Chance para Amar escrita por Sandrini Matyas Mazazrini


Capítulo 1
Capítulo 1




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Era tarde da noite na Grécia e um certo escorpiano estava entediado. Muito entediado. Foi para o bar com os outros cavaleiros mais cedo, mas não havia ali nenhum rosto novo, então decidiu voltar para sua oitava casa zodiacal.

Sem amigos para bater papo, já que estavam todos se divertindo no bar, Milo decidiu caminhar um pouco. A noite grega estava quente, como costumava ser, decidiu usar uma calça jeans escura e uma camisa regata branca. Passou na frente do bar onde seus amigos estavam, pensou em voltar para lá e encher a cara como sempre fazia, mas dessa vez ele queria algo diferente. Não sabia bem o que era, mas queria.

Milo andava pela noite sem pressa. As madeixas louras desciam pelas suas costas como uma cachoeira dourada; seus olhos azuis fitavam o desconhecido. Pensou que poderia ir a novos bares, talvez até alguma casa noturna, embora isso não fizesse seu feitio. Gostava de seduzir, gostava de caçar. Pagar por sexo não era seu feitio, nem de longe!

Passou por uma rua escura, iluminada apenas pelos postes. Notou um movimento estranho numa certa casa, e forçou os olhos. No segundo andar da casa, notou que alguém jogou pela janela uma corda feita de panos – fronhas de travesseiro e lençóis de cama – todos bem amarrados entre si, e pôs-se a descer com uma mochila nas costas. O escorpião sorriu, “Só pode ser um ladrão”, pensou. Seria bom para matar seu tédio dar um susto no trombadinha. A casa não tinha grades no quintal, então ele pôde se esconder facilmente no escuro, esperando que o garoto chegasse ao chão.

Assim que a corda acabou, jogou a mochila, deu um pulo e saltou para o solo. O garoto vestida roupa largas junto com um boné que tampava-lhe o rosto. Milo sorriu perverso e, esgueirando-se em silêncio, tocou-lhe o ombro: “- Se pensa que pode roubar as casas e sair impune, deve estar brincando!”.

O garoto deu um pulo, levando a mão à boca para abafar o grito. Tentou se virar para ver quem era, mas Milo apertou seu ombro com tamanha força que desistiu, começando a falar:

-E.. ei! Isso foi um mal entendido! Aaaaiii! Não roubei nada! Eu moro aqui! Aaaaiii!! – disse, entre um gemido e outro de dor.

-Ah tá! E pensa que me engana, rapaz? – devolveu o escorpião, apesar de notar que a voz do rapaz era estranha, afeminada, parecia uma donzela.

-Sim! É verdade!

-Então porque esta saindo desse jeito?

E como por resposta ao loiro, eles ouviram duas pessoas gritando e se ofendendo dentro da casa. A medida que andavam pelo recinto, acendiam as luzes, e gritavam e brigavam mais ainda. Ora era mais alto, ora mais baixo.

-Ainda quer que eu responda? – o rapaz disse tentando fitar o rosto daquele que o repreendera.

-Por precaução, vou levá-lo comigo até um lugar iluminado e irei verificar sua mala. – Milo já apanhava a mochila jogada no chão e a colocava por cima do ombro, passando a mão do ombro do jovem para seu braço segurando-o com igual intensidade.

-Ta me machucando, é sério! – resmungou baixo.

-Não posso correr o risco de estar mentindo e fugir de mim.

-Eu moro naquela casa! Não tenho como provar, mas moro!

Milo o arrastou para debaixo de um poste e já ia começar a falar.

-Agora escute aqui! Não é porque eles estavam brigando que isso confirma sua história! Pode ser tudo uma coincidência, e... – ia continuar, mas assim que segurou a gola da camisa do menor, sentiu a mão tocar em uma elevação mais fofa, e ele pôde ver as curvas dos seios com a distância da camisa do corpo do “rapaz”. Rapidamente tirou o boné que ela usava, fazendo seu cabelo cair pelas costas com longos fios negros.

-Ma... mas... é uma garota!!! – exclamou em tom alto.

-SHHHHHH!! – a jovem fez sinal de silêncio na frente da boca ao mesmo tempo em que puxava sua camisa das mãos do loiro. – O que o levou a crer que não fosse??

-A forma como esta vestida e a maneira como estava saindo daquela casa à pouco!! Alias, isso não muda o fato!

-Como eu disse senhor, eu moro naquela casa! Abre a mochila e verá que tenho apenas roupas!

Milo olhou para a mala, contrariado. Abriu seu zíper e confirmou o que a moça lhe dissera: apenas roupas. Suspirou vencido, fechando a mochila e a entregando de volta para a jovem.

-Então, presumo que esteja fugindo.

-Presumiu certo. – sorriu sarcástica.

-Esta louca?! Saindo de casa nesse horário, vestindo apenas essa muda de roupa, sozinha, tem consciência do que pode lhe acontecer?!

-Mas o que queria que eu fizesse? Saísse durante o dia para que todos me vissem??

-Eu vi que seus pais brigam, mas isso não é motivo! Espere chegar a maior idade e poderá sair daquela casa e ter uma própria!

-Eu não queria ter que esperar. – resmungou.

- Ao menos tem dinheiro?

-Não..

-E o que pretendia fazer saindo daqui?? – exaltou-se o escorpião.

-Qualquer coisa! Vender meu corpo!

Milo ficou chocado com aquilo. A garota dizia tudo em um tom que não dava pra saber se brincava ou se falava sério. Sentiu o rosto corar, não soube direito o porque, presumiu que fosse pelo fato dela dizer aquilo abertamente e de estarem tão próximos.

-Vamos, não te deixarei aqui! Vai para sua casa, depois conversaremos melhor!

-Que droga! Porque estava passando por aqui essa hora da noite?!

O loiro sorriu e não a respondeu. Entregou-lhe a mochila e a acompanhou até a porta de casa.

-Ao menos posso entrar escondido para que não percebam?

-Hmm... Está bem. – assentiu.

Ela se ajoelhou no chão e puxou de debaixo do tapete uma chave, ergueu-se e abriu a porta sem fazer barulho, olhando para os lados caso alguém estivesse ali.

-Tchau! – disse, já do lado de dentro.

-Tchau.. – Milo teve a porta fechada em seu nariz. Ora, mas que pirralha mais abusada! Quem ela pensa que é? Falando desse jeito com o digníssimo cavaleiro de escorpião! Ela certamente não o havia reconhecido, do contrário trataria ele com mais respeito!

Mas a briga daquele casal perturbava. Ela estaria bem naquele ambiente familiar? Mas mesmo que não estivesse, o que poderia fazer para ajudá-la? Alias, porque iria ajudar? Nem a conhece, foi mal educada contigo, e ainda pensa em ajudá-la??

Mesmo assim, algo dizia que precisava vê-la novamente...

E foi pensando assim que o escorpião voltou a caminhada, dessa vez de volta para casa.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem! Reviews, sim? =)



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