Memento Mori escrita por gwenhwyfar


Capítulo 1
Prologue


Notas iniciais do capítulo

Fanfic reescrita.



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“...fui ficando cada vez mais forte com a dieta dos seus medos mais arraigados e segredos mais íntimos. Fiquei poderoso, muito mais poderoso do que a pequena Srta Weasley. Suficientemente poderoso para começar a alimenta-la com alguns dos meus segredos, e começar a instigar nela um pouco da minha alma..”

Tom M. Riddle Jr, Harry Potter and the Chamber of Secrets

MEMENTO MORI

1.Prologue

Em um quarto escuro e frio, Ginny Weasley ofegava como se tivesse corrido uma grande distância sem parar. Por um momento ainda pensava enxergar o vermelho sangue por toda a parte, antes de perceber onde estava e, olhando o relógio na mesa de cabeceira, voltou a encostar-se aos travesseiros, respirando fundo e passando a mão no rosto molhado. Era madrugada e estava tudo quieto ainda.

Outro pesadelo? Perguntou uma voz suave e displicente, marcantemente masculina.

O mesmo de sempre respondeu ela, sabendo que não conseguiria cochilar com ele ali. Franziu a testa para o teto do quarto, deixando seu olhar vagar para a teia de aranha no canto acima da porta. O que é que você está fazendo aqui? Pensei que tinha ficado chateado.

Eu moro aqui, não é como se eu tivesse realmente uma escolha sobre isso.

E se você pudesse escolher você não viria pra cá?

Se eu pudesse escolher, eu já teria matado Tiago Potter quando tive a chance, antes que Dumbledore aparecesse.

Você é tão sutil.

E você não é a mente mais brilhante que eu poderia desejar compartilhar. De fato, tem coisas aí que realmente me assustam...

Tom, você não tem medo de nada! Exclamou ela rindo.

Não até eu saber que você esconde uma porção de contos eróticos embaixo do colchão...

Oh cale-se! Ela corou absurdamente para o nada, escondendo o rosto escaldante no travesseiro. Eu já disse que não são contos eróticos! É uma novela sobre o amor impossível entre uma nobre e um soldado do Rei.

Literatura lixo desdenhou ele Como é que se pode apreciar uma leitura fútil como essa...

A questão é que o amor vence tudo. Mesmo eu sabendo o final, isso ainda me trás algum consolo sabe.

Besteiras disse ele simplesmente.

Aliás continuou ela Você ainda não me respondeu: porque é que está aqui? Você disse que tinha negócios pra tratar e não voltaria tão cedo...

Eu fiquei entediado respondeu ele com tédio

Você é entediado o tempo todo ela comentou, divertida.

É, mas eu prefiro qualquer coisa a esse silêncio chato.

E você acha que eu vou ficar te entretendo aqui? Não quero conversar com você, então pode ficar com todo o seu tédio e me deixar dormir

Tom apenas comentou a voz inexpressiva Você não consegue mais dormir depois dos pesadelos.

Eu faço um esforço por você.

Se você quer tanto me ajudar, porque não começa a pesquisar um jeito de eu sair daqui?

Eu não vou te libertar, Tom. Deus sabe o que você pode voltar a fazer e o mundo mágico não precisa de nenhum psicopata a solta.

Eu não preciso de você, de qualquer modo.

Ótimo, agora se me der licença...

Ela se aconchegou nas cobertas, seus olhos bem abertos e brilhando travessamente. Passaram-se alguns segundos de silêncio tenso e a voz profunda fez-se ouvir novamente, vibrando levemente em puro desagrado.

- Ginevra?

Ela sorriu docemente:

- Sim Tom? Precisa de alguma coisa?

Ela podia sentir a impaciência e quase podia vê-lo revirar os olhos.

- Apenas fale qualquer bobagem, eu sei que você gosta de tagarelar sobre qualquer coisa.

- Mas eu nem sei o que é qualquer coisa.

- Você não está pretendendo ser impertinente, está?

- Não, imagina! Eu tremo só de pensar o que poderia me acontecer se acabasse aborrecendo a alma penada do Lord das Trevas, imagine...

Ele bufou, irritado.

- Tem alguma coisa que anda te preocupando que eu não sei?

Ginny arregalou os olhos surpresa e ouviu uma vibração suave, fazendo uma careta indignada: o desgraçado estava rindo dela!

- Vamos, pode confiar em mim, eu não vou contar pra ninguém.

Foi a vez dela revirar os olhos e bufar irritada.

- Como você sabe que eu estou preocupada?

- Diga alguma coisa que eu não sei de você.

- Ok, você venceu, está bem? Recebi uma mensagem hoje.

- O patrono quadrúpede?

- Como você sabe?

- Você estava sonhando com isso antes do pesadelo...

- TOM! Você não pode entrar nos meus sonhos assim! – Ela disse, agora com o rosto muito vermelho e segurando forte o lençol.

- Porque não?

- Porque não é educado. E porque você tem que respeitar minha privacidade.

- Sim sim, que seja - Respondeu ele monotonamente – E então, sobre o que era a mensagem?

- Era uma convocação. A Ordem vai voltar.

