eu me casei:

- Espero que viajar para rever sua família lhe deixe mais feliz! – eu torcia para que esta viagem lhe fizesse melhor.

- É quem sabe eu volte muito melhor! – ela sorriu, invés de eu me sentir feliz por vê-la sorrir, isso apenas me deixou assustado.

- Você sabe que se precisar de qualquer coisa eu estarei aqui para lhe ajudar.

- Marido apenas volte ao trabalho, foram muitos dias cuidando de mim, minha família vai se encarregar disso por umas semanas – ela me abraçou, mas por que eu não sentia ternura em seus gestos? – quando retornar espero tê-lo apenas para mim. – ela piscou enquanto caminhava para o carro.

 - Ela já se foi? – Said se aproximava lentamente, se apoiando em uma bengala de aço, com apoio de mão em couro, afirmei com a cabeça sobre a sua pergunta – e então o que esta esperando para falar com Nabih? E trazer Safia de volta. 

- Não é tão fácil assim.

- Fácil é esperar o tempo passar e quando se deparar já esta velho demais para fazer alguma coisa.

* * *

Senti como se um sombra me seguisse no entorno do bairro, tentei me manter calma, há dias que eu não tinha nenhuma notícia de Badi, talvez fosse apenas minha imaginação criando distrações, agora que Rafiq voltou a estudar, seria apenas eu caminhando em meio a multidão, Mamãe como sempre atarefada, e papai trabalhando, me sentia tão solitária, não havia mais a presença de Ranya para conversar, e depois da história da fuga de Majid para a Espanha, as notícias ficaram escassas, senti que algo me empurrou diante de todo aquele âmbito comercial, meu corpo gelou, continuei caminhando agora um pouco mais rápido, mas eu ainda podia sentir que algo ou alguém parecia querer me pegar:

- Aaaahhhhhhhh....

- O que foi? – Badi parecia assustado, quando se deparou com meu grito de desespero – assustei você?

- Desculpe é que eu tive a sensação de que alguém estava me seguindo, não é nada demais!

- Senti sua falta – ele colocou suas mãos em minha cintura me puxando para mais perto de seu corpo.

- Aqui não! – interrompi seu carinho.

- Eu sei para onde podemos ir.

Ele me levou para um rua que parecia deserta, se não fosse a sombra que avistei ao longe por um segundo, estava muito quente, mas nossa corrida não havia de durar muito pois encontramos uma pequena entrada com pouca espessura, mas que cabia nossos corpos bem encaixados, seus lábios se aproximaram brutalmente dos meus, se não fosse as mãos de Badi segurando minha cintura possivelmente eu teria desabado, a minha reação era por sentir mais, cada vez mais profundo o toque de suas mãos, de seu carinho e de seu lábios grosseiramente se movendo contra meu pescoço, embora a falta de ar, e a sensação do mundo girar me fez perder as forças diante de todo aquele deleite, de repente aquele dia parecia negro:

- Safia! Safia! – senti alguns tapinhas atingindo meu rosto, meus olhos estavam pesados e sem foco – Querida você esta bem?

- Sim! – busquei ar em meus pulmões – o que aconteceu?

- Você desmaiou, fiquei muito preocupado, talvez tenha sido o calor! – ele observou o céu, franzindo seus olhos.

- Sim, talvez! – quando me levantei, me senti um pouco tonta.

- Venha eu lhe ajudo! – Badi me segurou gentilmente, caminhando ao meu lado.

Já estavamos próximos da rua que ficava minha casa, soltei as mãos de Badi que ainda estavam ao meu redor:

- Obrigado, me sinto melhor!

- Você tem medo que seu pai nos veja? – ele me encarou por alguns instantes – nós já fomos casados.

- Não somos mais.

- Se quiser em questão de minutos você poderá ser minha esposa novamente.

- Não! – eu o interrompi – papai não ficaria satisfeito se soubesse que nos falamos sem sua permissão dele, quando retornar a esta casa, vocês precisam conversar com muita tranquilidade, ele se sentiu traido por você – encarei o chão – se ele soubesse que tudo isso foi culpa minha?

- Já passou esta tudo bem. – ele tentou me aninhar.

- Não alguém pode nos ver!

Fiquei observando partir, fico pensando em todos os dias que acordei naquela casa desejando liberdade, dos momentos em que Badi me amedrontou e de como meus sentimentos pareceram se aflorar em minha curta convivência ao seu lado, continuei caminhando, porém senti uma aflição indescritível, parecia que haviam olhos que me observavam ao longe, fiquei com receio de olhar a minha volta, corri o mais rápido que pude para chegar em casa.


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