Entre Mares e Livros escrita por mille_crotti, kat_h


Capítulo 2
Cobranças


Notas iniciais do capítulo

Oi galerinha linda do nosso S2!
Como prometido, mais um capítulo para vocês!
Esperamos que gostem!
BOa leitura!
Mille e Kat



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O Sr. Brunner nos guiou durante todo o passeio.

Ele foi à frente em sua cadeira de rodas, conduzindo-nos pelas grandes galerias cheias de ecos, passando por estátuas de mármore e caixas de vidro repletas de cerâmica preta e laranja muito velha.

Nós ficávamos alucinados só de pensar que aquelas coisas tinham sobrevivido por dois mil, três mil anos. Annie ainda estava brava comigo, e resmungava a cada comentário que eu fazia.

O Sr. Brunner nos reuniu em volta de uma coluna de pedra com quatro metros de altura e uma grande esfinge no topo, e começou a explicar que aquilo era um marco tumular, uma estela, feita para uma menina mais ou menos da nossa idade. Contou-nos sobre as inscrições laterais. Estava tentando ouvir o que ele tinha a dizer, porque era um pouco interessante, mas todos ao meu redor estavam falando, e cada vez que eu dizia para calarem a boca, a Sra. Dodds me olhava de cara feia.

Desde o primeiro dia, a Sra. Dodds adorou Nancy Bobofit e concluiu que eu tinha sido gerado pelo diabo. Ela me apontava o dedo torto e dizia: “Agora, meu bem” com a maior doçura, e eu sabia que ia ficar detido depois da aula por um mês, junto com a Annie, mesmo esta não tendo feito nada.

O Sr. Brunner continuava falando sobre arte funerária grega.

Finalmente, Nancy Bobofit, abafando o riso, falou algo sobre o sujeito pelado na estela, e eu me virei e disse:

- Quer calar a boca?

Saiu mais alto do que eu pretendia.

O grupo inteiro deu risada. O Sr. Brunner interrompeu seu história.

- Sr. Jackson - disse ele - fez algum comentário?

Meu rosto estava completamente vermelho. Annie resmungou um “É claro, ele sempre tem um comentário”. Eu disse:

- Não, senhor.

O Sr. Brunner apontou para uma das figuras na estela.

- Talvez possa nos dizer o que esta figura representa.

Olhei para a imagem entalhada e senti uma onda de alívio, porque de fato a reconhecera.

- É Cronos comendo os filhos, certo?

- Sim – disse o Sr. Brunner, e obviamente não estava satisfeito. – E ele fez isso por que...

- Bem... - eu quebrei a cabeça para me lembrar. - Cronos era o deus-rei e...

- Rei? - perguntou o Sr. Brunner. Eu podia sentir as engrenagens de Annabeth trabalhando ao meu lado, e ela se segurando para não responder por mim. Ai, como eu queria saber ler mentes.

- Titã - eu me corrigi. - E... ele não confiava nos filhos, que eram os deuses. Então, hum, Cronos os comeu, certo? Mas sua esposa escondeu o bebê Zeus e deu a Cronos uma pedra para comer no lugar dele. E depois, quando Zeus cresceu, ele enganou o pai, Cronos, e o fez vomitar seus irmãos e irmãs.

- Eca! - disse uma das meninas atrás de mim.

- ...e então houve aquela grande briga entre os deuses e os titãs - continuei -, e os deuses venceram.

Algumas risadinhas do grupo, como sempre. Atrás de mim, Nancy Bobofit murmurou para uma amiga:

- Como se fôssemos usar isso na vida real. Como se fossem falar nas nossas entrevistas de emprego: ―Por favor, explique por que Cronos comeu seus filhos.

- E por que, Sr. Jackson - disse o Sr. Brunner - parafraseando a excelente pergunta da Srta. Bobofit, isso importa na vida real?

- Se ferrou – murmurou Grover. A menina corou.

- Cala a boca - chiou Nancy, a cara ainda mais vermelha que seu cabelo.

Pelo menos Nancy também foi enquadrada. O Sr. Brunner era o único que a pegava dizendo algo errado. Tinha ouvidos de radar.

Pensei na pergunta dele, e encolhi os ombros. Annie me olhava, e pela primeira vez vi que ela, finalmente, não sabia responder à pergunta de um professor. Tô ferrado! Se Annie não sabia, ninguém sabia.

- Não sei, senhor.

- Entendo. - O Sr. Brunner pareceu desapontado. - Bem, meio ponto, Sr. Jackson. Zeus, na verdade, deu a Cronos uma mistura de mostarda e vinho, o que o fez vomitar as outras cinco crianças, que, é claro, sendo deuses imortais, estavam vivendo e crescendo sem serem digeridas no estômago do titã. Os deuses derrotaram o pai deles, cortando-o em pedaços com sua própria foice e espalharam os restos no Tártaro, a parte mais escura do Mundo Inferior. E com esse alegre comentário, é hora do almoço. Sra. Dodds, quer nos levar de volta para fora?

A turma saiu rapidamente dos corredores abafados da construção em busca de um pouco de liberdade na praça em frente ao museu. Annie, que apesar de ainda estar zangada comigo me acompanhou com Grover junto com a turma. Lá, o Sr. Brunner nos puxou para um canto e disse:

- Sr. Jackson. Srta. Chase.

Sabíamos o que vinha a seguir. Depois de uma rápida troca de olhares que diziam “De novo não!”, dissemos a Grover que esperasse em uma árvore que ficava um pouco mais a frente e viramos para encarar o professor.

- Senhor?

O Sr. Brunner tinha aquele olhar que não deixa a gente ir embora - olhos castanhos intensos que poderiam ter mil anos de idade e já ter visto de tudo.

- Vocês precisam aprender a responder à minha pergunta - disse ele.

- Sobre os titãs?

- Sobre a vida real. E como seus estudos se aplicam a ela.

- Ah.

- O que vocês aprendem comigo - disse ele - é de uma importância vital. Espero que tratem o assunto como tal. De vocês, aceitarei apenas o melhor, meninos.

Eu queria ficar zangado, aquele sujeito me pressionava demais. Annie fcou brava com o “meninos”, mas não disse nada.

Quer dizer, claro que as aulas deles eram demais e as únicas que não me davam sono, mas o Sr. Brunner esperava que eu e Annie fôssemos tão bons quanto todos os outros, a despeito do fato de que temos dislexia e transtorno do déficit de atenção, e de que eu nunca na vida tirei uma nota acima de C-. A Annie, claro, é o oposto, nunca tirou notas abaixo de C+. Não - ele não esperava que eu fosse tão bom quanto ela, ele esperava que eu fosse melhor. E eu simplesmente não podia aprender todos aqueles nomes e fatos, e muito menos escrevê-los direito.

Murmurei alguma coisa sobre me esforçar mais, Annie deu um simples aceno de cabeça, enquanto o Sr. Brunner lançava um olhar longo e triste para a estela, como se tivesse estado no funeral daquela menina. Enfim, fomos comer nosso lanche.


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Notas finais do capítulo

O próximo sai amanhã!

Por favor, dfaçam duas autoras muito felizes, acompanhem a história e deixem reviews!

Beijos

Mille e Kat