Ela fez uma pausa e ficou em silêncio, pensativa. Desde o término da Grande Guerra, com a morte de Voldemort e a captura do restante dos comensais, a Ordem da Fênix havia acabado. Não fazia mais sentido manter a organização naqueles tempos de paz, então Harry resolvera fechar a Ordem, já que havia se tornado o líder incontestável após a sua formação na Academia dos Aurores.

Foram dois anos de intenso trabalho de reconstrução na comunidade bruxa, com prisões de associados às Artes das Trevas, julgamentos de traidores, questionamentos de Leis antigas, impostas por ex-comensais da morte. Ocorria uma verdadeira revolução social e política e tudo parecia ir às mil maravilhas, até que um fato chocou toda comunidade bruxa e balançou o até então sentimento de segurança e tranqüilidade.

Ela ainda se lembrava do vermelho por toda a parte, sangue e órgãos espalhados, a primeira página no Profeta Diário por duas semanas seguidas.

O experiente auror, integrante do famoso Trio Maravilha de Hogwarts, o melhor amigo do Menino-Que-Sobreviveu, seu irmão Ronald Weasley, morto brutalmente em um elegante hotel trouxa de Londres, na suíte luxuosa que estava no nome de Lilá Brown.

Ela se lembrava do horror às perguntas nauseantes dos jornalistas, ela se lembrava de Hermione berrando em choque, ela se lembrava de Harry interrogando Brown com um brilho assassino no olhar.

Lilá Brown, que acompanhou passivamente os aurores do ministério, que confessou todo o crime com riqueza de detalhes, mesmo sem o Veritaserum que fora obrigada a beber diante da corte de julgamento.

Então, enquanto estava sendo conduzida à Azkaban, Lilá havia chorado e berrado sua inocência, dizendo não se lembrar de nada e que nem fora julgada decentemente, e todos, obviamente, a consideraram louca.

A Srta Brown, oficialmente, enlouqueceu com a Guerra e foi jogada como lixo na prisão fétida e esquecida como uma batata podre, para ser comida viva presa em sua própria consciência.

Hermione entrou em parafuso logo depois disso. Estava noiva de Ron, e os tablóides sensacionalistas não deixaram de explorar avidamente, como urubus que reviram a carniça em busca de mais um pedacinho pútrido que possam estraçalhar.

Ginny presenciou Hermione definhar a cada dia e não pode fazer nada. Não tinha forças para nada. Foi quando Harry resolveu tomar uma decisão drástica sobre o assunto e Ginny não pode deixar de sentir um alívio culpado quando ele e Hermione saíram da Toca para morarem juntos em um vilarejo bruxo afastado do centro caótico da capital.

Desde então, o caso Ronald Weasley havia sido encerrado e se tornara um tabu entre os Weasley e os amigos próximos, para o intenso desgosto da caçula da casa.

Sinceramente, para Ginny, Lilá Brown era inocente, de alguma forma, e ela sentia que havia muito mais nessa história para ser ignorada com tanto descaso. A verdade era que tudo estava voltando a ser como na época do governo Fudge. Ignorância de mais, prudência de menos.

Ela quase podia ouvir a voz rouca do prof Moddy gritando em seus ouvidos: VIGILÂNCIA CONSTANTE.  

Agora vinha essa convocação de Harry. Ela realmente não entendia, porque depois de um ano da morte de Ron, depois de todo esse tempo é que eles resolveram tomar alguma atitude? Ela não entendia o porquê de tanto tempo.

- Ordem da Fênix? – Perguntou ele com a voz carregada de desprezo.

- Obviamente.

- Então vai haver uma reunião?

- Sim, mas eu vou te bloquear.

- Como se eu pudesse fazer alguma coisa – comentou, e Ginny revirou os olhos não reparando no tom malicioso.

- Não posso relaxar.

- Hum.

Eles ficaram em silêncio novamente. Ginny olhou pela janela, de onde se podia notar uma leve claridade no céu, muito sutil. Pelo estardalhaço dos pássaros podia-se perceber que dali a alguns minutos o dia estaria completamente claro e ela já teria a desculpa de se levantar pra se arrumar sem parecer desesperada.

- O tédio passou, Lord? – cutucou, querendo ser irritante.

- Sim. Vou deixá-la descansar agora.

Ginny sentiu uma guinada no estômago.

- Tudo bem então – ela disse, não querendo parecer muito desapontada.

Silêncio...

Quando teve certeza de que ele não estava mais lá, Ginny verbalizou seus pensamentos pela primeira vez no dia.

- Boa noite Tom...

Seu boa noite foi tão trêmulo e dolorido que custou a perceber a leve vibração, quase imperceptível, soprando de volta: Boa noite Ginevra.

m e m e n t o m o r i – p a r t e 1 – p o r G w e n h w y f a r

Em uma pequena cozinha, de um pequeno apartamento em Londres, uma figura delgada destacava-se contra a penumbra da aurora, seus olhos escuros varrendo o cômodo sem interesse, um copo fumegante entre as mãos. De vez em quando balançava levemente a cabeça e os cachos de cabelo lançavam delicados reflexos dourados contra a luz, como fios de ouro polido. A moça foi tirada de seus pensamentos com o ruído de passos se aproximando lentamente, e levantou o olhar para a porta.

Havia um homem parado ali, um homem alto e atraente, com os cabelos adoravelmente bagunçados e um largo sorriso sonolento no rosto jovem.

