CAPÍTULO XV. OS MAROTOS

"Bom você tem algumas coisinhas para me explicar!”.

- Errrr... Tudo bem! - Ele, nervosamente, olhou ao redor do corredor. - Mas será que pode ser em algum outro lugar?

- Claro!

Sirius e Amélia caminharam até os jardins de Hogwarts. A neve macia que já cobria todo a chão da propriedade, caia do céu. O lugar parecia um cenário de um conto de fadas... Um cenário romântico. Os dois amigos alcançaram uma das estufas.

- Então? – Amélia exigiu.

- Diga.

- Pontas, Aluado, Rabicho e Almofadinhas.

- O... O que é que tem? – ele recuou um pouco.

- Bom, eu sei que Pontas é Tiago... E o resto?

A expressão de Sirius começou a variar do horror à admiração e de volta ao horror. Ele abria e fechava a boca, mas não produzia nenhum som. Amélia riu.

- Com... Como você sabe?

- Você deixou escapar que Tiago era Pontas em Londres, na estação, se lembra?

- Ai, droga!

- Não fique tão nervoso! Seu segredo está seguro comigo!

- Amélia, é realmente importante que você não conte nada a ninguém... Sabe, não é a nossa primeira travessura... E Remo é Monitor!

- Se acalme, OK?! Eu disse que o segredo está seguro! Mas você vai ter me contar tudo!

- Tudo bem. – ele pensou um pouco. - Mas você vai ter que me dar um beijo!

Amélia realmente não estava esperando por isso. De repente, o resto dela começou a ficar vermelho e a respiração irregular. Ela olhou espantada para Sirius, e perguntou, só pra checar se não tinha entendido errado.

- Você... Eu... Siri... Quer dizer... Você quer um beijo meu?

- É o que parece, né? - Ele falou, meio sem-graça.

- Mas... Bom, eu pensei-- Que... Nós fossemos só amigos!

- Tecnicamente, é o que nós somos... até agora!

Ela se sentou num banquinho próximo a uns vasos de orquídeas e começou a pensar sobre o que Sirius tinha dito.

‘Não... Quer dizer... Como?!... Sirius?! Não!!! Mas... Mesmo assim...’

Depois de um tempo esperando a resposta dela, Sirius falou.

- Bom, Amélia, você pode pensar o quanto você quiser, mas nós temos aula daqui a pouco!

Ela mal escutou... Nem levantou a cabeça.

‘Mas eu gosto de Severo! Ou será que não?! Não, eu não gosto dele. De Severo, eu quero dizer. É isso! Viu?! Já estou me sentindo melhor... A queda que eu achava sentir por ele não passou de uma insanidade temporária! E ele não gosta de mim, mesmo!

E Sirius... Bom, ele é Sirius!!! Todas querem Sirius, por que eu não iria querer?! Ele é lindo, simpático, divertido... Como eu posso perder a chance de ser, mais uma vez, a garota invejada? É muito bom ser invejada! E, além disso, todos já pensam que nós estamos juntos, mesmo... Que mal pode fazer?’

- Você... Gosta de mim?... Pra valer?

- Acho que sim. - ele respondeu, um tanto incerto.

- E se não der certo? Nós podemos acabar sem ressentimentos?

- Sem ressentimentos.

- Então... Por que não, né?

Sirius fez uma comemoração silenciosa e começou e se aproximar de Amélia lentamente. Ele se ajoelhou de frente a onde ela estava sentada. Acariciou o rosto dela e fez seus lábios se encostarem suavemente. Amélia espera um pouco, mas Sirius não aprofundou o beijo... Então ela mesma o fez.

O resultado foi um dos melhores e mais estranhos beijos que ela já tinha dado na vida... E um dos mais rápidos também, pois Atomillo Carrado, professor de Herbologia, entrou na sala com um monte de alunos do primeiro ano e surpreendeu os dois, que se separam imediatamente.

- Lair?! Black?! Eu vou fingir que não vi, e vocês vão sair daqui agora mesmo, ok?

Os dois nem se deram ao trabalho de responder; saíram da estufa o mais rápido que puderam.

Lá fora, depois de correr um bocado, o dois encontram um local ligeiramente escondido para continuar a conversa deles. Rindo, ainda ofegante da corrida, Amélia disse.

