A Vida de Um Arqueiro! escrita por Neko D Lully


Capítulo 7
Retorno nada agradavel


Notas iniciais do capítulo

Ufa, sinceramente nesse tempo sem net adiantei várias coisas e espero que não tenham se incomodado com a demora desse cap. Ele pode ter ficado pequeno, mas é que minha animação de escrevê-lo tinha se perdido, encontrei nesse pouco tempo que fiquei acordada até de madrugada. Acho que depois disso desanda.
Espero que gostem ^^



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A vida de um arqueiro!        

Uma semana tinha se passado desde aquele dia que o Garoto Sem Cor tinha me oferecido ajuda e eu lhe contei sobre minha doença. Ele agora era o único que sabia disso e o fiz prometer que não contaria a ninguém. Era uma semana que nos encontrávamos treinando naquela pequena fazenda do Velho Junior. Deveria dizer que foi incrível ter essa experiência, Nevasca e Estrela Cadente tinham se tornado minhas companheiras fieis e agora o Garoto Sem Cor e o cavalo dele, Gruter, também eram nossos companheiros e por mais incrível que pareça consegui fazer o Garoto Sem Cor deixar seu lado bonzinho para participar de minhas palhaçadas. Ele tinha se tornado um grande companheiro e já pensávamos em ser a primeira dupla de arqueiros do reino. Porque sim, os arqueiros trabalhavam sozinhos.

No momento tínhamos acabado de nos despedir do Velho Junior para começar nossa viajem de volta para o castelo do barão. O festival das flores seria hoje e Hunter queria dar um dia de folga para nós enquanto ele resolvia uns assuntos com o barão. Não que estivesse muito animada, mas era nessa época do ano que reunia com meus companheiros de dormitório e dividíamos saborosas tortas de cereja que Carol fazia. E aquelas tortas... Hum! Não tinha coisa melhor, só me reunia com eles por causa delas, se não fosse por isso eu nem apareceria. E era exatamente sobre esse assunto que conversávamos agora.

 - Então você se reúne com seus companheiros só por causa de uma torta? – questionou o Garoto Sem Cor ainda um pouco confuso, eu assenti com a cabeça passando a língua pelos lábios já podendo sentir o gosto da gloriosa torta. Estava tão perto... Logo mataria aquela imensa saudade, o único dia que eu realmente comia direito. – Não te compreendo mesmo já estando dias treinando com você. Mesmo com todos te ignorando você ainda faz o que faz. Olhe por exemplo seus amigos!

 - Eles não são meus amigos, apenas companheiros. E eu não vou abrir mão de uma saborosa torta só porque tem pessoas que não gostam de mim lá. – respondi firme e ainda permanecendo com um sorriso no rosto. Então acrescentem. – E tem pessoas lá que eu realmente admiro. Shenon é uma delas. Ela pode ser séria e um pouco mal humorada, mas tem um caráter digno de uma guerreira! Mereceu ter entrado na escola de guerra.

 - Uma garota na escola de Guerra... Os tempos realmente estão mudando. – comentou Hunter em um tom distraído. Ele não parecia ser velho, mesmo com todas suas experiências de vida ele tinha mais cara de ter seus trinta e poucos anos e era forte como um touro, mas quando ele falou isso não pude evitar soltar uma gargalhada. Ele parecia um velho falando e percebi que o Garoto Sem Cor também segurou os risos. – Mas vocês vão mesmo ficar bem sem mim? Não quero nenhuma confusão enquanto estiver fora.

 - Não posso te prometer nada, mas nunca deu nada além de discussões em nossos encontros. – comentei sorrindo animadamente. Hunter parecia não muito convencido e voltou a ver o Garoto Sem Cor que deu de ombros. Ele sabia que não poderia me controlar então o que aconteceria no festival seria um mistério.

