Coração de Porcelana escrita por jminho


Capítulo 9
Capítulo 9 - Ah, se eu mesma pudesse entender!




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Era domingo, depois de um longo dia com Stefan na sexta e no sábado, Sophia conseguiu dormir muito bem naquela noite. Eu poderia dizer que dormiu mais que bem.
          Melissa a buscou logo cedo para passar em uma loja para alugar o vestido de formatura, por ela, o quanto mais rápido melhor. Eu gostava de como Melissa tratava a amiga. 

- Tudo bem – Sophia apoiou a cabeça sobre o braço que estava encostado no espelho – Não precisamos disso!
          - Hey, eu não encontrei um vestido que combinasse com você. A maioria é... – Mel pegou um vestido rosa na pilha jogava ao canto – Elegante de mais para você.
         - Como assim?
         - Como eu disse... você é muito bonita. Não precisa de vestidos que chamem muita atenção. Você tem uma beleza simples e maravilhosa. O seu estilo seria um vestido do mesmo modo. Não precisando de nada a mais para chamar a atenção. Entende?
          - Não – brincou.

- Tudo bem – disse de novo empurrando uma pilha de vestidos para o canto – Eu estou em duvida...

Melissa pensou em um minuto em pedir a opinião da amiga. Mas isso era realmente impossível.

          - Que cor mais gosta? – perguntou Sophia, que caminhou lentamente até achar um banco e sentou aos poucos.
          - Vermelho.
          - Quais são as cores dos vestidos em que está em dúvida?
          - Preto, rosa e vermelho.
          - Então está ai minha opinião – Sophia sorriu e Melissa fez o mesmo.
          - Ok, isso foi tão obvio. Você é maravilhosa amiga!
          - Quem disse que uma amiga cega não possa dar opiniões sobre vestidos? Ainda mais eu que vou ao cinema... – disse lembrando-se da piada que fez no outro dia. Melissa gargalhou.
          - Claro.

          Mel pegou o vestido vermelho e segurou a mão da amiga. As duas saíram da enorme cabine.

- Então, serviu? – outra moça, desconhecida por elas, perguntou. Aparentava ter mais ou menos 30 anos, era baixa e gordinha. Mas seu sorriso era bonito, fazia covinhas nas bochechas.
         - Só este aqui - Melissa estendeu seu vestido.
         - Muito bem.

As duas saíram direto para a moça do balcão para separar a roupa. Marcou para buscá-la na sexta-feira, assim ela já estaria lavada, cuidada e pronta para uso.
         Melissa agradeceu satisfeita por arranjar algo lindo para vestir.     Mas isso não a satisfazia totalmente.

          - Arranjaremos algo para você Sophia – disse com vergonha por seu "fracasso".
          - Não me importo com isso.
          - Eu sei, mas deveria.
          - Stefan também não se importaria – jogou.
          - Quem? – Melissa parou bruscamente e isso fez a amiga parar também. As duas paralisadas na rua.
          - Stefan... – disse ela se virando, estendendo um pouco os braços para achar Mel.
          - Estou aqui – deu a mão para ela e continuaram andando – Ele... Ele te convidou?
          - Convidou.
          - Ora! - abraçou Sophia que deu um pulo – E você nem para me contar! Mas eu sabia que alguém te convidaria! Ele me aparenta ser tão fofo e super bonito, hã? - sorriu maliciosamente.
          - E é...
          - Mas como? Vocês conversaram?

Sophia queria olhar de canto. Mas para ver o que exatamente?     Então deixou seus olhos viajarem um pouco e só deu um sorriso de canto.
          Melissa entendeu.

- Nossa! – exclamou ela – Conte-me tudo! Tudinho!

E lá se foi as duas mergulharem no assunto dos dias passados. Eu realmente não precisava ouvir de novo, sabia muito bem que algo do tipo aconteceria, e já havia visto de mais.
          Eu não estava preocupada exatamente com isso, estava preocupada com o final de semana... o sábado... a formatura.
          Tudo corria como devia, os detalhes se acrescentam, eu sei o resumo. Mas podia dizer que nada do rumo, nenhum detalhe mudou os planos, pelo menos não ainda.
          Eu não me importava em gostar ou não daquilo, era tão comum pra mim. Aliás, eu era a própria coisa que os humanos temiam, por acaso mudaria algo? Eu respondo: não.
          Depois dessa semana eu com certeza estaria em outro lugar, não que eu não possa estar em vários lugares ao mesmo tempo, eu posso. Mas não posso saber de tudo. Eu não sei. Por isso o final de semana é tão misterioso pra mim quanto pra Sophia, porque eu esperava o que ia acontecer. Ela só viveria.
          Sophia ouviu a amiga comentar sobre sua vida com Stefan. Ela sempre se perguntava se estaria mesmo apaixonada por ele. O que eu achei bobo da parte dela, o que seria se não fosse amor? O que seria?   Eu não via mais nada.
          Mas algo a incomodava, um pensamento lá em seu íntimo que eu mesma não sabia o que era, realmente nem imaginava o que poderia ser.  Mas isso não me fez ficar preocupada, ela não levou muito a sério esse pensamento, então eu também não deveria – seja lá qual fosse -.

 - Então é isso?
           - O que?
           - Está apaixonada por um cara que conheceu há dois dias?
           - Três se contarmos com hoje.
           - Tudo bem. Não muda muita coisa.
           - Acho que sim – ele curvou as sobrancelhas para o meio da testa – Você não... apóia?
           - Eu? – ela riu ironicamente – Credo Sophia! Deixa disso. Só estou tentando me acostumar... Nunca em nossa amizade você se apaixonou tão fortemente. Posso ver no jeito que fala dele, sua voz se suaviza como se falasse de um anjo.
          - Exagerada.
          - Acho que a única aqui que pode ver seu rosto quando fala dele sou eu – jogou.

Sophia sorriu, ela havia perdido, mas gostou. Gostou de saber que podia mostrar isso, que podia sentir esse amor por Stefan.
Mas ele também sentiria por ela?
          Novamente o pensamento – que ainda não era identificado por mim – passou por sua mente, mas ela tentou ignorá-lo. Imaginou que era ridículo.
          Mesmo assim, Sophia sentiu um terror em seu estômago e fez uma careta.

- O que? – Melissa deu uma cotovelada de leve no braço da amiga.
          - Hum?
          - Porque está tão pensativa? Não tem certeza de seus sentimentos?
          - Não! – protestou – Não é isso! É claro que tenho certeza que o amo. Não poderia mentir... Mas...
          - Mas?
          - Não sei, passou algo por minha cabeça. Mas nem eu mesma consegui entender.

          Vasculhei as palavras dela. Era verdade. Nem mesmo ela sabia ao certo o que era esse pensamento que a incomodava tanto.

          - Seja ele qual for – Melissa sorriu – Esqueça-o! – ordenou.
          - Sim, senhorita – brincou.

          Ela esqueceu, eu também tentei esquecer. Tentei. Mas algo me dizia que aquilo era ruim. E por outro lado me dizia que não ia me atrapalhar.
          Não consegui entender, mas fiz o máximo para ignorar.
          A semana estava se passando muito rápido.


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