A Garota da Capa Vermelha escrita por GillyM


Capítulo 21
Perdas


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!!!!
As vezes algumas coisas são inevitáveis, e Henry terá que aprender a conviver com elas.
Boa leitura!!!



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Henry procurou por Valerie floresta adentro, ele não conseguia se guiar pelo cheiro dela, pois não podia senti-lo, ele a procurava angustiado, pois ela estava muito ferida e podia morrer a qualquer minuto, ele temia o fato do pior já ter acontecido a ela. Ele farejou cada cheiro diferente que pairava no ar, mas nenhum pertencia a ela, e os caminhos que percorria o fazia andar em círculos.

Ainda ferido ele parou e se apoiou numa arvore, ele já não tinha mais forças para continuar sua busca, ele precisava se alimentar para poder prosseguir, porém cada segundo perdido condenava ainda mais a vida de sua amada. Ele olhou para o céu e assistiu o sol nascer, ficou parado ali reunindo todas suas forças para poder continuar, e em nenhum momento parou de pensar em Valerie.

- Não pode ficar aqui! – Suzanne disse ao aparecer repentinamente – Você precisa se alimentar.

- Preciso encontrá-la primeiro – Henry a contrariou.

- Se você não se alimentar não vai a lugar nenhum – Suzanne replicou – Não seja burro e imprudente Henry.

- Ha duas noites atrás – Henry retrucou – Você também iria ser burra e imprudente por causa de TIm.

Suzanne se calou por um momento, ao lembrar-se de tal episódio.

- Parece que não somos diferentes quando se trata de amor – Suzanne sorriu ao dizer aquilo.

-Como me achou? – Henry perguntou – E como está sob o sol?

- Peguei o anel de Damon, presumo que ele não precisará mais dele. Você cuidou de Tim, estou retribuindo o favor procurando por Valerie – Ela se explicou – Mas não sinto o cheiro dela, apenas o do lobo. Ele vai protegê-la.

- Sei que ele está por perto, mas ela não está com ele e não há mais o que temer – Ele argumentou – E mesmo que tivesse, ele seria inútil durante o dia.

- Me deixe ajudá-lo para que você possa ajudá-la – Suzanne pediu com educação.

- Ela não tem esse tempo – Ele continuou – Ela precisa de nós agora ou morrerá.

Suzanne o encarou e procurou em sua mente o melhor modo de mostrar a ele, o que sua mente não conseguia ver.

- Henry seja sensato – Suzanne disse calmamente – Não sentir o cheiro dela, significa que ela perdeu sua essência e você sabe bem o que isso significa.

- Não ouse falar isso! – Henry respondeu aborrecido.

- Vamos para casa, agora! – Suzanne disse ao agarrá-lo e levá-lo de volta a mansão, abalado com as palavras dela, Henry a acompanhou sem hesitar.

Ao chegar a mansão Suzanne usou seu poder de persuasão em uma das moças jovens e virgens do vilarejo, ela sabia que o sangue dela iria recuperar Henry mais rapidamente. A princípio ele se recusou a ferir a jovem, mas Suzanne o convenceu ao dizer que Valerie não tinha tempo para esperar ele se recuperar lentamente.

- Não posso fazer isto – Henry negou o sangue – Preciso de muito sangue, vou matá-la.

- Bem... se a quantidade é o problema vou trazer mais uma – Suzanne explicou irônica – Assim você não precisa matar nenhuma!

Henry se alimentou rapidamente, pois queria estar pronto o mais rápido possível para voltar a busca por Valerie, ele sabia que as chances dela estar morta naquele momento eram enormes, mas ele queria ter certeza, ele queria ver com seus próprios olhos, para poder se despedir dela devidamente.

Antes mesmo de terminar Henry sentiu o cheiro de Peter na mansão, quase recuperado ele correu em direção ao Peter que estava a espera dele no hall de entrada da mansão. Quando o avistou, Henry soube o que havia acontecido pela feição de Peter.

