Imperium escrita por Meg_Muller


Capítulo 5
Conspirações


Notas iniciais do capítulo

Oeeee =)

Demorei, eu sei.

Maalz demais.

Mas cá estou, pq mesmo que demore... desistir jamais =)

Enjoy



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Bianca levantou ao primeiro toque do despertador, como sempre. Nunca tentava desligar o aparelho e dormir novamente ou nada parecido. Talvez por causa da sua necessidade de sentir que tinha controle sobre algo, seguia sempre as regras que incumbia a si mesma, como se isso a confortasse perante todo o resto que não conseguia controlar.

Sentou na cama levando a mão esquerda até o surdo-mudo pegando o copo de água, que assim como a arma sempre dormia ao lado ela. Bebeu em longos goles como em todas as manhãs.

Infelizmente nem tudo era comum na manhã posterior ao feriado Purgat, a prova estava no envelope no surdo-mudo. Ela tinha deixado ali na noite anterior, não tivera paciência de abrir e muito menos coragem de jogar fora.

Terminou o líquido no copo ainda fitando o envelope, até que suspirou devolvendo o copo ao móvel e pegando o envelope com o selo que a fazia ter certeza de quem era o remetente. Ela ainda não entendia porque ele acreditava que ela se daria ao trabalho de abrir. Talvez a conhecesse bem, já que foi exatamente isso que fez.

“Olá, querida.

Primeiro quero desejar feliz dia do Purgat, e é claro agradecer por não ter incinerado esse envelope antes de ler. Vai negar se eu por acaso perguntar se leu, só quero dizer que aprecio de qualquer forma.

Sei o que pensa do Purgat e de como deve achar patético minha tentativa, mas eu só queria que por um segundo nós nos sentíssemos como todos os outros, que comemoram uma banalidade e que desconhecem completamente o significado original.

Não somos assim, mas do que ninguém eu sei disso. Mas eu não importo, porque como eu disse antes. Quero me sentir como alguém normal, que sente a bela felicidade que é a ignorância, por que na maioria das vezes é melhor uma bela mentira do que a trágica verdade.

Você podia aproveitar o feriado e vir me visitar, me mandar um cartão, ou simplesmente responder aos meus telefonemas. Provavelmente deve ser perguntar por que eu ainda tento, e a resposta é a mesma de sempre.

Eu te amo.

E quem ama nunca cede.

E se pensar que preferia estar recebendo essa carta da sua mãe ou do seu irmão, eu apenas posso dizer que lamento. E que assumo total responsabilidade.

Amo-te, querida.

Mas acho que já devo ter dito isso.”

A jovem bufou levantando da cama. Ele só podia estar de brincadeira de ainda mandar uma carta com um sentimentalismo tão barato em um feriado tão repulsivo quanto o Purgat. Pegou o envelope pra simplesmente juntá-lo com a carta e incinerar ambos ao jogar no lixo. Há muito tempo tinha perdido a paciência pra tamanha baboseira, e quanto ao irmão e a mãe preferia nunca pensar sobre isso.

Olhou pro relógio na parede ao lado do guarda-roupa. Pronto. Só precisava desviar o pensamento de coisas que não podia controlar, e focar em coisas que estavam em seu alcance como seus adoráveis pupilos.

Hoje podia cobrar o quanto fosse necessário deles, já que no feriado tinham voltado a suas casas e feito nada o dia inteiro. Estavam prontos pra um dia cheio sem nenhuma espécie de reclamação ou respirações afobadas de sedentários.

Seria um dia ótimo, era o que pensava a jovem de olhos verdes vivos enquanto caminhava pro banheiro pra se preparar pra tudo o que viria.

==

Nicholas entrou no carro agradecendo mentalmente por finalmente ter conseguido se livrar do sogro. Fechou a porta enquanto suspirava ainda pensando em Natanael, céus ele era realmente uma figura.

Olhou no celular checando enfim todas as chamadas não atendidas. Uma ele já esperava, Adele nunca conseguia se conter no próprio desespero mesmo ele já tendo avisado que passaria por lá assim que pudesse. A outra foi a que o deixou um pouco mais intrigado: Bárbara Putzer.

