Advertência: Todos os nomes verdadeiros de pessoas, fatos e lugares foram alterados ou abreviados para proteger os inocentes. Quer dizer, eu.

Vocês querem saber como é a vida dos eleitos? Bem, eu vou contar, porque faço parte deles. Não estou falando de modelos bonitas, nem de atrizes, nem de prodígios da música, nem de gênios da matemática. Estou falando de pessoas que nasceram para isso --- as que têm tudo o que qualquer um pode querer e que não dão valor a nada.

Bem vindos ao Upper East Side do Rio de Janeiro, onde meus amigos e eu moramos, estudamos, namoramos e dormimos – às vezes uns com os outros. Todos nós moramos em casas e apartamentos enormes, temos nosso próprio quarto, nosso próprio banheiro, nosso próprio telefone. Temos acesso ilimitado a dinheiro, bebida e qualquer coisa que a gente quiser, e nossos pais raramente estão em casa, então temos toneladas de privacidade. Somos inteligentes, herdamos uma beleza clássica, usamos roupas incríveis e sabemos como nos divertir. Nosso cocô ainda fede, mas não dá para sentir o cheiro porque de hora em hora a empregada borrifa um desodorizador refrescante feito exclusivamente para nós por perfumarias francesas. É uma vida de luxo, mas alguém tem de vivê-la.

Nossas casas ficam perto do maior shopping da América Latina, e das escolas particulares exclusivas, que a maioria de nós freqüenta. Até de ressaca o nosso bairro sempre parece lindo, com a luz do sol brilhando na cabeça dos meninos gostosões.

Mas há algo de podre no caminho da escola.

Xoxo,

Kay Joy

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Quem será?

- Quem é aquele? – disse uma das garotas que estava sentada em um banco, esperando saber onde seria a nova sala de aula.

- Não sei, aluno novo? – respondeu a amiga cujo status não é grande o suficiente para ter o nome mencionado.

- Não ouviram dizer que se mudou para o Golden Green uma família de americanos? – Mimi se meteu na conversa, típico.

- Ele não parece americano. – observou a garota que começou o assunto.

E ela estava certa. Realmente aquele garoto, de uma beleza exótica, parecia mais latino que estadunidense. A pele morena, os cabelos negros e despenteados que contrastavam com os olhos igualmente escuros faziam ele parecer saído de um filme de amor mexicano. Ele era alto para os seus 15 anos e um pouco magro para a sua altura.

- Hey, tá perdido? – Mimi gritou, resolvendo aproveitar para provar se o garoto era mesmo americano ou não.

- Não – foi a única palavra que o garoto respondeu.

Mesmo com a resposta monossilábica do garoto pode se notar um certo sotaque, o que foi suficiente para Mimi:

- Não disse? – e com um sorriso de vitória ela se levantou e foi em direção a Ju, que tinha acabado de chegar.

Mas o garoto que não gostava de falar não era o único intruso no paraíso carioca...

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N/A.: Tive que juntar os capítulos por causa do limite mínimo de palavras para cada capítulo. E estou tendo que enrolar com essa Nota do Autor para ultrapassar o limite de 500 palavras. Vou aproveitar para dizer que essa história já tem uma seqüencia escrita, e que se vocês quiserem ler a seqüencia não precisam ler essa história. -ficadica.