- Eu não trago boas noticias – Peter disse em voz alta, Henry ainda estava a descer as escadas.

Tim os observava do topo da escadaria.

- Onde ela está? – Henry perguntou, naquele momento seu coração já estava destruído.

- Não posso lhe dizer – Peter respondeu.

- Como não pode me dizer! – Henry esbravejou – Diga-me agora, onde ela está?

- Sinto muito pela sua perda – Peter prosseguiu – Sua perda é minha também, mas minha do que sua.

- Como se atreve a dizer isso – Henry respondeu ainda mais aborrecido – Eu a amava assim como você.

- Refiro-me não apenas ao meu amor por ela – Peter continuou – Refiro-me a todos os momentos que vivemos juntos, desde crianças.

- Eu sei bem disso – Henry se entristeceu ao lembrar-se dos velhos tempos – Eu a amava da mesma forma que hoje. Agora me diga, onde ela está?

- Não posso dizer, pois prometi a ela respeitar seu ultimo desejo – Peter disse com a cabeça baixa – Ela não queria que você a visse morta, ela pediu para que eu lhe dissesse para sempre se lembrar dela de como ela era antes.

- Por que ela lhe pediria isso? – Henry disse ainda não convencido.

- Não sei... quando éramos crianças, ela sempre dissera que não queria ser vista morta – Peter explicou – Ela queria ser lembrada da maneira que sempre fora. E você sabe... Damon fez muito mal a ela.

- Ela só disse isso? – Henry perguntou desacreditado.

- Sinto muito. Só peço para que... Se você realmente a ama, a deixa ir embora da forma que ela escolheu, respeite o ultimo pedido dela.

Henry abaixou a cabeça e em seguida com muita tristeza, acenou positivamente. Ele se lembrou da forma horrível de como perdeu seu pai, e se lembrou de quando Valerie foi usada para atrair o verdadeiro lobo para a vila, ele tentou imaginar a dor que seria perdê-la. A dor que sentia naquele momento atual, era de longe ainda maior do que havia imaginado. Ele sempre temeu perder Valerie para o lobo, não podia imaginar perde-la para um vampiro.

- Onde deixou o corpo dela? – Henry pergutou.

- Deixei que o rio o levasse... Pedido dela – Peter respondeu.

- Obrigado por sua ajuda – Henry agradeceu – Sou grato.

- Também sou grato por sua ajuda – Peter respondeu – Mas isso não muda o que você é e o que sou. Ainda somos inimigos.

- Então sugiro que saia o quanto antes desta casa! – Henry disse e se virou. Ele subiu novamente as escadas.

Peter olhou a Tim, acenou com a cabeça e foi embora da mansão.

Henry permaneceu no quarto durante horas, relembrando e remoendo todos os acontecimentos atuais e do passado, ele sabia que Valerie não teria chance de viver, mas seu coração não queria se despedir dela. Ele aceitou a oferta de Suzanne para que ele ficasse na mansão definitivamente, pois ele não queria mais voltar a Daggerhorn, ele apenas voltaria para ver sua mãe, e se despedir dela para sempre. Assim que a noite caísse, ele voltaria ao vilarejo pela ultima vez.

- Onde você vai? – Suzanne perguntou ao ver Henry saindo pela porta principal da mansão.

- Vou me certificar de que Daggerhorn está em paz e ver pela ultima vez minha mãe, em que seja de longe – Ele se explicou.

- Sinto muito por tudo! – Ela lamentou – Você vai voltar?

- Sim, mas não sei quando farei – Ele respondeu – Talvez vá para outro lugar, onde finalmente eu encontre paz, se é que eu mereço isso.

-Você será sempre bem vindo aqui – Ela o avisou.

- Posso te dar um conselho – Henry perguntou seriamente a ela.

- Sim! – ela respondeu curiosa.

- Se você nunca quiser sentir a dor que estou sentindo agora – Ele disse – Transforme Tim. Ele nunca estará seguro ao seu lado ou então o deixe.