Ligou o carro selecionando como destino a casa dos Ridler como próximo destino e colocando no piloto automático. O carro começou a se mover automaticamente para o local que fora programado pra ir enquanto Nicholas retornava a ligação de Bárbara.

-Enfim lembrou os mortais, Detzel?

A voz feminina no outro lado da linha não fazia o mínimo esforço pra poupar o sarcasmo no tom. O que fez o jovem revirar os olhos tentando se controlar com a atitude usual dela.

-Era o Purgat Putzer. – Ele respondeu a chamando pelo sobrenome da mesma forma que ela fez com ele, provocando um risinho do outro lado da linha.

-Como vai nosso amigo Franchini? Ditador e autoritário como sempre?

-Quanta imaturidade Barbara, sabe que pode ir presa por falar isso em uma linha móvel não sabe?

-Ah, eles não tem permissão pra bisbilhotar na linha do chefe de segurança de Imperium, tem?

-Talvez não, mas não é por minha causa que eu estou falando e sim por você. – Nicholas fez uma pausa pra um suspiro cansado. – Por fim, o que queria me ligando?

-Agora não posso mais dizer... você falou que eu posso ir presa, lembra?

-Mais teorias da conspiração contra os Franchini Barbara? – Ele perguntou entediado com o mesmo assunto de sempre.

-Eu só quero um pouco de justiça, se isso não for pedia demais. Recusaram meu pedido no Congresso de abrir uma ação contra ele.

-Como é?! – Nicholas praticamente gritou no telefone chocado com aquilo. Certo que ela era bem capaz de fazer idiotices, mas aquilo era demais até pra ela. -Eles podem te prender por traição, conspiração e milhões de outras leis! Põe algum juízo nessa cabeça, Putzer!

-Eu só queria alguma ajuda do sistema. Apenas isso. O que ele faz comigo e com a minha...

-Não importa o que está pensando. Não se ganha ajuda do sistema contra o Natanael, porque ele é o sistema. O ícone mais forte que o representa. Achei que de ao menos isso alguém com seu grau de informação soubesse.

-Desculpa por ligar logo pra você... afinal é praticamente parte da família agora certo? Mande a Clarice e o pai dela pro inferno assim que tiver oportunidade. Junto com você, é claro. Espero nunca mais ter que ver sua cara depois que fizer oficialmente parte dos Franchini.

-Barba... – Nicholas nem pode continuar depois de ouvir o sinal da linha sendo cortada.

Ótimo. Mais um dos ataques da Barbara e ela não era nem a primeira na lista de problemas urgentes a serem resolvidos. Tentar entrar com uma ação contra Natanael Franchini no Congresso. Mais fácil seria uma ação contra o Papa no Vaticano.

Pensou em retornar a ligação e avisar que passaria na casa dela mais tarde pra um diálogo mais fácil, porém o sinal do carro avisando que já havia chegado ao ponto de destino o fez mudar de idéia.

Ia resolver as questões com o jovem Leo e melhorar as condições emocionais de Adele e em seguida visitaria Barbara, em feriados como o Purgat certas personalidades ficavam perturbadas demais pra quantidade de tempo limitada que ele tinha.

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Bianca entrou na arena já visualizando os três pupilos que conversavam despreocupadamente do outro lado. Enfim eles tinham aprendido a serem pontuais, ou mais que isso já que ultimamente estavam sempre adiantados.

E pra aumentar seu orgulho o jovem que mal conseguia se comunicar a alguns dias atrás conversava mesmo que timidamente com os outros dois, e incrivelmente aquilo nem tinha pedido uma abordagem drástica.

Os três pararam a conversa e olharam pra ela quando perceberam a aproximação. Não que quisesse participar da conversa, só queria mesmo matar a curiosidade e saber que assunto tornava a expressão de todos tão apreensiva.

-Comentando sobre o Purgat? – Ela perguntou e alguns pareceram surpresos com o súbito interesse.

