Coração de Porcelana escrita por jminho


Capítulo 10
Capítulo 10 - Última semana.




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Sim. Já era sexta feira. Meu trabalho estava quase terminado.
Sophia passou a semana conversando com Stefan em exatamente todos os intervalos. Melissa até sentiu uma pontada de ciúmes, mas mordia o lábio quando lembrava que também passava o intervalo com a pessoa que amava... ela não podia reclamar de nada.
          Stefan por sua vez,  dizia que se sentia a pessoa mais feliz do mundo e que a maior parte disso era graças a garota em que se apaixonara.
          Os dois conversavam sobre músicas, comidas, gostos, internet, televisão, programas, festas, amigos, escola, família... relacionamentos. Tudo acabava com boas risadas. Quando não conversavam sobre essas coisas, Sophia pedia pra Stefan descrever para ela como era poder ver. Ele não sabia ao certo como fazer, mas fazia.
          Elogios corriam aos poucos pela boca dos dois, como: “Você está linda hoje, Soph” ou “Você que está muito atraente hoje, Stefan”. Coisas do tipo. Nada muito chamativo, nem muito direto nem muito indireto.       Nenhum beijo, nenhuma declaração de amor. Só se conhecendo.
          Eu podia suportar a demora.
          Eles estavam suportando não estavam?
          A única coisa que me deixou com raiva foram os “amigos” de Stefan. Ou eram má companhia, ou garotos legais com mentes perturbadas... Podem escolher, não fazia diferença para mim.
          Eles simplesmente eram contra a aproximação dos dois. Bem, a maioria era, outros não entendiam porque Stefan não partia logo para um beijo ou, como eles diziam, “um amasso”. O estômago de Stefan revirava quando os ouvia falarem dessa forma, não por nojo dela - isso nunca -, mas por serem tão indelicados  na questão e por não terem respeito nenhum com quem achava diferente.
          Eu podia vasculhar a mente deles um pouco.
          Somente beijar por beijar? Sem mesmo existir um amor?
          Eu não era lá a melhor pessoa pra falar de amor, mas eu tinha noção do que meu superior achava disso e, de certo modo, eu concordava. Não existia mais significado para beijo? Não era mais uma coisa feita para demonstrar o amor, e sim... qualquer coisa.
         Eu não sabia por que ainda ficava assustada e surpreendida, era tão comum, mas tão errado. E o bom era que Stefan e Sophia pensavam o mesmo. Claro, Stefan somente depois que conheceu a garota.
        “Eles não sabem o que dizem. Muito menos o que fazem. Pelo menos, até se apaixonarem de verdade.” – pensava ele.
        Agradeci por pensar assim, Sophia tinha um garoto muito bom em suas mãos, como ele também tinha uma garota muito boa em troca.
        Tanto que, Sophia ficava doida para beijar Stefan, mostrar o amor dela por ele. Podia sentir sua cabeça ferver. Mas ao mesmo tempo tinha medo de não... Saber beijar? Sim. Era isso mesmo. Ela nunca beijou ninguém e tinha vergonha de dizer para o garoto, que já tinha realizado tal ato.
         Stefan não ligava para isso, mas também não queria apressar as coisas.

- Oi – disse ele ao sentar ao lado da garota dos olhos perdidos no tempo – Posso me sentar?

- Já sentou – brincou.
          - Desculpe – ele ameaçou levantar, mas ela segurou seu braço.
          - Era brincadeira, você sabe que não precisa perguntar.
          - Tudo bem – riu.
          - O que está comendo? - ela direcionou a cabeça em direção ao cheiro.
          - Sabe que nem eu mesmo sei? - sorriu, olhando o próprio prato com indignação - Peguei o que vi pela frente.
          - E posso saber o porque disso?
          - Queria te ver logo.

Sophia sentiu suas bochechas formigarem e ficarem mais quentes. Ela queria se esconder em baixo da mesa ou cavar um buraco no chão. Mas isso seria muito mais estranho.