Henry foi embora finalmente.

Suzanne se calou ao ver Henry cruzando a porta, aquelas palavras a atormentaram, pois ela havia pensado muito naquela hipótese ao ver Henry sofrendo.

Ela olhou Tim a se alimentar na cozinha, ela sempre o observava a comer, ela adorava assisti-lo. Ela temia perder tudo isso nele. Então ela se aproximou.

- Eu lhe farei uma pergunta – Suzanne disse seriamente – Seja sincero e prudente em sua resposta.

- Então faça – Tim respondeu no mesmo tom, ele estava acostumado a frieza de Suzanne.

- Você quer ser um vampiro? – Ela perguntou sem rodeios.

Tim parou de se alimentar e ficou pensativo por um momento e respondeu em seguida.

- Não!

- Por quê? – Ela perguntou espantada com toda a segurança que Tim havia respondido.

- Porque o que mais me da certeza desse amor... É que você me ama da maneira que sou e nunca me pediu para mudar. Se um dia eu te perder, não quero passar a eternidade sofrendo, e como um humano, minha dor passara no momento que eu me for. Posso parecer fraco ou covarde ao pensar assim, mas sei que as coisas mudam, até mesmo com você, e sei que vou sofrer por isso, e não tenho vergonha de dizer que temo ser infeliz e tão pouco em dizer que serei infeliz se te perder.

Aquelas palavras bastaram para Suzanne.

A noite se aproximava e Henry caminhava sem pressa em meio a floresta, ele caminhava em direção ao vilarejo, ele estava cego por sua tristeza. Ele não sabia exatamente como se despediria de sua mãe, ela jamais poderia vê-lo daquela maneira, mas só de vê-la de longe já seria o suficiente para ele, ele queria se certificar de que ela estava bem.

Henry já podia sentir o cheiro dos moradores do vilarejo, mas algo incomum chamou sua atenção. Um cheiro diferente pairou no ar, ele sabia que aquele cheiro estava a vir de uma criatura da noite, de um inimigo para ser exato, Daggerhorn poderia estar em perigo.

Henry tentou rastrear o local exato de onde o cheiro vinha, mas depois de segui-lo por alguns quilômetros perdeu o rastro, ele resolver voltar ao vilarejo, para ter certeza que nada de ruim havia acontecido aos moradores.

Na trilha que levava ao vilarejo, Peter que vinha na direção oposta cruzou seu caminho.

- O que faz aqui? – Peter perguntou irritado com a presença de Henry.

- Senti um cheiro diferente nas proximidades do vilarejo – Henry disse – É melhor ficar mais atento.

- Sei exatamente o que fazer – Peter respondeu irritado – Não preciso que me diga!

- É o que eu espero! – Henry foi indiferente.

- Por que está aqui? – Peter ficou curioso.

- Venho me despedir de minha mãe – Ele respondeu – Mas por que está tão curioso? E nervoso?

- Não estou curioso, tão pouco nervoso – Peter respondeu aborrecido e não perdeu a chance de provocar Henry – Você não é bem vindo a vila.

- Muito menos você – Ele respondeu sarcástico – O que faz aqui?

Peter ficou em silencio.

- Não vai responder? – Henry insistiu.

- Também vim me despedir! – Peter respondeu usando a mesma ironia que Henry.

- Já terminou? – Henry também o provocou – Não posso ficar no mesmo lugar que você.

Peter o encarou enfurecido, se estivesse em sua forma de lobo, ele atacaria Henry sem hesitar, mas como a lua ainda não reinava no céu, ele deu as costas a Henry e retomou o seu caminho para longe da vila, adentrando ainda mais a floresta.

Henry seguiu seu caminho, ao chagar a Daggerhorn viu que tudo estava bem, a população havia diminuído, pois muitos foram mortos pelos recém nascidos.

- Henry! – Tina disse ao se aproximar da floresta – Sei que está ao, posso sentir seu cheiro.

Ele surgiu de trás de uma arvore.

