POV Dimitri

Depois que todos nós saímos da Casa Grande eu, a So e a Annia fomos para a arena ver os filhos de Hermes treinar. Sophia só faltava babar pelo conselheiro do chalé de Hermes: Breno.

Olhei para Annia e vi que ela estava um pouco preocupada e pensativa. Eu já imaginava onde sua mente estava.

- Pensando na Lenna? – perguntei.

- Eu estou preocupada com ela, Dimitri. Muito preocupada. – ela desabafou – A Lenna nunca chora e hoje eu vi isso quase acontecer de uma hora para a outra. Tem alguma coisa muito errada ai.

Agora eu também fiquei preocupado. A Lenna que eu conhecia era forte e um pouco mal educada. Eu senti que algo estava acontecendo, um pressentimento ruim. Não comigo, mas com a... Com a Lenna.

Despedi-me das meninas e sai quase que correndo para o chalé de Despina. No meio do caminho eu encontrei o Nico di Ângelo meio desarrumado.

- Olá, garoto.

- Oi. – respondi – O que faz aqui?

Ele ficou sério. – Isso não te interessa.

Ele não falou mais nada, apenas saiu andando. Dei de ombros e continuei seguindo. Parei em frente à porta e vi que estava entreaberta.

- Lenna? – chamei abrindo a porta.

Quando a porta já estava aberta eu vi a Lenna jogada no chão, nua e chorando igual a uma criança. Corri até ela e assim que me viu ela chorou mais.

Peguei-a no colo e a coloquei na cama, cobrindo-a com um lençol. Percebi que estava com o rosto e o corpo roxo e a ira se apossou de mim. Eu mataria quem fez isso com ela.

- D-Dimitri... – ela sussurrou o meu nome.

- Calma, está tudo bem, eu estou aqui. – falei acariciando seus cabelos – Quem fez isso com você, Lenna?

Ela me abraçou fortemente e escondeu o rosto em meu peito. Afaguei seus cabelos enquanto ela chorava desoladoramente. Toda a raiva que eu tinha pela pessoa que havia feito isso a ela foi deixada momentaneamente de lado. Agora eu só tinha uma preocupação: Lenna.

Ela precisava de mim, eu sentia isso. Agora eu podia ver o quanto eu a amava e precisava dela. Eu me sentia péssimo e com as mãos atadas, sem poder fazer nada concreto.

- Desculpe não poder ajudá-la, ma petite. – sussurrei em seu ouvido – Gostaria de poder fazer algo.

- Você está fazendo. – ela respondeu me olhando nos olhos – Você está fazendo muito mais do que qualquer outro faria. – terminou entre soluços.

- Eu te amo, Lenna. Não gosto de vê-la triste.

- Então você deve estar odiando tudo isso, não? – apesar de tudo ela não conseguia deixar a ironia de lado. Sorri. Essa era a minha Lenna.

- Com certeza. E pretendo matar quem fez isso com você assim que me disser quem foi. – falei sugestivamente.

A tristeza tornou-se mais forte em seus olhos. – Não posso contar, Dimitri. Apenas não posso. E não é como se isso não fosse acontecer novamente.

Suspirei e a abracei fortemente. Eu temia que ela falasse isso.

- Dimitri? – olhei em seus olhos. – A propósito, eu também te amo.

Eu sorri com o que ela disse e logo percebi que ela caiu na inconsciência. Então ela também me amava... Ótimo, então o que eu tanto planejava poderia em fim se realizar. Finalmente eu poderia pedi-la em namoro.

Só tinha uma coisinha me incomodando. Quando eu estava vindo eu vi o di Ângelo. Ele estava na defensiva e parecia ter acabado de sair... Ai meus deuses... Será que foi ele quem fez isso com a Lenna? Eu, por mais que quisesse negar, sabia que havia sido ele. Eu só não entendia porque ela queria protegê-lo.

Bocejei. Pela manhã eu falaria com ela e logo mais o enfrentaria. Ele vai aprender a não mexer com o que é dos outros.

POV Nico

Finalmente cheguei ao chalé de Hades. Graças aos deuses que o meu pai não teve mais nenhum filho. No momento eu só queria ficar sozinho, sem a Thalia ou qualquer outro por perto.