- Caiu da cama hoje? – perguntou ele em tom de gracejo, encostando-se displicente no batente da porta e lançando a ela um olhar malicioso.

- Alguém nessa casa precisa trabalhar – retrucou, sorrindo a despeito de si mesma, oferecendo o rosto como se fosse a coisa mais normal do mundo. E o jovem se aproximou, como se fosse ainda mais comum entre os dois, e encostou seus lábios nos dela num suave “selinho” – E não me olhe assim.

- Não me culpe se você fica irresistível usando só a minha camisa.

- Harry! – gritou indignada, para logo em seguida revirar os olhos com o riso absurdo do moreno. – Achei que não iria acordar ainda.

- Se você continuar andando pela minha casa durante a noite e vestida assim, eu realmente não vou conseguir dormir.

- Para de ser irritante – ela riu ao vê-lo sorrir e andar calmamente para trás da sua cadeira, colocando as mãos nos ombros estreitos dela, que arregalou os olhos.

- Você parece meio tensa, amor. Deixa eu relaxar você...

- Você joga sujo – ela resmungou, sentindo os músculos tensos cederem imediatamente debaixo da pressão dos dedos dele. Ela sempre teve um fraco por mãos fortes e Harry conhecia todas as fraquezas dela para se aproveitar na maior cara de pau quando queria alguma coisa.

- E você gosta – sorriu ele arrogantemente e ela revirou os olhos novamente – Na verdade, sou eu quem deveria estar recebendo massagem agora...

- Hey – interrompeu a moça – Não tenho culpa se a sua namorada é uma neurótica!

- E você tinha que aparecer na sala só de toalha justamente quando ela estava aqui, não é?

- Eu não sabia que ela estava aqui.

Harry lançou-lhe um olhar de total descrença.

- E também, eu moro aqui – acrescentou simplesmente, dando de ombros – De qualquer modo ela não te merecia... Peitos de mais, cérebro de menos...

- E quem é você pra falar, ou será que já esqueceu do biólogo louco?

- Ele pelo menos gostava de bebes urso!

- Por Merlin, ele te deu um peixe quando foi te chamar pra sair Hermione! Quem é que leva um peixe no primeiro encontro? Você teve que carregar o aquário do Richard o dia inteiro.

- Ok, admito que ele era um pouquinho excêntrico – disse cruzando os braços, emburrada – Mas sabia tudo sobre animais mágicos e não mágicos, viajava bastante...

- Pra alguém com o grande sonho de visitar um Yeti no Himalaia até que ele conseguiu te conquistar.

- Oh certo – bufou Hermione – porque a Maria compasso também tinha um grande sonho... Que era, no mínimo, engravidar de você.

- É Maria Campessui – disse Harry pacientemente – E eu não seria tão idiota assim.

Mas o semblante de Hermione desanuviou-se e ela riu sozinha:

- E a cara que ela fez quando eu te beijei daquele jeito?

Harry gargalhou:

- Você é sádica, Mione.

- E você gosta – imitou ela e foi a vez de Harry revirar os olhos. Ele finalmente resolveu se sentar na cadeira em frente a ela e começar a tomar o café preguiçosamente, ambos caindo em um silêncio agradável.

- É hoje – disse Hermione de repente, fitando o rosto do amigo que permanecera sereno.

- É hoje – repetiu, sustentando o olhar quase desafiador dela – Você está bem sobre isso?

Ela balançou os ombros

- É como se eu tivesse nascendo de novo e essa reunião fosse como a primeira corrente de ar frio...

- Sei o que quer dizer. Mas se você sentir que não pode... se não agüentar, Mione, me avise que eu te tiro de lá.

- Tudo bem, papai. Acho que eles vão levar um susto e tanto...

- Faz muito tempo – concordou Harry – mas agora conseguimos achar a pista certa. Vamos resolver esse caso.

- Não dá nem pra acreditar – ela disse e sorriu tristemente. Harry arrastou a cadeira para o lado da amiga e segurou seu queixo, forçando-a a encará-lo.

- Eu prometi que iria encontrar o assassino e é o que eu vou fazer, Mione. Não pense que é por você, ou pela Ginny, mas por mim mesmo. Se eu não fizer isso, vou enlouquecer.

As últimas palavras dele saíram sussurradas, dolorosas.

- Harry – ela fechou a mão esquerda na dele, grandes e calejadas agora, mãos de um auror. – Você cuidou de mim esse tempo todo. Agora eu também quero cuidar de você.

- Eu sei, mas... Às vezes eu acho que isso tudo é uma loucura, e tenho vontade de sair, fugir daqui, de apagar os Weasley da minha memória, só pra me arrepender depois... Eu tenho medo das vozes, Hermione.

Ela apertou a mão dele com força - Dessa vez vai dar certo, Harry.

- Eu sei – disse ele, abaixando a cabeça até sua testa encostar-se ao tampo da mesa – Dessa vez eu tenho você.

m e m e n t o m o r i – p a r t e 1 – p o r G w e n h w y f a r

O sol poderia brilhar no auge de um dia de verão e nem mesmo com toda a luz e calor os terrenos da propriedade dos Gunter deixava de ser escuro e sombrio. O que os trouxas não desconfiavam, é de que havia um feitiço para impedir grande parte da luminosidade do sol atingir o castelo, feito há milhares de anos pelos primeiros Gunter que se estabeleceram ali.