 Coloquei o capuz de minha capa logo que me vi chegando na entrada da vila principal do feudo, a vila que ficava em volta do castelo. Tudo já estava colorido, cheio de flores enfeitando casas, ruas, qualquer coisa tinha aqueles tons coloridos e chamativos. Antes eu me encontrava na frente dos dois, mas agora deixei que Hunter passasse na minha frente e fiquei do lado do Garoto Sem Cor. Não que estivesse com medo de aparecer, mas me sentia mais segura debaixo da minha recentemente ganha capa de arqueiro e um pouco afastada dos olhares da multidão. Ninguém, além do barão, sabia que eu tinha sido escolhida para ser arqueira e eu preferia que ficasse assim, ninguém precisava saber onde eu estava ou deixava de estar.

 Adentramos na pequena vila e pude perceber como as pessoas se afastavam, abrindo caminho para que passássemos. A fama dos arqueiros de mexer com magia negra era conhecida por todo o feudo e sua autoridade era respeitada de maneira até mesmo exagerada. Hunter parecia estar acostumado com aquilo, o Garoto Sem Cor fingia não se importar e eu, tentava o possível não me encolher de maneira tão evidente dentro de minha capa.

 - Isso chega a ser constrangedor. – comentei baixinho para o Garoto Sem Cor ao meu lado. Meus olhos percorriam todas as pessoas ali, que murmuravam e cochichavam sobre nossa presença ali. Arqueiros não deviam ser muito vistos por aquelas ruas, trotando calmamente com seus pequenos cavalos nas ruas das vilas, e por isso muitos estavam surpresos e curiosos sobre o fato.

 - Melhor se acostumar. Isso vai ser em todas as vilas do reino. – me respondeu o Garoto Sem Cor da mesma maneira baixa que eu tinha feito. Cavalgávamos de maneira lenta pelas ruas de terra do vilarejo nos aproximando cada vez mais dos muros do castelo. Pouco tempo se passou quando encontrei o costumeiro ponto de encontro que normalmente comia as tortas nesse dia. Meu estomago roncou logo que parei Nevasca ali perto, nem precisando amarrá-la na árvore, já que ela era treinada para ficar quieta no lugar até que eu a mandasse sair. Nevasca era inteligente, e obediente também.

 - Estou indo me encontrar com o barão. Por favor, não façam nenhuma confusão enquanto eu estiver fora. – pediu Hunter tocando de leve as costelas de Destroctos e trotando na direção do castelo. Eu sorri e rapidamente subi na árvore que tinha perto de Nevasca, me acomodando em um dos galhos e ficando por lá apenas para esperar. Vi o Garoto Sem Cor desmontar de Gruter e então se sentou no pé da árvore olhando ligeiramente para cima.

 - Você é sempre a primeira a chegar? – ele questionou dando uma olhada em volta, parecendo procurar as pessoas que eu comentei com eles. Eu apenas dei de ombros e olhei para cima, vendo o céu entre as copas das árvores. O vento soprava lentamente e de uma maneira fria e refrescante. Aos poucos meus olhos iam se fechando até que de repente adormeci.

 Foi apenas um breve cochilo leve, sem contar os riscos que poderiam me trazer depois. Por sorte, quando comecei a sentir meu coração apertar e o sangue subir por minha garganta risadas exageradas foram ouvidas se aproximando e eu reconhecia aquelas risadas em qualquer lugar. Com o susto pela surpresa acabei ficando pendurada de cabeça para baixo com as pernas prendendo dificultosamente meu corpo na árvore. Ficar naquela posição não era nada agradável, mas o sangue voltou para o lugar e meu coração já não apertava mais.

 Carol se aproximava com os braços dados a Tyler, enquanto ao lado deles um tagarela Mike que parecia ter mudado muito desde a ultima vez que o vi, a um pouco mais de uma semana se contei bem... Tyler e Carol pareciam bem próximos, e me questionei se Shenon, que não estava em lugar nenhum naquele momento, sabia da relação que esses dois pareciam estar tendo. Apenas dei de ombros no momento, o problema não era meu e realmente não queria que fosse, por isso não iria me intrometer. Acabei esquecendo que estava de ponta cabeça e quando dei por mim já era tarde de mais.