- Foi menos estranho do que eu imaginei!

- Nem me diga! - Ele a abraça e beija o rosto dela.

- Bom, mas agora me conta tudo!

Ele respirou fundo e a olhou, divertido.

- Tudo bem! Nós quatro somos os Marotos.

- Marotos? - Ela fala, um tanto sarcástica.

- Não ria, ou eu não conto!

- OK!

- Eu sou o Almofadinhas, Remo o Aluado e Pedro o Rabicho. Nós somos animagos.

Amélia arregalou os olhos com o susto... Os meninos terem se tornando animagos não era tão difícil de digerir... Mas Pedro conseguindo se tornar animago... Isso, sim, era um absurdo!

- Pedro conseguiu se tornar animago? O cara nem consegue transfigurar um Quartzo em Mármore! Como ele pode se tornar um animago?

- Ele foi o último que conseguiu... – Sirius bateu de ombros.

- Difícil de acreditar! Mas que animal é cada um de vocês?

- Eu sou um cachorro, Pedro um rato...

- Bem a cara dele

- E o Tiago um veado.

- E o Remo?

- Bom... AimeuMerlin... Eu não devia te contar isso!

- Eu juro que não conto pra ninguém! Você sabe que pode confiar em mim!

- Tudo bem, mas, para todos os casos, você não sabe disso, ok?

- Ok!

- Remo é um lobisomem. – Ela falou de uma vez só. Ela perdeu a respiração.

- UM LOB...

- SHHHHHHHHHHHHHH - Ele tapou a boca dela.

- Dumbledore sabe disso? – ela sussurrou.

- Sabe! Ele mostrou a Remo uma passagem para a casa do grito! Que não é realmente assombrada! Remo vai lá para as suas transformações.

- E vocês vão com ele... Como animais...?

- Exatamente!

- Nossa!

Amélia se sentou para tentar absorver a informação de que um dos seus melhores amigos era um lobisomem... Agora tudo começava a fazer sentido... Sempre que Remo aparecia doente... Era período de lua cheia... E os meninos, desde uns tempos do ano letivo anterior andavam sumidos sempre que Remo ficava doente...

- Quando vocês descobriram?... Que Remo era um lobisomem?

- No finzinho do nosso primeiro ano. Foi difícil, mas nos acostumamos com o fato.

- Eu também vou me acostumar.

Sirius não conseguiu (se é que tentou) disfarçar o alívio que sentiu quando ouviu Amélia dizer isso. Ele abraçou a... namorada?

- Não tenha dúvidas!

XxXxXxX

Sirius tinha passado a dia inteiro contando para Amélia todas às travessuras que tinham sido feitas pelos Marotos... Isso incluía bombas da bosta pelos corredores, no meio das aulas, nas mesas durante as refeições (na mesa da Sonserina, é claro)... As bombas de bosta eram os artigos favoritos dos Marotos, segundo Sirius...

Ele também contou que todas as peças eram bem pregadas por causa de um tal Mapa do Maroto... Sirius disse que tinha sido difícil... quase um ano para se desenvolver... Mas que todo o tempo tinha valido a pena! Ele disse que o sucesso das travessuras estava naquele mapa, que mostrava a localização qualquer pessoa em qualquer lugar de Hogwarts!

Amélia se impressionou genialidade de Sirius e seus amigos (embora tivesse certeza de que Pettigrew apenas seguia o sucesso dos outros)... Era simplesmente incrível que bruxos tão jovens tivessem atingido um nível tão elevado de magia!

‘Imagina só! Animagos!’

E o melhor de tudo era que ela namorava um Maroto! E esse Maroto, por sinal, era um dos caras mais populares do colégio!

Sirius segurou a mão dela e a ajudou a se levantar. Eles começam a caminhar. Ela falou.

- Só uma pergunta, Sirius. Vocês pretendem manter essa coisa de Marotos em segredo? Para sempre?

- Eu não queria... Mas, você sabe, Remo é um dos Monitores! Ele, tecnicamente, não pode estar metido nesses tipos de brincadeiras!

- E eu aposto que ele é o freio de vocês, né?

- Como assim?

- Se não fosse ele regulando vocês, essa escola já teria ido pelos ares, eu suponho!