Foi exatamente pela presença de trouxas na área que o ministério aprovou leis proibindo magia ou qualquer coisa relacionada. Desde então, a antiga habitação bruxa virara apenas mais um dos castelos desabitados de algum lugar remoto na Escócia.

O castelo fora habitado nos últimos anos por duas pessoas da família. Um deles era o primo distante do ultimo herdeiro Gunter, que cuidava das finanças da família e da saúde precária do misterioso dono do castelo.

As empregadas, todas jovens e belas mulheres trouxas, viam aquele senhor pálido de vestes estranhas entrar e sair de um quarto lacrado a que nem mesmo elas tinham aceso, e onde, com toda a certeza, se encontrava o ultimo dos Gunter.

Todo um mistério envolvia o Gunter sobrevivente, transformando-o em um tipo de herói perigoso na mente das jovens garotas, que mordia pescoços e molestava garotas belas e indefesas, sendo obviamente extremamente bonito e sedutor.

Outra peculiaridade eram as exigências do herdeiro, ao que se referia às empregadas da casa. Nenhuma delas sequer havia o visto, mas ele parecia conhecer cada uma delas porque somente escolhia jovens extremamente pálidas e ruivas. E uma vez por mês, elas viam o estranho primo do senhor Gunter se dirigir ao quarto do mestre com uma boneca ruiva nas mãos.

Era mais um dos estranhos hábitos do patrão que não lhes cabia questionar. Ele pagava bem, e para elas estava bom ali.

Aliás, o adjetivo estranho era perfeito para caracterizar tudo relacionado ao castelo de Grenich Gunter e seus habitantes sombrios.

Havia-se criado um mito entre as jovens de que o corredor onde o quarto do patrão se encontrava era cheio de almas penadas e demônios, que memorizava sua alma se você permanecesse tempo suficiente lá, por isso quando iam levar as refeições, tomavam o máximo de cuidado para não ficarem muito tempo ali. O que era conveniente tanto para o patrão, quanto para o primo, que podiam conversar livremente sem ter o perigo de serem pegos por alguém espionando.

- Já resolveu como vai fazer com o meu trabalho? Eu não tenho mais tempo, herr... – comentou uma figura da enorme cama de dossel escuro, escondida na escuridão das dobras dos lençóis de linho e algodão num tom mórbido, como tudo no quarto.

- Entrei em contato com alguém que está disposto a colaborar – respondeu outra pessoa, um homem alto e muito pálido, sentado elegantemente junto a uma mesa de centro com  duas velas para a iluminação, o máximo que o primo deixava acender.

- Traga-o para mim.

O homem pálido franziu o cenho.

- Ele não vem para a Inglaterra, seria arriscado demais. Pensei que talvez eu pudesse...

- Você? Como? – perguntou a voz desdenhosa da cama.

- Correspondência trouxa, é claro. Ninguém imaginaria que eu, de todas as pessoas, conhecesse um modo tão... Inesperado de se comunicar.

- E o homem sabe usar cartas trouxas? Afinal, não queremos imprevistos.

- Ele é trouxa, Gunter. Pensei que já tivesse dito isso antes.

Eles ficaram calados por um instante, cada um absorto nas vantagens que tinha para si.

- A mansão é o lugar mais seguro para se fazer esse tipo de trabalho...

Um riso breve ecoou no quarto, vindo da figura na cama.

- Existe ainda o porão com quatro passagens protegidas por magia antiga.

- Você sabe...

- E ainda eu poderia ajudar a decifrá-los com maior rapidez.

- ...eu não confio em você.

- Eu também não confiaria. – disse o outro, pouco afetado com a declaração – E então, que me diz?

- Não sei... Preciso de um tempo pra pensar...

O homem elegante fechou a cara e apertou o nó dos dedos inconscientemente, enterrando as unhas na carne da palma.

- Você sabe que estará sendo vigiado, é claro – recomeçou aquela voz vinda da escuridão, como se fosse realmente um dos demônios que as garotas sempre diziam ouvir.

- Eu tenho um dos maiores acervos bruxos de Artes das Trevas de todo o mundo – insistiu o outro – É só você querer e eu posso colocar os recursos da minha família à sua disposição. Ainda somos poderosos.

- Você realmente quer os pergaminhos, não é Malfoy – comentou a voz assombrosa da escuridão, com um misto de desprezo e fúria contidos – Como vou saber se você não está querendo se dar bem em cima de mim? Eu o conheço desde que você nasceu, sei do que é capaz.

Malfoy comprimiu os lábios, tentando conter o sentimento de ódio que alimentava pela criatura patética à sua frente. Fungou pesadamente e levantou-se de repente para se aproximar do leito escuro.

- Façamos um acordo então.  

- Voto Perpétuo – ordenou o outro com voz trêmula.

m e m e n t o m o r i – p a r t e 1 – p o r G w e n h w y f a r

Se Hermione pudesse escolher, nunca mais poria os pés na casa torta e desproporcional em Ottery St. Catchpole. Voltar a ver aquela paisagem tão familiar acionava lembranças as quais ela tinha lutado bravamente para enterrar no mais profundo vale de sua mente.