Deitei-me na cama e olhei para o teto, mas eu não o via realmente. Meus pensamentos estavam em outro lugar, em uma pessoa em especial. Eu amava a Thalia, era bem verdade, mas as coisas entre nós não tem dado muito certo ultimamente.

Nossa primeira grande briga foi há dois anos. Foi nessa ocasião que eu conheci a Lenna. Ela sempre foi (e ainda é) linda. Lembro-me de tê-la seguido até o orfanato e quando cheguei lá uma senhora se aproximou de mim.

Flashbck on

Esperei ela entrar e depois de alguns minutos eu entrei. Havia algumas crianças na sala brincando. Olhei ao redor procurando a minha bonequinha e a via afastada das outras crianças conversando com uma menina loira, sem realmente dar muita atenção a ela.

- Posso ajudá-lo? – uma senhora se aproximou com um sorriso malicioso. – Pelo que posso ver você tem algum interesse na Lenna, não?

Então esse era o nome da minha bonequinha: Lenna.

- Você...

- Calma rapaz. Não vou denunciá-lo. – ela riu – Sabe, nós podemos entrar num acordo...

- E qual seria? – perguntei sem tirar os olhos da Lenna.

- Por que não vamos para a minha sala?

Eu a segui até um escritório. Ela ofereceu-me um chá e nós nos sentamos.

- Eu sei que você quer a menina. Posso facilitar isso.

- Como?

- Depende de quanto está disposto a pagar.

- Você está vendendo-a? – perguntei sobressaltado.

- Sim. Por que não? Já vendi várias crianças.

- Ela será apenas minha?

- Por uma boa quantia... Sim.

- Eu aceito.

Flashback off

Suspirei. Eu adorava aquela menina, desejava-a como nunca desejei ninguém. Nem Thalia conseguia me fazer sentir tanto desejo assim. Eu não amava a Lenna, mas eu gostava dela e me preocupava com ela.

Eu sei que não deveria ter feito o que fiz hoje, mas eu não podia ficar sem ela e tinha que lhe mostrar quem mandava. Sabia que o Dimitri iria consolá-la, mas não me importava: ela seria minha novamente quando eu quisesse.

- Olá, Nico.

Virei-me assustado, dando de cara com uma deusa que eu não esperava ver tão cedo.

- Perséfone.

- Ora, por favor. Eu te odeio, você me odeia. Ótimo. Só não me trate de maneira cordial. Não sou idiota.

Assenti e ela se sentou em uma das camas e eu em outra.

- O que você quer?

- Mais respeito, garoto. – falou irritada – Enfim... Eu vi o que fez com a garota. Lenna, não?

Concordei com a cabeça.

- Bom, deve saber que a mãe dela, Despina, é minha irmã. Eu a odeio com todas as minhas forças. Mais até do que eu te odeio.

- Acho que devo pensar nisso como algo bom. – disse irônico.

-Ah, cale a boca. Continuando... Demeter está tentando se aproximar dela e da neta. – ela disse com uma careta de revolta – O ponto é: eu adorei a maneira que a tratou.

Perséfone tinha um sorriso sádico. E juro que me deu um pouco de medo.

- Quero que a faça sofrer mais. Muito mais.

- Eu não posso...

- Ora Nico, é só isso que estou te pedindo e você está recusando? – ela gritou exasperada.

- Não é que eu esteja recusando... Como a Thalia ficaria no meio disso? E o que eu ganho em troca?

Ela riu com escárnio. – Como se você realmente se importasse. É óbvio que você teria que abrir mão da Thalia...

- Sinto muito, mas não posso. Essa é minha palavra final.

Ela sorriu. – Ótimo. Sabia que essa seria a sua resposta, mas sinceramente? Ela não me preocupa. Eu sei que tudo isso acontecerá novamente e isso será realmente bom.

Olhei-a com os olhos semi-serrados. Ela sorriu abertamente e se levantou.

- Ah, Nico? Alice também odeia a menina e fará de tudo para afastá-la do Dimitri.

- Mas ela não namora o Apollo?

- Sim, mas ela ama o garoto. Não vai deixar a inimiga o tirar dela. E eu espero que você não interfira.

- É só a Alice não matá-la.

- Ela não fará. Não se esqueça: não interfira.

- Não irei.