          - E você? – perguntou ele pegando uma banana da bandeja da garota – Só isso?
          - Estou sem fome – mordeu o lábio inferior.
          - Tudo bem, eu sei que você está mentindo.
          - Sabe? Como?
          - Primeiro, você acabou de confessar – ele riu e ela o acompanhou. Mas não com a mesma intensidade – Segundo, você morde o lábio sempre quando mente ou quando não sabe o que responder.
          - Oh.
          - Já te conheço há muito tempo... Faz o que? Três anos? – brincou.
          - Hum... Talvez cinco!
          - Tudo isso? - jogou a banana novamente no prato de Sophia, como se não aceitasse o que ela estava dizendo - E não estamos casados? – deu uma gargalhada.
          - Culpa dos seus amigos! Eles não me aceitam – brincou e deu uma risada leve e descontraida, mas percebeu que estava sozinha.

          Houve um silêncio.
          E mais.
          Sophia virou o rosto para ter certeza que Stefan estava lá, tentando sentir o calor de seu corpo e sua presença. E estava. Agora ela podia ouvir e sentir a respiração pesada dele.

          - Stefan? – ela estendeu o braço sobre a mesa e encontrou a mão dele. Antes que ela a afastasse, o garoto a pegou, entrelaçando os dedos dela com os seus.
          - Nunca... – sussurrou como se algo o tivesse acertado no estômago – Nunca mais diga que alguém que eu conheça não te aceita.

A dor na voz dele fez Sophia se encolher na cadeira. Ela se arrependeu de ter brincado com aquilo, mas era sua intenção magoá-lo.


          - Eu... – tentou explicar.

Ele suspirou fundo.

- Eu só... Eu não tenho amigo, parente, seja o que for, que não te aceite. Se alguém não te aceita, também não me aceita.

          Sophia se assustou ao perceber a rapidez em que a voz dele se transformara. Antes era tão triste e agora... havia saído como um rosnado, cheio de fúria. Ela suspeitou de que ele já havia sido incomodado com o mesmo assunto por outras pessoas, mas diferentes da opinião dela.
          Stefan sentiu o ódio subindo por sua garganta e tentou controlá-lo.
          Respirou fundo, fechou e abriu os olhos repetitivamente.

- Escute... – ele pegou o rosto dela com as mãos, deixando que os olhos de Sophia encarassem os seus mesmo sabendo que não o viam – Soph, eu... eu gosto de você... eu realmente gosto muito de você... não importa o que os outros digam, eu não posso e nem quero mudar o que sinto em relação a você. Então, eu não suportaria ter alguém como amigo que não te aceite. Eu não suportaria... Você... Entende?

Sophia entendia. Além do mais, ela não sabia como agir. Seu coração saltava sobre o peito, e tinha certeza que ele a amava. Só... não dissera com as mesmas palavras. E ela também não havia dito.
          Os dois tinham medo de ir rápido de mais.

- Eu entendo – Sophia acariciou as palavras, como se tentasse consolá-lo – Eu entendo, mas não precisa se preocupar comigo. Se você me aceita, eu não preciso que mais ninguém me aceite. Só você. Isso é o suficiente para mim.

Stefan deixou as últimas gotas de raiva evaporarem e abraçou ternamente a garota em sua frente.
          Sem mesmo perceber, ele deu um beijo no pescoço dela, tão rápido, mas cheio de amor.
          Sophia tremeu com o toque e aproximidade, fechando os olhos.
          Quando ele percebeu o que havia feito, estava prestes a se separar dela, mas não conseguiu. Ele a queria ali. Protegida em seus braços. Ele queria saber sempre que ela estava ali.

- Desculpe – sussurrou sem graça. Parte pedindo desculpa pela raiva e parte pelo beijo imprevisto.
          - Eu gostei – Sophia respondeu só a última desculpa. A primeira, ignorou.


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