 - Dando uma de morcego Garota Estranha Desnutrida? – perguntou Tyler, me dando um dos piores apelidos que já tinha ouvido em toda minha vida. Sério, vocês pensavam que eu não era criativa para apelidos, olhem então esse cabeça oca! Até mesmo um retardado consegue inventar apelidos melhores. Rapidamente me ajeitei na árvore e soltei um leve “hum” como resposta, não querendo discutir com esse idiota no momento. Ele então dirigiu seu olhar para o Garoto Sem Cor, sentado no pé da árvore e que até o momento tinha ficado calado, imóvel, praticamente desaparecendo no lugar. Acho que Tyler só o percebeu porque ele se moveu um pouco, acho que para chamar a atenção. Não precisou ser dito uma só palavra para os três que tinham chegado ficarem com o rosto pálido de medo e recuarem um pouco. Se soubessem que sou igual ao Garoto Sem Cor eles iriam ter a mesma reação comigo? – O que esta fazendo com um Arqueiro, Star?

 - O Garoto Sem Cor aí é legal. – comentei divertida enquanto ele me mandava uma mirada meio irritada por causa do apelido que tinha usado. Eu apenas dei de ombros com um sorriso debochado e ele se levantou, me fazendo notar só agora que ele era um pouco maior que Tyler. Isso fez com que meu ex-companheiro musculoso e exibicionista se encolhesse. Ai vontade que me deu de rir.

 - Leon. – se apresentou, erguendo a mão na direção de Tyler que recuou em resposta. Carol tomou a frente ainda um pouco temerosa e apertou cuidadosamente a mão de meu parceiro, apenas para não ser mal educada como pude perceber. O silencio reinou no lugar enquanto todos se acomodavam. O Garoto Sem Cor voltava a ficar sentado no pé da árvore entre Gruter e Nevasca, imóvel e silencioso, quase desaparecendo nas sombras da árvore. Esse era o segredo dos arqueiros para, supostamente, desaparecer, e como meu companheiro estava com a capa completamente posta era quase obvio que desapareceria com facilidade.

 Carol tirou da enorme sesta que carregava pelo menos quatro tortas, sentando-se no chão afastada do lugar onde estava meu companheiro. Ficava imaginando quando eles descobrissem que eu também era uma arqueira, afinal, tinha saído do reino antes que qualquer um ficasse sabendo da noticia e se o barão não tivesse falado nada ainda ninguém sabia que eu não tinha ido para uma fazenda. Todos se acomodaram e o mais depressa possível me coloquei de cabeça para baixo e peguei do meu parceiro uma torta que Carol, educadamente, tinha dado a ele. Existiam ainda mais três sextas enormes cada uma devendo ter uma incrível quantidade de tortas, então quem era eu para não aproveitar?

 - Você poderia ter pego a outra torta. – ele reclamou, me encarando com um olhar desconcertado enquanto eu começava a devorar a torta que tinha na minha frente. Eu sabia que os outros estariam me encarando de maneira estranho por, de certo modo, estar desafiando um arqueiro, mas não seria eu a informar que também era uma arqueira e que o garoto que implicava agora era meu parceiro.

 - Assim não teria graça. – comentei com a boca já completamente suja do recheio da torta, um vermelho rosado chamativo que deixava meus lábios normalmente pálidos em um tom um pouco mais escuros, quase rosados. Ele suspirou irritado e logo pegou outra torta começando a comê-la sem muitos ânimos. Achei isso ligeiramente estranho, já que normalmente o apetite dele era impressionantemente feroz, mas não me importei, ele deveria ter seus motivos.

 O tempo passou e todos já havia se acostumado com a minha presença e a do garoto sem cor. No entanto, creio que percebi que as coisas iriam mudar a partir do momento que vi Shenon se aproximando, com passos pesados, rosto sério e irritado. Não parecia estar com animo de festas muito menos quando viu Carol recostada sobre o ombro de Tyler, rindo e se divertindo com ele como se fossem um casal. Sabia que isso não iria prestar e já cheguei a me ajeitar no galho que me encontrava, de maneira alerta e preparada. O Garoto Sem Cor percebeu e encarou o mesmo lugar que eu olhava, percebendo a aproximação irritada de Shenon.