Quando ela e Harry aparataram para a estradinha de terra ladeada de sebes, Hermione estremeceu imperceptivelmente ao encarar o jardim exatamente como se lembrava e as chaminés extravagantes expelindo fumaça que os trouxas não podiam ver.

Harry estava ausente ao seu lado e Hermione não o culpava.

Os dois atravessaram o jardim de entrada a passos lentos e mal sentiram a rápida expansão de ar ao atravessarem a barreira mágica protetora. Obviamente, os que estavam para dentro sabiam da chegada dos líderes porque um momento depois, Molly Weasley saía porta afora e se jogava nos braços de Harry, chorando copiosamente.

Hermione olhou com um misto de raiva e desprezo para a matriarca, antes de balançar a cabeça e pedir perdão à Molly silenciosamente. Olhou para a porta e encontrou olhos dourados a encarando.

- Nunca mais sumam assim – soluçou a calorosa senhora, envolvendo Hermione num abraço apertado e molhado.

- Nós queríamos mandar notícias, Sra Weasley – disse a morena, buscando o apoio nos olhos do amigo ao lado, que parecia tão perturbado quanto ela.

- Mamãe, você está sufocando os dois. – repreendeu uma voz baixa e feminina da porta. Ginny crescera para se tornar uma mulher bonita, embora sua beleza se mostrasse mais nos seus gestos femininos do que na sua aparência física. Ela caminhou para os dois, sorrindo e oferecendo a mão, embora seu olhar nunca deixasse de ser perscrutador e Hermione odiava ser analisada.

Ela, na verdade, estava começando a se perguntar se fora uma boa idéia ter vindo a essa maldita reunião.

- Desculpe querida – disse Molly, afastando-se e alisando a camisa branca de Hermione sem aparente razão.

- Não tem problema, Sra Weasley – ela forçou um sorriso – Nós também sentimos saudades de todos.

Molly ofereceu um sorriso aberto e os conduziu para dentro, enquanto fazia mil perguntas acerca da sua suposta viagem com Harry. Ela viu, pelo canto do olho, Ginny segurar o braço de Harry, murmurando alguma coisa para ele, e viu Harry assentir e os dois subirem furtivamente para os andares de cima. Suspirou impaciente, fazendo uma nota mental de torturar horrivelmente Harry quando chegassem em casa por deixar-lhe sozinha, tendo que lidar com uma família tão traumatizada quanto ela própria.

- Ah, o Egito é um país maravilhoso. – dizia Molly com os olhos brilhantes e as bochechas coradas, entrando na cozinha grande e rústica, cheia naquele momento.

Os presentes fizeram um silêncio constrangido, olhando como se tivesse crescido uma segunda cabeça em Hermione. O Sr Weasley foi o primeiro a se recuperar e atravessou a sala, parando em frente a moça, encarando-a de cima a baixo. Disse então na voz mais suave que Hermione nunca teria pensado o velho senhor possuir:

- Bem vinda de volta, filha.

Ela então sentiu a sinceridade daquelas palavras atingirem-na com a força de um elefante desembestado e no instante seguinte foi engolfada por vários braços, vozes se sobressaindo acima de outras, choros das mulheres, sorrisos dos homens.

- Conte como é o Egito, Mione! – gritou Seamus Finnegan, um Seamus incrivelmente alto e bronzeado.

- É verdade que existe um labirinto bruxo embaixo da pirâmide de Quéops?

- Vocês viram escaravelhos vivos?

- Existem homens quimeras de verdade?

- Você e Harry estão namorando?

Por Merlin pensou Hermione, olhando atônita para os rostos sorridentes de seus antigos colegas Isso vai ser complicado.

- Ei, ei, deixem a garota respirar. – disse uma voz profunda, vinda da lareira.

Hermione abriu a boca, no primeiro sorriso verdadeiro ali, e gritou:

- Sr. Shacklebolt!

O ministro da magia ofereceu um sorriso calmo para a moça, enquanto os outros recomeçavam a dar as boas vindas.

Muitos poderiam estranhar essa intimidade entre Hermione e Kingsley Shacklebolt, mas somente os que foram embora após a guerra poderiam estar confusos com isso.

Quando as coisas se acalmaram suficiente no mundo mágico, era hora dos heróis voltarem para a vida real e arrumarem um emprego. E foi aí que tudo começou para Hermione.

Inicialmente quis se tornar auror junto com Harry e Ron, e foi Kingsley a pessoa designada para treiná-la. Foi ele também quem sugeriu a ela que lutasse por um cargo no Departamento de Execução da Magia, e que a recomendou como excelente transfiguradora.

Hermione seria eternamente grata à Kingsley porque se não fosse o seu trabalho, achava que teria enlouquecido de vez com a morte de Ron daquela maneira tão horrível.

- Espero não ter atrapalhado a reunião Arthur.

- Na verdade ela não começou ainda, ministro. – intrometeu-se Percy. 

- Mas chegou na hora certa, Kingsley – disse Arthur apontando com o queixo a enorme forma de bolinhos de ½ hora que Molly fazia flutuar até um prato na mesa.

- A senhora realmente sabe como animar uma reunião, mamãe – comentou George atacando os bolinhos com avidez.

- Estão deliciosos Sra Weasley – comentou Lino Jordan tentando equilibrar quatro bolinhos nas mãos.