- Certamente! - Ele passou um braço por volta da cintura dela, enquanto os dois se aproximavam do castelo - Ele sempre avisa quando nós estamos exagerando na brincadeira - Ele olhou para o céu, pensativo - Sabe, se não fosse por ele, o seu amigo, o Ranhoso, já teria sido morto.

Sirius estava se referindo às brincadeiras de mau-gosto que ele e Tiago costumava fazer com Severo, ela sabia. Claro que ela não gostava dessas brincadeiras... às vezes, elas chegavam a machucar Severo (embora ela soubesse que a humilhação para ele doía muito mais que qualquer ferida)... Mas Amélia não podia fazer nada... Ela até tentou, em seu segundo ano, mas desistiu... Bom, o problema era que Severo não era... hmmmm... Exatamente inocente.

Na verdade, Severo bem que gostava de humilhar Tiago e Sirius... E até o coitado do Remo, que quase nunca fazia nada... E sempre que Severo fazia algo com os meninos, era bem pior do que quando os meninos faziam com ele! Severo era um tanto... Violento nas pragas dele.

Mesmo assim, ela se zangou com o comentário. O olhou, enraivecida.

- Nunca mais diga isso!

- Eu tava só brincado!

- Nem por brincadeira!

Os dois se calaram por um momento. Quando já estavam quase entrando no castelo, Amélia falou.

- Sirius?

- Oi?

- Me promete uma coisa?

- O que?

- Que você vai pegar leve com Severo?

- Mas Amél...

- Por favor?

- OK! Mas ele também vai ter que pegar leve conosco! Aliás, não só ele! Ele e aquela corja de amiginh...

- Eu faço parte da corja!

- É, mas você é a parte boa da corja!

- Sirius...

- Eu prometo! Mas não respondo por Tiago!

- Você serve! - Ela deu um rápido beijo em Sirius e olhou para o relógio - Está tarde! Já devem estar servindo o jantar!

E os dois corram para o salão principal, onde o jantar, de fato, já estava sendo servido.

XxXxXxX

O jantar foi maravilhoso. Ela ficou ao lado do namorado (ela tinha que se acostumar a chamar Sirius de namorado) e, como todos já sabiam a novidade, não teve que explicar nada a ninguém... Bom, ainda não, pois os Marotos olhavam para o novo casal um tanto intrigados... E Lílian... Bom Lílian simplesmente não podia acreditar que Amélia estava namorando (mais um) idiota, boçal e descerebrado...

Mas as explicações ficariam para depois, pois ela tinha algo muito mais importante para fazer agora: Falar com Severo.

Ela chegou à torre da Sonserina.

- Comensal da Morte.

O retrato se moveu e revelou o salão comunal sonserino. Lá não havia quase ninguém (estavam todos descansando para a festa que viria mais tarde - era sexta-feira), exceto por algumas pessoas dos primeiros anos e Severo, que estava numa mesa, estudando.

Ele não a viu entrar. Tampouco se aproximar. Levantou a cabeça apenas quando ela se sentou na frente dele.

- Hoje eu não vou ver Artes das Trevas. Estou estudando transfigurações - Ele disse, voltando a olhar para o livro.

- Eu não estou com humor para estudar.

Ele suspirou e fechou o livro. A olhou nos olhos, finalmente.

- Você vai para a festa ou vai ficar com o seu namorado?

Ela então entendeu o aparente mau-humor do amigo... Ele estava um tanto chateado por ter que ver a sua melhor amiga namorando seu pior inimigo... Não é isso? Amélia sorriu, meio irônica, meio tímida.

- Eu acho que nenhum dos dois. Na hora da festa eu vou estar dormindo, logo, não vou estar com Sirius.

- Você realmente está namorando aquele bastardo, não? Eu devo dizer que esperava mais de você Amélia.

‘Esperava mais? O que ele quer dizer com isso?

Será?!...’

Amélia respirou fundo e começou a se aproximar dele e disse, quase num sussurro.

- Mais? O que você esperava de mim?

Ele percebeu o tom insinuante que ela tinha usado. Decidiu entrar no jogo. Levantou-se e também se aproximou dela lentamente.

- Você sabe... Mais.

XxXxXxX