-Sobre o que vimos no Purgat mais especificamente. – Anne respondeu e os outros acenaram positivamente.

-Voltaram para Mundus, não é surpreendente nada do que viram. – Bianca começou entediada. – Toda a merda que estava lá continua do mesmo jeito desde quando saíram pra servir com os protetores, só que provavelmente se desenvolveu ou proliferou talvez.

-Não é essa a questão. – Bruno interrompeu chamando a atenção de todos. – Vários dos prédios que íamos na infância, até mesmo os que treinam pra escolher protetores foram destruídos.

-Coisas sendo destruídas em Mundus. – Bianca rebateu em tom de deboche. – Agora sim eu estou chocada.

-Não são simples destruições de rotina. Os prédios destruídos são construções que antes abrigavam centenas de crianças pra treino ou pra estudo básico como o que tivemos. Os pais dizem que os protetores levaram as crianças pra outro lugar, mas ninguém sabe onde. E, além disso... – Leo fez uma pausa sem perder seu tom baixo e instigante. – Ninguém tem provas ou justificativas sobre o que tinha de errado com as construções. Tem lugares em muito pior estado que nunca foram revisados, muito menos demolidos.

Bianca arqueou a sobrancelha pensando um pouco mais, ela não daria atenção em especial pra qualquer um que dissesse a mesma coisa, mas Leo tinha algo nele. Talvez fosse a aparência que a lembrava de alguém, ou o nome que ela mesma sugerira a ele quando o mesmo contou que nunca tinham lhe dado um.

-Não faz nenhum sentido mesmo... – A morena comentou finalmente dando a devida atenção ao assunto. – Nunca deram atenção nenhuma a infra-estrutura de Mundus e agora isso.

-Poderíamos ir ver... – Anne murmurou recebendo um olhar incomum de Bianca. Não era ameaçador, era simplesmente como se tivesse dito algo inesperado. – No treino de campo de hoje, sei onde fica um que vão demolir antes do por do sol.

-Está sugerindo a missão D-37? – Bianca perguntou sabendo que chamá-la pela posição a deixaria completamente irritada.

-A-acho que sim.

-Você propõe algo que está completamente fora do seu escalão de poder e ainda gagueja na hora de confirmar. – Bianca murmurou balançando a cabeça negativamente. – Com o quer que alguém te leve a sério?

-Eu também acho que isso é importante. – Bruno falou apoiando Anne que nem pode responder um sorriso singelo.

-Céus, é um motim contra a minha autoridade de escolher as tarefas? – A superior no ranking perguntou sarcástica enquanto Leo se preparava pra se manifestar.

-Só estamos pedindo Bianca... – O jovem pálido murmurou com um tom um pouco mais agradável que o normal. – Seria bom saber o que está acontecendo com a cidade onde nascemos e crescemos.

-Hum... – Ela murmurou olhando cada um dos três individualmente. – Todos devidamente armados.

O trio assentiu tentando conter a ansiedade dela realmente aprovar uma idéia como aquela, não tinha passado pela mente de nenhum que ela realmente fosse cogitar aquilo, que dirá realmente aprovar.

-Que fique bem claro que é apenas uma vistoria de rotina. Visualizamos o ambiente e voltamos antes do anoitecer.

-Então porque as armas?

-Precaução D-37. -Bianca respondeu lançando um olhar a Anne que a fez se arrepender de ter perguntado. – Não sei de onde tiraram alguém tão boba como você.

A jovem Anne até pode ter cogitado responder, mas os quarto já estavam andando até o veículo pra averiguar a situação na sua cidade natal. Era bom não irritar aquela que tinha permitido que isso tudo acontecesse.

==

Nicholas passou vinte minutos consolando as lágrimas de Adele até que finalmente conseguisse fazer o que realmente queria desde o início. Conversar com o jovem que estava provocando tudo aquilo.

Três batidas na porta foram o suficiente pra ouvir resmungos de dentro do quarto. Mas Nicholas não tinha ido até ali por nada e dar mais três batidas não custariam nada pra ele.

-Vai embora Adele! – A voz masculina em desenvolvimento soou de dentro do quarto. – Não quero comer e muito menor ter que te ver!