- Oh querido, não foi nada – disse a Sra Weasley corada e muito sorridente. George piscou para Hermione do outro lado da mesa e ela riu mesmo sem querer. O maior orgulho de Molly era saber que todos apreciavam sua comida.

- Onde está Harry? – perguntou Artur, olhando interrogativo para Molly e Hermione.

- Acho que está conversando com a Ginny. – disse a moça dando de ombros.

- Eu irei chama-los – disse Molly, dando meia volta e saindo rapidamente da cozinha.

- Como tem passado Hermione?

Ela olhou para o ministro ao lado e fez um gesto de indiferença com a mão.

- O departamento está tranqüilo agora, embora o número de acidentes com crianças e varinhas tem aumentado significamente...

- Eu estava falando de Harry.

- Oh. – fez Hermione, olhando para Kingsley com uma expressão curiosa – Você também acredita que eu e Harry vamos nos casar porque estamos loucamente apaixonados um pelo outro?

- Na verdade não. – disse o negro divertido – mas você devia ouvir o que dizem de vocês por ai. Até a aparência física dos seus futuros filhos estão discutindo e há quem diga que vocês sumiram ano passado para terem seu bebê em segredo.

- Era só o que me faltava – exclamou Hermione revirando os olhos – Com todo o caos da reconstrução do ministério no pós-guerra e as pessoas se interessam em saber se os olhos do meu filho serão castanhos ou verdes.

- E porque não?

Hermione arregalou os olhos.

- Kingsley!

Ele balançou os ombros.

- Vocês já estão morando juntos mesmo.

- Não é a mesma coisa – ela estreitou os olhos – Harry e eu somos melhores amigos, seria estranho demais namora-lo. É quase como se eu dormisse com meu próprio irmão.

- Exceto – comentou o ministro – que ele não é seu irmão.

- Mas também não é meu namorado – respondeu Hermione, dando o assunto como encerrado, e Kingsley não insistiu.

m e m e n t o m o r i – p a r t e 1 – p o r G w e n h w y f a r

Harry seguia dois degraus atrás de Ginny, observando as ondulações do cabelo muito vivo caído até o meio das costas em anéis meio formados, dando ares de boneca à jovem mulher.

Desde que terminaram, ele e Ginny meio que cortaram o contato, porque se sentiam estranhos demais com aquela situação. Ele sabia que Ginny guardava uma mágoa de Hermione, e sabia que parte daquela mágoa era por culpa dele, que nunca tinha escondido sua preocupação pela amiga de infância. Preocupação fraternal é claro, mas Ginny sempre fora egoísta o bastante para não o perceber.

Eles alcançaram o segundo patamar e Ginny adiantou-se para a única porta, empurrando e entrando sem dizer uma palavra, esperando que ele a seguisse. Harry entrou logo em seguida, olhando em volta com curiosidade.

O pequeno quarto de Ginny parecia um pouco maior que da ultima vez quando esteve ali, talvez tivesse sido ampliado com magia ou talvez fosse a reorganização que desse um ar mais espaçoso.

Cartazes e pôsteres já não eram mais vistos, havia a mesma cama de solteira e a escrivaninha que dava para a janela do pomar. Estava tudo muito arrumado e sufocante, apesar da sensação contraditória de espaço. Talvez fosse porque o quarto já não era mais habitado.

- Estou aqui – começou ele – agora pode falar o que você queria lá na sala?

Ginny estava de pé em frente a ele o encarando nos olhos, mas diferente de outras vezes, havia uma nítida barreira entre eles e seus gestos poderiam ser comparados a inimigos medindo forças no meio da batalha.

- Vocês não saíram daqui pra viajar, não é?

- Nós ficamos no Egito umas duas semanas só, se isso contar como viagem pra você.

- Certamente não para verem as pirâmides. – atirou ela, cruzando os braços sobre a capa amarela de material notavelmente bonito.

- Certamente que não – respondeu ele seco.

- Posso arriscar dizer de que isso tudo tem relação ao Ron ou foi só um pretexto pra vocês dois se assumirem?

- Ginny, eu não quero brigar – suspirou Harry, encostando-se na parede ao lado da porta, os braços caídos, e inclinou a cabeça parecendo de repente muito cansado.

- Eu não quero saber. – ela continuou com a voz dura – Você me deve isso, pelo menos.

- Você costumava ser amiga de Hermione. O que mudou agora, Ginny? Ela não merece o seu desprezo.

- Eu não a desprezo, eu amo Hermione como se fosse uma irmã, por Merlin eu não a desprezo – disse a moça balançando a cabeça violentamente – Eu desprezo você pelo que você fez, Harry.

- Eu não podia ver ela se afundar sem fazer nada! – ele se alterou, seu rosto branco feito papel.

- Então você devia ter nos deixado ajudar também!

- Que droga Ginny, será que você não percebe que era isso que estava matando ela...

- Era isso que você queria, no fim das contas. Não é que realmente se importasse com os sentimentos de Ron!

Harry estreitou os olhos.

- Você não sabe de nada.

- Então me explique porque eu estou no escuro! Eu estou cega e por sua culpa!

- Você não era assim, Ginny.

- Você também mudou Harry.

Eles ficaram em silêncio, sem se olharem, e sem mexerem um músculo sequer.