 - Que amigos! – exclamou ela, logo que tinha chegado bem perto. Os três que ainda não tinham notado sua presença pararam o que faziam e a encararam assustados. Carol pareceu ficar nervosa, afastando-se um pouco de Tyler que, como todo garoto sem noção e lerdo, não compreendeu o motivo. Encarei com atenção a cena, sabia que as coisas iriam piorar daqui pra frente. – Aposto que nem lembraram que ainda faltava um, e começaram a diversão. Nossa agradeço tanto a consideração de vocês por mim!

- Shenon, sabe que não é bem assim. A gente só... – tentou se desculpar Carol, mas a Shenon nem ao menos queria ouvir, deu um tapa na torta que a garota tinha em mãos, fazendo a mesma disparar pelo ar, rodopiando até cair no chão perto de Nevasca e Gruter que se sobressaltaram um pouco, mas logo voltaram a se acalmar, mais alertas no entanto.

- Não quero saber de suas desculpas esfarrapadas Carol! E eu pensando que era minha amiga, agora vejo o quão enganada eu estava! – exclamou irritada. Vi os olhos de Carol se encherem de lágrimas enquanto abaixava a cabeça. Tyler chegou a se levantar para defender a companheira no entanto eu sabia que se ele tentasse alguma coisa apenas iria piorar tudo. Suspirei desanimada, sabia que teria que intrometer no assunto, por mais que não queria. E antes que Tyler abrisse a boca para falar eu comecei.

- Shenon se acalma, ta legal? Não poderíamos te esperar o dia inteiro, mas ninguém aqui se esqueceu de você. – falei com calma, aparentando não dar a mínima importância para o que se tratava. Já tinha tratado de outros assuntos assim, apesar que ninguém reconhecia o que fazia para acalmar a todos, para eles sempre eram eles que resolviam esses casos e eu pouco me importava com o que eles pensavam. Apenas não queria confusão. Hunter pediu e eu queria obedecer. Ri internamente com a ironia, era a primeira vez que me sentia na obrigação de obedecer alguém. – Agora, por que não senta e vamos curtir esse pequeno fim de tarde, juntos? Seria bem melhor não acha?

 - Ninguém pediu sua opinião! Você é apenas uma garota campestre que não serve para nada! Esses dias ficaram bem melhor depois que você simplesmente foi embora! – as palavras doeram em mim, talvez porque sempre tivesse admirado Shenon, porque ela era uma garota forte e não me tratava de igual maneira que os outros, era mais educada comigo, no entanto, saber que para ela era melhor quando eu sumia... Aquilo doía muito. – Então não venha se meter onde não é chamada! Foi esquecida pelos pais e aposto que é porque não serve para nada!

- Repita!! – agora sim estava irritada. O sangue fluía como lava em meu corpo, sentia meus músculos formigarem querendo uma briga. Meus olhos deviam estar cheios de fúria quando saltei do galho em que me encontrava e me posicionei na frente dela. Podia ser pequena, mas nunca deixei que ninguém maior que eu me intimidasse, sabia que quanto maior o tamanho, maior seria a queda. – Repita novamente isso Shenon!

 - Foi esquecida pelos pais porque não vale nada! E aposto que não foi escolhida por ninguém aqui do castelo porque é uma encrenqueira que apenas serve para dar trabalho! Fez bem ao ir embora ninguém precisa de você! Impres... – antes que ela pudesse terminar lhe dei um soco no estomago, fazendo com que perdesse o ar e cambaleasse para trás. Dica, uma coisa que não gostava era que citassem meus pais... Acho que pelo fato de não conhecê-los não gostava que me falassem coisas que pudessem desonrar a pouca memória deles.