- Como fez isso? – Ele perguntou surpreso com a nova habilidade de Tina.

- Suzanne me ensinou a usar alguns de meus poderes, que eu nem sabia que tinha – Ela sorriu e depois o abraçou – É bom ver você.

- Como estão as coisas por aqui? – Ele perguntou receoso.

- Bom... As pessoas estão assustadas, mas logo passará, elas estão tentando conviver com tudo o que aconteceu – Ela explicou – Nada é como antes, e nunca voltará a ser, agora tudo será diferente, até contei a minha avó o que sou.

- Você... E ela? – Henry ficou abismado com a coragem de Tina, e com sua estupidez também.

- Ela não acreditou – Ela riu ao se lembrar – Chamou o padre para me benzer!

Ambos riram.

- Você foi muito corajosa! – Henry a parabenizou – Você sabe como está minha mãe?

- Ela está bem... Bem até demais – Tina explicou – Ela é um dos poucos que aceitou que existe mais no mundo além do que conhecemos. Falei para ela sobre você.

- O que disse a ela? – Henry se preocupou.

- Bom... Na noite em que a vila foi atacada, Prudence foi ferida. Para acabar com o sofrimento dela, eu terminei o que os recém nascidos começaram – Tina se explicou – Mas sua avó viu, ela estava na igreja conosco, ela exigiu explicações e eu contei tudo a ela, até mesmo sobre você.

Henry levou as mãos à cabeça, sua mãe sabia que ele era um monstro agora.

- Eu disse tudo a ela... Disse o quanto você foi corajoso e destemido a nos proteger – Tina tentou amenizar a confusão de Henry – Ela ficou confusa e chorou e depois veio até mim, e disse que te amava da mesma forma.

- Como ela pode me amar... Sou um monstro, ela deve ter enlouquecido – Ele argumentou.

- É o que todos acham. Ela nada muito distraída, mas está bem. Posso sentir que ela está em paz – Tina o confortou.

Henry junto Tina ficaram a observar da janela da casa a mãe de Henry a bordar uma toalha, ela realmente parecia em paz, do lado da poltrona onde ela estava sentada, havia duas fotos, uma de Henry e outra de seu pai. Henry soube que era a hora de partir.

Tina se despediu dele na entrada da vila.

- Você encontrou a Roxanne? – Tina perguntou preocupada.

- Não, mas vou – Ele respondeu – Não se preocupe, ela não voltará mais aqui e se isso acontecer, antes de eu encontrá-la, sei que você dará conta, você é esperta e ela é burra, sem contar que é covarde também.

-O que você vai fazer agora? – Tina perguntou curiosa.

- Vou conhecer o mundo até tirar essa dor angustiante de meu peito – Ele respondeu ao fechar os olhos – Nunca imaginei que vampiros pudessem sofrer por amor.

- Henry... Ao julgar por seu olhar triste, posso imaginar o que tenha acontecido – Tina falou ao pensar em Valerie – Sinto muito, de verdade. Sei que ajudei a fazer muito mal a ela, e me arrependo disso.

- Eu sei... E ela sabe também, onde quer que ela esteja – Henry disse ao olhar ora o céu.

Tina sorriu e ficou a olhar Henry até que ele se perdesse em meio às arvores que cercavam o vilarejo.

Faltava menos de uma hora para que a noite chegasse, Henry caminhava desatento até que aquele cheiro pairou no ar novamente, Henry começou a segui-lo desesperadamente até que chegou num campo próximo ao vilarejo, onde antigamente havia uma plantação de trigo. A neve cobria todo o gramado.

Ele parou e olhou ao redor, o cheiro estava ali e ainda mais intenso, mas ele não avistava nada, apenas a neve e as arvores que cercavam o campo. Um barulho cortou o vento, e a figura de um ser apareceu bem à frente de Henry, trajando uma capa vermelha, com o capuz cobrindo seu rosto. Henry ficou paralisado com o que estava a sua frente.


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Notas finais do capítulo

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