A porta se abriu de repente e Harry pulou para o lado, instintivamente ficando na frente de Ginny, e puxou a varinha antes que a porta pudesse bater na parede e voltar.

- Está tudo bem por aqui? – Indagou uma Sra Weasley desconfiada, entrando no quarto e olhando duramente para os dois jovens.

Harry sentiu-se ridículo ali, não devia ter perdido as estribeiras e gritado feito um adolescente incompreendido.

- Harry e eu estamos apenas conversando mamãe – disse Ginny calma e controlada novamente, apesar do rubor em suas maçãs e do brilho desafiador no olhar.

- Então porque é que eu ouvi gritos?

- Nós... Nos exaltamos um pouco. – disse a ruiva a contragosto e a Sra Weasley estreitou os olhos.

- Vocês não estavam tentando duelar, não é?

Só então Harry percebeu que ainda segurava a varinha frente ao corpo, e guardou-a rapidamente, vendo que Ginny também tinha sacado sua varinha quando a porta fora aberta.

- Peço desculpas, Sra Weasley – disse Harry o mais educado possível e viu a matriarca dirigir-lhe um olhar alarmado. – Devo descer para começar a reunião.

Ele então se apressou para fora do quarto, deixando as duas mulheres Weasley sozinhas.

- Você sabe querida, se quiser reconquistar ele, não grite tanto.

Ginny suspirou.

- Não quero o Harry assim, mamãe. Eu precisava ser dura com ele, pra ele saber que nós não somos de vidro, e que ele pode contar com mais alguém além de Hermione.

- Eu sei querida, eu sei. Mas Harry ainda está muito machucado pra entender isso.

Ela sentiu seus ombros despencarem e olhou para a mãe desanimada.

- Talvez eu deva tentar namorar ele de novo?

- Eu penso – disse Molly, passando o braço nos ombros da filha e a conduzindo para fora do quarto – Que talvez você deva fazer alguma coisa para se ajudar, filha.

m e m e n t o m o r i – p a r t e 1 – p o r G w e n h w y f a r

- É certo então, Harry? Você quer reabrir a Ordem? – perguntou o Sr Weasley franzindo a testa para o jovem, enquanto muitos outros coçavam a cabeça e olhavam para os lados.

- Acreditamos que tem alguma coisa maligna acontecendo na Inglaterra. – confirmou o menino-que-sobreviveu e viu os bruxos se entreolharem com ares de descrença e riso.

- Nós não ouvimos falar de nada acontecendo – disse Linoue Malakhai, jovem homem de vinte e quatro anos, um dos aurores mais antigos competentes do departamento.

- O que não signifique que não esteja acontecendo nada. – disse Hermione olhando feio para o bruxo.

- Mas não prova o contrário. – manifestou-se Kingsley – A não ser que vocês tenham alguma prova de alguma rebelião de comensais ou algum grupo insatisfeito.

- Não há nada acontecendo fora das vistas do ministério – apressou-se a dizer Percy.

- Na verdade, eu e Hermione descobrimos algumas coisas.

Ele observou os rostos nervosos dos colegas, enquanto Hermione retirava papéis da bolsa.

- Desde o ocorrido no Charing Cross*, eu e Hermione temos ficado de olho em qualquer atividade estranha na comunidade britânica.

- Nós precisávamos de provas, mas não descobrimos muita coisa além do que o ministério notificou – explicou Hermione, enquanto abria um pergaminho amarelado de aparência oficial para todos darem uma boa olhada.

- Estão querendo dizer que vocês têm investigado o caso mesmo depois da prisão de Lilá Brown? – perguntou Wood franzindo a testa para os dois.

- Mas isso é absurdo – exclamou Percy descrente – vocês não podem reabrir um caso antes de uma autorização expressa da Suprema Corte, isso fere no mínimo uns 30 artigos...

- Fique quieto, Percy – ordenou Sr Weasley, olhando fixamente para o pergaminho na mesa.

- Hermione então teve a idéia de espionarmos o crime no momento em que ele aconteceu, e nós vimos Andrewski aparatando da cena do crime com os sapatos cheios de sangue.

- Lord Admiral Andrewski? O chefe da Seção de Transportes Mágicos? – perguntou Linoue totalmente perplexo, passando a mão nervosamente pelos cabelos cor de cobre.

- Espera. Potter, onde vocês conseguiram um vira-tempo? – inquiriu Kingsley, seus olhos sérios ao observar os dois jovens à frente.

- Não faça perguntas demais e nós não diremos mentiras, Kingsley – disse Hermione suavemente e os bruxos prenderam a respiração. Ninguém falava assim com o Ministro da Magia.

- Todos os vira-tempos foram confiscados há anos pelo Departamento de Mistérios. – disse Percy.

- Exatamente... o que nos leva a perguntar qual Inominável é o traidor?

- Ora, pelo amor de Merlin – explodiu Ginny lá do seu canto, e todos olharam assustados para ela – Que importa agora quem ajudou os dois ou não? Eu tinha a impressão que nos reunimos porque Harry e Hermione descobriram alguma teoria da conspiração por aí.

- E que pode provar a inocência de Lilá Brown pelo crime em Charing Cross – complementou Hermione.