  Ela se recuperou rápido, para meu azar, e tentou me acertar com um soco no rosto. Por sorte tinha aprendido a ser ágil em meu treinamento e isso me possibilitara desviar do golpe. Shenon era mais forte que eu, com certeza com esse ultimo mês de treino ela teria ficado ainda melhor, seria arriscado se um de seus socos chegasse a me acertar. Engraçado era que, mesmo com muita raiva, mesmo queimando por dentro eu ainda conseguia pensar e admirar Shenon pela habilidade que ela possuía. Um chute seu acertou minha cintura, me derrubando no chão. Meu corpo não tinha capacidade de aguentar algo daquele porte, sabia que, por ser magra, minha resistência seria menor, e agora, no chão e indefesa, sentindo uma bruta dor na costela, eu estava em desvantagem.

 Tentei me levantar, esgueirando-me pelo chão. Tinha que arrumar uma maneira de dobrar essa situação para meu lado se não perderia ali mesmo. Shenon se preparou para me dar outro chute, não poderia desviar, mas com certeza poderia acertá-la também. Sua guarda se encontrava aberta pela confiança que sentia e ao mesmo tempo que ela acertara meu rosto com o chute eu acertara a dobra de seu joelho com meu pé, derrubando-a também. Mesmo tonta consegui me posicionar sobre ela, acertando um soco em seu rosto, fazendo seu nariz sangrar levemente. Estava me preparando para dar outro soco quando ela me empurrou, agora se encontrando sobre mim.

 Cheguei a conseguir colocar meus braços na frente do rosto antes que ela começasse a sequencia de socos que se seguiu. Eram um atrás do outro, atingindo meu braço com uma brutalidade que não compreendi ainda como eles continuavam inteiros. Alguns chegavam a atingir meu rosto, mas eu logo reposicionava meus braços e me protegia novamente. Podia sentir o sangue escorrendo, de minha testa, de meus braços e o ardor tomando conta de cada membro de meu corpo, mas não poderia perder, tinha que provar a ela do que era capaz e assim mostrar que não era uma imprestável, que não era uma decepção para meus pais.

 Com um empurrão de pernas consegui tirá-la de cima de mim e assim novamente me colocar por cima, acertando com mais velocidade seu rosto até o ponto que ela segurou meus dois braços. Consegui no entanto ajeitar minhas mãos para que assim prendesse seus pulsos também e não deixá-la me bater como antes. Ela novamente inverteu nossas posições, deixando-me por baixo e assim nos encaramos. Não entendia o que via em seu rosto, era uma mistura tão grande de emoções que nem ao menos conseguia saber o que se passava. Mas mesmo assim não poderia deixar o insulto passar como se nada tivesse acontecido, já fui humilhada muito para suportar mais alguma coisa. E com um só movimento acertei minha testa na dela, deixando ambas tontas, desnorteadas.

 - Agora chega! – ouvi alguém gritar e quando percebi já estava sendo erguida do chão, puxada por minha capa enquanto ainda via tudo rodando. Sentia uma vontade imensa de vomitar, ao parecer a cabeça e as pancadas no rosto não haviam me feito muito bem. Fui deixada no chão e cambaleante andei pelo grama macia na qual antes eu lutava, até que braços firmes me seguraram, mantendo-me erguida. Eu iria vomitar tinha certeza, meu estomago se embrulhava e acho que sabia porque, a emoção da luta tinha sido muito e agora não conseguia mais manter as tortas que comi em meu estomago. – Tinha que ser, Star, poderia pelo menos se comportar como tal agora que é uma simples camponesa. Será que não pode deixar de causar problemas?! É uma inútil mesmo, só trás encrenca para o reino.

 - E quem disse que ela é uma simples camponesa? – essa voz eu conhecia e podia sentir meu rosto arder de vergonha por ouvi-la. Hunter estava ali, por mais que não conseguia vê-lo eu sabia que estava ali. Sua mão pesada e cheia de calos foi posicionada em meu ombro enquanto sabia agora que quem me segurava era o Garoto Sem Cor. Senti meus olhos arderem pela vergonha, me deixei levar pela raiva e esqueci que tinha prometido não causar confusão, sem falar que o comentário do general, que agora sabia quem era, se juntara ao comentário de Shenon me deixando ainda pior.