-Leo, sou eu.

-Nicholas? – O jovem perguntou e ele pode perceber um tom choroso quando a frase não vinha carregada de agressividade.

-Alguém mais ainda te chama pelo seu nome? – Nicholas nem precisou dizer mais nada e escutou passos até a porta, e em pouco tempo fitou a figura adolescente com cabelos negros desgrenhados e olhos vermelhos inchados.

-Oi... – Alexis murmurou com a voz chorosa abrindo mais a porta pra dar espaço pro mais velho entrar.

-Estava mesmo chorando o dia inteiro, guri? – Nicholas perguntou em um tom brincalhão enquanto o mais novo fechava a porta novamente.

-Não. Meus olhos incham quando estou com raiva. – Ele justificou voltando a cama e sentando sendo acompanhado por Nicholas que fez o mesmo. – Só isso.

-Leo, até eu conseguiria pensar em uma desculpa melhor.

-Me chamo Alexis agora.

-Você continua com o mesmo nome que sempre teve. – Nicholas começou voltando a um tom sério. – Acha que é assim que ela ia querer que estivesse?

-Não sei Nicholas! – Alexis rebateu voltando a ter um pouco da agressividade. – Ela não está aqui pra me dizer, está?!

-Tratar sua mãe assim não muda isso em nada!

-Pelo menos eu estou tentando trazer ela de volta!

-Como? Fingindo que tem um nome parecido com o dela?!

-Não te interessa os meus métodos!

-Eu só estou tentando ajudar aqui.

-Bom trabalho até agora! Há quantos anos diz que vai ajudar?! E até agora nenhum sinal! Nem mesmo quando foi promovido pra chefe de segurança! Você não faz nada! – A agressividade agora era absurda e lágrimas começavam a se formar no rosto do mais novo.

Nicholas respirou fundo se remexendo desconfortável na cama, não era porque ele não tinha resultado que ele não estava tentando. Olhou pra baixo pensando na melhor forma de dizer aquilo até que uma mochila ao lado dos seus pés chamou sua atenção.

Se fosse apenas a mochila ele nunca desviaria sua mente da conversa, mas o som metálico que fazia ao encostar-se a ela lembrava tinta spray. Aquilo era terminantemente proibido em Imperium, o que ele tinha feito pra conseguir algo do tipo.

Alexis demorou alguns segundos pra perceber o porquê do silêncio de Nicholas, quando deu por si o mais velho já estava com sua mochila rasgada na mão abrindo e tirando coisas que ninguém devia ver de dentro.

-O que significa... – Nicholas estava pasmo com tudo que tinha na mochila. Spray, tintas, livros e cadernos com capas anarquistas e uma câmera digital.

-Isso é meu, e nem... – Alexis tentou avançar e pegar tudo de volta, mas o principal já estava na mão dele. E pelo visto já tinha visto o pior dos itens naquela bolsa.

Nicholas não conseguia acreditar no que via na foto, não é possível que o garotinho que ele viu crescer tinha sido capaz de arriscar a própria vida escrevendo algo como aquilo em um dos muros de Imperium.

-Quem é “M.S”? – Fo a única coisa que Nicholas conseguiu pronunciar ainda com a voz fraca.

Alexis engoliu seco, queria ele explicar toda a conspiração que ele tinha contra o sistema para o Chefe de Segurança de Imperium. 


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Notas finais do capítulo

Aeeeeee,

Finalmente, capítulo q vem as coisas ficam feias pra ambos os lados.

Na verdade o próximo capítulo foi o primeiro que eu imaginei de toda a história, quando eu era um feto de 14 anos D:

Finalmente será escrito de verdade e espero que gostem, espero que tenham gostado aliás.

Falem, falem, falem, fico curiosa pra saber o que os leitores que acompanham tão achando sobre tudo :D

Qualquer duvida, conspiração, sugestão ou crítica esteja a vontade... e se não for pedir demais... recomendações? Façam em poucos minutos uma autora mais feliz =)

Bjooo e entrem em contato :D



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