- Eu acho difícil de acreditar. A garota confessou tudo com Veritaserum, contando detalhes que só o assassino poderia saber – disse Linoue secamente, olhando para Hermione que devolveu seu olhar como se o desafiasse a continuar.

- Não se não fosse ela realmente. Um especialista na maldição Imperius pode muito bem driblar os efeitos da poção, assim como um excepcional Oclumente.

- A garota era Lilá Brown, Granger, nós fizemos todos os testes possíveis com ela.

- O que não elimina a possibilidade de uma Imperius.

- E porque alguém iria querer controlar Lilá Brown? – perguntou o homem sarcasticamente – Não seria muito mais fácil então enfeitiçar Ronald Weasley e fazer ele pular de um viaduto qualquer?

Hermione empalideceu com a menção do nome de Ron.

- Ron nunca se suicidaria Malakhai, use essa cabeça cheia de creme pra alguma coisa útil!

- Eu acho que você está ficando neurótica Granger... – Começou Linoue ofendido, mas de repente um barulho crescente de um ronco forte como uma britadeira atingiu o ambiente e fez morrer o resto da fala do loiro.

Eles olharam estarrecidos para fora, antes de sacarem as varinhas e correrem para frente da casa, espalhando-se atrás dos móveis e pelas frestas escuras entre as portas, espionando o jardim aparentemente vazio.

Um baque surdo fez o chão tremer levemente e o barulho de britadeira morreu de repente. Então, eles viram através da janela uma figura alta e magra cambalear em direção à casa, apontar a varinha, e antes que alguém pudesse sequer abrir a boca, a figura lá fora gritou:

- ESPECTO PATRONUM!

Da ponta de sua varinha irrompeu um bode, que correu e pulou a janela agilmente, parando no meio da sala simples dos Weasley, e olhando em volta, soltou um berro e sumiu como fumaça.

.

Harry foi o primeiro a alcançar a porta, correndo de encontro ao homem:

- Aberforth! O que aconteceu, porque está aqui?

O velho homem devia ter saído com muita pressa porque trazia os cabelos prateados completamente revoltos, a camisa meio encardida para fora das calças e o cheiro de bode mais forte do que nunca.

Atrás dele, uma enorme moto negra e reluzente expelia fumaça escura e mal-cheirosa, indicando talvez que Dumbledore tivesse coberto uma longa distância sem parar até ali.

Levou algum tempo antes dele poder recuperar o fôlego e dizer de uma vez só:

- A garota Lovegood e o professor Longbottom. Mortos. Na Ellegarden Square, atrás do Lenhador Ceifero**. .

Silêncio sufocante.

- O que? – gritou Ginny e foi contida pelo pai.

- Você Percy, vá até o ministério e notifique os Aurores de plantão. – instruiu Kingsley, antes de se virar para o restante. – Hermione, você poderia ir para minha sala e avisar Adrewski que precisarei de uma chave de portal.

E virou-se para os seus funcionários ali.

- Harry, vá com Malakhai e Finnegan. Arthur, você vem comigo.

- Eu preciso ver como está Angelina – disse George, dando um abraço rápido nos pais e andando rapidamente para fora da barreira, assim como os outros que tinham família.

- Eu quero ir também – gritou Ginny se contorcendo furiosamente nos braços da mãe, que tentava conte-la a todo custo.

Harry se aproximou e agarrou a ruiva pelos ombros com força, fazendo-a parar de se debater com o susto.

- Você vai ficar aqui e vai cuidar da sua mãe. Não podemos deixar ninguém sozinho agora Ginny.

- Eu preciso ir! – gritou a ruiva, chorando de repente – Ela era minha amiga!

A expressão de Harry se suavizou.

- Eu sei, Gin. Eu prometo que te aviso assim que chegar lá, tudo bem? Só que agora você precisa ficar... Você entende não é?

- Eu não quero – disse ela soluçando e escondendo o rosto nas mãos. Ele estendeu os braços para ela.

- Ginny, eu...

- Harry! – chamou a voz urgente de Hermione e Harry olhou frustrado para a ruiva à frente.

- Ginny, prometa que não vai fazer besteira!

Ela o olhou particularmente.

- Prometa Ginny! – repetiu Harry, buscando nos olhos afiados dela.

- Harry, não temos mais tempo!

Ele suspirou e deu as costas para a casa dos Weasley, e ele e Hermione correram para fora da barreira mágica , antes que um raio brilhasse acima de suas cabeças e se espalhasse como um fio de novelo por toda a propriedade Weasley, trancando as duas mulheres ruivas para dentro.  


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Notas finais do capítulo

N/A: * O hotel Charing Cross em Londres realmente existe, se tiverem curiosidade em saber exatamente com é o local do crime de Ron, vou deixar o link pra vocês: http://www.guoman.com/en/hotels/united_kingdom/london/charing_cross/index.html


**O nome do bar foi invenção minha, não existe no universo de HP O mesmo se aplica ao herdeiro Gunter e ao Linoue Malakhai, que existem somente na minha imaginação e agora nas suas. Eles são total e completamente saídos da minha cabeça! Tenham um pouco de paciência com eles.


Capítulo 1 concluído, o que acharam? Muito grande? Enfadonho? Hehe eu quis fazer como se fosse um capítulo de livro mesmo, mas tentei cortar ao máximo as descrições sem propósito, pra não ficar muito chato. Read? Review!