 - H-hunte! O que faz aqui?! – exclamou o general, parecendo assustado com a presença de meu mestre. Lembrei-me então que apenas o barão, Hunter e o Garoto Sem Cor sabiam o que eu realmente era, que não estava trabalhando no campo, mas sim treinando para ser uma arqueira. Senti meu corpo estremecer ao sentir a comida subir para minha garganta e logo voltar, se continuasse assim não conseguiria me segurar mais. – Não me diga que ela... Eu não sabia... Eu...

 - Da próxima vez que disser esse tipo de coisa para minha aprendiz o levarei direto para o barão e discutiremos isso com ele. Vi claramente que quem provocara a briga fora sua aprendiz, então não tente inverter a culpa. – me senti feliz por ter meu mestre do meu lado, mas mesmo assim fiquei envergonhada. Deveria ter tido mais alto controle para aceitar a critica, mas ao invés disso parti direto para a briga. – Agora se nos dão licença.

 Senti ser guiada pelo Garoto Sem Cor para longe da confusão e cada vez sentia meu corpo piorar, ficava mais tonta e fraca, creio que a briga não fora exatamente leve. Não sei exatamente quando cheguei a pequena cabana que morava com Hunter e meu companheiro, mas logo que cheguei não consegui aguentar mais, cambaleei para perto de uma das arvores e deixei sair tudo que tinha em meu estomago, o pouco que tinha comido agora se esvaia, no entanto estava mais aliviada por não ter que ficar sentindo meu estomago embrulhar por cada coisinha que ocorria. Devia estar uma droga, sentia o sangue seco em meu rosto e em meus braços, ainda enxergava tudo embaçado e pressentia que iria vomitar novamente, coisa que não demorou a acontecer.

 - Desculpa Hunter... – murmurei logo depois que tudo já tinha saído. Ainda me sentia envergonhada pelo o que tinha acontecido. Estrela Cadente se colocou do meu lado enquanto sentia que logo desmaiaria de cansaço. Não conseguia encarar nenhum dos dois que tinham a meu lado, estava completamente envergonhada pelo o que tinha acontecido. – Você pediu para que não aprontássemos confusão e eu acabei brigando, sinto muito.

 - Não tem que se desculpa Star, o que a garota disse foi errado, qualquer um ficaria irritado. – respondeu meu mestre, e me senti aliviada por ele não estar me culpando, no entanto eu ainda me sentia mal pelo o que ocorrera. Senti alguém me carregar e foi tão estranho, parecia que novamente tinha me tornado uma garotinha, de tão pequena que parecia estando nos braços daquele que me carregava. Vi, com meus olhos ainda embaçados, como ele me levava para dentro da cabana, colocando-me em um dos sofás e saindo para não sei onde, retornando em poucos minutos trazendo consigo algumas coisas que não consegui identificar.

 - Desculpe não ter te ajudado, fiquei meio sem reação na hora. – falou o Garoto Sem Cor, sentando-se a minha frente e passando um pano sobre meu ferimento na testa, limpando-o para colocar o curativo. Sentia-me fraca, talvez não conseguisse falar mais nada, acho que tomei muitas pancadas na cabeça, meu coração ainda estava acelerado pela briga e pelo mal estar que sentia. Tentei sorrir, mas não consegui. – Deveria ter feito alguma coisa, sinto muito. Prometo que da próxima vez não te deixarei na mão.

 Não sei quando adormeci, mas devo admitir que foi bom sentir que era cuidada por alguém. Deixei-me levar por aquela sensação e apaguei onde estava. Talvez o dia não tivesse sido um desperdício de tempo afinal, apesar de admitir, ficaria por um bom tempo com o que Shenon e o general tinham dito na cabeça. Será que realmente só atrapalhava? 


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Notas finais do capítulo

Bom, logo o próximo cap aparece por aqui, prometo. Enquanto isso estou esperando os comentários desse cap, mereço?
Bom, até a próxima ;)



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